Together By Chance 1 Temporada REBOOT escrita por M F Morningstar, Shiryu de dragão


Capítulo 27
Uma Realidade Alternativa


Notas iniciais do capítulo

Olá, capítulo novo!

Boa Leitura!!!



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P.O.V Lysandre Maddox

Já era de manhã no Reino das Fadas, então sairíamos em breve. Sendo assim, estava me despindo para tomar um banho na banheira que havia no quarto que as fadas haviam me hospedado. A água fresca entra em contato com minha pele me causando sensações agradáveis. Como a temperatura no Reino era quente, um banho na água gelada não se tornava algo desagradável.

Me levanto da banheira, saindo da mesma procurando a toalha que estava em cima do banquinho, porém, a toalha havia sumido. Estranhando não ter encontrado a toalha que jurava ter visto antes, tento procurar nas gavetas.

— Ele é realmente admirável. – Escuto uma voz vindo do meu lado esquerdo.

Quando me viro, vejo que a parede que dava para o corredor havia desaparecido me deixando exposto para várias fadas que me olhavam desprovidas de vergonha. Sinto minhas bochechas avermelharem, mas tento me manter confiante, não permitindo que essa “pegadinha” me constranja.

— Será que alguma poderia me devolver a toalha? – Pergunto seriamente, escuto alguns suspiros e sussurros seguidos de sorrisos, mas nenhuma se manifesta para me entregar a toalha.

Gotículas escorriam pelo meu corpo e pelos fios de meu cabelo, mas a água era o menor dos meus problemas, pois o pior, era que eu estava completamente despido na frente de seres que aparentemente não se importam com a nudez.

— Que tumulto é esse? – Pergunta uma voz familiar que me surpreende, quando percebo era a Melissa, a mesma dá um grito tapando a boca corando instantaneamente, me viro rapidamente para o lado oposto.

— Me perdoa, Melissa. As fadas acharam que seria pertinente me pregarem uma de suas travessuras.

— S-sem... problema... Sei que não foi sua culpa. – Sinto sua voz se aproximando de mim, e em seguida, surge no meu ângulo de visão uma mão segurando uma toalha.

Pego rapidamente a toalha para enrolá-la em volta da minha cintura. Assim que me viro vejo Melissa virada para o lugar onde a algum tempo atrás, as fadas estavam, mas agora, a parede havia ressurgido.

— Pode virar, me enrolei na toalha. – Digo a ela que se vira timidamente. Seus olhos percorrem meu torso rapidamente voltando para meus olhos.

— As fadas me entregaram a toalha e foram embora, seria vacilo meu virar as costas e fugir com sua toalha. – Diz ela rindo ainda constrangida.

— Entendo. Agradeço por me entregar a toalha.

— Er... – Melissa parecia desorientada, suas bochechas ainda estavam rosadas.

— Você pode voltar para o caminho que você se dirigia antes disso tudo. – Sugiro, e ela cora mais ainda.

— Ah, verdade. Sim, sim, vou agora mesmo. – Fala rapidamente ainda perdida. Melissa sai às pressas do banheiro se dirigindo para a porta do quarto que dava acesso ao corredor.

Suspiro relembrando da cena que havia se passado. Não acho necessário ficar irritado com as fadas. É realmente compreensível essas “peças”, afinal, são um povo que não se importa com as “vergonhas” que os humanos sentem. Entretanto, ainda me sinto culpado pela Melissa ter parado no meio disso tudo.

~~~~~*~~~~~

— Queira perdoar meu povo, Lysandre. Eles adoram pregarem peças e esquecem que humanos possuem um limite determinado para as brincadeiras. – Maya se aproxima de mim.

— Não precisa se preocupar, Majestade. – Dou um meio sorriso para ela que retribui.

— Seu Reino é realmente admirável. – Digo observando as flores ao meu redor. Estava esperando Rosa e Mel aparecerem para finalmente voltarmos a Terra.

— Aprecio seu elogio, mas devo retribui-lo dizendo que você é um dos humanos mais bonitos que já vi. Deixou minhas fadas agitadas. – Ela dá uma risadinha o que me faz corar.

— Queira me perdoar se causei tamanho alvoroço, não foi minha intenção. – A encaro sério ainda levemente corado.

— Eu sei que não. É uma pena que você deve voltar para o seu mundo. Você seria bem-vindo para ficar, se assim desejar. – Explica Maya.

Vejo Melissa acompanhada de Rosa atravessando uma das passagens do labirinto, elas vão em direção a outras fadas para se despedirem.

— Agradeço a oferta, mas meu dever está na Terra.

— E seu coração também. – Sugere olhando para Melissa. – Consigo ver que tem sentimentos por ela.

— Entretanto, não recíprocos. – Confesso e recebo um olhar empático de Maya.

— Não perca as esperanças, doce humano. O futuro pode lhe surpreender.

— Entendo... Agradeço novamente a sua hospitalidade. – Digo sinceramente.

— Eu sei, você já me agradeceu muitas vezes. – Ela dá uma risadinha. – Boa sorte em seu caminho. Agora devo-lhes enviar de volta.

— Adeus, Maya.

~~~~~*~~~~~

Após Maya criar o portal, sinto meu corpo atravessar uma parede fina e gelatinosa nos impulsionando para fora. Voltamos ao lugar de antes, o lugar em que fomos encurralados pelos demônios, porém, os demônios de antes não estavam mais lá.

— Realmente ela disse a verdade, só se passaram trinta minutos. – Confirma Rosa olhando seu celular.

— Foi uma boa escapada então, mesmo que eu não estava muito à vontade com aquelas fadas. – Alega Melissa.

— Pois eu me senti muito à vontade! – Afirma Rosa sorrindo.

— Não abaixem a retaguarda, os demônios então voltando! – Exclamo percebendo que os demônios que estavam passando pelas ruas começaram a nos notar.

Quando os demônios se aproximam ao nosso redor se preparando para atacar, um feixe de luz aparece seguido de um som de violino. Ao olharmos para trás, pairando em cima do lago haviam duas crianças.

— Deixem-me nos apresentar. Sou o Violinista, e esta, ao meu lado é minha irmã, a Bailarina. – Se apresenta o garoto.

