O Segredo de Pendragon escrita por Dandy Brandão


Capítulo 8
Capítulo 07 - Uma conexão familiar ou um perigo à vista?


Notas iniciais do capítulo

Aisha chateadinha passando por sua TL kkkk

Vou colocar as localizações a partir de agora, pra ficar mais tranquilo de se situar na história :) ♥



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Capítulo 07 – Uma conexão familiar ou um perigo à vista?

 

1º dia de Viagem - Vila das Flores, Limites do reino de Pendragon

“Se parece com… A cauda de um dragão?” A voz da guerreira Elizabeth soou pelo salão e aqueles olhares, antes centrados em um único objeto, encararam a moça, direto para o seu uniforme de Valquíria. Ela segurou a barra de seu casaco, puxando-o para vê-lo melhor.

— Hm… Pra mim se parece mais como um espinho. — disse Aisha, voltando a olhar o objeto.

Valkyon permaneceu quieto, o fragmento ainda descansando em suas mãos fortes. Ele deu mais uma olhada no uniforme da Valquíria, que tinha se aproximado, e realmente um pedaço da cauda do dragão de Pendragon se assemelhava à forma contida naquele objeto carmesim.

Aisha encarou aquela movimentação dele, podia imaginar que o rapaz estava considerando aquela ideia.

— Mas a julgar que ele está quebrado… Isso pode ser possível.

— Quebrado?— indagou Malena, também se aproximando do grupo à mesa.

— Sim. Veja — Aisha apontou para as pontas soltas do fragmento nas mãos de Valkyon — há algumas quebradas, ele provavelmente tem outras partes…

Uma pequena intuição passou pela mente de Aisha, mas achou melhor guardar aquilo pra si. Um objeto perseguido por feiticeiros que usam métodos grosseiros como aquele? Não poderia ser algo bom.

— Ele… Ele já estava assim, desde a época do meu pai. — a senhora Pestle moveu suas pernas nervosamente abaixo da mesa. Vítima de dois ataques de feiticeiros, apenas olhar aquele objeto já a deixava ansiosa.

— Não temos tempo no momento para investigar sobre esse objeto. — o duque disparou, irrompendo suas palavras depois de um tempo calado, observando a todos — Porém… Eu creio que não deve ser deixado numa simples vila. Podemos camuflá-lo com um feitiço para que nenhum feiticeiro possa encontrá-lo por enquanto.

Ainda concentrado naquele calor e brilho em suas mãos, Valkyon virou-se brevemente para o duque, sem focar exatamente nele, mas nas palavras proferidas pelo homem.

— Você pode camuflar? Eu tenho interesse nesse objeto e pretendo levá-lo. — o jovem rei indagou languidamente, sem qualquer ansiedade em sua voz. Aquela energia que ele sentiu não poderia ser uma pequena coincidência. Se existia uma solução para deixar ele imperceptível, poderia carregar consigo e descobrir mais sobre aquilo.

Aisha sobressaltou sobre o banco, um pouco mais alarmada. Ela não conseguiu deixar de expor sua opinião sobre aquilo.

— Ei… Sei que camuflar é uma boa ideia, mas feiticeiros habilidosos podem ultrapassar essas pequenas barreiras. — todos focaram nela, o que não a incomodou — Se carregarmos pode colocar em risco a vida de sua majestade.

— Eu concordo com sua alteza Aisha. — disse Caméria. Ela se amontou junto ao grupo, que já cerceavam toda a mesa — Carregar isso consigo pode atrair feiticeiros ainda mais poderosos.

— Sim, poderíamos enterrá-lo em algum lugar baldio. Quem sabe… — Elizabeth coçou as têmporas, dizendo qualquer coisa que apareceu em sua mente.

Todos soltaram um riso discreto do comentário da moça, até ela não deixou de rir, quebrando um pouco da tensão da discussão.

— Não, Lizzy... — respondeu Aisha, meneando a cabeça — Quem se ele cair em mãos erradas e sabe-se lá o que podem fazer com isso?

— Mas, então… O-o que podemos fazer quanto a esse objeto? — perguntou Malena, encolhendo um pouco os seus ombros, parecia pensar que estava entrando demais na conversa. — A vila também não ficará segura, aquele método era perigoso.

A pergunta dela foi pertinente. Todos se entreolharam, como se procurassem aquele quem daria a resposta. Não demorou muito para alguém começar a falar.

— Vossa Alteza, Aisha. — a voz rouca e suave do duque surgiu e o olhar escuro de Aisha o encarou, firme — Sua presença nessa viagem deve-se à proteção de sua majestade, certo?

A tensão de antes retornou e pior do que antes. Aisha semicerrou os olhos e todo o seu rosto expressava “Você está mesmo me questionando isso? Eu vim para protegê-lo de VOCÊ.” As palavras ficaram presas na garganta, que tornou-se quente como brasa para explodir aquelas frases no rosto dele… Zayin permaneceu calmo e composto, sentado ao lado de Valkyon. Mesmo naquela atmosfera, ele não recuou e continuou:

— Sei que a princesa é a pessoa de maior confiança de Sua majestade no momento e é uma exímia feiticeira.

O rei logo notou a intenção dele e teve de se manifestar.

— Espere, senhor Zayin. Eu não a forçarei a qualquer situação perigosa. — ele apertou aquele objeto mais em suas mãos, cogitando ele mesmo carregar aquilo consigo o tempo inteiro. O calor e o brilho carmesim tornou-se um tanto mais intenso, algo que apenas ele pôde perceber.

— Eu entendo, mas… — o duque começou, porém, outra voz logo se sobrepôs à sua.

— Não. — Aisha estendeu a mão para Valkyon, a testa enrugada e os semicerrados já lhes diziam qual era sua intenção — Me dê isso. Vou camuflar e mantê-lo comigo. — o medalhão de Valarian estava consigo também, desde o dia anterior. Valkyon achou melhor não vestir para não chamar muita atenção.

— Aisha, você não precisa… — o jovem rei intentou convencê-la, mas o olhar intenso e sua mão firmemente estendida da princesa diziam muito.

O rei respirou fundo e olhou para o objeto antes de estender sua mão e entregá-la. No momento que o fragmento tocou a mão da moça, seu brilho se apagou, desvanecendo aquela forma de “pedaço de cauda” no interior, como se perdesse totalmente sua energia ao afastar-se dele.

Aisha ainda podia identificar a energia mágica daquele objeto, porém, ele tornou-se apenas um objeto comum, como um pedaço de vidro quebrado.

— Por quê… Se apagou de repente? — indagou Malena.

A princesa trouxe aquilo para mais perto, apertou-o em suas mãos, direcionando energia para o objeto. Entoou um breve encantamento de camuflagem. Ela precisaria repetir ele todos os dias para que não se desmanchasse. Todos a observavam atentos, em especial Valkyon com as sobrancelhas quase unidas, um tanto preocupado.

A energia mágica do fragmento se dissipou, mas apenas ela, o duque e senhora Pestle poderiam constatar isso. Em seguida, ela abriu a pequena bolsa aveludada presa sobre o caixilho do seu cinto e colocou-o dentro, junto ao medalhão. Seus movimentos suaves, sem quaisquer traços de raiva, mesmo que seu rosto não deixasse dúvidas de que algo em seu orgulho foi ferido.

Valkyon quis se aproximar da princesa para dizer-lhe algo, porém, deixou isso para mais tarde, quando estivessem sozinhos.

— É comum que objetos mágicos reagirem algumas pessoas e outras não. — respondeu o duque, já se levantando.

— Nunca ouvi sobre isso. — respondeu Aisha, observando os movimentos dele.

— