Mais uma chance escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 25
Vinte e cinco




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A semana tinha praticamente voado!

Assim que seu Raul soube da contratação, soltou um grito de alegria tão grande que assustou o vizinho encrenqueiro. Apavorado, ele tinha ido até a casa conferir se ele estava se sentindo bem, recebendo um abraço de urso de tanta felicidade pela banda da filha ter um contrato. Brigando em um dia, abraçando no outro. Com os votos de parabéns, o homem pediu para que não ensaiassem até tarde - já que recentemente havia tido um bebê e a bateria o acordava a qualquer hora.

Félix se sentiu extremamente triste e culpado, mas até o homem sair, quando seu Raul revelou ser uma mentira. Ele apenas queria que acabasse com o barulho.

Se ele queria menos barulho, era tudo o que não teria. Com o amplificador no máximo Martin, Daniel e Félix faziam questão de dar tudo de si, apenas para provocar o pobre homem.

Klaus havia reagido mais racionalmente, abraçando todos os três naquela noite quando voltaram para a loja, mas quando o chefe de Daniel descobriu….. Ele realmente tinha comprado bastões de confetes, não tendo a menor dó de estourar no meio da loja. Feliz como se tivessem ganhado a copa, ele se igualava muito à seu Raul no quesito animação e felicidade, querendo um show o mais rápido possível.

Mas até que os garotos estavam conseguindo conciliar tudo o melhor possível. Com o fim das aulas presenciais se aproximando, eles aproveitavam o melhor que podiam do curso, até mesmo cancelando alguns ensaios para se dedicarem o melhor possível e encontrar possíveis dúvidas antes de tudo acabar. Compreensível, ninguém reclamou, até apoiaram.

Mas o dia vinte e três de janeiro finalmente tinha chegado e com ele o primeiro aniversário deles. Era um sábado, tinham pretensões de irem até a sorveteria e congelarem o cérebro em comemoração ao décimo oitavo aniversário de Félix. Era uma situação bem esquisita passar longe dos seus pais, mas até que Félix estava lidando bem com a situação. Os três tinham combinado de passarem na casa de Julie para convidarem para sair perto das três da tarde, mas foram surpreendidos por Bia pouco depois do almoço na loja.

—Porque ainda não estão prontos?! - Bia se engasgou ao notar que eles não estavam nada arrumados.

—Porque é o nosso dia livre….? - Félix respondeu com outra pergunta.

—Marcamos alguma coisa hoje? - Martin não se lembrava de nada.

—Pedrinho não avisou a vocês? Sobre a festa surpresa para….

—Porque ele contaria para o aniversariante a surpresa? - Daniel não entendeu.

—Julie. Ele não contou a ela, Daniel. - Mas aí Bia se tocou. - Espera, algum de vocês também está fazendo aniversário hoje?!

—Félix. - Martin dedurou. - Julie também está?

—Vocês não sabiam?!

—Daniel, meu amor, COMO VOCÊ NÃO SABE O ANIVERSÁRIO DA PRÓPRIA NAMORADA?! - Martin perdeu as estribeiras, quase chacoalhando o outro loiro.

—Estava mais preocupado em voltar a vida e dar um chega pra lá em Nicolas do que pensar nisso, sabia? - Daniel revirou os olhos. - Mas para todo o caso, eu quem ajudei a organizar a festa.

—Ah, mas não ajudou mesmo! Se ela me perguntar vou dizer a verdade!

—E se o intuito é queimar minha fita não vão conseguir, porque ela também não sabe o meu aniversário! - Daniel confessou, limpando a sua barra.

—Então só para conhecimento futuro, quando é seu aniversário?

—Dezessete de maio.

—E você, Martin?

—Trinta e um de outubro.

—Você….. - Bia ficou quieta, desacreditada que ele havia beijado Shizuko em seu aniversário. - Esquece. - Ela segurou o riso, não caberia a ela contar a ele sobre seu talento. 

—Ele realmente ficou com a Shizuko no aniversário dele. - Félix revirou os olhos para a informação que Bia achava que eles não soubessem.

—O que? Eu merecia um presente de aniversário!

— A festa vai ser na Shizuko, a partir das quatro. Pensei que pudessem ajudar ela a arrumar tudo, por isso vim conferir se estava tudo bem.

—Vai muita gente?

—Todo mundo que foi no Valtinho. Mas relaxa, nessa altura Nicolas já assimilou que vocês são um casal.

—E você e Valtinho? - Martin perguntou como não queria nada.

