Ultima Ratio escrita por Akemihime


Capítulo 4
Cabeça acima da água




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“Nem sempre é possível separar o corpo do mar e alcançar a praia. Às vezes tudo o que se pode fazer é ter calma para não afundar. É preciso manter a cabeça para fora da água e lutar contra o mar tempestuoso que se forma”.

 

•••

 

Aconteceu tudo muito rápido. As chamas azuis apareceram de repente e, apesar do corredor em que se encontravam ser largo o bastante, não havia onde se esconder para se proteger.

Mas assim como as chamas azuis surgiram do nada, o gelo de Todoroki também agiu de forma rápida, formando uma parede contra o fogo, à centímetros de distância de Yaoyorozu que era quem estava à frente do grupo.

— Não vai durar muito tempo, vamos sair daqui! — Todoroki gritou para os outros, tentando reforçar sua barreira de gelo com a mão direita e percebendo que ela estava sendo derretida em grande velocidade.

Ninguém tentou argumentar, se virando de costas e acelerando o passo em direção a entrada daquele corredor por onde tinham vindo momentos antes.

Todoroki ficou por último, tirando sua mão direita da parede do corredor, deixando de usar sua peculiaridade de gelo. Um pouco mais a frente dele, Midoriya e Yaoyorozu ainda o esperavam, e assim que viram que o garoto estava os alcançando, se puseram a correr logo atrás dos outros.

E com a barreira de gelo extensa que Todoroki havia criado, eles tinham conseguido tempo o suficiente apenas para saírem do corredor escuro. O fogo azul agora derretendo tudo e seguindo seu caminho bem no momento em que os aspirantes a heróis desviaram para as laterais do túnel abandonado que estiveram antes.

E então, assim como tinham aparecido, as chamas sumiram de repente.

Nenhum dos estudantes se moveram depois disso, todos se mantendo em silêncio e sem abaixar a guarda, com olhos fixos no túnel escuro por onde as chamas azuis tinham desaparecido. Não demorou muito para ouvirem o som de passos vindo daquela direção, logo a figura conhecida do dono da peculiaridade de antes finalmente apareceu.

— Eu deveria imaginar que vocês não deixariam de se intrometer nisso também — Dabi disse, seu rosto marcado por queimaduras se contorcendo em um sorriso frio e sem vida.

Nenhum deles falou nada por um momento. Kirishima engolindo em seco e Yaoyorozu já planejando uma possível rota de fuga.

Se Dabi estava ali, significava que eles tinham acertado onde procurar.

Significava que os outros vilões não deveriam estar longe.

Significava também que…

— Onde ele está? — Todoroki cortou o silêncio, perguntando para o inimigo à frente deles.

— Preocupado com seu querido pai? — Dabi perguntou quase de forma irônica, parecendo controlar a vontade de rir, o que fez todos eles ficarem confusos — Não importa, de qualquer forma você logo se juntará à ele, Todoroki Shouto.

Todoroki sentiu um arrepio percorrer por seu corpo com isso.

Eles planejavam capturá-lo também?

Mas ele não desistiria sem uma boa luta e, ao julgar pela forma como os amigos o olharam, Todoroki diria que nem eles o deixariam ir de maneira fácil também.

— Dabi-kun, Kurogiri-kun disse que não tem o dia todo, ele precisa se encontrar com o Shigaraki-kun logo… — Outra voz, mais feminina, surgiu por trás de Dabi e de toda a fumaça invocada por sua peculiaridade. 

A figura de Toga, com seus cabelos loiros presos e roupa de colegial, logo apareceu diante dos aspirantes a heróis.

Ela olhou para Dabi emburrada, mas sua expressão se tornou mais assustadora quando seus olhos pararam no grupo, especialmente em Midoriya.

— Quanto tempo, Deku-kun! — Toga abriu um sorriso e Midoriya deu um leve passo para trás, engolindo em seco, sem respondê-la. — Onde está a Ochako-chan? Estou com saudades dela também!

