Mais uma chance escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 26
Vinte e seis




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Era sexta-feira à tarde e Martin estava completamente pronto para ir trabalhar. Tinha recebido a chamada na semana anterior, o convocando para um evento de final de semana da Capricho. Seria algo simples, uma conversa e dinâmica com os novos colírios enquanto seus patrocinadores promoviam seus produtos em alguns stands, coisa de um dia só.

Mas como a Capricho queria garantir o sucesso do evento, tinha disponibilizado para cada colírio dois ingressos, para que eles levassem quem eles quisessem, - o que não foi preciso pensar muito para o garoto. Assim que tinha desligado o telefone da loja, tinha imediatamente ligado para Bia, informando que viajariam na semana seguinte, mas….. O segundo convite seria mais complicado. 

—Chama a Shizuko por mim, Bia? - Martin tinha pedido ao telefone.

—E como você espera que eu faça isso?

—Diz que conseguiu dois ingressos, ué.

—Mas aí eu teria chamado Julie, não é cabeção? Até ela sabe disso.

 -Mas aí a dona Helena aparece bem nesse final de semana e impossibilita ela de ir. Qual é, Bia! Me ajuda nessa!

—Só um convite, não é Martin?

—É claro, cê acha que aconteceria o que na convenção?

E Bia havia feito aquele favor para o baixista. Ainda na festa de aniversário conjunta - mais especificamente antes dela se atracar com Valtinho e indignar Martin - ela chamou Shizuko para conversar e fez sua grande proposta.

—Um encontro da Capricho? E como você conseguiu isso, Bia? Não vi anunciando na revista nem nenhum concurso.

—Olha, vou te dizer a verdade. Sabe que Martin é o novo colírio, não é?

—Sei.

—Ele foi convocado para estar lá e recebeu dois convites, e como Félix e Daniel não iriam a um evento desses sem serem convidados para tocar, ele deu para mim. E como a mãe de Julie vem no final de semana que vem, eu pensei em chamar você. Você topa?

—Sabe como seria o esquema?

—Vamos na sexta à noite e voltamos no domingo de manhã. Como é em São Paulo, tem o tempo de deslocamento, mas a revista disponibilizou um hotel para a gente. Pelo e-mail que eles enviaram querem dar conforto para os colírios e seus convidados por estarem esperançosos com a nova temporada.

—Falando assim com antecedência acho que minha mãe deixa, mas se dissermos que foi um sorteio, temos mais chances. - Shizuko sussurrou, já planejando o que faria.

E seja lá o que ela havia inventado para a sua mãe tinha dado certo, já que ela acabava de chegar até a loja de discos com sua mochila nas costas, esperando por Bia.

—Oi, Shizuko. - Félix a cumprimentou do balcão, achando graça de como ela estava sem graça.

—Oi, Félix… Bia já chegou?

—Já, está lá dentro ajudando Martin a escolher a roupa de amanhã.

Martin, você não pode levar a jaqueta do show! Podem reconhecer você! — A voz de Bia se fez presente, indicando que as coisas não estavam muito boas.

—Estão a quanto tempo lá?

—Uns dez minutos. Pode entrar, só não repara na bagunça. - Félix indicou com a cabeça, sorrindo sadicamente por saber que Martin não esperaria ver a garota no quarto deles.

Apesar de relutante e envergonhada, Shizuko seguiu pelo corredor apenas para encontrar Bia com as mãos na cintura, olhando bem feio para o loiro que até então parecia bastante compenetrado em levar a sua jaqueta bordada com eles.

—Tudo bem por aqui? - Ela perguntou atraindo a atenção deles. - Cheguei cedo demais?

—Me ajuda aqui, Shizuko? Essa anta insiste em levar a jaqueta bordada para o encontro, não consegue perceber que pode ser reconhecido depois!

—Ei! Você está falando comigo, não com o Nicolas!

—O que o Nick tem haver com isso? - Shizuko não entendeu.

—Até você, Shizuko?! O que vêem naquele cara?! - Martin dramatizou.

—Daniel detesta o Nicolas, logo os três detestam. Anta é o apelido mais carinhoso que você vai ouvir deles. - Bia explicou rolando os olhos. - Mas voltando para o assunto, acho que ninguém mais tem uma jaqueta com um bordado IMENSO nas costas em homenagem a Apolo 81, ainda mais com uma rosa caída!