—Eu não tenho ideia. Vocês tem meia hora para ficarem prontos, eu levo vocês na Shizuko antes de ir buscar a Julie.

—Mas…. O pai dela vai estar lá? - Daniel se lembrou.

—Vai, então acho melhor não dar muita pinta caso não queira ser descoberto.

Com uma concordância, os garotos planejaram a sua mudança brusca nos planos. De banho tomado, cada um se arrumou o melhor que pode para a festa improvisada. Não era um show, mas calças justas eram bem vindas, assim como camisas de botões coloridas. Enquanto Félix terminava de armar o seu cabelo, Daniel retocava a sua barba, deixando um Martin muito esperançoso no saguão.

Eles demoraram não mais do que meia hora andando para chegar à casa da garota - que era na direção contrária a de Julie e Bia. A casa era bem grande, com a festa acontecendo no vasto quintal. Assim que Bia tocou a campainha, não demorou muito para a mãe de Shizuko atender a porta.

—Oi, tia! Eu trouxe uns amigos para ajudarem na arrumação.

—Amigos, é….? - A mais velha desconfiou da idade dos rapazes.

—É, a Shizuko também conhece eles. Eles são os melhores amigos da Julie, e um é o namorado. Ela não tem ideia que eles estão aqui.

—Se é assim…. - A mulher deixou eles entrarem, guiando os adolescentes para o quintal.

Martin foi o primeiro a notar Shizuko arrumando a mesa de doces. Por enquanto ela apenas estendia a toalha e separava os guardanapos - já que os doces derreteriam se colocados naquele horário. Assim que viu Martin, ela ficou nervosa por sua mãe estar por perto, mas o garoto sabia se comportar muito bem.

—Pensei que não viessem mais. - Shizuko reclamou da demora.

—Foi mal, esqueceram de avisar a gente sobre a festa. - Ele se desculpou.

—Você tem uma vela extra, Shizuko? - Bia perguntou.  - Félix também está fazendo aniversário hoje.

—Ah, que isso, Bia…. A festa não é minha, é da….

—É sua também! Se tivessem me contado antes, também seria uma surpresa para você, mas esqueceram de avisar sobre isso. Sabia que Daniel não tinha ideia do aniversário da Julie?!

—Ela também não tem ideia do meu, não sou o único culpado!

—Acho bom que ela ache então que você ajudou aqui. Poderiam encher as bolas enquanto eu termino de organizar aqui?

Seguindo as ordens da anfitriã, Daniel, Martin e Bia passaram a encher transparentes, colocando papel picado dentro, enquanto Félix se ocupou fazendo algumas dobraduras de guardanapo e estilizando alguns copos. Quando começou a sobrar uma quantidade razoável de bolas, ele preparou algumas flores de bolas, para prender na parede. Aquilo era mais complicado do que parecia, levando um tempo considerável para ele entender como a base de sustentação de um arco de bolas se dava, de forma a não desmoronar ou parecer um conjunto de bolas praticando bungee jump. Shizuko precisou vir ao seu socorro, segurando o riso quando uma bola estourou no rosto de Martin, que caiu da cadeira pelo susto. Bia e Félix trocaram um olhar sugestivo, deixando Daniel de fora.

Ah, se Martin fosse bom de beijo….

Para evitar que adolescentes resolvessem cair na piscina, tiveram a brilhante ideia de colocar algumas bolas na água, transformando mais em um objeto de decoração do que algo utilizável naquela noite. E o efeito foi incrível! O azul celeste contra as bolas transparentes junto das lanternas subaquáticas tinha sido um conjunto mais do que perfeito. Os primeiros convidados começaram a chegar perto das quinze para as quatro, com eles decidindo que era hora de montar a mesa. Daniel ficou responsável por montar uma cascata de brigadeiros e cajuzinhos, enquanto Félix e Martin traziam a travessa com o bolo. Adolescentes comiam muito, aquela devia ser a razão para o tamanho daquilo! Sua cobertura era repleta de confetes coloridos, impossibilitando saber a massa. Shizuko apareceu com um par de velas novas, colocando o número 17 do lado esquerdo, enquanto o 18 ficava no direito.

—Shizuko, é sério, não precisa…..

—É o seu aniversário, é claro que precisa!

Félix precisava aceitar que nada do que ele fizesse mudaria o fato que ele estava tendo uma festa de aniversário.