O Violinista veste uma camisa preta com um pano branco que vai de ombro a ombro e um laço amarrado. Além disso, usa uma bermuda acima do joelho, tênis com meias brancas até a canela. Sua máscara cobre da testa ao nariz, deixando espaço para os olhos, haviam pingos pretos que simbolizavam lágrimas. Em sua mão, se encontrava um violino.

A Bailarina veste um longo vestido preto amarrado por cordões brancos e um laço na barriga preto, o vestido ainda possuía duas ombreiras pontudas. Sua máscara é toda preta (exceto os olhos brancos) se assemelhando a dois chifres que terminam em espiral, além disso, possui um chapéu que se parece muito a um de bruxa.

— Hora da diversão. – Diz a garota que logo estala os dedos.

Por um breve momento ela desaparece, e quando retorna, não havia só ela, mas inúmeras. A Bailarina havia se multiplicado e estava começando a nos atacar, ou era o que parecia.

Conjuramos nossas armas, mas quando acertávamos em um dos clones, ele desaparecia, todavia, surgiam outros mais depois daquele que fora eliminado.

— Como podemos venc... – Antes que a Melissa terminasse sua frase, sinto um poder invadir meu corpo fazendo minha cabeça virar para cima rapidamente ao mesmo tempo que minha visão ficava branca.