Aquele havia sido o presente que Bia, Julie e Klaus haviam dado para os garotos de natal: três jaquetas idênticas com o nome da antiga banda, junto de uma rosa caída, simbolizando o luto pelas suas antigas versões.

—Félix e Daniel também tem uma!

—E QUE POR ACASO SÃO DA MESMA BANDA!

—Sim, mas se os vissem na rua veriam que não sou o único!

—Ô gente, sem querer interromper essa discussão ridícula, mas a van acabou de estacionar aí na frente. - Félix apareceu no quarto, dando o aviso. - E Martin, faz o favor de não estragar tudo e deixa essa jaqueta aqui!

—Obrigada, Félix! Parece que só você me entende aqui! - Bia dramatizou, jogando os braços para o ar.

Convencido mas não satisfeito, Martin guardou a sua jaqueta na parte que cabia a ele do quarto, pegando sua mochila e indo em direção ao lado de fora, fazendo imitações e caretas de todos.

—Vê se liga quando chegar lá, tá? - Félix pediu a Bia, abraçando a garota rapidamente.

—Pode deixar.

A van já contava com Miguel - o nono colocado  - com sua irmã mais velha e sua melhor amiga, comportando Martin Bia e Shizuko. Rafael e Arcrebiano já estavam a caminho em uma van separada, com um membro da produção em cada transporte. A viagem teriam umas duas horas de duração se o trânsito estivesse bom, com todos se distraindo naquele momento. Martin dividia um fone de ouvido com Bia, que estava mais interessada em conversar com Shizuko do que ouvir música de verdade.

—Martin, foca aqui rapidinho. - Bia chamou o loiro, tirando o fone de ouvido para ouvi-la melhor. - Você sabe o que Arcrebiano quer?

—Porque? - Ele ficou confuso. - Não falo com ele desde o dia da entrevista.

—Porque ele meio que me adicionou no orkut, e eu não sei o que isso quer dizer.

—Adicionar alguém significa alguma coisa?

—Levando em consideração que ele só me viu uma vez e ainda me deu um sorriso muito estranho? Acho que sim. E como vamos acabar nos encontrando no evento, queria ter certeza que ele não está com pretensões.

—Você tá com o Valtinho, eu sei. - Martin rolou os olhos. - Naquele dia ele me pareceu bem interessado, então se eu fosse você pensava bem. Qual é, Bia! O cara ganhou o primeiro lugar de um concurso de beleza adolescente nacional E ainda está supostamente dando em cima de você! Sério mesmo que prefere o Válter?

—Não é só o físico, Martin….

—E pode me dizer o que Válter tem além de ser o melhor amigo do Nicolas123?!

—Nicolas123? - Shizuko ouviu e comentou baixinho, mais para si mesma.

—É a senha do e-mail do Nicolas. - Bia explicou por alto, sem olhar para a amiga.

—E como ele sabe disso?

—Não queira saber…. - Bia alertou, voltando para a conversa. -Tá, ele é bonitão, mas eu não tenho ideia de como ele é! E se ele for que nem o Leo?

—Quem é Leo? - Martin não entendeu.

—Foi o cara que a Bia namorou ano passado, ele queria que ela se adequasse ao gosto dele. - Shizuko respondeu pela garota.

—E o responsável por Julie e Daniel terem se aproximado. - Bia completou. - Ele era um idiota!

—Bem, parece que você só vai descobrir se conversar com ele. Se não quiser no evento, acho que pela internet é mais fácil, não é? Qualquer coisa você fica sem sinal e ignora ele.

—E como você responderia isso?

—Bia, eu não tenho nem um número de celular, acha mesmo que ele iria até a loja só para perguntar isso?

—Eu espero que não.

—Nem eu. Aceitar ele não custa nada, não é?

E com aquele discurso Martin convenceu a amiga que o orkut nem estava mais tão na moda assim, com ela se convencendo que um amigo a mais não teria problemas. Seguindo viagem, a van chegou à São Paulo próximo das oito da noite, com todos eles fazendo o check in e indo jantar. Arcrebiano e Rafael ainda não haviam chegado - resultado de um pneu furado na Marginal Tietê, com eles comendo sozinhos. Com seus pais avisados, Bia ligou para a loja de discos para avisar Félix sobre a chegada deles - ouvindo ao fundo o som da guitarra de Daniel. Eles tinham aproveitado a sexta à noite para tentar compor alguma música inédita para a assinatura do contrato na semana seguinte, mas estavam tendo algumas dificuldades. 

