Together By Chance 1 Temporada REBOOT escrita por M F Morningstar, Shiryu de dragão


Capítulo 26
Os Reinos


Notas iniciais do capítulo

Olá, capítulo novo!

Boa Leitura!!!



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P.O.V Castiel Salvatore

— Merda... – Resmungo quando vejo inúmeros demônios vindo em minha direção, eram tantos que nem minha arma seria capaz de eliminá-los.

Sem outra escolha, começo a correr com a maior velocidade que consigo. As ruas estavam lotadas de demônios de todos os tipos e tamanhos. Em um dos caminhos que eu cruzo, vejo que do lado direito era uma floresta enquanto do lado esquerdo da rua haviam casas. Eu sabia que não adiantaria correr para a cidade, então adentro a floresta.

Gostaria de dizer que a minha “entrada” na floresta foi normal, mas não foi, assim que eu cruzei a linha da rua para entrar na área das árvores, sinto como se tivesse atravessado uma “parede” gelatinosa e fina.

Escuto barulho dos demônios ainda atrás de mim, alguns ainda me seguiam, então só me resta continuar correndo pela floresta. Como se não bastasse a perseguição, acabo por ter que parar ao avistar alguns tipos de “anões de jardim”, não eram estátuas de jardim, mas sim, homenzinhos pequenos narigudos que usavam chapéu vermelho e sapatos pontudos. Um deles acena para mim e logo sinto a magia ao meu redor, e não era dos demônios sedentos atrás de mim.

Num piscar de olhos vejo aquele serzinho se tornar em um monstrengo maior com o corpo cheio de musgo. Essa transformação repentina me fez lembrar dos desenhos da Monique, os serezinhos eram Duendes, sendo assim, se transformam em Trolls.

Alguns seres ainda em forma de duendes começam a jogar pós brilhantes de inúmeras cores, ao mesmo tempo que os que se transformaram em Trolls pegam aqueles cacetetes de madeira estilo Capitão Caverna para bater nos demônios.

Percebendo que aqueles seres mágicos que acabei encontrando sem perceber estavam me ajudando e protegendo a Floresta, conjuro minha arma para batalhar junto deles.

Ao mesmo tempo que era um festival de brilho por conta daquele pó todo, era um massacre sangrento. Os demônios voadores que me perseguiram, sangravam um sangue de tonalidade preta gosmenta, morriam e logo desapareciam no ar.

Confesso que matar aquelas massas pretas de fumaça que se intitulavam Demônios dos Sonhos era divertido. Minha arma quando atingiam eles faziam com que os demônios se dividissem ao meio, mesmo parecendo uma fumaça, o corpo deles só eram instáveis e espessos, fora isso, morriam como um demônio normal.

— Acabou seu monstrengo! – Diz um dos Duendes depois que desfez sua forma de Troll. O serzinho colocou os dedões nas orelhas e mostrou a língua para onde os demônios estavam antes da matança ter acabado.

Me lembro que a Monique disse que eles eram criaturas travessas, mas do bem, protegiam a natureza. Falando em natureza... Que lugar é esse?

Olho ao redor, pela primeira vez, percebendo a floresta onde me encontrava, não parecia a floresta do Limoeiro. A minha volta, árvores completamente enormes com “cordas” coloridas caiam, ao mesmo tempo que os frutos e folhas soltavam brilhos coloridos, as folhas continuavam verdes, mas a grama não, tinha uma cor roseada e em outros lugares roxos. Flores brilhantes e coloridas se estendiam junto de moitas coloridas, tudo parecia soltar brilho, pó e magia.

Ou eu devo ter batido muito forte com a cabeça em algum momento que não me recordo ou realmente entrei em uma floresta paralela.

— Onde estou? – Pergunto para aqueles seres pequenos que mais riam do que tudo.

— Em uma das Florestas dos Duendes, humano. – Responde um deles. As vozes de todos pareciam ser fininhas e até um pouco irritantes.

— Como é possível que eu tenha parado aqui? Já entrei em diversas florestas e nunca dei num lugar assim tão... colorido. – Confesso que toda essa luz, brilho e pó estava começando a doer minha cabeça, mas ainda assim, tinha um cheiro exótico e bom, era quase que um cheiro doce para cítrico.

— Todo protegido de Andarilhos é bem-vindo. – Diz outro dos duendes.

— Faz sentido... Então vocês... – Antes que eu possa completar minha fala, os duendes começam a me tacar uma espécie de gosma roxa. – Quê porra estão fazendo? – Grito irritado, mas eles só riem mais ainda.