Sem entender o que estava ocorrendo, rapidamente me desligo de tudo o que acontecera, dos clones, das fadas, de tudo. Lentamente minha mente se esvaziava me levando para outro lugar.

~~~~~*~~~~~

Era uma linda manhã ensolarada, estava sentado numa campina florida escrevendo em meu bloco de notas uma nova canção. Fazer poemas e ao mesmo tempo trazê-los para uma música é realmente maravilhoso.

Sinto Melissa se remexer em meu colo, ela estava levemente acordando. Seus olhos escuros brilhantes se abrem lentamente, um sorriso é estampado em sua face.

— Olá, meu amado. – Sussurra ela piscando seus olhos por conta de ter adormecido.

— Descansou bem, minha amada? – Pergunto dirigindo minha atenção toda a ela.

— Sim, foi um ótimo descanso. Sonhei que você me pedia em casamento. – Confessa ela dando uma risadinha.

— Interessante. Quem sabe isso não aconteça mais breve do que você acredita? – Sugiro, e ela cora sorrindo.

— Você é surreal! – Melissa parecia mais feliz do que tudo.

— E você é incrivelmente maravilhosa. – Sussurro me aproximando de seu rosto que ainda estava repousado em meu colo.

— Você sempre me cortejando, né? – Sussurra ela ainda sorrindo.

— Nunca deixarei de te cortejar. – Lentamente aproximo meus lábios dos dela em um beijo sereno, romântico e sincero.

Beijar Melissa era como estar em uma praia isolada ouvindo apenas o som do mar, sentindo a brisa do vento batendo em minha pele me fazendo cócegas. Colar meus lábios nos dela é como escutar o barulho de chuva enquanto está lendo um bom livro, é sentir o aroma de café em dias frios, é se aquecer numa manta macia. Estar com ela é como viver um romance surreal, cada dia um detalhe diferente, cada momento se torna único, cada eu te amo possui uma promessa eterna.

— Amo seus beijos... – Sussurra ela levemente corada e ofegante, sorrio com seu comentário.

— Igualmente, bela.

Acaricio a bochecha dela com meu polegar enquanto deposito outro beijo em seus lábios. Ficamos assim por longos minutos, apenas trocando caricias suaves e apaixonadas ao som dos pássaros que voavam acima da campina.

Quando percebemos que estava ficando tarde, arrumamos nossas coisas para voltar para a cidade. Todo domingo visitávamos a campina, era o nosso lugar especial.

Andando de braços dados enquanto acaricio com minha mão livre sua mão entrelaçada comigo, passamos pelas ruas calmas do bairro do Limoeiro. Tudo era tão calmo e sereno, não haviam dias ruins, apenas momentos maravilhosos, lembranças que nunca iriamos nos esquecer.

Lembro do dia que convidei ela para sair pela primeira vez, em como nosso amor se fortaleceu com aquele beijo na ponte sobre um lago. Me lembro de todos nossos encontros, ela se adaptou com meu modo de ser e eu passei a me adaptar com o dela. Todo jogo que Mel participava, eu comparecia, estava sempre a torcer por ela. Sempre estive ali, nos momentos de vitória para comemorarmos e nos momentos de derrota para a consolar e motivar.

Ter ela ao meu lado me abriu mais ao contato com os outros, pois ela sempre gostou de fazer amizade e até mesmo participar dos encontros com a turma. Com o tempo percebi que não existia lugar melhor do que estar ao lado dela, e estando ao lado dela, eu posso proporcionar o meu melhor para fazê-la feliz e participar de suas conquistas, entretanto, não só nos momentos bons, pois nos ruins, eu nunca a abandonaria, eu a amo.

— Olha! É o Castiel e a Monique, vamos falar com eles. – Diz Mel me puxando até meus amigos que estavam na sorveteria.

— Lys! Que bom que está aqui! Diz para esse cabeça dura que para planejar um casamento requer tempo. – Com esse comentário me lembro justamente que Castiel havia me pedido conselho alguns dias atrás para saber qual seria o jeito mais especial e diferente para se pedir alguém em casamento. Tentei ajudá-lo, mas como nossas personalidades são diferentes, ele acabou por tentar improvisar algo.

— Vocês vão se casar? – Pergunta Mel surpresa. – Você sabia e nem me contou. – Diz Mel com um biquinho ao perceber que eu não estava surpreso.

— Acabei esquecendo. – Confesso sinceramente, e ela dá um suspiro breve que é substituído por um largo sorriso.

— Nunca pensei que você seria tão rápido nisso. – Alega Melissa olhando Castiel que dá de ombros.

— Por que esperar? Eu tenho certeza que quero passar minha vida toda com ela.

— E eu com você. – Sorri Monique dando um beijo no Castiel que retribui.

— Vamos indo, Mel. Até depois, meus amigos. – Me despeço andando com Mel para longe dali.

— É incrível como eles se dão tão bem como você e eu. – Confessa ela, e eu dou um sorriso.

— Algumas pessoas estão ligadas profundamente que nada poderia as separá-las, nem o paraíso ou o inferno. – Digo refletindo sobre.

— Como nós! – Ela sorri animada.

Chegamos em alguns minutos em frente à casa dela. João não estaria lá, pois eu havia pedido para ele posar na Mônica. Quando entramos na casa, Mel se depara com as pétalas de rosas espalhadas que eu havia preparado carinhosamente antes de ter buscado ela na casa da Rosa.

— O que é tudo isso? – Pergunta ela com os olhos brilhando.

— Apenas siga o caminho. – Respondo simplesmente com um sorriso sincero.

Mel sobe as escadas lentamente dando um passo de cada vez, suas mãos tremiam levemente e estavam pressionadas contra seu peito. O caminho dava até seu quarto, ao qual, eu havia fechado a porta para que ela tomasse uma surpresa maior ainda.

Assim que ela abre a porta adentrando ao quarto em seguida, me ajoelho atrás dela puxando uma caixinha com um anel de dentro do bolso interno do meu casaco. Mel não havia me percebido, pois estava observando as fotos posicionadas de uma forma que parecia um coração na parede. Seus olhos param sobre a cama onde havia a seguinte pergunta escrita com pétalas de rosas vermelhas: “Casa comigo?”.

— Lys... – Sussurra ela se virando. Percebo que Mel se surpreende novamente por me ver ajoelhado.

— Melissa Chieses Santos, aceita se casar comigo?

— É tudo o que eu mais quero! – Exclama ela com seus olhos lacrimejando lágrimas de felicidade, Mel envolve seus braços em minha volta me abraçando ao mesmo tempo que a levanto do chão a girando pelo quarto.

— Nunca sairei do seu lado! Te protegerei para sempre.

*~~Em Outra Ilusão~~*

P.O.V Melissa Chieses Santos

Era noite, estava olhando pela vidraça enorme que havia no corredor da mansão em que morava. A mansão era um pouco afastada da cidade, então não haviam casas perto, apenas uma natureza magnifica e encantadora.

Lá fora, o céu era coberto por estrelas e uma lua cheia. A luz da lua ilumina completamente o breu da noite. Se olhar o céu já não fosse admirável e maravilhoso, ver que a floresta, agora escura por conta da noite, acompanhava a beleza impressionante do céu apenas dá um ar ainda mais sereno.

Sinto braços me envolverem por trás em um abraço aconchegante e afetuoso. Seu toque era frio, mas eu não me importava, porque senti-lo daquele jeito me causava sensações calorosas.

— Olhando a noite? – Pergunta-me Dimitry após me girar para ficar frente a frente com ele.

— Sim. Está tudo calmo e bonito como sempre. – Respondo com um sorriso.

— Ainda me surpreendo por você ter aceitado se tornar uma vampira. – Confessa ele me fazendo dar uma risadinha.

— Dimi, você já devia ter se acostumado, já se passou cem anos. – Ele dá um sorriso sereno.

— Eu sei, mas esses cem anos passaram rapidamente ao seu lado. Não me sinto mais amaldiçoado, e sim, abençoado. Estar com você aqui, ter você para sempre, é o paraíso. Te amo, Melissa.

— Também te amo. – Sussurro logo dando um beijo em seus lábios.

O contato com nossos lábios sempre me trouxe uma paz. Uma eletricidade passa por nós dando uma sensação prazerosa. Sinto minhas costas se encostarem na vidraça, mas o frio não era mais um incomodo. Depois que me tornei vampira nada me incomodava, a única sensação ruim era quando estava com fome, fora isso, tudo era perfeito.

— Por mais que eu ame ficar assim, estar aqui com você. Sinto falta dos meus amigos, do meu irmão. – Confesso com um sorrisinho triste.

— Sei como se sente, mas ainda temos um ao outro. Entretanto, suas lembranças com todos permanecem intactas mesmo que eles já tenham falecido faz tempo. – Dimi acaricia minha bochecha.

— Isso os torna eternos. Enquanto eu viver, todos nunca serão esquecidos. – Dou um sorriso mais animada o que contagia meu amado.

Me viro novamente para olhar o céu noturno enquanto Dimitry continua a me abraçar por trás. Me lembro até hoje de tudo que vivemos, Dimi e eu casamos pouco tempo depois que eu me tornei vampira, sendo assim, todas as fotos do meu casamento foram tiradas junto das pessoas mais importantes da minha vida. Mesmo que anos se passaram e todos morreram de velhice, tenho minhas lembranças, fora que eu sei que todos viveram suas vidas felizes em suas escolhas, principalmente fico feliz pelo meu irmão que se casou com a Mônica.

Por um tempo até cuidei ao longe da família que eles construíram, mas achei melhor deixar que a vida prosseguisse em seu percurso habitual. Quem sabe um dia não encontro novamente minha linhagem, afinal, vampiros são eternos e imortais.

Contudo, o que me importa é continuar vivendo esse paraíso ao lado de Dimitry. Nunca iremos nos separar e nunca ficaremos sozinhos, pois temos um ao outro. Nunca me arrependi e nunca irei me arrepender de minha decisão, ter me transformado para ficar com ele foi a melhor escolha que eu poderia ter tomado.

— Serei sua para sempre. – Sussurro o surpreendendo pela frase repentina. Dimitry beija o topo da minha cabeça.

— E eu serei seu por toda eternidade.

~~~~~*~~~~~

De repente sou tirada de meu mundo, tudo parece estar girando, se misturando, se confundindo. Nada parecia real e ao mesmo tempo tudo parecia. Uma coisa puxando a outra até que eu finalmente desperto em um sobressalto olhando assustada para todos os lados.

Ao mesmo tempo que eu sabia onde estava, eu também não conseguia acreditar que era real. A minha volta vejo várias fadas, enxergava um menino com um violino e várias meninas iguais espalhadas. O que está acontecendo? Eu não sei o que é tudo isso, mas ao mesmo tempo..., é tão familiar.

— Dimitry? – Grito chamando meu amado que eu não conseguia encontrar. Ao meu lado apenas encontro Lysandre e Rosalya, mas eles haviam morrido a anos. Como é possível?