Nicolas havia chegado um pouco de que Valtinho - que estava muito ocupado fazendo a social na festa. Ele aproveitou o tempo para dar uma olhada em tudo, sabia que Julie ainda não estava lá - tinha esbarrado em Bia quando chegou, com ela saindo para buscar a amiga naquele momento - e até que estava tudo muito bem arrumado, seus amigos estavm presentes, mas aí ele viu um rapaz loiro com o cabelo meio Justin Bieber, Meio topete passar por ele com uma garrafa de refrigerante e o estranhou.

Até que caiu a sua ficha: era óbvio que a banda de Julie estaria presente! Era aniversário dela, o que mais ele queria? Não deveriam tocar, já que supostamente estavam à paisana naquele dia - fato comprovado segundos depois ao ver o guitarrista barbudo ajudar Shizuko a terminar de montar uma caixa de som, agachado em frente aos cabos.

—Que cara feia é essa? - Valtinho perguntou quando chegou perto do amigo.

—Ele tá aqui.

—O que mais você queria? Que ele não comparecesse ao aniversário da própria namorada?!

—Seria pedir muito?

Valtinho apenas deu um tapinha em suas costas.

—Quem é?

—A única pessoa com barba daqui, para variar….

Valtinho demorou, mas quando localizou Daniel engoliu em seco.

—É.... Você perdeu feio mesmo, cara…. Mas quem sabe daqui a alguns anos?

—________

Julie estava incomodada. Tinha marcado com Bia para se encontrarem às 16 horas para irem até a casa de Shizuko, onde passariam a tarde, mas beirava às 16:20 e nada da amiga. Não era muito distante, apenas o final da rua do lado contrário da sua! Temendo ter acontecido alguma coisa, ela chegou a ligar para Bia uma vez, mas logo que sua campainha tocou, ela estava sendo abraçada fortemente pelo seu aniversário. O trajeto não demorava mais do que vinte minutos andando - era a direção contrária da loja de discos  - por isso decidiram ir a pé.

Elas não pretendiam fazer nada demais, só comer pipoca e assistir um filme. Shizuko tinha quase pulado em seu pescoço assim que tinha atendido a porta, a levando até a sala. Mas aí tinha se tocado que tinha deixado sua caixinha de som no quintal, pedindo para que Julie fosse buscar para ela enquanto ela terminava de arrumar o som da sala.

“SUUUURPRESAAAA!!!!!”

Julie quase caiu para atrás ao notar a multidão no quintal, com uma faixa de FELIZ ANIVERSÁRIO pendurada na parte interior do telhado da churrasqueira. A piscina estava cheia de bolas, todos os seus amigos reunidos a parabenizando. Assim que ela se virou de volta para a cozinha abraçou mais uma vez Bia e Shizuko, sequer percebendo que talvez estivessem faltando pessoas na festa.

—Feliz aniversário, Julie. - Nicolas a abraçou e por mais que ela tenha retribuído, estava mais ocupada olhando ao seu redor.

De braços dados com Bia, elas foram até a mesa do bolo, sempre observando tudo em choque. Mas aí ela viu as velas e achou graça.

—Ué, ficaram em dúvida sobre a minha idade?

—Não, é um aniversário duplo.

—Quem está fazendo dezoito anos?

—Quem da sua banda faz aniversário hoje, Julie?

Julie arregalou os olhos constrangida.

—Félix ou Daniel?

—Eu faria questão de te avisar do meu aniversário. - Julie ouviu ser sussurrado no seu ouvido.

Virando-se com rapidez, Julie abraçou Daniel com força, se derretendo ao sentir o beijo em sua bochecha.

—Só na bochecha…?

—Foi mal, gatinha…. mas seu pai também está aqui na festa. - Daniel usou o apelido carinhoso da sua época, com seu tom cretino.

—Uiuiui…. Agora tem até apelido, Juliezinha? - Martin implicou com a garota, abraçando seus ombros. - Feliz aniversário para você e para o Félix!

—E onde está ele?

—Recebendo os parabéns do seu pai, olha lá!

E ele de fato estava recebendo um abraço de Pedrinho no momento, animado com o aniversário do amigo mais velho.

—Acho melhor não ficarem de muito grude aqui não, ou o seu sogro pode perceber. Mas Nicolas não para de olhar para cá, então não é o seu dia de sorte, Daniel. - Martin aconselhou, dando um tapinha  nas costas de Daniel.

—Não vou estragar o seu dia. - Ele avisou para Julie. - E me desculpe por não ter te perguntado a data do seu aniversário, com toda essa confusão acabei me esquecendo que pessoas nascem e não brotam do nada. - Ele fez piada.