Ótimo! Não poderia ter me encontrado num lugar pior.

Por conta da gosma, não conseguia mais me mover. Os duendes me amarram e começam a me carregar para não sei que lugar. Passando algum tempo sendo carregado por eles e observando o topo das árvores compridas, eles param em um lugar qualquer, só conseguia ouvir o barulho de água ao longe.

— Preparado, humaninho? – Pergunta um dos duendes.

— Preparado para o... – Antes que eu pudesse terminar de perguntar, os duendes me jogam para a frente com tudo.

Uma das “cordas” que estavam amarradas em mim se desenrola um pouco me fazendo girar, mas com um baque forte, me puxa para outro lado. Eles estavam segurando a outra ponta que não estava amarrada a minha cintura.

— Me solta, suas pestes! – Grito com a raiva me consumindo.

Eu estava balançando no ar por conta da corda, quando olho para cima onde os seres traiçoeiros estavam me segurando em uma “montanha”, “precipício”, sei lá o que, vejo seus sorrisinhos. Logo eles soltam a corda me fazendo cair, juro que acabo soltando um grito, mais de surpresa do que medo do que poderia acontecer.

Me sinto cair suavemente em algo líquido, fecho meus olhos para evitar que o conteúdo entre em contato os mesmos. Lentamente a gosma e a corda se desgrudam de mim me libertando, nado até a superfície agora conseguindo me mexer de novo.

Atravessando a superfície percebo que era um lago, mas de uma cor “diferente”, ao mesmo tempo que era um verde, a luz que refletia fazia com que desse a impressão de um arco-íris.

— Humanos sempre caem na nossa brincadeira!

— Humanos são bobinhos!

— Vocês me pagam! – Grito saindo depressa da água, indo em direção deles que começam a correr ainda rindo.

— Humano bobo!

— Humano lento!

— Vocês são insuportáveis, mas vou me cobrar do que fizeram! – Digo correndo o mais rápido que podia, aqueles nanicos podiam ser pequenos, mas corriam que é uma beleza.

Quando finalmente me aproximo de um deles, percebo que haviam outros pendurados nas “cordas” das árvores.

— Tchauzinho, bobão! – Diz o que estava na minha frente, logo os demais me jogam um pó dourado.

Sinto tudo girar e quando percebo sou jogado magicamente para fora da floresta, me encontrando novamente na rua que eu estava fugindo dos demônios, mas dessa veze, não estava mais sendo perseguido.

Aventura esquisita, os duendes me salvaram para depois me pregarem uma peça. Cada vez mais, entendo menos desse mundo “novo” que se abriu bem diante dos meus olhos. O que me resta é tentar voltar para meu apartamento em segurança e esperar a...

— Mas que merda tá acontecendo agora?!

Só consigo ver uma luz extremamente forte a minha frente.

P.O.V Monique Lockwood

— Asuna! – Chama uma voz familiar. Eu estava perto da maior árvore que tinha na floresta próxima ao bairro Limoeiro.

Me viro e me deparo com um homem de cabelos pretos, olhos pretos com faíscas vermelhas, pele cor de mármore e dentes um pouco afiados. Eu reconheceria aquele sorriso em qualquer lugar.

— Caim! – Grito correndo para abraçá-lo, o mesmo me segura em seus braços me levantando do chão.

— Quanto tempo ein. – Diz ele depois de me descer de seus braços.

— Faz mesmo, mas vejo que você conseguiu asas agora. – Digo apontando para as asas transparentes num tom preto em que se encontravam nas costas dele.

— Me dediquei a estudos sobre magia e outras coisas quando você teve que parar de me guiar. Não são asas permanentes, mas dá para ir onde eu quiser com elas. – Me explica. – Mas e você? Sinto que ainda é humana.

— Longa história. Eu estava indo para os Reinos, Lensiel me disse que Lúcifer quer que eu vá Reino por Reino ver quem se aliará, ou tentar convencer. – Digo, e ele faz uma careta.

— Pai sempre querendo que você cuide dessas coisas. Dizem que Lilith é a preferida dele, mas não vejo ele pedindo para ela fazer tudo o que você faz. – Indaga Caim, e eu rio.

— Acho difícil ela querer lutar nisso, nem quero ver como vai ser quando eu estar frente a frente com ela. Lilith não parece gostar muito de mim. – Confesso, e ele sorri mostrando seus dentes, com certeza herdados de Lúcifer e não de Eva.