Conversaram por pouco tempo, já que os créditos de Bia não poderiam acabar até o final da viagem. Eles acabaram indo dormir cedo, já que teriam um dia cheio pela frente.

—_________

E quando diziam cheio não sabiam que seria literalmente cheio. O evento estava marcado para início às 11h, com previsão de término às 16h, mas não contavam com o sucesso com o elenco daquela temporada entre as garotas, já que às nove e meia da manhã já tinham adolescentes acampando na porta da casa de eventos! Quando o portão foi aberto, o espaço lotou em menos de meia hora, causando tumulto no lado de fora pelas que não conseguiram entrar.

E no meio de tudo aquilo Bia e Shizuko estavam quase espremidas uma contra a outra, visitando os stands. Algumas amostras grátis dos produtos capricho foram distribuídas entre elas, com uma promoção de produtos capricho assinado pelo boticário, Melissa e Le Postiche acontecendo no interior dos stands. Tinha tudo corrido bem: oficinas de maquiagem, sessão de fotos com camarim maluco e depoimentos para a revista tinham sido feitos até as 14h, quando a verdadeira comoção começou.

Era chegada a hora da roda de conversa com os colírios capricho! Sendo praticamente toda a população masculina daquele pavilhão, era gritante como todos eles estavam acanhados e até mesmo um pouco sem graça - cabendo as hosters tentar com que eles se soltassem mais.

As garotas tinham milagrosamente conseguido ficar bem na frente deles - apenas por sorte, já que estavam de frente para o palco quando eles foram anunciados. Observando um a um, Miguel - o mais novo - era quem estava mais desconfortável com a situação, não surpreendendo a ninguém que Martin e Arcrebiano fossem os mais relaxados e obviamente grudados um no outro.

—Você tem que admitir, Bia. Ele é bonitão mesmo. - Shizuko comentou de lado, recebendo um beliscão da amiga.

—Digo o mesmo de Martin então.

Shizuko apenas fez uma careta para Bia, arrancando uma risada alta dela. Apesar de não terem percebido, Arcrebiano estava olhando diretamente para elas, muitíssimo interessado na garota que ria.

—Cara, acho melhor você desistir. - Martin alertou após ver para onde o garoto olhava. - Semana passada mesmo ela estava se agarrando com o Válter.

—E você não fez nada?

—Queria que eu interrompesse o amasso no meio de uma festa? Eu diria o que?

—Não importa, agora já é uma nova semana. Eu procurei vocês na internet mas só achei ela. Você não tem?

—Eu acabei desativando tudo no ano passado com o acidente dos meus pais e ainda não consegui voltar, foi mal. - Martin se lembrou da outra mentira que havia combinado com os garotos e Julie, para explicar sua ausência de redes sociais. - Mas algo me diz que você teve sorte com ela.

—Ela me aceitou ontem a noite.

—Me agradeça por isso então, ela estava receosa com o seu pedido, mas eu a convenci que não era nada demais. Vê se não estraga tudo, entendeu?

—Acho meio difícil agora… - Arcrebiano se preocupou.

Antes de entrarem no palco foi pedido que todos os colírios escrevessem em um papel uma ação para ser feita com alguma voluntária e, bem…. Ele tinha dado uma de Valtinho quando achou ter liberdade de beijar Julie por aí e tinha dado uma sugestão pensando em Bia. A entrevista com os rapazes tinha passado quase voando, com a dinâmica logo tendo começado. Em meio a declamações de poesia, batalhas de rima, queda de braço e jogo dos dedões - este último sendo de autoria de Martin - a vez do loiro finalmente tinha chegado. Nenhum dos colírios tinha tirado o que tinha escrito até então, mas quando o baixista tirou o papel do saquinho estendido por Mari Moon e leu, imediatamente soube o responsável.

—Ah, tá vazio… É melhor eu trocar! - Ele tentou disfarçar, mas a mulher de cabelos azuis percebeu e tomou o papel da mão dele.

—UM SELIIIIIIINHOOOOO! - Vindo com a algazarra generalizada. - Quem aí á maior de dezessete anos? - Mari se lembrou da idade de Martin, conferindo a candidata ideal.

