A New Order escrita por TiiaMeddy


Capítulo 18
Meio Período no Café da Morte




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Após o incidente sobre Kath e Keith que envolveram não apenas os parceiros deles mas também Oliver e Erin, os irmãos espadas os contaram sua situação, o que foi bem mais simples que Erwin esperava. De fato, vieram para controlar seu lado arma da maneira correta, para não diminuir ainda mais a família Hamilton, que sofria nas mãos de rivais mais antigos e poderosos. Mesmo este sendo o principal, desejavam recrutar membros poderosos para se juntar a eles, e que melhor lugar que onde se concentra os maiores poderes do mundo? Além disso, não os fizeram mais perguntas, não querendo envolver-se mais com ambos. E ainda tiveram que suportar uma Erin orgulhosa de suas deduções.

Mas, mesmo para apenas duas pessoas, sua casa era enorme. Keith disse que foi por insistência do antigo braço direito da família, que quase era como um pai para ambos. E além deles, haviam mais três membros na casa, estes a limpando, comprando o necessário ou repassando as ordens para os demais que permaneceram na Inglaterra. Tudo de forma bastante discreta, para que o Shinigami não os condene.

E novamente, Erwin e Oliver se calaram. E saíram pouco depois, mais pelo desconforto momentâneo que por qualquer outra coisa. Erwin se separou de ambos pouco depois, seguindo rumo à casa da família Star enquanto os dois restantes retornavam ao dormitório feminino.

Então, uma dúvida se instalou na mente do moreno: por que ainda continuavam lá, mesmo estando na Shibusen por quase um ano? Era um tanto desconfortável para o garoto ser o único homem naquele local, mesmo que precisasse permanecer ao lado de sua parceira. Sobrava bastante de sua mesada semanal, tanto que Oliver agradecia por conseguir administrar bem seu dinheiro, mas não sabia se o mesmo ocorria com sua parceira, conhecendo o apetite e energia da mesma. Mas talvez seja a hora de ter essa conversa com ela.

Quem sabe finalmente conseguiriam um apartamento.


******

 

Felizmente, Erin aceitou bem a proposta dita por Oliver.

Era um pouco complicado encontrar algo bom disponível, visto que não eram a única dupla de gênero oposto da Shibusen, mas aproveitariam esse tempo extra para juntarem um dinheiro extra. Graças a Kise, conseguiram uma boa recomendação em um café muito frequentado por membros da Shibusen, seus membros por vezes trabalhando lá para conseguir uma renda extra, assim como ambos precisavam. Não parecia o tipo de trabalho que exigia muito do corpo, então era perfeito para Oliver, que nem ao menos se acostumara ainda àquela maldita escada.

Adentrando o Deathbucks, rapidamente cumprimentaram seu dono, gentilmente chamado de “mestre” por seus funcionários. Sua idade avançada os indicava que estava lá a muitos anos, desde antes da grande guerra, e ao lado dele uma gentil mulher de aparência jovem, usando o uniforme feminino do café acompanhado de algo semelhante a um cachecol de pelos na altura do busto, porém com uma saia mais justa. Na parte de trás da camisa haviam alguns botões, deixando longas asas saírem com mais conforto, mexendo-se levemente ao ver seus novos funcionários e analisando-os de cima a baixo por trás dos óculos ovais.

 

—Devem ser os garotos indicados por Kise, não? – Oliver acena, Erin nem ao menos a vendo, encarando encantada a vitrine de doces. A mulher apenas sorri, estendendo a mão enluvada a Oliver. – Chamo-me Tereza, ajudo Mestre no Deathbucks tanto a supervisionar como a servir os clientes.

—Sou Oliver, senhorita Tereza. Ela é Erin. – Ao ouvir seu nome, a garota simplesmente acena, não tirando seus olhos das sobremesas. – Espero aprender rápido o serviço. E que Erin não coma os pedidos...

—Não tem problema, é bom saber que alguém aprecia nossa comida. – O Mestre diz, entregando à garota um pequeno pedaço de bolo, provavelmente um pedaço que grudou na forma quando tirou. – Mas será descontado do salário dela se for durante o serviço.

—Poxa, eu não sou assim. – Ela bufa, aceitando o pedaço de bom gosto.

—Bem, me acompanhem. – Tereza os diz, afastando a franja do rosto e virando-se na direção de uma porta nos fundos da loja. – Os entregarei seus uniformes.