— Ela também não vai muito com a minha cara, assim como meu meio irmão Abel, mas ele, pelo menos depois daquela nossa briga onde eu acidentalmente o esfaqueei o mandando para o Paraíso, nunca mais tive que olhar para aquele rosto. Pena que Eva me ignorou por completo, preferindo ao filho de Adão invés de um bastardo criado por ela, por conta da luxúria. – Caim parecia rever toda a cena diante de seus olhos. Eu já conhecia a história, mas sei que ele precisa desabafar certas coisas que ainda o incomodam.

— Acidentalmente? – Pergunto arqueando uma sobrancelha, e ele ri.

— Está bem! Eu quis matá-lo, mas para minha defesa, eu nem sabia que eu não era filho de Adão. Fora que Deus nunca gostou de mim. A “oferenda” do Abel foi melhor? Então que fique com ele para sempre lá. – Ele sorri maliciosamente e vitorioso.

— Acho que você não é o único que Deus odeia. – Digo, e ele sorri para mim.

— Senhorita prisioneira, ele deve temer seu charme. – Reviro os olhos.

— Não sei que charme, mas não me importo, quanto menos contato eu ter com esses anjos esnobes e pau mandados, melhor para mim. – Digo me lembrando de Ângelo. Em como ele me traiu por seguir as ordens superiores invés da nossa amizade. É... Eu realmente tenho ódio deles!

— Cuidado com o que fala, você também está seguindo ordens do meu pai. – Rebate ele para me irritar.

— Estou fazendo um favor. – Resmungo revirando os olhos.

— Okay! Okay! – Ele levanta as mãos rendido com um sorriso brincalhão. – Se precisar da minha ajuda..., até se for para ir para a cama, é só me chamar. – Sorri malicioso.

— Você não vale nada, Caim! – Rio, e ele parece se divertir com minha expressão e reação.

— Asuna, quantas vezes vou ter que te dizer isso? – O encaro confusa. – Você é a única não demônio que tem acesso livre ao Inferno e a única que conseguiu ganhar um espaço honrado lá. Você diverte todos que encontra, é impossível não querer alguma coisa com você, ainda mais que você conhece a reputação da luxúria que nós demônios temos.

— Acho que não são só os demônios que possuem esse tipo de “luxúria”. – Rio lembrando de Castiel. Aquele garoto tem um fogo impagável, facilmente poderia ser comparado com um demônio rebelde. Aqueles olhos com fogo, um fogo que enlouquecia qualquer uma.

— Lembrando do ruivo? – Pergunta, e eu o encaro confusa e surpresa.

— Como sabe dele?

— É impossível não saber dele lá no castelo, todos comentam. – Suspiro irritada com a revelação.

— Não se pode nem ter mais privacidade! – Ele ri com minha frase.

— Quem mandou ser tão famosa. – Ele tinha razão sobre ser “famosa”, por um tempo eu acabei fazendo amizade com muitos demônios de classe superior, e fora isso, eu ainda tive algum tipo de amizade com Lúcifer. Eles quase nunca saiam de Hellfihaim, o principal Reino.

Foi complicado ser aceita por eles, qualquer um que não fosse demônio era rejeitado a menos que conquistasse honra. Hellfihaim é o único lugar que possuía o poder e estudo para eu ampliar meus poderes de Andarilha, o porquê de ser lá, eu não sei, mas passei muito tempo por aquelas florestas sombrias e frias. Em Hellfihaim nunca faz sol por assim dizer, é sempre nublado e sombrio. O ar era espesso, mas de algum jeito eu me sentia em casa quando ficava lá.

— Preciso ir, Asuna. – Diz ele e agora que me toco, Caim me chamava pelo meu nome de origem.

— Se quiser, pode me chamar de Monique. É meu nome aqui. – Digo, e ele faz careta.

— Não. Prefiro Asuna, assim não me parece que você se afastou tanto assim. – Ele confessa suspirando. – Eu sinto sua falta em Hellfihaim, mas sei que meu pai quer te proteger te afastando de lá, então só me basta lembranças daquele tempo.

— Mas ainda somos amigos. Quem sabe eu não possa te visitar algum dia? – Proponho, e ele me olha tentando esconder a tristeza e medo. Medo de ser abandonado pelas pessoas que algum dia ele se importou...

— Não prometa o que não pode cumprir... – Sussurra ele virando de costas preparando suas asas.

— Não é uma promessa, mas tentarei te ver quando puder. Você nunca será esquecido por mim! – Digo e sinto que o corpo dele endurece.