— Melissa! – Exclama Lysandre quando seus olhos param em mim, sinto eles brilharem, mas logo tristeza o invade.

— Não se preocupem, aos poucos vocês se acostumam com a realidade novamente. – Responde Maya, conseguia me lembrar que ela era a Rainha das fadas.

— Vocês estavam presos em uma ilusão do seu maior desejo, com a pessoa que vocês mais amam. – Explica Áurea se aproximando de nós, a fada joga um pó em nós três. – Isso ajudará.

Lentamente meus pensamentos se ajeitam e eu lembro de tudo, de que Dimitry havia morrido, de que meu irmão havia perdido o controle para um demônio, de que o mundo estava um caos. Lembro de tudo, até chegar aqui, onde todos estamos, “acordando” dessa realidade paralela imaginaria ilusória e feliz...

— Está explicado porque não mudou muito da minha realidade com o Leigh. A única diferença é que havíamos tido uma filhinha linda. – Sorri Rosa lembrando de sua ilusão.

— Para mim, preferia não acordar... Estava com o Dimitry. – Confesso tentando segurar minhas lágrimas, aquilo poderia ser uma ilusão, mas eu estava feliz, eu tinha Dimi de volta.

— Lys? – Pergunta Rosa, e eu dirijo minha atenção ao meu amigo que estava sério, perdido em seus pensamentos.

— Está tudo bem? – Pergunto colocando uma mão em seu ombro, ele me olha como se visse um fantasma.

Por que ele está tão estranho? Essa ilusão mexeu tanto com ele assim? Ele parece mais sério e quieto que o normal.

— Estou. – Responde simplesmente.

— Depois vocês conversam, temos que eliminá-los. Agora! – Nos interrompe Joan.

— Mas como? – Pergunto e vejo Maya apontar para a minha arma.

— Não temos o poder de eliminá-los, mas vocês sim. Porém, a Bailarina consegue manipular vocês com ilusões, coisa que não nos afeta. – Explica Maya.

— E o que estamos esperando? – Pergunta Rosa.

Logo várias árvores do parque começam a criar vida vindo até nós. Não apenas as árvores, aos poucos, tudo o que havia no parque começava a vir em nossa direção para nos atacar. As fadas usavam sua magia para tentar conter os “objetos”, enquanto Lysandre usava sua espada e Rosa seu chicote.

Minha arma era potente, porém, só podia ser usado em uma coisa de cada vez. A arma sugava a magia dos “objetos” que eu mirava para depois eles desaparecerem voltando ao seu local de origem. O único problema disso, é que os “objetos” poderiam ser trazidos de volta a “vida”.

Vejo entre minhas disparadas que Lysandre lutava contra uma árvore. Ele deslizava para evitar as raízes que tentavam prendê-lo, ao mesmo tempo que rolava para evitar ser atingido também acertava a árvore com sua espada que causava um estrago.

— Toma essa! – Grita Rosalya trazendo minha atenção para ela que parecia uma perfeita amazona.

Rosa lutava com ferocidade e habilidade, usando seu chicote que queimava todo “objeto” que encostava. Ao mesmo tempo que eu a conhecia um pouco, eu nunca pensei que ela sabia lutar tão bem assim. Era impressionante ver como nada a atingia, nada a parava. Ela deslizava pelo chão, saltava por tudo, ao mesmo tempo que utilizava seu chicote com perfeição.

— Melissa, cuidado! – Grita Lysandre que aparece em minha frente rapidamente, ele para bem próximo a mim. Meu coração dispara com a proximidade.

Logo percebo seu braço da espada passado ao meu lado, ele havia me salvado de algum dos “objetos”. Olho por cima do meu ombro confirmando que ele havia eliminado um banco que havia se tornado em um monstro.

— Obrigada... – Sussurro, e ele balança a cabeça brevemente.

— Vou sempre protegê-la. – Diz ele virando para voltar a lutar.

Sem perder tempo volto a luta também. Tínhamos que eliminar o Violinista, pois era ele quem protegia a Bailarina que parecia fortificar tudo a volta, mas provável que era mais ilusões, pois as fadas não pareciam estar sendo afetadas com as coisas que eu estava sendo.

— Isso para agora! – Grita Rosa saltando por mim em direção ao Violinista.

Observo enquanto Rosa tenta acertar o Violinista com seu chicote, enquanto Lysandre defende a garota de cabelos brancos de tudo que era lançado em sua direção. Dava para perceber a cumplicidade dos dois até o último momento, quando Rosa acerta finalmente o seu chicote no garoto que é puxado até eles onde Lysandre enterra sua espada no corpo do Violinista. As fadas cantavam uma cantiga que parecia fortalecer a espada do Lysandre.

Eu não estava errada, a cantoria fez a espada começar a brilhar em uma luz poderosa que cegou tudo, quando consegui abrir meus olhos depois que a luz desapareceu, percebo que o Violinista havia desaparecido.

— Não! – Grita a Bailarina ficando com um ódio tremendo.

— Ele encontrou a paz, é sua vez! – Fala Maya em tom alto ao mesmo tempo gentil.

— Vocês não irão vencer! – A Bailarina solta um grito alto e estridente que ecoa em minha mente.

Eu não conseguia fazer nada, o grito era forte ao ponto de me fazer cair de joelhos com as mãos na cabeça pela dor que estava sentindo. Percebo que não era só eu na mesma situação, Lysandre e Rosa estavam ouvindo aquele som ensurdecedor que machucava internamente.

— Fadas, cantem! – Ordena Maya e logo outra cantiga surge.

O som estridente começa a diminuir, não sumindo completamente, mas o suficiente para eu conseguir me levantar. Rosa e Lys ainda estavam no chão. As fadas só conseguiam ajudar um de nós, mas era o suficiente para que eu me motive a acabar com tudo isso.

— Qual delas é ela? – Pergunto, e Maya parecia estar exausta como todas as fadas.

Todos podiam estar nos ajudando, mas fadas não são lutadoras e sim, protetoras. Sinto algo vir a minha mente que me faz cair para trás. Imagens daquela ilusão com o Dimitry voltam a minha mente.

— Para! Isso não é real! – Grito tentando me livrar daquilo. Saber que nunca vai ser realmente daquele jeito me faz querer chorar, ao mesmo tempo que me deixa enfurecida.

