A Última Dança (Em Hiatus) escrita por LittleBlack


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura meus amores



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/795971/chapter/2

Assim que a porta fechou, contemplei o lugar, que não era dos mais luxuosos, o grande espelho na parede esquerda, o sofá aveludado azul e o lustre de cristal pendurado no teto eram as únicas coisas que me fez sentir em casa. Passei a mão nos livros empoeirados que ficavam em cima da mesa quando a porta abriu bruscamente e por ela passou meu irmão que veio correndo direto para mim.

    — Eu nunca vou me perdoar se alguma coisa acontecer a você Mira! — ele disse enquanto me abraçava — Mamãe está péssima.

    — Olha o lado bom, esse foi seu último ano com seu nome na colheita — tentei dar um sorriso mais isso me apavorava, eu estava tentando me controlar e mostrar sim que eu sou capaz, mas então a voz de Cato soou na minha cabeça“Se essa daí foi para os jogos, não vai conseguir nada além de uma morte solitária merecida ainda” e ele estava coberto de razão, me afastei dele — vou conseguir, não me olha como se não fosse mais e ver.

    — Do que adianta eu ter feito 18 sendo que minha irmã está sendo levada à morte? — ele já estava com lágrimas nos olhos, fixei meu olhar na parede amarelada — Eu queria ter coragem o suficiente para ter me voluntariado no lugar do Ethan, mas eu fiquei sem saber o que fazer.

    — Como eu estava? — outras pessoas me diria que essa pergunta tinha sido desnecessária, mas eu precisava saber, um sorriso discreto apareceu em seu rosto.

    — As vezes eu me esqueço que você não é mais aquela garotinha que a única coisa que se preocupava era ter que ensaiar truques de mágicas para apresentação na escola. — sua voz já estava distante, enquanto buscava memórias nostálgicas da nossa infância — Você estava radiante, parecia saber que era o seu nome que chamariam, um menino que estava do meu lado parecia apaixonado por você, fiquei com ciúmes confesso.

    Sempre fui muito boa em distrai as pessoas, e então meu pai comprou um livro de mágica, sai correndo de felicidade e logo me tranquei no seu escritório e peguei um de seus baralhos, comecei a imitar cada ilustração, em menos de duas semanas eu já estava me tornando famosa na escola, conseguia fazer com que a carta sumisse e aparecesse em baixo do prato ou então, adivinhar qual era a que a pessoa tinha escolhido. Lógico que tudo não passava de uma manipulação imperceptível. Mas então completei 12 anos, a mágica não tinha mais graça, não existia tempo para se divertir, era treino atrás de treino, e nesse mesmo ano me descobri uma Snow através de um documento escondido no escritório do meu pai. Eu não tinha mais tempo para viver como uma pessoa qualquer, passei e calcular cada reação se meu nome fosse sorteado, ensaiar cada discurso, a postura correta, se portar diante de uma câmera. Pensei em fugir para a capital, mas ninguém sabia da minha existência, eu poderia nem voltar para o meu distrito, isso seria uma tremenda humilhação, então esperei com calma, o dia em que meu nome soaria por toda Panem, mas dessa vez eu estava sob holofotes.

    — Você fez bem e não se voluntariar, não cairia bem dois Snow nos jogos. Aliás, a mamãe não viveria sem os dois.

    — Qual foi o momento em que você se tornou tão obcecada com esse sobrenome?

   Agradeci mentalmente quando o pacificador entro na sala anunciando o final dos três minutos, abracei ele rapidamente, precisava de um tempo para me recompor, mas desisti assim que a minha mãe entrou na sala sendo seguida pela garota de cabelos escuros com os olhos inchados que denunciava que ela estava chorando antes de entrar.

    — Ah minha filha! — ela me abraçou forte e então me olhou com uma tristeza visível em sua expressão.

   Vi a sacola em sua mão, não pude evitar de sorrir, ela me entregou um vestido lindo, corri para me vestir e voltei para me olhar no espelho, ele era inteiramente branco com alguns detalhes em renda, cortado milimetricamente na altura do meu joelhos, os decote em v não era tão exagerado e ela complementou meu vestido com uma faixa dourada na minha cintura e aproveitei mais uma vez para ajeitar a tirara na minha cabeça. E com um toque final, Clover me entregou o seu colar tão precioso.

    — Sei que você ama dourado, por isso pensei em te entregar para sempre lembrar de mim — ela sussurrou para conter o choro, abracei ela mais uma vez.

   Dourado tinha se tornado a minha cor favorita por um motivo que minha família tentava esconder, mas eu dizia com orgulho, me lembra dinheiro, e dinheiro me lembra fama que me lembra poder.

    Os três minutos acabaram. Fiquei aliviada em não ter derramado uma lágrima sequer, não ia querer que a câmera me filmasse com o rosto borrado de maquiagem. Eu estava a própria realeza. Mas assim que a porta se abriu novamente me pus em alerta, talvez fosse os pacificadores, e concluí isso quando o uniforme branco surgiu, mas não era um pacificador qualquer, era o comandante, fiquei intrigada, e então vi o número quatro bordado na lateral do seu ombro.

    — Papai — corri até ele — o que faz aqui?