—Então você não ajudou a organizar?

—Eu enchi bolas e arrumei o som. E fiz as cascatas de docinhos, mas fomos pegos desprevenidos hoje mais cedo. Estávamos planejando passar na sua casa para convidar para um sorvete, em comemoração ao aniversário de Félix quando Bia chegou e nos contou sobre a sua festa.

—E quando é o seu aniversário mesmo? Só para não me pegar desprevenida.

—Dezessete de maio.

—_________

A festa estava rendendo muito mais do que o esperado. Já era perto das sete da noite, as luzes do quintal estavam acesas mas mesmo assim proporcionava alguns cantos escuros que adolescentes não perdiam tempo de se enfiarem por lá. Seu Raul a muito tinha entrado, preferindo conversar com os pais de Shizuko do que participar da festa - visto que somente adolescentes estavam no local. Pedrinho estava dividido entre fazer companhia para seu pai e sua irmã, mas se sentindo meio deslocado por não ter ninguém da idade dele por lá.

Bia estava a algum tempo conversando com Valtinho - assuntos nada demais, basicamente se resumindo a como Nicolas estava e quais eram os seus planos para o terceiro ano. Havia muito tempo que não ficavam, sequer sabiam se ainda tinham alguma coisa, e a conversa com o colírio número 1 ainda estava em sua mente.

Na verdade, eu seu orkut.

Apesar de quase não o usar mais, Arcrebiano tinha encontrado o perfil de Bia e pedido amizade, para depois quem sabe conseguir o seu MSN ou Skype.

Mas ela não tinha respondido ainda, queria ter uma conversa muito séria com Valtinho e Martin antes de tomar a sua decisão.

—Bia, meu amor, o lance da Julie com o guitarrista é sério mesmo? - Valtinho investigava para o amigo.

—Mais sério do que você imagina, Valtinho.

—Pior que ele deixa o Nicolas no chinelo mesmo….

—Você não é o único a achar isso.

—Eu não acho, o Nicolas sabe disso. Ele teve tanta vergonha de ser visto com o traje de cavaleiro que a garota que ele gosta cansou de esperar e preferiu ficar com um cara que usa uma máscara de ovelha!

—Vendo por esse lado….

—Mas e a gente, Bia? Nunca mais nos falamos direito depois da festa do Béder.

—Falar a gente se fala, só não ficamos mais.

—E porque? Eu beijo tão mal assim?

—Acho que ficamos mais concentrados em ajudar o Nicolas e a Julie do que em nós mesmos.

—Bem, eles não parecem que precisam de ajuda agora, ao menos não no sentido de antes.

E então eles não precisaram de mais nada. Olharam um para o outro e aproximaram os seus rostos, iniciando um beijo meio atrapalhado, mas que se ajustava aos poucos. Não tinha sentimento, apenas…. amizade. Amizade misturada com o querer mais um pouco. Válter não beijava mal, até que era legalzinho - se comparado ao ex namorado idiota de Bia. Era divertido ficar com ele, porque eles tinham parado de fazer aquilo mesmo? Mas aquela noite apenas teve espaço para um beijo, com a promessa de uma despedida rápida ao final da festa.

—Ah, droga…. - Martin chutou o gramado ao notar Bia abraçando Valtinho enquanto o beijava.

—O que foi? - Shizuko estranhou a reação do mais velho, entregando para ele um copo com refrigerante.

—A Bia tá lá agarrando o Válter!

—E o que tem? Queria ficar com ela?

Martin logo se eriçou. Seriam aquilo ciúmes? Interesse?

—Eu não, mas um amigo sim.

—Sei…. Amigo? Não seria o Félix, não é?

—Se ele está interessado não comentou nada comigo! Você sabe que eu participei dos colírios da capricho, não é? Eu fiz amizade com o primeiro colocado, e bem, ele estava muito interessado nela quando saímos da entrevista.

—Primeiro colocado, primeiro coloc…. ELE TÁ INTERESSADO NELA?!

—Acha ele melhor do que o Válter? Porque eu sim.

—Você é bem suspeito, é amigo dele!

—E eu? - Ele arriscou.

—O que tem você?

—Quem você prefere? O primeiro colocado ou o sétimo?

Shizuko ficou sem saída. É sério que ele ia tentar na casa dos seus pais…?

—Martin, acho que isso já ficou para trás.

—Qual é, Shizuko…. Você reclamou que não tinha conseguido me ver na nossa troca de antes, mas eu to bem aqui na sua frente sem a máscara, e você de óculos.