Ele reagia sempre daquela forma, uma parede para ser inatingível. Como o pai..., ele tinha problemas em confiar e em se deixar permitir que a outra pessoa o conheça bem. Problemas em sentir sentimentos, afeto..., se importar por alguém além dele mesmo.

— Adeus, Asuna. – Ele me olha por cima de seus ombros e logo voa para longe.

— Adeus, Caim. – Sussurro vendo-o partir.

Fico alguns instantes olhando o céu onde meu amigo híbrido voou. Caim era metade demônio metade humano, ele adquiriu apenas o poder, a magia e imortalidade de Lúcifer. Não era um demônio, mas odiava ser considerado um mago, tampouco humano. O ódio dele por humanos é tão grande quanto o por Abel. Ele culpava os humanos por não resistir à tentação dos demônios e mais ainda por odiar o pecado que eles mais escolheram, Caim se sentia o pecado de Eva, a segunda esposa de Adão, aquela que como Lilith não resistiu à tentação e ao prazer proposto por Lúcifer.

Lilith, ou na época, Laylah, a primeira mulher criada junto com Adão, do barro, por Deus, não aceitava ser submissa a Adão, assim se entregou a luxúria proposta por Lúcifer, aquele prazer que ela nunca sentiu e nunca poderia sentir por Adão. Então com a ajuda de demônios, fugiu do Paraíso e se tornou a primeira feiticeira, a mais poderosa, aquela que conseguiu converter seu corpo humano em demônio.

Eva, veio depois, criada da costela de Adão. A segunda esposa era submissa, mas como Laylah, não resistiu à tentação de Lúcifer e assim surgiu Caim, o pecado aos olhos de Eva, mesmo tentando esconder, sua infidelidade e luxúria foram reveladas. Por Eva ficar e tentar buscar redenção, surgiu Abel, aquele que não foi considerado o bastardo, mas sim, o puro e amável Abel, o preferido de todos.

Por conta de um “erro” de Eva, Caim cresceu na sombra do irmão mais novo, como a segunda opção, nada que ele faria chegaria aos pés de Abel, o filho pródigo. Caim, aquele que nunca receberia todo o amor, mesmo que Eva tentasse demonstrar algum afeto pelo filho, ela só o via como o pecado dela em carne e osso. Quando Caim apunhalou Abel, ela finalmente conseguiu “se livrar” de seu pecado, pois teve que escolher um dos dois. A partir disso, Caim machucado pela traição da sua mãe, jurou nunca se deixar amar ou se importar com alguém que um dia pudesse o deixar.

Onde eu entro nisso? Eu acabei sendo a única que chegou próximo a ele, mesmo que o mesmo tente me tratar como uma amiga e tenta agir como sentisse alguma coisa referente a desejo por mim, eu sabia que ele via em mim uma mãe que ele nunca teve. Eu vi isso assim que virei tutora de magia dele, o quanto Caim buscava desesperadamente minha aceitação e elogios para se sentir útil, pois seu passado ainda cravava nele como alguém inútil e desprezível, alguém incapaz de ser bom em algo ou pra algo. Mesmo com essa luta interna, ele continua batalhando para ser mais forte e melhor em tudo, não numa forma de superioridade, mas para querer demonstrar que sim, ele também pode ser alguém poderoso e bom.

— Você sempre me orgulha... – Sussurro lembrando de todos os momentos em que ele tentava mesmo falhando..., persistia até conseguir aprender.

Olha onde ele está! Descobrindo feitiços novos, buscando ser forte para si mesmo. Se importando ainda com alguém além dele, mesmo querendo demonstrar que não.

~~~~~*~~~~~

Meu portal havia funcionado, já estava no primeiro reino, Hellvaritya, o Reino de Mammon. O reino era repleto com coisas de ouro, algumas árvores eram de ouro, enquanto outras eram secas, a grama dividia espaço com moedas de ouro.

Mammon é filho de Lúcifer e Lilith, nunca conversei muito com os líderes dos Reinos, apenas com Lúcifer e quem habita Hellfihaim. Eu conhecia Mammon como o demônio da avareza, um filho de dois demônios superiores, aquele que herdou o poder de transformar tudo em que toca em riqueza, aquele que causa a ganância por querer mais e mais bens matérias. Ele se divertia vendo os humanos fazerem tudo por dinheiro e poder, algo que ele havia herdado. Mesmo sendo o demônio da ganância ele não fez com que isso surgisse nos humanos, como todos os pecados, Deus que lançou aos humanos para puni-los pelas “desobediências”.

Mammon apenas aparecia a Terra quando algum culto o conjurava em busca de riqueza e poder. Assim, ele o fazia, mas em troca, aquela alma humana o serviria após a morte em seu Reino, como gárgulas cinzas, sem brilho nenhum. Mammon mesmo “ajudando” os humanos nisso, sentia repulsa por ver que aquilo apenas os deixavam mais deprimentes e mais sanguinários, se matavam em busca de mais sem nunca se satisfazerem com o que tinham. Algo que poderia ser bom, acaba se tornando horrível, e assim, não merecem riqueza na morte, apenas a mostra de quão terríveis foram em vida.

Já estava em minha forma original, então voo apressadamente até a montanha em que Mammon possuía seu trono. Porém, eu não o via. Ele não estaria aqui? Em seu Reino? Confesso que isso é algo estranho, mas não posso falar com quem não está.