 

A dupla artesã-arma a segue, indo para um tipo de vestiário atrás do café, os indicando para deixarem seus pertences em um dos armários enquanto ia buscar seus uniformes. Ao entregá-los, Tereza os deixa a sós, indicando a Erin o banheiro dos funcionários para que ela pudesse trocar-se. Após alguns minutos, Tereza volta, vendo a garota pronta prendendo o avental, enquanto Oliver permanecia com suas roupas, claramente insatisfeito.

 

—Não serviu em você? – Tereza tentava se fazer de desentendida, mas era óbvio que aquilo era culpa dela.

—Eu não vou usar o uniforme feminino, senhorita Tereza.

—Por que? Tenho certeza de ter acertado seu tamanho. Vai ficar ótimo em você.

—Eu sou um garoto! E aliás, por que Erin está com o uniforme masculino!?

—Combinou bem com ela, não? – Ambos encaram a garota, ela vendo seu reflexo no espelho para checar se está tudo no lugar.

—Não é esse o problema! Eu não posso trabalhar assim, muito menos com uma saia tão curta. – Tereza sai por poucos segundos, voltando e apoiando-se na porta semiaberta.

—Pagamos o dobro. – A cara de Oliver se fecha mais, enquanto a bruxa voltava o rosto para o lado de fora, visto que o Mestre falava com ela. – E podem escolher um doce no fim do dia. – Os olhos de sua parceira brilham, fazendo pressão psicológica em Oliver.

—Isso tudo é desespero pra me ver com esse uniforme?

—Sim?

—Certo... mas posso usar algo por baixo?

—Claro. – Tereza estala os dedos, e magicamente fios saem de suas asas, formando um short de ginástica no mesmo padrão da saia, preto com uma linha branca próxima a bainha. “Bem... isso explica servir perfeitamente em nós...” pensou o moreno, recolhendo a peça de roupa e indo até o banheiro contrariado, enquanto Erin e Tereza, a morena agora sorrindo vitoriosa, esperando-o na loja.

 

Pouco depois, Oliver se junta a eles. Irritado, envergonhado e puxando a saia para cobrir melhor seu corpo, de nada adiantando por conta dos suspensórios costurados nela. Tereza estava plenamente realizada, sabia que ficaria perfeito no garoto, sua face envergonhada e os cabelos longos caindo por cima do ombro direito completando perfeitamente o uniforme do café. Somados às meias adornando suas pernas magras e o enfeite de cabelo com a caveira do Shinigami, dificilmente diriam que se tratava de um garoto.

 

—Enfim minha obra prima... – Oliver sente uma veia pulsar em sua testa ouvindo aquilo, estalando a língua e cruzando os braços, esperando pelas informações que precisavam para começar. – Enfim, seu trabalho é simples: anotar os pedidos e entregá-los quando terminarmos de preparar. Com o tempo vocês se acostumam. Na maioria das vezes contratamos por apenas uma semana, mas caso queiram ficar mais é só falar.

—Ookay! – Erin ergue o braço, animada para começar, enquanto Oliver suspirava. Seria uma longa semana.


******

 

Três dias se passaram desde que foram contratados pela Deathbucks, indo direto para a cafeteria após as aulas. Com exceção do uso da saia, o trabalho era bastante simples, e os clientes não comentaram sobre Oliver, talvez já conhecendo o gosto estranho de Tereza. O moreno perguntava-se se Kise também fora obrigado a usar aquelas roupas, mas provavelmente não. Ele não o recomendaria este emprego se tivesse sido.

Enquanto entregava ao Mestre mais um pedido, ouviu Kise adentrar a porta, cumprimentando ao Mestre e a Tereza. Oliver sentiu toda a cor do corpo sair, não que ele tivesse muita, tentando ir lentamente até o vestiário dos funcionários, rezando para qualquer deus que o ouvisse para que Kise não o visse. Para piorar seu desespero, sentiu mãos o segurarem pela cintura, sendo envolvido em um abraço de quebrar ossos do conhecido arma, sentindo na pele o que Erin havia passado em um abraço de Kath.

 

—Orii! – Ignorando os demais presentes, Kise o gira no ar, pondo-o no chão a pedido de Tereza, visto que o pobre Oliver não estava em condições de reagir. – Sumimasen, master.

—Finalmente... ar... – Oliver se vê obrigado a apoiar-se no balcão, encarando um Kise com um sorriso bobo e feliz por ver seu amigo. – O que veio fazer aqui, Kise?

—Poxa, só queria saber como estava indo no trabalho. – O albino infla as bochechas, irritado. – Você não tem tempo pra falar comigo e somos de classes diferentes, era o único jeito de saber. A senhorita Tereza fez um excelente trabalho com o Orii também.