— Sinta a aura! Não podemos identificar por conta de estarmos colocando toda nossa força em você. Se concentra! – Diz Maya.

Consigo me livrar das imagens, mas ainda assim sentia como se estava sendo empurrada por um forte vento. Não sabia o que era aquela sensação forte que me fazia ter que andar com esforço para frente para não ser arremessada para trás, mas sabia que tinha haver com a Bailarina.

— Se concentra, Mel... – Sussurro para mim mesma.

Fecho meus olhos tentando sentir a aura da Bailarina, eu sabia que eu só conseguiria sentir por conta do poder das fadas que mesmo não sendo tão forte quanto o da Bailarina, ainda era muito útil e poderoso.

Mesmo de olhos fechados começo a sentir tudo a minha volta, era como se minha mente me mostrava onde todos estavam com uma aura de cada cor. Lys e Rosa eram laranjas, as fadas eram roxas, e as inúmeras Bailarinas eram azuis.

Espera! Se elas são azuis como tem uma branca?

É aquela! Ela é a verdadeira!!!

Abro meus olhos instantaneamente dirigindo minha arma sugadora na direção do espírito real. Assim que lanço o raio nela a acertando meu corpo volta ao normal e eu sinto toda a magia das fadas em mim me tornando mais forte.

Novamente a luz surge cegando tudo, quando se dissipa percebo que não havia mais nada, mais nenhuma Bailarina, apenas meus amigos e as fadas.

— Você conseguiu sentir. – Maya me dá um sorriso.

— Graças a vocês! Obrigada. – Retribuo o sorriso, mas logo percebo que seu sorriso desaparece.

— Precisamos ir, presenças desagradáveis chegarão em breve. – Explica Maya.

— Agradecemos a ajuda de todos! – Responde Lysandre.

— Verdade, agradecemos muito mesmo. – Diz Rosa com um sorriso brilhante.

— Nada seria possível sem a força de cada um de vocês, apenas fortificamos isso. – Áurea responde com um sorriso.

— Lysandre. Não perca suas esperanças, essa ilusão pode ter te ferido, mas ela não deve barrar suas decisões. Não permita isso! – Maya se aproxima dele acariciando o rosto do mesmo que concorda com a cabeça. Aquilo não era um flerte, ela parecia apenas ter desenvolvido uma afeição pelo jovem garoto.

— Vou tentar.

— Adeus a todos! – Logo que Maya diz isso uma luz violeta percorre o corpo de todos.

A luz de cada um se junta em uma só que com rapidez se lança ao lago. É, eles haviam voltado ao seu Reino. Por mais que eu não havia me sentido muito à vontade com eles, são um povo agradável.

— Finalmente, encontrei vocês! – Uma voz familiar surge acima de nós. Quando dirijo meu olhar para quem era o dono da voz, percebo que era aquele anjo que queria matar meu irmão.

— Você! O que faz aqui? – Ataco minhas palavras, mas o anjo não parece ter sido afetado.

— Vou levá-los a um lugar seguro, onde vários outros já se encontram. – Justifica-se Ângelo.

— Eu não vou sem achar o Leigh! – Grita irritada Rosalya.

— Não se preocupe com ele, um anjo foi designado para encontrá-lo. Você não vai o ajudar ficando em perigo.

— Não confiamos em você. – Lysandre se opõe ao anjo que continua inatingível com o que dizíamos.

— Eu não pedi. Vocês irão para lá. – Após ele dizer isso outros anjos aparecem.

— Me larga! – Grita Rosalya com raiva quando é puxada pelo braço por um dos anjos.

Logo Lysandre e eu também somos carregados por dois anjos para sei lá onde. Não havia oposição. Nada que falássemos resolveria, eles nos carregariam independente do nosso querer. O que esperar de quem queria matar meu irmão, não é?

P.O.V Monique Lockwood (Asuna)

— Você!!! – Exclamo assim que vejo Sairaorg. Ele havia acabado de abrir a porta. Vê-lo me deixa em estado alerta, me coloco em posição defensiva.

*~~Flashback On~~*

Eu estava no castelo de Lúcifer, no Reino Principal, Hellfihaim. Andava pelos corredores enormes para ir até a biblioteca vasta de livros de encantamento.

— Olha se não é a putinha do meu pai! – Exclama alguém atrás de mim após segurar um dos meus pulsos.

Me viro e vejo Sairaorg. Seu cabelo longo na cor cinza clara combinava com suas orelhas pontudas também cinzas um pouco mais escuras, seus olhos eram amarelos e sua pele branca. Sua face sempre se encontrava em duas expressões, ou ele estava sério ou estava com um sorriso malicioso e maldoso. Ele nunca parecia feliz ou se quer parecia sentir qualquer sentimento bom.

— Me larga! – Ordeno, e seu sorriso malicioso começa a surgir.

— Mas ainda nem nos divertimos. Seria uma pena te soltar justo agora. – Ele diz me empurrando contra a parede prendendo minhas mãos. Eu não conseguia me livrar dele, até tentaria usar magia se conseguisse, mas de alguma maneira não consigo. – Você não vai escapar e nem poder usar magia, estou usando uma pedra enfeitiçada que impede o uso de magia por alguns metros. – Olho em seu pescoço e vejo a pedra cor rubi pendurada por um cordão.

— Você é desprezível! – Murmuro com fúria.

— Ah, não seja assim. Se meu pai pode se divertir com você..., por que eu não posso? – Ele começa a lamber meu pescoço. Sinto meu estômago se revirar com seu toque. – Você tem um gosto bom até. Vou adorar me deliciar com tudo o que você tem.

— Me solta! – Grito tentando desesperadamente escapar de seus braços, mas ele era mais forte.

— Continua gritando! Amo o aroma do seu desespero. – Ele ri amargamente.

— O que está acontecendo aqui? – Pergunta uma voz rouca e grave ecoando pelo corredor. Sairaorg me solta rapidamente olhando para o dono da voz.

Lúcifer estava parado frente a nós, encarando Sairaorg com os olhos faiscando fogo. Eu sentia a fúria e ódio vindo do Rei do Inferno.