Cerca de dez mãos se levantaram e apesar de uma olhada rápida por elas - fingindo na cara dura que escolhia uma - ele já sabia em quem iria. Não era uma questão de se aproveitar, mas ele preferia beijar alguém que ele já conhecia do que outra - ao menos naquela situação. E se a garota estivesse mentindo a idade? E se ela grudasse depois? Não. Ele preferia uma amiga.

Além do mais, era só um selinho. Mesmo que Shizuko não estivesse lá, estivessem apenas Bia e Julie, ele iria em Bia. Ela não namorava e bem, tinha o inscrito naquilo. Fora que poderiam ser profissionais, como se estivessem atuando! Ele cumpriria o desafio e de quebra Arcrebiano ficaria chateado por ter enfiado aquilo no meio da dinâmica.

Mas Shizuko estava lá, e era ela quem ele olhava.

—Ah, não….

—Só um selinho Shizuko! - Bia sussurrou alto, vendo o loiro andar na direção delas.

Quando Martin se aproximou o suficiente para sussurrar e ser ouvido, disse apenas um:

—Desculpa.

E Shizuko pôde perceber que ele estava tão desconfortável - ou até mais - quanto ela. Ela era desconhecida, mas ele como novo rosto da capricho tinha uma imagem a zelar. E se ele beijasse feio? Pior, sabendo que ele beijava mal Shizuko tinha a certeza que se fosse com qualquer outra garota a carreira dele acabaria na hora.

Mas um selinho não fazia mal a ninguém, não é?

E com aquela decisão ela viu as mais próximas se afastarem, com ele evitando que ela fosse levada até o centro do palco apenas para verem aquilo. Segurando em seu maxilar, Martin aproximou o seu corpo e baixou levemente a cabeça, ouvindo gritos ao encostar seus lábios contra os dela.

Nem Julie nem Daniel eram capazes de descrever a sensação, mas Martin sim. Beijar um fantasma era completamente diferente do que beijar um vivo. As coisas não eram tão frias nem fracas, mas sim intensas e quentes.

Forçando seu corpo a não se deixar levar, Martin se afastou três segundos depois de beijá-la, voltando para a realidade. Ele estava vermelho  - já tinha beijado muitas garotas em sua antiga vida, mas nunca tinha tido platéia.

—Além de ser bonito, também beija bonito! - A voz de Arcrebiano foi ouvida, estourando o restante da bolha dos dois.

Ele queria matar aquele primeiro lugar.

—_________

Depois do selinho de Martin a convenção não durou mais do que quarenta minutos, com os convidados voltando para o hotel enquanto eles passavam por mais uma entrevista antes de serem liberados. Parte deles voltariam para casa naquele mesmo dia por serem da capital, outros voltariam para o hotel para viajarem no dia seguinte.

Desde que Bia tinha sido interceptada por Arcrebiano minutos antes, Shizuko estava sentada na área externa do hotel, apenas refletindo enquanto mexia no twitter. O evento tinha sido um grande alívio nas suas férias, uma prévia de respiro antes do terceiro ano começar dali no final do mês seguinte. Tinha conseguido algumas amostras bens legais, tinha tirado fotos com sua amiga e participado de uma gincana dos colírios. Céus! Eles estavam fotografando, com certeza sairia na edição na semana seguinte!

Mas ela não podia se envergonhar, tinha um beijo fotografado mas em compensação iria ajudar na carreira do amigo. Shizuko tinha ficado com tanto medo de não gostar e fazer uma careta e estragar tudo, mas tinha sido diferente daquela vez…. Óbvio, tinha sido só um selinho, mas tinha todo um clima diferente.

Ela tinha visto seu rosto sem graça daquela vez, depois envergonhado. Ela viu e sentiu ele segurar o seu queixo e se aproximar. Achava que até tinha tido mais contato do que a vez que se beijaram para valer no aniversário de Valtinho!

Mas como era possível um selinho ser mais intenso do que um beijo de língua?

Em meio aos seus pensamentos, a garota não viu quando Martin chegou na área externa e se sentou ao seu lado, fazendo um…

—Bu. - Para chamar sua atenção.

—Martin! Não vi você chegando!

—É que sou silencioso como um fantasma.

—O ditado não é um gato?

—Se você está dizendo…. - Ele deu de ombros, tirando um sorriso envergonhado pelo flerte idiota. - Fazendo o que?

—Bia foi conversar com o Arcrebiano e eu acabei ficando sozinha aqui. Você não tem twitter?

