—Nunca mais trabalho naquele café!

Oliver, furioso, agradecia pelo fim da semana, agradecido por Tereza e o chefe cumprirem sua palavra, resmungando voltando sozinho para o dormitório enquanto a garota negociava sobre continuar por mais uma semana. Passou o restante do dia no quarto, a parceira vindo rapidamente apenas trocar de roupas e entregar a Oliver uma lista de trabalhos de meio período que Azusa a pediu pra fazer. O desejando sorte, ela sai novamente, indo explorar Death City mais uma vez. Ela já fez tanto aquilo que devia ter o mapa daquela cidade na cabeça.

Mas isso o ajudaria a esquecer a semana vergonhosa trabalhando em troca de suborno. Talvez lá conseguisse algum melhor. E após alguns minutos de procura, encontrou um: precisavam de ajuda para limpar uma piscina. Água gelada no sol infernal de Death City... Oliver não poderia pedir por nada melhor. E tratou de arrumar um telefone para reservar o trabalho para o dia seguinte. A arma agradeceria a sua supervisora no dia seguinte, mas por hora, descansaria. Tentando esquecer o que passou nessa semana.

******

Após as aulas, Oliver estava motivado, pronto e morto de calor. Havia convidado Erwin para se juntar a ele, o loiro igualmente feliz por estar em paz e mais fresco, o casaco pendurado em um lugar seguro. Já haviam separado os materiais de limpeza, e o moreno havia ido buscar a mangueira. Mas, ao retornar, viu... mais do que apenas o loiro. Aparentemente, boa parte de seus amigos havia ouvido o chamado da arma. Erin, Tsuki, Erika, LianYu e Kise estavam dentro da piscina vazia, em seus devidos trajes de banho, fazendo com que o loiro estivesse mais envergonhado que o normal.

Mesmo com mais gente, a limpeza demorou mais que o esperado, visto que os “intrusos” mais brincavam entre si que ajudavam, embora agradecessem a água gelada naquele sol escaldante. Erin e Tsuki roubavam a mangueira nas piores horas, Erika estava completamente hipnotizada e Kise tentava arrastar o moreno para a brincadeira das outras duas, a única que realmente ajudava sendo a artesã chinesa.

Enquanto Oliver e Erwin respiravam pelo cansaço deitados na piscina limpa. Porém, baixaram a guarda, Erin e Tsuki murmurando algumas palavras com os demais presentes e saindo, deixando apenas Kise com os garotos. Obviamente, não demorou muito para descobrirem a ausência do grupo barulhento, e logo perguntaram a um Kise distraído com algumas aves voando.

—Eh? As meninas? Disseram que vocês deixaram elas pegarem o pagamento na frente e saíram correndo.

—SIE HABEN WAS!? – Oliver chacoalha os ombros de Kise, descrente. - Kise, bitte sag mir, das ist ein schlechter Witz! Sie sind noch da, oder? RECHT!?

—Sumimasen! Sumimasen, Orii! Y-Yuki-chan, tasukete! – Kise choramingava, escondendo-se atrás do loiro.

—Oliver... – Erwin põe a mão em seu ombro, fazendo o moreno se tocar que havia passado dos limites possíveis pra sua calma. Respirando fundo, ele novamente encarou Kise, este assustado e perguntando-se mentalmente que tipo de alien se apossou do corpo do companheiro.

—Desculpe... você viu pra onde elas foram?         

—Ali, acho... – Kise aponta a direção enquanto Erwin o tranquilizava, Oliver rindo de nervoso logo depois.

—O dormitório feminino... ahaha... por que eu tenho um péssimo pressentimento do que vai acontecer...?

—Desculpa, Orii... eu não sabia...

—Tudo bem... vamos logo. – E com o primeiro passo, teve de ser segurado pelos outros dois.

A limpeza da piscina drenou toda a sua energia, fazendo Oliver ser carregado por Erwin na forma de foice até o dormitório feminino. Agora já tendo sua energia recuperada, voltou a forma humana e correu até seu quarto na velocidade que lhe era permitida, não encontrando o que havia guardado nos últimos meses, incluindo o pagamento daquela semana infernal de vergonha no Deathbucks. Toda a cor de seu corpo se foi, caindo sem reação no chão do quarto, a dupla ao seu lado o ajudando a sentar-se. A luz deixou seus olhos, murmurava palavras sem sentido e só despertou com Erwin jogando água em seu rosto.

—Já notifiquei ao meu pai, fique tranquilo. Logo alguém vai encontrar e...

—Você chamou a Shibusen pra encontrar elas, Erwin?

—Bem... Tsuki é minha irmã, então por que não chamar o meu pai...?

—Eru-chan tem um ponto. Mas... melhor procurarmos elas também.

—Conhecem alguém com leitura de almas? – Kise nega, já Oliver ri nervoso.

—Sim. A idiota que levou tudo... ahaha... – Erwin murmura um xingamento em russo, se levantando.