— Ah qual é! Você faz o que quiser com ela, tem esposas e outras a seus pés. Me deixa me divertir com uma carne nova. – Fala Sairaorg como se eu fosse um objeto sexual em que ele poderia fazer o que quisesse.

— Esta foi sua última insolência! Não admitirei mais nenhuma desordem em meu Reino. – Lúcifer voa rapidamente e segura o pescoço de Sairaorg o enforcando um pouco. – Você nunca mais tocará nela!

— Lorde... – Sussurro assim que vejo o ódio dele o descontrolando. Lúcifer poderia facilmente matar seu filho apenas pela raiva, por ele ter tentando fazer coisas indecentes comigo. – Não precisa se preocupar comigo. Eu estou bem.

— Você prefere essa vadia do que o seu próprio filho! – Grita Sairaorg.

— Cuidado com as palavras que profere, insolente! Você pode estar acostumado com as demônios que não se importam com o que você faz com elas, mas Asuna não é um demônio. Ela não é fruto da luxúria! Ela está apenas aqui para aprender. Você pode pensar o que quiser de mim, mas ela nunca foi tocada. – Em cada palavra que Lúcifer proferia era perceptível a ira. Uma bomba prestes a explodir.

— Vá em frente. Me mate! – Grita Sairaorg.

Eu consigo ver que era o que Lúcifer mais queria, mas eu não podia deixar isso acontecer, não por minha causa. Coloco uma das minhas mãos no ombro do demônio mais poderoso que já existiu.

— Não faça isso... – Sussurro e sinto seus músculos relaxarem.

— A morte é pouco. Você nunca mais poderá pisar nesse Reino! Ficará a cuidados de Lilith, sua mãe.

Após aquilo, Sairaorg só começou a odiar Lúcifer mais do que já odiava, sendo que, o sentimento era recíproco. Os dois nunca tiveram uma boa relação e aquilo foi o início para um ódio eterno que nunca desapareceria.

*~~Flashback Off~~*

— Como é bom te encontrar novamente. E dessa vez... Você não irá escapar! – Grita ele e logo começa a me atacar com suas habilidades.

Recuo tentando desviar, mas acabava sendo atingida de raspão as vezes. Ele era ágil e rápido, usava habilidades de corpo a corpo e também habilidades de ataques a distância.

Minhas barreiras quebravam em um hit e minha magia não fazia nem cócegas nele. Sairaorg cria duas espadas com seu poder vindo com tudo para cima de mim. Primeiro me ataca com uma espada que eu desvio através de um salto para trás, a segunda espada mágica vem de novo e eu desvio para o lado, mas acaba cortando minha bochecha levemente.

Faço surgir magia em volta das minhas mãos, logo arremessando uma metralhadora de bolas de luz em direção a ele que desvia perfeitamente. Carrego uma enorme magia que atingiria tudo em minha frente com uma enorme força queimante. Assim que lanço o atingindo, não o vejo mais.

Quando a magia cessa vejo Sairaorg de pé apenas com o cabelo bagunçado. Em um demônio normal aquilo o mataria, mas minha magia era inútil contra ele. O demônio a minha frente não era um demônio inferior e nem médio, ele era filho de Lilith e Lúcifer!

— É tão bom ter tomado todo o controle. Sua magia é fraca contra mim. Eu sou muito mais forte que você, sua vadia! – Grita Sairaorg. Logo vejo suas asas cinzas saírem de suas costas. Ele voa e começa a recarregar energia para outro ataque.

Tento voar para a floresta, mas acabo sendo atingida em pleno voo. O poder dele ultrapassava tudo, queimando qualquer coisa no caminho para atingir o alvo. Minhas asas queimavam e eu me sentia tão fraca ao ponto de não conseguir mais me levantar e nem me arrastar.

— Nem tem graça assim. Você é tão fracote. – Ele ri ficando de pé na minha frente. – Eu sei que Andarilhas são imortais, mas se eu matar seu corpo você não poderá ficar mais com aquele garoto que você tanto ama. E isso me fará vencer você da melhor maneira. Pois estarei destruindo sua chance de felicidade!

Sairaorg pronuncia algumas palavras que eu não entendia e em seguida vejo minha forma voltar para a humana, eu não estava mais com minha aparência de Andarilha. Como ele pode ter conseguido o controle de minha transformação apenas com uma frase?

Ele começa a preparar uma esfera de luz com partes pontiagudas que crescia mais e mais. O demônio de cabelos cinza sobrevoa e lança a esfera, fecho meus olhos esperando o impacto da esfera contra mim.

Nada! Eu não sinto nada...

Abro meus olhos e não vejo mais Sairaorg voando onde estava, ele havia sido arremessado contra as árvores quebrando cerca de quatro que estavam em seu caminho, até bater no chão onde arrastou a terra formando um rastro por onde passou. Olho para o lado oposto e vejo Lúcifer.

Ele estava voando. Era perceptível o seu poder, ele emanava uma força incrível, assim como sua ira perante ao filho.

— Você não irá matá-la! – A voz do demônio de cabelos pretos soa como uma ordem.

— Você... – Sussurra Sairaorg com os olhos arregalados. O sinto tentando esconder seu medo. Ele sabia que Lúcifer podia eliminá-lo facilmente.

— Está pronto para morr... – Antes que o mais poderoso completasse sua frase, Sairaorg cria um portal fugindo para a Terra. – Covarde. Ainda por cima foge.

— Agradeço sua ajuda..., mas não precisava vir até aqui. Eu não morreria de verdade. – Digo desviando meus olhos dos dele que me avaliava por inteira para ver onde eu havia me machucado tanto.

— Eu que te enviei aqui. E mesmo que você seja imortal, ele iria matar sua forma humana que é você do mesmo jeito. Não deixaria isso acontecer. – Ele diz, rapidamente sinto que minha forma volta a ser de uma Andarilha.

— Vocês querem parar de controlar minha forma! – Exclamo com fúria olhando para o mais alto que estava rindo da minha reação.

— Eu tenho que te ajudar a se recompor, e também preciso bloquear essa opção de outros conseguirem mudar sua forma. Pode ser um problema para você numa luta. – Ele diz e em seguida começa a usar seus poderes em mim. Uma luz emana do meu corpo, me fazendo não enxergar nada além de uma luz branca. Meu corpo todo fica curado.