~~~~~*~~~~~

Helltatem, Reino de Asmodeus, finalmente!

Eu já havia passado em Hellfurorem, o Reino de Azazel, o demônio da Ira, da guerra. Azazel iria fornecer toda a arma que precisássemos e alguns de seus demônios guerreiros para lutar contra Sairaorg.

Assim que cheguei em Helltatem, já senti aquele cheiro típico de incensos com cheiro de sexo. O que esperar vindo do Reino do demônio da luxúria?

O reino em si, se passava em vários corredores com portas para acesso a quartos de outros demônios e sei lá o que mais. Passando por um corredor escuto murmúrios de uma porta quase fechada.

— Ela realmente acha que é a esposa preferida de Lúcifer? – Pergunta uma voz feminina um tanto indignada.

— É claro que ela vai achar. Ela tem um Reino só para ela enquanto nós ficamos aqui. – Diz outra voz.

Faço um feitiço para poder ver através da porta sem que elas me vejam e observo três mulheres. Elas me eram familiares, lembro de ter as visto no castelo de Lúcifer. Que ele tem cinco esposas eu já sabia, mas apenas conhecia quatro, a quinta nunca vi ou ouvi a respeito. Lilith, a Rainha do Reino de Hellstuprum, é a primeira delas. E essas três são as outras que conheço.

Aggarath, a aparência lembrava da medusa, seus cabelos eram serpentes e usava um vestido amarelo. A demônio da liberdade, uma soberana e guerreira, ela é o cérebro e a estrategista de todas as lutas feitas contra os anjos.

Naamah, loira dos olhos verdes, aparentemente inocente e a mais pura entre as quatro, trajava um vestido da mesma cor de seus olhos. Ela é a pior. Único demônio infértil, a sua mágoa é o que trouxe a existência do aborto espontâneo. Má por vontade própria. Eu sinceramente não entendo porque ela é uma das esposas, ela nem pode trazer um demônio poderoso a vida para ajudar na batalha. As esposas dele, pelo que eu sabia, só serviam para a procriação, e todas sabiam disso. O mistério seria essa Naamah ainda.

Eishet Zeninum, ruiva dos olhos azuis claros, demônio da prostituição, prazer e dor. Trajava seu vestido azul-esverdeado repleta de joias. Eishet junto de ser o demônio do prazer, uma succubus como Lilith, ainda é apaixonada pela riqueza e ostentação.

— Lilith pode ser a preferida para dar um dos Reinos, mas não para ser a escondida para que ninguém possa a descobrir e tentar usá-la contra Lúcifer. – Diz Naamah que até em tão estava quieta. As outras duas a encararam. – Você acha que a mais importante para ele seria revelada? Ele não se importa com nenhuma de nós, nem com a Lilith.

— Você não pode ter certeza! – Diz Eishet com raiva.

— Ela tem razão. Somos apenas parte da procriação. Bem, pelo menos a maioria de nós. – Diz debochada Aggarath.

— Não me provoque. – Grunhi Naamah partindo para cima de Aggarath. – Eu posso dar filhos de outras maneiras.

— Mate mais um bebê humano e o transforme em demônio fingindo ser de uma de suas servas. Você acha que isso é o suficiente? Que ele não vai descobrir e querer te prender para sempre na masmorra? – Rebate com fúria Aggarath.

— Vocês! Eu irei me vingar de cada palavra dita! – Grita furiosa virando as costas para elas vindo em direção a porta.