—Talvez meu irmão saiba... vamos lá em casa...

Por sorte, a casa dos Star não era tão longe do dormitório feminino, logo chegando até lá sem imprevistos. Infelizmente, Tsuki ou nenhuma das outras garotas estava lá, a casa estava vazia se não fosse por Hayato e, por sorte, Masamune. Ao entrarem, o pequeno Hayato se lança como um torpedo na direção do loiro, Erwin indo até o outro irmão. Kise e Oliver iam logo atrás, o moreno ainda nervoso sendo tranquilizado por Kise.

—Masa, precisamos de ajuda...

—Ora, o que foi, irmãozinho? – O sorriso brilhante de Masamune tranquilizou um pouco o loiro, porém lembrou da situação em que estavam. Resumindo ao máximo a história enquanto seus visitantes eram atropelados por Masha, a mascote da família, uma enorme husky. – Meu deus... Tsuki fez isso?

—Segundo Kise... sim... conhece algum leitor de almas?

—Céus... – Ele leva a mão à testa, descrente. – Mas conheço. Aya, a filha do diretor. Ela não deve estar na Shibusen a esta hora, mas posso tentar chamá-la. Fiquem a vontade até lá.

Obedecendo ao pedido do moreno, o grupo senta-se no sofá, Kise ainda sendo “atacado” por Masha, Oliver agora mais calmo, embora ainda em pânico interno. Não demorou muito para Masamune voltar, o telefone em viva voz, a voz de uma Aya furiosa e reclamando da garota por longos minutos, por mais que não soubesse dos detalhes, apenas que ela precisaria encontrar a albina. Porém, ela a informou. Estavam na Praça da Estátua da Liberdade. Ao menos apenas Tsuki e Erin.

Com isso, o trio, acompanhado de Masamune e Hayato, visto que uma criança não deveria ficar sozinha em casa, logo chegando à praça em questão. Ambas, arma e artesã, admiravam a reconstrução da estátua após o ataque a Sid no caso dos Traitors, o falecido professor que havia os deixado (mais uma vez) durante a guerra contra a Arachnofobia, embora não nas mãos daquela organização. Mas o que de fato importa, é que mesmo uma delas sendo capaz de sentir almas se aproximando, elas não pareciam se mover. Como se sua presença servisse apenas para atraí-los.

Com o primeiro grito de Oliver chamando-as, aquilo parece ter puxado o gatilho de ambas, elas sorrindo e disparando em uma rua próxima. Oliver e Erwin se encaram, a foice indo para as mãos do loiro, ele disparando atrás das garotas, Kise logo atrás deles. Ao menos sabiam agora que poderiam fazer uma parceria emergencial em caso de problemas. E por mais que as garotas fossem rápidas, Erwin felizmente havia crescido com o artesão mais forte, assim como Tsuki. Demorou, mas por algum motivo, pararam em frente a uma porta.

Ambas soltaram um risinho cúmplice, pondo a mão na maçaneta, porém Erwin atira o moreno na parede, Oliver voltando a forma humana após ficar preso na parede. Já estava cheio daquela brincadeira de pega-pega, impaciente depois desse joguinho de mal gosto depois de lavar praticamente sozinho aquela piscina enorme (ao menos com a ajuda de Erwin e LianYu) e ainda sumirem com tudo o que economizou depois desses vários meses em Death City.

—Erin, chega! – Oliver segura o braço da garota antes que ela tocasse novamente a porta, Erwin fazendo o mesmo com a irmã. Kise estava bem na frente de ambas, impedindo a fuga.

—Você sabe que eu posso me soltar disso, não?

—Kise está aqui pra isso. Agora Erin, pare de palhaçada, devolva o que levou.

—Beem... não vai dar. – A garota ri, Oliver perdendo a paciência.

—Hör zu, Erin! Sagen Sie mir, was Sie vorhaben, oder ich bin gezwungen, diese Klinge buchstäblich zum zweiten Mal zu verwenden! – Novamente, Oliver perde a linha.

—Você não teria coragem de ferir um humano. – Ela ri. – Você não teve nem de entrar em combate.

—Espera, Ririn entendeu o Orii? – Erwin dá de ombros. Naquele momento da sua vida, ele desistiu de usar o cérebro.

—Devolva logo, Erin.

—Hm... – Ela estava pensativa, e ao ver Tsuki apontar para ela com os olhos para a porta, ela entendeu. Seu plano ainda poderia continuar. – Ok. Tá lá dentro. Sobe as escadas, primeira porta a direita. – Ambos olham para Kise, pedindo que ele abrisse.

Seguindo as instruções de Erin, logo o grupo encontra a porta. A primeira porta a direita, logo após as escadas. A dupla de garotas novamente solta um riso de cúmplices, Oliver desconfiando das reais intenções delas. Pondo a mão na maçaneta, estranhou estar destrancada, porém continuou. Caminhou alguns passos adentro do cômodo, e alguns passos depois...

—Surpresa!

Além das outras duas garotas, Akira, Ártemis, Mason, o restante da família Star e, inclusive Kise e Erwin que estavam atrás deles, o loiro soltando a irmã. Oliver estava confuso, tentando absorver o que havia acontecido, Erin se soltando e bagunçando o cabelo dele.

—A gente precisava te enrolar enquanto trazia o resto das coisas pra cá. – Erwin dá leves tapas nos ombros do moreno. – Desculpa por ser cumplice, mas...

—O que está acontecendo!? – Erin ia abrir a boca, mas Kise assume, pulando nos ombros do moreno.

—A gente conseguiu uma casa pra vocês!

—Bem, a maior parte foi a baixote que fez. – Illyia agora.

—Ririn encontrou o lugar, a gente só fez te enrolar e trazer as coisas.

—Bem, foi pra compensar todo o problema que eu te faço passar. – A albina ri. – Mas, bem, você já tinha mais que o suficiente pra aqui. É perto da Shibusen e boa parte da mobília já tá aqui, a gente só fez procurar umas coisas a mais e...

—Como você escondeu isso? – É a vez de Oliver rir, descabelando ainda mais a menor.

—Foi até fácil, tirei o dinheiro aos poucos e substituía por notas menores na mesma quantidade. Você não contava sempre tudo mesmo.

—É por isso que eu passo a questionar por que aceitei você como parceira.

Após alguns risos do grupo, a festa seguiu. Era surpreendente em como aquela garota com neurônios a menos pensou em tanta coisa. Deixaria para conhecer melhor o lugar depois que todos saíssem, agora sentado no sofá com Erwin vendo Erin e Tsuki em uma estranha competição de quem come mais salgadinhos de queijo. Oliver grita, torcendo pela garota, Erwin rindo das duas e da empolgação dela.

Nesse tempo, Kise novamente pula em Oliver, o fazendo engasgar com o refrigerante. Agradando a cabeça do garoto, Oliver encosta um pouco sua cabeça na dele, fazendo a outra arma parecer um cãozinho carente. Trocando umas poucas palavras com ele, logo Kise é chamado para a competição de salgados com as outras duas, indo motivado e pedindo ao moreno para torcer por ele. Com um breve riso, Erwin sabia onde isso iria dar. Já passou por isso.

—Como andam você e Kise? – Além de Masamune, essa foi a primeira vez que Erwin fora tão direto.

—Bem. Depois que resolvemos aquilo dele ter se perdido, Masamune me ensinou o caminho caso ele se perca de novo. Fora isso, a gente anda se falando durante as aulas e as vezes depois.

—Com muita frequência?

—Onde quer chegar? – Erwin suspira.

—Eu estou dizendo isso por que sou seu amigo, então não entenda errado, ok? – O moreno estava começando a ficar um pouco irritado. – Oliver... você gosta de Kise?

—Was denkst du!? – Oliver perde a linha. Aquilo o fez perder as dúvidas que lhe restavam. – Erwin, Kise é meu amigo. E mal nos conhecemos. Além disso, eu gosto de garotas.

—Por sorte não tive que passar por isso quando descobri que gostava de caras. – Oliver cospe o refrigerante. – Mas também, eu tinha sete, não deu tempo.

—Espera, espera! Volta a fita! – Agora Erwin que estava confuso. – Esse tempo todo e você não me falou que gostava de caras? Pensei que éramos amigos.

—Em minha defesa, você não tá sendo sincero com seus sentimentos.

—Não estou? Você que está imaginando coisas.

—Eu apostaria facilmente toda a minha mesada de um ano que vocês vão acabar juntos. – O loiro ri leve, vendo o desespero do moreno. Pararia de provocá-lo... por hoje.

—Gente, gente! Um minuto de sua atenção! – Erika grita, chamando os demais integrantes. – Bem, como todos já sabem, eu continuo sem um parceiro. Portanto! Eu gostaria de aproveitar essa oportunidade para fazer o pedido à artesã mais incrível que tive o prazer de conhecer nos últimos dias!

—A festa não era pro apartamento? – Erwin continua.

—Deixe ela. – E Oliver completa.

—LianYu! Por favor, eu te imploro em nome do Shinigami-sama, seja minha...

—Claro. – O sorriso doce da artesã chinesa a faz travar, não esperando uma aprovação tão rápida. – O que foi?

—Não pensei que aprovaria tão fácil.... eu tinha preparado todo um discurso e...

—Bem, pode me dizer então. – Erika podia jurar que a garota em sua frente era uma deusa, brilhando tanto que poderia ser comparada ao sol.

—P-Pode ser a sós...? Eu... eu perdi um pouco a coragem depois do pedido. – LianYu ri, agradando a cabeça da ruiva. Erika, de fato, estava nas nuvens nesse momento.

—Bem, um pouco dramático, mas ainda bem que ninguém vai voltar chorando pra casa. – Oliver sorri, feliz pela nova parceria de ambas.