—E na casa dos meus pais.

Shizuko constatou o óbvio, na esperança de conseguir um pouco de paz. Martin era bonito, ela só tinha medo de ficarem de novo e constatar que o beijo de fato era ruim. Seria muito decepcionante se isso acontecesse e ela não queria se decepcionar.

—Ih, alá gente…. - Félix se aproximou de Julie e Daniel, que estavam abraçados e recostados na pequena mureta da churrasqueira. - Martin com a Shizuko, e a cara dela não está muito boa.

—Sério mesmo que ele foi tentar ficar com ela de novo na casa dos pais dela?! Ele não se manca não? - Daniel ficou chocado, se desvencilhando de Julie para observar melhor a cena.

—Se essas são as intenções dele, ele está ferrado. - Julie não se aguentou, abraçando Daniel de lado. - Ela não vai ficar com ele.

—Ao menos esperasse outra festa ou chamasse ela para sair!

—Não, Félix. Duvido muito que ela aceite, ele conseguiu traumatizar a menina!

—Porque? Ele fez alguma coisa?

Daniel e Félix olharam para Julie, preocupados que seu amigo tivesse feito algo mal para a humana. Sabiam que Martin não faria, mas porque ela estaria traumatizada? Julie olhou bem para os dois lados antes de chamar os dois para mais perto e falar baixinho?

—Ela disse que ele beija muito mal.

Pronto. Aquilo foi o preciso para ambos rapazes chegarem a curvar o seu corpo tamanha gargalhada que deram. Julie chegou a se afastar dos dois um pouco, que procuravam apoio na mureta para conseguirem voltar a respirar de tanta risada.

—O… Martin…… HAHAHAHAHAHAHAHA!!! Eu nunca pensei que…. - Daniel não conseguia completar uma frase, caindo na risada de novo.

—Como ele conseguiu ficar com metade do colégio E ainda beijar mal?! E depois vem falar de mim! - Félix reclamava, inconformado com a fofoca.

—Olha, não sei vocês, mas a hipótese que eu e Bia levantamos foi por ele não beijar ninguém a 30 anos…

—Não é verdade, ele tinha ficado com uma antiga colega de classe nossa que também morreu, não muito tempo antes da festa. - Félix revelou com o cenho fechado.

Julie estranhou aquilo, até o restante da fofoca ser sussurrado em seu ouvido por Daniel.

—Félix tentou ficar com ela mas foi rejeitado e trocado por Martin.

E a julgar pelo pouco que conhecia do baterista, ele não era muito de dar o primeiro passo, por isso estava tão chateado.

—....Ou ela pensa que ele beija mal por na verdade ter beijado um fantasma, e não uma pessoa.

—Poxa, infelizmente não tem ninguém aqui que possa desmentir ou comprovar isso para a gente, né? - Daniel implicou, passando seu braço direito pelos ombros de Julie, bebendo seu refrigerante com a outra mão.

—A culpa não é minha!

—Ah, Julie, o que mais demos foi oportunidade para vocês ficarem sozinhos. Não passamos tanto tempo com seu irmão à toa. Gostamos muito dele, mas não queríamos ficar de vela. Na verdade, não queríamos pegar fogo! - Félix brincou, vendo com o canto do olho Seu Raul se aproximar. - Daniel ... - Ele falou entredentes.

Daniel viu quando seu sogro se aproximou, não sendo nem um pouco discreto ao tirar o braço rapidamente de Julie, entregando o abraço. Coçando a garganta, ele tomou refrigerante para mantê-la ocupada.

—Filha, vamos cantar o parabéns?!

—_________

Aquilo tinha sido uma novidade para mais da metade da festa. Quem era o cara que fazia dezoito anos? Ninguém sabia, mas o parabenizaram do mesmo jeito. Com o parabéns em conjunto, foi impossível fazer piadinhas sobre um suposto com quem será, já que não sabiam com quem poderiam fazer com Félix - mesmo que Débora estivesse presente, apenas invisível -  e com Julie. Julie era o grande elefante branco naquela festa. Seu anmorado estava presente, e Nicolas também. Na indecisão, todos completaram com um…

”SE ALGUÉM VAI QUERER!”

Deixando a incógnita no ar.

Na hora de assoprar as velas, os dois fizeram o mesmo pedido: que os Insólitos dessem certo, e eles conseguissem formar uma carreira musical com Rick Bonadio.

Aquele tinha sido o melhor aniversário da vida dos gêmeos com 30 anos de diferença.


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