— Tsc, cala a boca, não é hora pra isso, não podemos chamar atenção aqui, lembre-se. — Dabi a interrompeu antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, voltando sua atenção novamente para os estudantes. — Vamos acabar logo com isso então.

E todos eles se prepararam quando o vilão ergueu as mãos, já prontos para as chamas azuis que sairiam dali.

Mas então Dabi apenas sorriu mais uma vez ao olhar a cena diante dele.

— Está na hora de uma pequena reunião familiar, diga adeus aos seus amigos, Todoroki Shouto.

— Você não vai levar ele! — Midoriya exclamou e todos se aproximaram um pouco mais de Shouto de forma protetora, sem tirar os olhos do inimigo a frente.

Mas não era em Dabi que deveriam prestar atenção.

E Todoroki soube disso no instante que sentiu um frio em seus pés e, como se estivesse em uma areia movediça, todo o seu corpo pareceu afundar de repente para algo além do chão.

— O que…?

Ele olhou em volta confuso, tentando em vão se mover e demorando uma fração de segundo para entender que se tratava da habilidade do vilão Kurogiri, puxando-o pelo portal recém criado para algum lugar desconhecido.

Os amigos então começaram a gritar seu nome e ele queria gritar de volta para não se preocuparem e que ficaria bem, mas não conseguia, não com a escuridão do portal chegando em seu rosto e deixando-o impossibilitado até de enxergar direito o que acontecia ao seu redor.

E então, com sua mão estendida para o alto, ele sentiu alguém o segurar e tentar puxá-lo em vão. O poder do vilão era forte demais e estava sugando-o rápido demais agora para fazer qualquer coisa.

— Todoroki! — Os amigos gritavam agora para o lugar em que ele tinha desaparecido, em completo choque.

Midoriya olhava com pavor, as lembranças da época que Bakugou desapareceu sendo revividas em sua mente.

E ao julgar pela expressão do loiro também ali ao seu lado, ele parecia estar lembrando exatamente da mesma coisa.

— Oi, maldito, pra onde ele foi?! — Bakugou indagou para Dabi, nervoso. Ele não gostava daquilo. Se Todoroki tivesse ido para o mesmo lugar que ele tinha ido daquela vez, estando rodeado de inimigos, Bakugou só esperava que o imbecil tivesse bom senso de não comprar briga com todo mundo.

Ele realmente poderia acabar morrendo e dessa vez não teria herói número um para salvá-lo.

Dabi, mais a frente, suspirou, olhando para Toga ao invés de Bakugou, como se os aspirantes a heróis nem o incomodassem.

— Ei, maluca, vai em frente você também, não podemos perder tempo aqui — Ele falou para a loira — Eu vou logo atrás, só tenho que fazer uma coisa antes — Dabi terminou, olhando agora para os estudantes.

Ele não parecia alguém pronto para enfrentar cinco aspirantes a heróis. Eles não eram heróis profissionais ainda, mas eram fortes e Dabi era apenas um.

Não foi só Bakugou quem percebeu isso, ao julgar pela expressão no rosto de Yaoyorozu e Midoriya.

Dabi tinha um plano. E seja o que fosse, não ia ser bom para nenhum deles.

— Bem, então… eu já estou indo, até mais, Deku-kun! — Himiko Toga acenou para o garoto que a encarava seriamente.

Ela não se importou dele não responder, apenas caminhou calmamente para o novo portal que Kurogiri tinha aberto, sabia que Dabi cuidaria de tudo e sabia também que Midoriya não morreria ali, ele era incrivelmente forte — isso sem mencionar sortudo — para perecer naquela situação. Eles se veriam de novo e ela mal podia esperar a hora disso.

E foi quando já estava quase cruzando tranquilamente o portal que sentiu um corpo ser pressionado contra o seu bruscamente, empurrando-a para frente, para dentro da peculiaridade de Kurogiri com urgência.

Antes que pudesse perguntar ou tentar ver o que estava acontecendo, tudo o que ouviu foi uma voz feminina atrás de si.

— Você não vai sozinha!

Ao fundo, os estudantes gritavam o nome da garota, incluindo Midoriya, todos alarmados com a situação que claramente não esperavam que fosse acontecer.

No entanto, antes que qualquer um — os aspirantes a heróis, Toga ou até mesmo Dabi — pudesse fazer alguma coisa, a escuridão do portal engoliu ambas as mulheres, fazendo-as desaparecer de vista.

Dabi suspirou, vendo o portal sumir.

— Tsc, idiota, se tivesse ido mais rápido isso não teria acontecido.

— Onde eles estão?! — Iida perguntava. A situação tinha se transformado em algo que nenhum deles tinha previsto. Não fazia parte do plano serem separados.

Aquilo não podia ser um bom sinal, estavam com problemas.

Dabi deu de ombros, olhando para cada um deles, parecendo o oposto dos estudantes, como se o fato de Yaoyorozu ter ido junto com Toga não tivesse atrapalhado tanto assim o plano deles, seja lá qual fosse.

— Não pretendo fazer nada com seu precioso Todoroki, pelo menos por enquanto. Quanto à garota… não deve demorar a morrer, não sei, não é mais problema meu.

A resposta dele apenas irritou ainda mais o grupo de aspirantes à heróis.

— Eu vou arrancar esse sorriso do seu rosto, imbecil — Bakugou falou, sorrindo de nervoso, enquanto pequenas explosões começavam a sair de ambas as palmas de suas mãos.

Bakugou tinha a tendência de ser impulsivo, mas os amigos sabiam que naquele momento ele ainda estava sendo cauteloso. Ele, mais do que ninguém, entendia a situação em que estavam.

Era apenas um oponente, mas o sentimento de ter alguma coisa errada ainda prevalecia mais forte do que tudo.

O pior, de certa forma, ainda estava por vir, eles sabiam.

E aquele sentimento estava para se concretizar conforme Dabi continuava a falar, ignorando completamente a ameaça do loiro à sua frente.

— Eu adoraria passar mais tempo brincando com vocês aqui, mas preciso fazer algumas coisas, então divirta-se… Nomu — Dabi sorriu novamente, dando espaço no corredor escuro para que uma enorme criatura saísse das sombras, ganhando cada vez mais forma entre o corredor mal iluminado em que se encontravam.

Todos os quatro estudantes deram um passo para trás ao ver a figura que se aproximava deles, enquanto Dabi se afastava e adentrava a escuridão, sumindo da vista de todos.

Mas o fato de Dabi ter desaparecido não os incomodou. Não quando um vilão ainda pior apareceu bem diante dos olhos deles.

Com o cérebro parcialmente exposto, um rosto animalesco e corpo todo preto, o Nomu era uma versão semelhante ao que atacara All Might no campo de treinamento U.S.J da U.A. logo no começo do ano escolar.

Aquilo realmente não era bom.

Se o Nomu diante deles fosse tão forte quanto o que tinham visto na escola, eles teriam sérios problemas.

Midoriya sentiu o corpo todo tremendo ao lembrar de como All Might teve dificuldade de enfrentar aquele inimigo.

“Tudo bem, pense! Quais as habilidades dele? Ele é formado de humanos artificialmente modificados, foi o que ouvi… e ele tinha o poder de regeneração, era resistente à força… Ah, mas se for igual ao que enfrentou Endeavor, então não podemos presumir que será resistente apenas à força e-”

— Cala a boca, Deku — Bakugou resmungou ao seu lado, se controlando para não gritar para o garoto, olhando com cautela para o inimigo que ainda não tinha feito nenhum movimento. Midoriya colocou a mão em sua boca, percebendo que estivera murmurando para si mesmo, como sempre fazia quando divagava sobre peculiaridades. — Para de falar merda por um segundo, nós não somos mais fracos como antes.

— Acha que podemos derrotar ele? — Kirishima perguntou um pouco mais alto para o loiro, atrás dele.

E Bakugou abriu a boca, pronto para responder, mas de repente o Nomu começou a se mover na direção deles.

E ele era rápido.

— Cuidado!

Iida puxou Kirishima para o lado, instantes antes do Nomu ir direto em sua direção. Bakugou e Midoriya desviaram também por um triz, apesar do foco do inimigo ter sido em Kirishima naquele momento.

O Nomu bateu com toda a força na parede atrás de onde Kirishima estivera, destruindo-a facilmente.

— Não é uma questão de achar mais, Kirishima-kun — Midoriya falou, com sua individualidade já ativada, circulando por todo o seu corpo. — Nós precisamos derrotá-lo agora!

Como se fosse uma resposta à sua fala, o Nomu rugiu alto, um som grotesco e animalesco, enquanto se levantava dos entulhos que ainda caíam do buraco recém aberto.

— Ele não parece tão inteligente quanto o que enfrentou Endeavor — Iida disse, visivelmente nervoso.

Mas ainda que o monstro não falasse como um ser humano, não era bom subestimar a sua força.

— Bem, vamos testar do que ele é capaz então! — Bakugou exclamou, colocando suas enormes luvas que usava em batalha. Ele tinha carregado ambas em sua mochila que até então estivera em suas costas, o loiro sabia que se houvesse um confronto, ter aquilo lhe ajudaria a pelo menos ter uma pequena vantagem contra o inimigo. — Kirishima!

Não precisou chamar o amigo duas vezes.

Kirishima entendeu e rapidamente juntou suas mãos à frente do corpo que ia adquirindo o endurecimento já tão familiar.

— Vamos lá! — Ele mesmo gritou, determinado.

E tanto Kirishima, quanto Bakugou, não perderam tempo. Justo na hora em que o Nomu olhava em volta e se preparava para um novo ataque, os dois foram para cima dele. 

A enorme explosão de Bakugou foi recebida de um lado, enquanto um forte soco de Kirishima foi recebido pelo outro lado do corpo do Nomu.

No entanto, nenhum dos dois comemorou a vitória ao perceber que o vilão ainda continuava de pé bem à frente deles. Ele nem ao menos tinha se movido, parecendo simplesmente não sentir o ataque duplo que tinha acabado de receber.

— Cuidado! — Midoriya exclamou e logo Kirishima e Bakugou se movimentaram.

Porém não foram rápidos o bastante dessa vez, ambos recebendo um ataque direto quando o Nomu moveu seu braço em direção a eles. E, como se fossem meros insetos que ficam muito próximo de alguém, o Nomu os jogou para longe, fazendo os dois garotos colidirem contra a parede oposta do lugar.

— Kacchan! Kirishima-kun! — Midoriya se preocupou novamente, mas nem ele e nem Iida tiveram tempo de se movimentarem para ver como os amigos se encontravam, visto que o Nomu agora tinha voltado a sua atenção em direção ao dois.

O Nomu rugiu novamente e do lado esquerdo de seu corpo, onde Bakugou anteriormente tinha tentado explodir, começou a adquirir uma coloração avermelhada por cima do preto.

E demorou apenas uma fração de segundos para Midoriya e Iida entenderem o que aconteceria, desviando rapidamente com suas individualidades da enorme explosão que se projetou do corpo do Nomu.

Explosão essa que era bem semelhante ao ataque que tinha recebido da peculiaridade de Bakugou.

Midoriya aproveitou a pequena abertura no lado direito dele e decidiu dar uma investida, seguindo a tentativa de Kirishima. E focando sua individualidade nas pernas, ele se aproximou rapidamente, erguendo a perna direita em direção ao corpo do Nomu.

— Smaaaash! — Ele exclamou, acertando em cheio o chute no inimigo. Mas logo Midoriya sentiu a dor atingir sua perna e ele sabia que não era por culpa de sua individualidade dessa vez.

Iida, mais distante, olhava horrorizado para o local onde o amigo tinha acertado o Nomu, vendo o corpo do lado direito dele estar com uma aparência mais resistente, semelhante… à individualidade de Kirishima.

— Ele está absorvendo nossas individualidades e usando contra nós! — Iida esclareceu para todos — Midoriya-kun se afaste, ele vai usar a sua força…!

Mas novamente era tarde demais.

E a exata quantidade de força que Midoriya tinha depositado em seu chute, foi logo devolvida para ele, fazendo-o ser arremessado longe, exatamente como tinha acontecido com Bakugou e Kirishima instantes antes.

— Nós precisamos de um plano — Ver aquele tipo de coisa saindo justamente da boca de Bakugou provavelmente deixaria qualquer pessoa que não o conhecesse assustado.

Mas não só Midoriya, como Kirishima e Iida também, já sabiam como o garoto tinha evoluído, como ele tinha deixado de ser egoísta e aprendido a reconhecer quando precisava de ajuda.

E, naquele momento, seria impossível para eles tentarem derrotar o inimigo se não trabalhassem todos juntos.

Então é, eles realmente precisavam de um plano.

Kirishima se aproximou de Deku, ajudando-o a se colocar de pé, enquanto Bakugou se mantinha parado ao seu lado, olhando o Nomu tentar, em vão, atingir Iida.

O Representante de Turma utilizava de sua peculiaridade para escapar das investidas do Nomu, que, por pouco, não o acertavam, ganhando tempo para os amigos se recuperarem.

— A individualidade dele me lembra do Monoma da turma B — Kirishima comentou — Se for como o Iida falou, estamos ferrados!

— Mas o Monoma-kun possui somente a individualidade de copiar e mesmo ele tem suas restrições, já esse Nomu acima de tudo possui super força e nós não sabemos o que mais… — Midoriya falou, pensativo.

— Ao menos ele não possui super velocidade, o Iida parece conseguir escapar bem dele. — Kirishima quase riu ao dizer, mas ele percebia como Iida estava se esforçando para escapar dos ataques.

— Ele não pode distraí-lo para sempre — Bakugou resmungou, ele também parecia perdido em pensamentos, como se estivesse em uma batalha interna do que deveria fazer a seguir. Até que finalmente suspirou, olhando para Iida. — Ei, quatro-olhos! Nós vamos distrair ele agora, enquanto você vai procurar ajuda!

Aquilo surpreendeu tanto Kirishima quanto Midoriya. E até mesmo Iida olhou para ele por um segundo, confuso — o que se mostrou um erro, pois o Nomu aproveitou do momento de distração, conseguindo finalmente acertar o garoto, arremessando-o não muito longe.

— Buscar ajuda? Bro, nós vamos conseguir...!

— Não, não vamos. — Bakugou falou, antes de correr em direção ao Nomu, buscando sua atenção antes que ele continuasse indo novamente na direção de Iida que começava a se levantar, claramente um pouco ferido.

Kirishima o seguiu, ainda confuso.

— Bakugou-kun, eu não posso simplesmente abandoná-los aqui! — Iida falou quando finalmente se colocou de pé, vendo Bakugou e o Nomu trocarem várias explosões.

Enquanto Bakugou arremessava suas explosões, o Nomu as absorvia e mandava de volta. Nenhum dos dois era atingido, mas aquilo não poderia durar muito tempo, logo o loiro se cansaria ou acabaria sendo acertado pela própria explosão se não fizessem algo.

Isso sem falar que as explosões estavam começando a ter um impacto na estrutura de todo o local, afinal de contas, eles ainda estavam no subsolo. E os pedaços de concreto caindo do teto eram apenas uma indicativa de que aquele lugar não permaneceria firme por muito mais tempo se continuassem assim.

— Iida-kun, eu acho que o Kacchan tem razão. — Midoriya finalmente falou ao se aproximar de Iida. Ele estivera pensativo até mesmo antes do plano de Bakugou, mas quando o garoto disse aquilo para Iida, Midoriya entendeu o seu ponto.

Eles realmente não conseguiriam derrotar um vilão daqueles sozinhos. E, mesmo se por acaso conseguissem aquilo, certamente não ficariam bem o suficiente depois. E eles precisavam ir atrás de Todoroki e Yaoyorozu o mais rápido o possível, ninguém sabia o que poderia acontecer com aqueles dois em um ambiente repleto de vilões.

Era hora de parar de fingir ser herói e reconhecer que eram apenas estudantes. Era hora de pedir ajuda aos profissionais.

Midoriya tinha feito uma promessa a All Might e não tinha se esquecido disso.

Se a situação estivesse perigosa demais, eles deveriam buscar ajuda.

E, naquele momento, a situação estava muito perigosa para continuarem agindo por conta própria.

— Eu fiz uma promessa ao All Might, não podemos correr mais risco desnecessário, precisamos de ajuda. — Midoriya explicou para Iida — Todoroki-kun e Yaoyorozu-san também precisam de ajuda.

Iida olhou para ele e depois para Bakugou e Kirishima ainda lutando contra o vilão. Ele parecia relutante em deixá-los ali sozinhos e Midoriya entendia isso.

— Se você não tivesse buscado ajuda quando a U.S.J foi invadida, poderia ter sido muito pior. Você é nosso Representante de Turma, nós contamos com você, Iida-kun!

Iida então respirou fundo, olhando uma última vez para Bakugou e Kirishima e depois para Midoriya.

— Eu prometo que não vou demorar.

Midoriya sorriu para ele e o amigo se virou para a saída do túnel, por onde tinham vindo mais cedo.

Usando sua individualidade, Iida não demorou muito para desaparecer do campo de vista deles. E Midoriya sabia que ele realmente faria o possível para voltar logo com ajuda.

Ele suspirou, voltando a olhar para a luta que acontecia mais à sua frente, bem na hora em que Bakugou recebia uma explosão em sua direção, não sendo capaz de desviar, recebendo o ataque direto.

— Bakugou, você tá bem?! — Kirishima perguntou em voz alta, mas sem ir até ele, ao invés disso, correndo até o inimigo e dando um soco com sua mão endurecida, apenas para perceber que o Nomu tinha também endurecido aonde ele atacava.

— Nós precisamos de um plano aqui também. — Midoriya murmurou, percebendo como a situação não estava fácil para eles.

Precisavam de tempo e de alguma forma dariam um jeito de conseguir isso.

Ele ativou sua individualidade nas pernas. Se tinham que pensar em um plano, o primeiro passo era conseguir tempo para isso. Tempo longe do Nomu.

— Kacchan, precisamos de tempo para despistar ele e bolar um plano! — Se Bakugou pudesse lançar uma forte explosão para conseguirem se esconder por um momento, seria perfeito.

O teto cederia, com sorte em cima do Nomu, e embora aquilo não fosse o matar, seria a distração necessária para os três se esconderem e prepararem um plano de ataque.

Bakugou parecia ter chegado a essa conclusão também, se levantando com dificuldade.

— Eu sei o que tenho que fazer, Deku de merda, não precisa falar. — Murmurou, erguendo os braços em direção ao Nomu novamente — Kirishima, sai daí!

Não precisou falar novamente e o ruivo se afastou do Nomu bem a tempo de Bakugou puxar o pino da sua luva e lançar uma enorme explosão na direção do inimigo.

Eles sabiam também que o Nomu iria absorver o ataque direto ao seu corpo, sem sofrer qualquer dano, como estivera fazendo até aquele momento, então não esperaram para ver o resultado, apenas começaram a correr e pararam ao virar o corredor do túnel, se agachando e mantendo-se escondidos.

Eles não pararam para olhar o resultado da explosão, sabendo bem apenas pelo som de vários pedaços grandes de concreto caindo, que certamente o teto ao redor do Nomu tinha realmente cedido. Ao menos o céu da noite ajudaria um pouco mais na visibilidade do local quando a poeira abaixasse.

De qualquer forma, o corredor onde estavam agora era bem mais iluminado do que o corredor escuro de antes, de modo que provavelmente aquela parte do túnel deveria ainda estar sendo utilizada pelos metrôs durante o dia.

Mas naquele momento nenhum deles se importou com isso, apenas se permitindo respirar e recuperar as forças por um segundo antes que o Nomu os encontrasse.

Eles sabiam que fugir estava fora de questão. Se deixassem aquele monstro à solta poderia ser perigoso até mesmo para qualquer civil que aparecesse por ali. Nenhum deles era herói profissional ainda, mas estavam no caminho, e um herói jamais deixaria um vilão escapar.

Ou seja, precisavam dar um jeito de pará-lo ou ganhar tempo até Iida chegar com reforços.

Precisavam de um plano.

— Kacchan, você tem acumulado suor no equipamento da sua luva, não tem? — Midoriya perguntou baixinho, quebrando o silêncio.

— Você não vai começar a analisar minhas habilidades agora, não é, Deku?! — Bakugou reclamou também em voz baixa, mas o seu tom de voz deixava claro que ele estava mais cansado do que realmente irritado.

Midoriya e Kirishima estavam cobertos de machucados pelo corpo todo, certamente até mesmo com alguns (ou vários) ossos quebrados, e isso era nítido, mas em relação a Bakugou a situação estava um pouco pior.

Era ele quem estivera explodindo o Nomu e, em troca, recebendo suas próprias explosões de volta. Como resultado, seu corpo também estava queimado e suas mãos já tremendo por ter excedido em sua individualidade.

— Se puder dar seu equipamento para o Kirishima-kun, acho que consigo levá-lo até próximo do Nomu com a minha individualidade — Midoriya explicou então — Se Kirishima-kun conseguir explodi-lo de dentro para fora, então talvez dê para matá-lo… ou quem sabe conseguir tempo o suficiente para os heróis chegarem antes dele se regenerar, eu não sei…

O garoto estava começando a divagar sobre as possibilidades e Bakugou o interrompeu novamente.

— Tudo bem. — Ele retirou uma das luvas, entregando o equipamento anexado para Kirishima — É melhor você conseguir, Cabelo de Merda.

Kirishima sorriu.

— Alguma vez eu já te deixei na mão?

O som grotesco do Nomu não muito longe dali não permitiu com que Bakugou respondesse.

E Kirishima também não perdeu tempo, ativando sua individualidade mais uma vez. Mas, dessa vez, seu corpo foi atingindo um endurecimento ainda maior do que antes, transformando-o até mesmo de um jeito quase monstruoso. Era sua forma unbreakable, a forma que tinha desenvolvido enquanto treinava com Bakugou antigamente, e tinha usado em seu estágio com Fat Gun.

Ele estava segurando essa carta na mão para uma oportunidade única, sabendo que não era algo que dava para usar sempre. Mas aquele era o momento, Kirishima sabia. Só dessa forma conseguiria colocar o equipamento de Bakugou na boca do Nomu, só dessa forma seria capaz de não sofrer muitos danos pela explosão que resultaria, caso Midoriya não o afastasse do vilão rápido o suficiente.

— Ele só consegue se manter assim por pouco tempo, então é melhor dar um jeito de conseguir, Deku. — Agora foi a vez de Bakugou explicar para Midoriya e o garoto balançou a cabeça, determinado.

Midoriya sentiu sua individualidade correr por seu corpo e fechou os olhos por um momento para se concentrar.

“Foque um pouco em seus braços, 20%... e a maior parte em suas pernas… 100%”

Ele abriu os olhos, indo até Kirishima e segurando-o. Desse jeito seria capaz de levá-lo até o Nomu rápido o suficiente para ser não parado por ele.

Bakugou se permitiu cair no chão enquanto os dois saíam em disparada em direção ao vilão.

Ele se virou no túnel, apenas para, de longe, ser capaz de ver quando Midoriya e Kirishima se aproximavam do Nomu. 

Kirishima deu um forte soco no estômago dele, quando estava perto o suficiente, fazendo-o abrir a boca em um rugido — de raiva ou de dor, eles nunca saberiam —, sendo o movimento perfeito para o ruivo colocar a bomba em sua boca e remover o pino de segurança, acionando a individualidade de Bakugou em seu máximo.

Bakugou não conseguiu discernir com clareza se os dois se afastaram do Nomu ou não, visto que foi tudo muito rápido.

A explosão logo tomou conta do local, destruindo tudo ao seu redor.


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