Cancelo o feitiço e saio dali voando rapidamente pelo corredor para que ela não me visse. Então ela traz os bebês humanos como demônios? Pelo que entendi, Lúcifer não sabe que é assim, e faz sentido, ele pode não ir com a cara dos humanos, mas nunca iria ser cruel com os bebês.

Mas o que me deixa curiosa, é que nem elas sabem quem é a quinta esposa. Elas só falaram que ela deve ser importante por ser escondida e ninguém saber. Será que ela seria alguém que ele nutriu sentimentos além da luxúria? Será que ela seria humana? Ou sabe sei lá o que, afinal, ele não tem filhos com ela e ninguém sabe dela, assim os inimigos de Lúcifer não vão poder ir atrás da mesma para machucá-la. Será que ela é mais fraca que as outras, por isso ele quer que a existência dela, não passe de um número?

Perdida em meus pensamentos, acabo chegando na grande porta que dava acesso ao trono de Asmodeus, mas na porta havia um Cérberos, o famoso cão dos Infernos, o cão de três cabeças e asas enormes e afiadas.

— Olá, amigão! – Digo, e ele se direciona a mim, as três cabeças me encarando, olhos vermelhos sangues cintilando na pele preta.

Me aproximo dele e ele continua me olhando imóvel.

— Você me lembra o Dragon. – Rio, e ele parece buscar a memória do Dragon em minha mente.

Posso ver tudo o que ele procura, os momentos em que estava Castiel, Dragon e eu brincando, a primeira vez que eu vi Dragon e no quanto ele parecia feliz em me conhecer. Em tudo.

Cérberos sai do caminho da porta e continua me encarando, chego perto dele e acaricio as três cabeças, uma de cada vez. Ele se vira e fica olhando o corredor, satisfeito com minha atitude. Provável que seja porque ninguém tem costume de acariciar ele.

Entro pela porta e acabo vendo uma cena pornográfica que eu gostaria de não ter presenciado, uma cena entre Asmodeus e uma demônio da espécie Succubus.

— Podia ter algum aviso na porta. – Digo assim que ouço os passos apressados da demônio para a outra porta do cômodo.

— Não achei que você viria logo. – Diz Asmodeus, sua voz era rouca.

Asmodeus é o demônio da luxúria, e filho de Lilith com Adão. Adão por desprezar o filho o expulsou quando Lilith fugiu do Paraíso, assim quando Asmodeus foi expulso por Adão, Lilith o transformou em demônio e o trouxe para o Reino das Sombras junto dela. Mesmo que a relação deles seja duvidosa e com boatos de incesto, eles tomaram o mesmo ramo, ele como o demônio da luxúria e ela como a da sedução.

— Pode se virar. – Diz ele.

Quando me viro vejo que ele estava sem a camisa mostrando seu peitoral. Asmodeus tinha cabelos brancos e olhos verdes, a pele dele era distinta das dos outros demônios, tinha uma cor dourada como de um bronzeado. Ele emanava uma sensação estranha, um cheiro estranho que enlouqueceria qualquer um, mas como eu já sabia de seu efeito e havia feito um feitiço para anular efeitos mágicos por aromas, apenas sentia o cheiro, sem ser levada por esse impulso olfativo.