    — Voltei ontem do distrito quatro ontem, mas tive que resolver algumas coisas antes — ele se afastou, sua expressão era igual às vezes quando me machucava feio nos treinamentos e ele ia me ver, e era uma das únicas coisas que me acalmava. Suspirou fundo e endireitou a postura — Vou fazer tudo o que eu posso para manter você viva.

    Ele beijou a minha testa, senti uma lagrima escorrer, agora estava sentindo o peso da situação, tudo o que eu havia planejado por anos tinha sido jogado fora, tentei secar rapidamente, não podia ser vista assim na frente da capital, parecia fraca diante deles não estava nos meus objetivos. Me olhei pela última vez no espelho, e sorri, estava tudo sob controle.

    — Vamos, Mira, vou te levar até o trem dos tributos.

    Sai do edifício da justiça, me senti lisonjeada com tanta atenção, tantas câmeras! Olhei para o lado e Ethan parecia estar se divertindo tanto quanto eu. Independente da estratégia dele, eu teria que estar junto. Não mais me importava se ele era meu vizinho e que a geração dele poderia manchar a minha reputação, eu estava indo para um abatedouro da capital, e eu sairia de la viva, isso que me importa, nada mais. Não demorou muito para que liberasse o embarque, as portas se fecharam tão brutalmente que fiquei aliviada em deixar de sorrir. Ethan parecia exausto, e agradeci mentelmente assim que os mentores apareceram,

    — Começamos amanhã quando chegarmos na capital, até lá, descansem o máximo possível. — Brutus disse de um jeito intimidador.

    Clarisse nos apresentou nossos quartos que eram ao final de um corredor mal iluminado, só então eu percebi que já estava anoitecendo, desejei um banho quente e foi isso que eu fiz quando entrei no meu quarto grande mas não tão luxuoso igual o restante do trem, quando saí do banho me enrolei na toalha e sai em busca de uma roupa, mas logo parei quando vi que tinha alguém no meu quarto.

     — Mirabella precisamos conversar! — Ethan falou sentando-se na minha cama — como você pretende ganhar os jogos?

     Aquela pergunta me pegou de jeito, alias treinei aos da minha vida para esse momento, mas ia além disso, eu teria que de alguma forma arranjar patrocinadores, mas quem iria querer patrocinar a Snow falida? Ninguém. Comecei a andar de uma lado para o outro e quase me esqueci que estava nua por baixo da toalha, meu rosto esquentou, abri o guarda roupa e achei algumas roupas maiores do que eu, mas deveria servir, corri de volta para o banheiro ainda pensativa.

     — Não faço a mínima ideia Ethan! — gritei tentando descontar a minha frustração por não ter um plano.

     — Eu tenho uma, e envolve você.

     — Prossiga — pedi tentando soar calma, mas o espírito de sobrevivência falava mais alto, sai do banheiro e o encarei.

     — Você não vai gostar — ela avisou com um sorriso malicioso no rosto — é bem simples até, tudo se resume em: Amor.

     Fiquei um tempo parada esperando que ele continuasse a explicar, mas claramente ele queria escutar o que eu tinha a dizer. Algo em mim dizia para expulsar ele do meu quarto no mesmo instante, mas por outro lado falava para eu aceitar, independente do que eu tivesse que fazer. Pensei na honra que seria voltar para o distrito dois ainda com vida, mas antes receber a coroa do presidente, e quem sabe viver a tão sonhada vida na capital, sob holofotes, passar dias se embelezando para mais um programa sobre como eu venci os jogos. Está tudo se ajeitando. Adeus distrito dois. Adeus vida miserável. Não hesitei em murmurar:

     — Aceito.

     Ele se levantou ainda confuso, passando a mão sobre seu cabelo loiro desajeitado.

    — Vamos então a partir de agora, fingir sentir amor um pelo o outro, mas sem dizer nada para ninguém, nem para os mentores — concordei ainda em silêncio, era evidente que ele iria querer segredo, já que os mentores pareciam mais fascinado com a fama do que as nossas vida — vão ser atitudes minha e suas que vão conquistar os patrocinadores. Temos que convencer as pessoas nos bastidores primeiro do nosso amor para que seja mais fácil convencer as pessoas da capital.

     — Eu já te vi treinando e sei do que você pode fazer — continuou ele — mas guarde isso apenas para a arena, as pessoas não sabem o quão forte você é, então finja ser a pessoa mais amorosa que pode ser e quando perguntarem você diz que não sabe como vai se virar na arena. E eu vou fazer a mesma coisa. Vou voltar para o meu quarto, já está tarde. Boa noite Mira.

    — Boa noite Ethan. — cruzei meus braços enquanto via ele saindo.

    Era um bom plano, mas fingir que eu era apaixonada por ele ia ser difícil já que passei quase metade da minha vida odiando ele, mas a questão era parecer fraca diante de toda Panem, não era isso que eu estava evitando? Como iria me aliar com os outros Carreiristas sendo que eu não poderia mostrar quem eu realmente sou? Pedi para jantar no meu quarto, e como aquela emoção toda tinha tirado minha fome, comi apenas uma salada. Deitei e o sono veio rapidamente.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que dizer sobre o Ethan???? Qual personagens você mais gostaram??? Eu continuo gostando muiiito da Mira.
Beijos e até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Última Dança (Em Hiatus)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.