—Ara, obrigada Kise. Mas você também ficou uma gracinha. – A bruxa ri, Oliver vendo que ele também havia sido alvo dela. – Foi engraçado quando trabalhava aqui. Nos primeiros dias, ele recebia os clientes com “irasshai, my man” ou tentava fazer uma voz fina e fofa. Não pensa mesmo em voltar a trabalhar aqui?

—Eu e Ririi estamos bem por enquanto. Mas nunca é um não. – Kise novamente puxa um Oliver em tentativa de fuga, segurando seus ombros pra ver melhor o uniforme nele. – Ooh! Combinou bastante com o Orii! Mas por que está de shorts? Assim não vai sentir direito o ventinho.

—K-Kise! Solte essa saia!

 

—Em meio a pequena confusão causada pelas armas, o trio composto por Illyia, Tsuki e Ártemis recua lentamente da porta, desistindo de se juntar ao albino para uma bebida e fugindo discretamente para longe do café, fingindo que não os conheciam. O rosado apenas esperava que seu parceiro não causasse tantos problemas ao antigo patrão.


******

 

Por ter alguns assuntos importantes a resolver em casa, assuntos chamados "seu irmãozinho Hayato querendo fazer cookies", Erwin infelizmente teve que recusar o convite de Kise, já organizando suas coisas para voltar pra casa. Guardara seus livros, se despediu de Hito, repassou o recado de sua mãe para Maka-sensei, mas havia uma coisa que o loiro russo não esperava. Principalmente após a festa de fundação.

Indo na direção da saída, conseguiu flagrar uma garota de outra classe tentando por uma carta em seu armário, chamando sua atenção antes que a garota tivesse êxito, embora isso a tenha assustado um pouco com o simples "hey" de Erwin. Ao vê-lo, sua fala começou a enrolar devido ao nervosismo, a expressão de Erwin mudando de indiferença para descrença. Sabia onde isso iria parar, e ele não estava gostando. Ainda tinha problemas para se comunicar até com Oliver, e rejeitar uma declaração definitivamente não estava nos planos.

 

—O-O que quero dizer, Erwin, é que... eu gosto muito de você... queria ter a chance de te conhecer melhor, se possível. Por favor, saia comigo! - Erwin massageia a testa vendo a garota o estender a carta, suspirando pesadamente e tentando escolher bem as palavras.

—Desculpe... não posso.

—Eh? E por que não? – Lágrimas se acumulavam no rosto dela, e o loiro podia ver, ela começava a cogitar as mais diversas réplicas para as respostas de Erwin. – Você tem uma namorada? – Erwin novamente respira fundo, dessa vez seria o mais direto possível.

—Eu gosto de garotos. – Como esperada, a reação dela foi do mais puro choque, o loiro aproveitando-se disso para fugir antes que ela o questionasse. Nunca agradeceu tanto por ter crescido com Stars como agora, o treino puxado de seu pai adotivo o fazendo sair de lá com uma velocidade maior que a esperada.

 

Fugas a parte, pouco depois já estava em casa, soltando mais um suspiro, este parecendo tirar toneladas dos ombros do artesão. Foi cumprimentado por Tsubaki com um abraço caloroso assim que entrara, BlackStar bagunçando seus cabelos e o deixando com a cara ainda mais amarrada enquanto fugia rindo acompanhado de Masamune. Muitos reclamariam de uma casa cheia e barulhenta como essa, mas Erwin já se acostumara, e não imaginaria sua vida sem eles.

E falando nisso, logo um pequenino abraçara suas pernas, os cabelos azulados como os do pai balançando com os pulinhos dados ao ver o irmãozão. Hayato nasceu pouco depois dele se tornar oficialmente um Star, e ambos se apegaram um ao outro a um nível enorme, se tornando quase inseparáveis, assim como Masamune era para o loiro quando tinha essa idade. Não poderia questionar o grude e carência do moreno, ele fez muito pelo loiro e ainda faz, sendo o principal apoio dele quando o loiro "saiu do armário", com isso Erwin sendo o primeiro (e temporariamente único) da casa ao saber de sua relação com Mason. Um exemplo de irmão e artesão.

Em meio aos devaneios, despertou com o pequeno Hayato puxando a manga de seu casaco, Erwin soltando um pequeno sorriso e o pegando no colo, dirigindo-se junto ao pequeno chef na direção da cozinha. Aquilo tirara toda a tensão que estava em seus ombros, agradecendo aos céus por ele ser tão adorável.

 

—Que cookies quer fazer hoje, Hayato?


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