— Vamos começar, então...

~~~~~*~~~~~

Já estava no penúltimo Reino, tirando o principal onde eu não precisaria ir. Hellvidya, o Reino de Leviatã, demônio da inveja, e Hellporys, o Reino de Belfegor, demônio da preguiça. Todos até agora resolveram ajudar enviando algo, e nenhum foi contra.

Estava em Hellstuprum, o Reino de Lilith, demônio da sedução, a succubus mais forte que existe. Succubus são demônios que sugam a energia e poder dos humanos através de sonhos onde elas têm relações sexuais com os mesmos.

O Reino dela parecia um jardim florido, cheio de estátuas, fontes e outras coisas. Havia várias mulheres todas nuas, elas lembravam uma mistura de humano com demônio. Elas pareceriam só humanas se não tivessem chifres pequenos na cor preta, olhos totalmente pretos e rabo igualmente preto.

— Olha se não é a Andarilha. – Diz uma voz com desprezo. A dona da voz sai do lago que havia no jardim. Ela estava nua e pingando água.

Loira, pele branca com um leve tom de dourado e olhos brancos que davam de ver o contorno e a parte preta da pupila.

— Você já sabe porque estou aqui, não é necessário se estender. – Digo friamente, e ela me olha debochada.

— Como você pode ver, aqui não tem guerreiras e sim Succubus. Não estou contra, mas não lutaremos para ajudar nessa Guerra. Ainda mais que é contra um de meus filhos. – Diz ela se sentando num trono de gelo que surge magicamente.

Lilith nunca se importou direito com seus filhos, os feiticeiros pareciam mais filhos dela do que os próprios de sua linhagem, é por isso que Lilith é considerada também a mãe de todos os feiticeiros, como a primeira feiticeira, ela cuida deles.

— Tão bom perder meu tempo. – Resmungo me virando para sair.

— Fique longe de Lúcifer. Ele não precisa de uma fracote feito você para ter ao lado. – Diz ela com desprezo e eu me viro para a encarar sem expressar nenhum sentimento. – Ao contrário das três que você observou, eu sei quem é a quinta. E ele não precisa dela em nada. Lúcifer não precisa ser fraco sentindo sentimentos por uma qualquer em busca de atenção. A força dele vem da sua apatia, da sua falta de remorso.

— Para alguém que é considerada a Rainha do Inferno, não sabe quase nada sobre seu Rei. – Sorrio provocativamente e logo uso o meu portal na frente dela, podendo ver o seu rosto furioso.

A quinta seria eu? Não estou entendendo... Eu não sou esposa dele, nunca tivemos nada além de uma amizade confusa. Eu nem ao menos sei como definir de verdade a relação que tivemos!

Lilith só deve estar confundindo as coisas, mas de uma coisa eu sei, para a demônio da sedução, faltou bastante sedução. Achei que na presença dela iria me sentir atraída, mas só senti desprezo. Que propaganda enganosa!

~~~~~*~~~~~

Hellfame, o Reino de Belzebu, o demônio da Gula. Finalmente o último reino para eu visitar, já estou cansada e quero ir para a Terra logo para encontrar meu amado Castiel. Eu sei que havia me encontrado com ele quando derrotei a Viúva, mas nosso encontro foi tão breve que são necessários outros milhares.

Assim que coloquei meus pés no Reino, minha barriga roncou. Todas as árvores, arbustos, tudo era repleto de comida. Com certeza isso não parece a definição de Inferno que os humanos conhecem, parece mais o Paraíso.

— Se concentra Monique, você precisa terminar e ir para casa, lá você vai poder comer algo.

Voo pela trilha até o castelo de Belzebu.

Quando estou prestes a abrir a porta, alguém a abre antes pelo lado de dentro.

— Você!!!

P.O.V Rosalya Price

— Estamos encurralados! – Exclama Melissa nervosa vendo os demônios. Ela estava usando sua arma que era parecida com um Poltergust 5000, ou seja, aquele “aspirador” que os caça-fantasmas usam para puxar os fantasmas.

Lys estava do meu lado com sua espada de obsidiana matando os demônios que tentavam se aproximar. Meu chicote de Electrum fazia um estrago, mas eram muitos demônios ainda assim.

De repente, um vento forte nos empurra para o lago. Entretanto, quando toco na água não sinto que estou a me molhar, pelo contrário, feixes de luz e brilho azulado, branco e rosa claro começam a invadir o ambiente ao redor. Quando toda a luz se dissipa, percebo que estava sentada numa grama bem cortada e fofa. Lys e Mel ainda estavam do meu lado, mas não tinha só isso, haviam inúmeros seres ao redor, ao mesmo tempo que lembram humanos, não são.

Pareciam fadas, com peles das cores azul, verde, violeta e pérola, possuíam asas de diversos tamanhos e cores, seus olhos eram brilhosos e de tonalidades claras, para completar, orelhas pontiagudas. Todas as fadas eram lindas, as fêmeas e os machos. As roupas bem glamurosas e chiques, excelentes escolhas.

— Sou Áurea. – Diz uma fada de cabelos compridos brancos, pele violeta, olhos brilhantes num tom de rosa, e asas transparentes delicadas num tom dourado claro. – Vejo que alguns humanos ainda possuem cordialidade. – Ela diz olhando para o Lysandre, depois seus olhos param em mim. – E alguns ainda tem ótimo gosto para vestimentas.

— Entretanto, ainda existem aqueles outros que não possuem bom senso. – Outra fada, dessa vez, um homem, fala encarando Melissa que se encolhe. – Sou Joan.

Joan tinha um corpo atlético, pele na cor pérola, cabelos pretos, olhos azuis claros e asas transparentes numa tonalidade azul celeste. Bem vestido como todos ali, provável que a vestimenta seja algo bem valorizado por eles.