Sinto um toque em minha cabeça como se fosse de um dedo fazendo um sinal indecifrável e depois escuto algumas palavras que eu também não entendia. Será que foi criada uma nova linguagem? Estou tão desatualizada assim?

— Pronto. – A luz se desfaz rapidamente e vejo que Lúcifer já estava de costas se preparando para voar. – Agradeço sua ajuda. Agora pode voltar para o mundo dos humanos. Bom retorno. Até outro dia, Lightmare.

— Até meu Lorde... – Sussurro vendo-o partir.

Então minha jornada aqui, no Reino Das Sombras, termina.

Já recuperada, crio um portal para voltar à Terra.

~~~~~*~~~~~

Já na minha forma humana, entro no apartamento de Castiel, onde também poderia ser considerado meu, já que voltei a morar com ele.

— Tiel? – O chamo, mas não escuto nenhuma resposta. – Dragon? – Nada. – Será que eles saíram?

Não! Ele não sairia com esse caos lá fora com o Dragon. Será que ele foi sequestrado? Só que me faltava essa! Eu havia o visto não faz muito tempo por conta da luta contra a viúva, e depois, sabia que ele iria vir direto para cá.

Começo a conjurar um feitiço localizador para encontrar o meu ruivo. Rapidamente tenho a localização. Não ficava no limoeiro, ficava próximo ao Reino Da Luz. Ângelo deve ter o levado.

Quando estou prestes a sair do apartamento me olho no espelho. Estou parecendo uma mendiga! Minhas roupas rasgadas, cabelo todo cheio de cinzas por conta da minha luta com Sairaorg. Meus ferimentos já haviam sido curados por conta de Lúcifer, mas meu estado era deplorável.

Escuto minha barriga dar sinal de alerta. Eu não havia comigo nada hoje, pois havia saído tão desesperada que me esqueci que humanos precisam comer para manter as forças. Mesmo que ame comer, com toda essa catástrofe, é uma das últimas coisas que passam em minha mente.

Castiel pode esperar um pouquinho. Estou em urgência C! Não de Castiel, e sim, C de Comida. Fora que não quero ir vê-lo nesse estado que eu me encontro, vai ser broxante...

~~~~~*~~~~~

Já havia tomado banho e comido um sanduíche improvisado, então estava pronta. Estava vestindo um vestido preto curto e coturnos. Eu sei que é loucura ir para a “guerra” de vestido, mas é mais fácil de lutar, e ainda assim, quando me transformo em Andarilha, nem de roupa permaneço.

Saio voando até onde meu feitiço mostrou a presença de Castiel. Acabo encontrando uma Ilha flutuante com uma construção toda fechada na cor branca, a única entrada era uma porta enorme, a construção estava circulada com uma proteção mequetrefe, ou seja, qualquer um que soubesse o básico de magia conseguiria entrar.

— Mas que merda de feitiço foi esse que fizeram para proteger esse lugar! – Exclamo irritada entrando facilmente pela porta encontrando todos da turma lá e também, Ângelo.

— Monique! – Grita me chamando Castiel, e eu logo escuto um latido, era o Dragon me cumprimentando.

Castiel corre em minha direção me pegando pela cintura me abraçando enquanto gira. Ele me desce e depois me beija intensamente, sua boca procurava a minha como se o beijo salvaria a sua vida. Escuto uma tosse forçada, Cast e eu recuamos para olhar ao indivíduo que nos atrapalhava.

— Você está falando mal da proteção? Você deixou seus amigos para morrer e vem rebaixar o que está os protegendo. – Diz Ângelo me fazendo rir. – Fora que você está aqui só porque o Castiel está.

— Eu entreguei armas para eles se protegerem! Protegi as casas com feitiços. Eu não abandonei ninguém! Fui atrás do meu exército contra Sairaorg. Sim, me preocupo com o Castiel, mas eu me importo com todos da turma, até com quem eu não vou com a cara. – Falo ironicamente com raiva do Ângelo, e sim, na última parte dou uma olhada discreta para Carmem que estava quieta num canto apavorada com o caos do mundo.

Ângelo acha que por ser um anjo pode opinar em minhas decisões, mas não vi ele fazer nada demais além de trair alguém que ele jurou ser sua amiga! Eu poderia facilmente derrotá-lo. “Anjo da guarda”, tão fracos, devem ser por isso que não existem tantos e pararam de serem criados. As Âncoras são muito mais competentes!

— Os demônios? É claro, você já tem um lado. – Ele diz, e eu reviro os olhos.

— Eles não tentaram me prender pela eternidade. – Rebato.

— Ei. Já chega! – Diz Mônica entrando no meio.

— A Mô tem razão, não podemos brigar. É nosso planeta que está em ameaça. – Diz Cascão.

— O que podemos fazer? – Pergunta Castiel me olhando como se suplicasse para eu não o deixar ali sem fazer nada enquanto eu corro para o perigo.

— Vocês não irão fazer nada. É muito perigoso! Todos devem ficar aqui que é se... – Interrompo Ângelo antes que ele completasse uma mentira.

— Só vai ser seguro se eu proteger! Eu consegui localizar aqui e passei facilmente pela “grande proteção”. Não é seguro! Agora me deixe trabalhar. – Digo saindo do local. Consigo escutar Ângelo sussurrar um: “ela é impossível”, mas nem me importo.

Depois que eu conjurei o feitiço mais forte de proteção que eu conheço, entro novamente para me despedir de meu amado. Eu queria só saber se ele estava seguro. Ainda preciso fazer muito antes de enfrentar o Sairaorg na guerra final.

— Pronto. Agora não precisam se preocupar, nada entra e sai pela barreira. Só se pode sair e entrar daqui por um portal, mas esse portal só pode ser criado por mim e pelo fracote ali. – Digo me referindo ao Ângelo que se segura para não falar algo.

— Você já vai? – Pergunta Castiel se aproximando assim que todos param de prestar atenção em mim.

— Vou, mas em breve volto. – Digo sorrindo. Acaricio Dragon que me olhava abanando o rabo. – Olá, amigão.