—Já é a segunda pessoa que me pergunta isso hoje, acho que eu deveria criar um…. - Ele fez uma careta. - Mas o que Bia está fazendo com ele?

—Ah, ele apareceu aqui e começou a conversar com ela. Ela tentou fugir mas ele foi atrás, ele não se toca não?

—Definitivamente não. Desculpa por hoje, mas eu fiquei sem saber o que fazer… Foi ele quem escreveu aquilo, era para a Bia dar um selinho nele, mas as coisas não saíram como esperado.

—Eu vi como você parecia perdido e não entendi o motivo daquilo. Tinham tantas garotas querendo te beijar, porque me escolheu?

—Você era uma área segura, não tinha chances de dar nada errado. Até mesmo se só tivesse Bia ali acho que ela me ajudaria. Pode não parecer, mas eu sou um pouco envergonhado quando se trata de beijos para plateias enquanto somos fotografados. - Ele rolou os olhos. - Eu sei que você não queria ficar comigo, deixou isso bem claro na festa semana passada, mas… Desculpa.

Ele estava se mostrando bastante sem graça diante aquilo tudo. Apesar de estar temerosa sobre outro beijo ruim, aquele selinho tinha dado vontade na garota de tentar mais uma vez.

—Posso saber o que você tinha escolhido?

—Guerra de dedões, eu costumava ser muito bom nisso quando estava na escola.

Shizuko apenas respondeu esticando o seu dedão, dando a deixa para ele se juntar a ela. Coincidentemente, aquela era a tática que ele usava antes de beijar uma garota.

—Você tem quantos anos mesmo, Shizuko?

—_________

—Eu já tinha me inscrito outras vezes, mas só agora na idade limite foi que consegui uma posição legal. - Arcrebiano ainda tentava conversar com Bia, não percebendo que aquela não era a melhor maneira de chegar nela.

—Acho que o primeiro lugar não seja só uma posição legal…. E não me lembro de ter te visto nos outros anos.

—Para você ter uma noção de como eu ficava…. Eu terminei a escola no ano retrasado e acabei ficando meio a toa enquanto esperava o primeiro semestre passar. Eu fui aceito para engenharia mecânica no segundo semestre, e queria ocupar minha cabeça com alguma coisa, e acabei indo para a academia.

—Engenharia mecânica? E como vai conciliar sua agenda com o curso agora? - Bia ficou repentinamente interessada.

—Pegar menos matérias enquanto o contrato está vigente, e depois ver no que dá. E você? Já sabe o que quer fazer?

—Produção Cultural. - Afinal, os Insólitos precisam se profissionalizar. Mesmo com um contrato bom, ela não queria deixar a banda. - A banda do seu amigo não pode ficar na garagem para sempre.

—Por falar nisso, como foi que conheceu ele?

—Foi pela banda, a vocalista é minha melhor amiga, Ela nos apresentou e ficamos amigos.

—Só amigos?

—Eu não deveria nem me dar ao trabalho de te responder isso, mas acho que hoje ficou bastante claro em quem ele está interessado não ´? Acha que se tivéssemos alguma coisa ele não teria me beijado? Não responda.

Arcrebiano apenas deu de ombros, rindo do pedido de não resposta.

—Acho que acredito em você. - Ele declarou, virando os ombros de Bia na direção que ele olhava.

Martin e Shizuko estavam sentados um ao lado do outro, ele com sua mão esquerda segurando o rosto dela, ela fazendo um carinho em seu pescoço. Suas bocas estavam coladas, movimentando-se vagarosamente, imersos na própria bolha. Viram o exato momento em que ele pediu passagem com a língua, aproximando-se ainda mais dela e segurando melhor sua cabeça.

—Acho que isso é íntimo demais, não devíamos estar aqui. - Bia respondeu meio em choque meio envergonhada.

Não era ele quem beijava mal? Como tinha conseguido ficar com ela de novo?

Mas assim que ela se virou rápido demais, bateu de encontro no peito de Arcrebiano, que a amparou.

—Se machucou?

Bia não respondeu, apenas saiu de perto e foi para seu quarto. Porque Julie não estava lá com ela? Ou melhor, porque Valtinho não estava lá? Ele bateria de frente com Arcrebiano até ele entender que ela não queria nada com ele, mas ela também queria alguma coisa com ele?

Não era apenas a Vida de Garoto que era complicada.


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