Me desligando um pouco das fadas, percebo que o local parecia aqueles labirintos de jardins, bem decorados, floridos, coloridos, mas com um toque mágico, uma aura linda de cores claras em todo lugar, toda flor, toda planta.

— Não liguem para eles dois, todo humano amigo da Asuna é bem-vindo quando está em perigo. A propósito sou Maya, a Rainha das Fadas, e esse lugar em que estão, é o Reino das Fadas. – Se apresenta uma fada de pele azul celeste com sardas brancas nas bochechas, cabelos curtos azuis escuros, olhos lilás e asas transparentes brancas.

— Asuna? – Pergunta Melissa tirando a pergunta da minha boca.

— A Andarilha que vocês conhecem por Monique. – Ela explica surpreendendo nós três, mas permanecemos quietos, já que sabíamos que a Monique existia a épocas. – Me sigam, por favor, vocês devem estar cansados.

Maya nos guia por um caminho do labirinto até chegar a uma mesa cheia de frutas. Minha barriga ronca em protesto, mas culpa me vem... Como posso estar pensando em comer quando meu namorado está não sei onde nesse mundo perigoso cheio de demônios?

— Não quero ser rude, mas preciso encontrar meu namorado. Todo minuto é precioso. – Explico e Maya me encara com um olhar gentil.

— Não se preocupe, criança. O tempo passa diferente aqui, um dia equivale a meia hora lá. Sendo assim, será mais benéfico para vocês que comam, descansem, durmam, para que amanhã possam voltar ao mundo terrestre.

— Agradecemos a vossa hospitalidade, Majestade. – Diz Lysandre cordialmente fazendo reverência com uma das mãos no peito e outra atrás das costas. Maya solta uma risadinha.

— Você é um doce. Não precisa tanta formalidade, mas aprecio cordialidade. – Diz ela se aproximando do Lys para dar um beijo na bochecha do mesmo que cora pela ação. Sinto Melissa do meu lado ficar levemente incomodada, mas nada ao estremo.

— Se sirvam! Os levarei aos seus aposentos depois. – Diz Áurea com um sorriso doce.

~~~~~*~~~~~

— As frutas e o vinho estavam deliciosos. Obrigada! – Agradeço depois de ter comido o suficiente que minha barriguinha permite.

— Verdade. Muito obrigada. – Diz Mel com um leve sorriso. Acho que entre nós três, ela era a única que se sentia desconfortável em estar aqui.

— Foram as melhores frutas que já tive o prazer de provar. Agradeço novamente pela hospitalidade. – Lysandre acena com a cabeça uma vez.

— Ficamos felizes em saber que gostaram. São colhidas do nosso Reino e o vinho feito por nós. Todos os alimentos feitos daqui tem um sabor mais forte do que do mundo humano, pois magia pura corre em tudo, desde a água, até as plantas. – Explica Joan orgulhoso do mundo deles. Confesso que isso é legal de observar, geralmente não olhamos o lado bom de onde moramos, já as fadas apreciam cada gesto e detalhe.

— Agora, por favor, queiram me acompanhar até seus aposentos dessa noite. – Pede gentilmente, Áurea.

— Com toda honra. – Dou um sorriso sincero que faz ela retribuir.

Com toda certeza, esse lugar é maravilhoso.

~~~~~*~~~~~

Ficamos em quartos separados, mas que ficavam pertos. Tudo nesse Reino parece lindo e bem decorado, além de que o cheiro é agradável, aquele aroma de flores de verão.

Meu quarto tinha uma cama super macia redonda com roupa de cama, cobertores, tudo de seda. A luz do quarto eram pontos de luz dourada radiante. Haviam trepadeiras e flores nas paredes, assim como plantas ao redor, o chão era de grama, mas não era gelado, assim, andar com o pé descanso trazia uma sensação ótima. Do lado direito do quarto havia uma porta aberta que dava para um banheiro também agradável.

Depois que eu tomo um banho, coloco um dos roupões de seda que se encontrava em cima da cama. Me deito naquela superfície macia e confortável olhando para o teto, que magicamente e aos poucos fica transparente dando para olhar o céu. Estava de noite, mas não era um breu, haviam estrelas, e ainda, vaga-lumes.

Acho que eu adoraria ser uma fada, é tudo tão tranquilo e lindo. Enfim, foi uma boa experiência, mas amanhã preciso voltar ao caos do mundo real. Não vou descansar até encontrar o Leigh. Espero que esteja bem, meu amado.


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Notas finais do capítulo

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