— Me deixa ir junto. – Fala Castiel sério. – Não quero ficar sem fazer nada enquanto você corre perigo.

— Eu vou ficar bem, mas você não vai comigo. Eu quero que você fique em segurança. – Digo, e ele me olha furioso.

Castiel me puxa para uma divisória que havia na sala, um “esconderijo” onde ninguém poderia nos ver.

— Você me deixa furioso... – Sussurra ele com sua voz rouca.

Rapidamente Castiel coloca suas mãos na parte de trás das minhas coxas me puxando para cima, me colocando em seu colo. O garoto a minha frente começa a me beijar intensamente enquanto aperta com força minha cintura descendo suas mãos até minha bunda, onde ele aperta com ainda mais força. Castiel me solta, me fazendo ficar de pé, essa decisão brusca foi como se ele tivesse levado um tapa na cara.

— O que foi? – Pergunto arqueando uma sobrancelha.

— Agora que me lembrei... Você beijou o João! – Ele me acusa, e eu me lembro do ocorrido. Aquilo nem poderia ser considerado um beijo, nem sentimento teve e o propósito era tentar manter o Sairaorg preso, mas falhou.

— Não foi bem um beijo, foi uma tentativa falha de tentar manter o João no controle. – Explico, mas ele não parece se acalmar.

— Eu sei..., mas só eu posso de beijar. – Castiel soca a parede atrás de mim com força. Coloco minha mão em seu braço.

— Não vai acontecer de novo. – Digo olhando para seus olhos repletos de ira. Ele me lembrava um demônio, seu temperamento era idêntico, mas ainda sim, é apenas um humano rebelde.

— Só eu posso te tocar dessa maneira... – Sussurra ele puxando meu queixo me beijando de novo. O beijo dura pouco, pois logo ele para e me vira rapidamente me jogando na parede segurando minhas mãos nas dele.

Sentia seu corpo atrás de mim me pressionando enquanto ele beija e morde meu pescoço deixando marcas. Castiel segura minhas duas mãos com uma só enquanto usa a outra para passar pelo meu corpo.

— Cast... – Sussurro não aguentando a sensação boa que ele me trazia.

— Eu sou o único que tenho acesso, ouviu? – Sussurra em meu ouvido o mordiscando. Se ele continuar fazendo isso eu juro que abro um portal para ir para nosso quarto.

— Mas que porra?! – Exclama DC assustando o ruivo e eu nos fazendo nos separarmos rapidamente.

— Er... Estávamos conhecendo a parede. Ela não é linda? – Disfarço corada olhando para a parede que eu estava imprensada segundos atrás. A lembrança do que havia acontecido antes da interrupção me faz corar mais ainda.

— Aham... Sei. – Diz DC não acreditando nem um pouco.

— O que você faz aqui? – Pergunta Castiel com raiva de ter sido interrompido.

— Queria ver se não tinham fugido.

— Bem, não fugimos. – Digo e logo faço a frente para voltarmos a onde todos estavam.

Depois de ter me despedido de meus amigos e principalmente do Castiel. Crio um portal para poder voltar a Terra, pois o único modo de sair do meu feitiço de proteção é um portal.

— Até outra hora turma. – Digo acenando e logo entro no portal.

— Agora! – Escuto uma voz assim que atravesso o portal. Alguém mais havia atravessado junto comigo.

— Mas o quê?! – Exclamo olhando para o portal que eu havia acabado de atravessar. Espero para ver quem havia vindo junto.

Depois de um segundo vejo Mônica, Cebola, Cascão e Castiel caírem de cara no chão por conta do impacto da travessia do portal que eles não estavam acostumados a atravessar.

— O que vocês estão fazendo aqui? – Pergunto batendo o pé no chão indignada com os quatro.

— Eu vi que os três foram e fui junto. – Castiel dá de ombros.

— A Maga não apareceu lá, então queremos ir de atrás dela. – Fala Cascão e eu lembro de realmente não a ter visto lá.

— Queremos procurá-la, e também eu não vou ficar parada enquanto esses demônios feiosos destroem meu mundo. – Diz Mônica decidida.

— Digo o mesmo. – Fala Cebola. – E para falar a verdade, já estamos acostumados a salvar o mundo, já tivemos várias aventuras juntos.

— Vocês querem parar com esse chove e não molha. – Resmunga Castiel ao ver o olhar discreto de cumplicidade vindo da Mônica para o Cebola.

— Que! – Exclama Mônica com raiva. Acho que ela havia entendido a insinuação do Castiel sobre eles se amarem e se odiarem, sobre eles não ficarem juntos, mas também quererem internamente.

— Calma! Se querem permanecer aqui e não serem mandados de volta por mim, se contenham. Vocês quatro! – Digo olhando séria para os quatro. Quando meus olhos param em Castiel sinto seu sorriso malicioso querendo dizer: “como eu amo quando você está mandando”.

Começo a fazer a frontline (a linha de frente) para proteger melhor, enquanto os quatro ficavam atrás para defender tudo que poderia nos pegar de surpresa e também para poderem olhar melhor aos lados. As ruas estavam um caos. Todo cuidado é pouco.

— Agora você não é mais a líder Mônica. – Provoca Cebola, e eu escuto um ranger de dentes.

— E você nunca foi, troca-letras. – Rebate Mônica.

— Está bravinha, dentuçinha.

— Vocês são insuportáveis. – Reclama Castiel irritado com a falação.

— Eu não acho. – Rebato. O ruivo suspira um pouco menos irritado por conta da minha intromissão.

— Não sei como você aguenta o temperamento dele. – Diz Mônica a mim sobre Castiel, o mesmo finge ignorar o que ela fala.

— Se tivesse convivido com demônios rebeldes acharia isso normal. – Digo rindo. Sinto Castiel revirar os olhos mesmo que eu não esteja vendo seu rosto.

 Era verdade o fato do temperamento do Castiel não chegar nem perto do temperamento dos demônios rebeldes, mas de alguma maneira, esse temperamento nunca me pareceu ruim.

— Onde ela pode estar? – Pergunto.

Escuto um estrondo muito alto vindo de uma direção a oeste, bem mais longe de onde estávamos. O lugar parecia ter recebido um raio, mas nem estava chovendo.

O que poderia ser?


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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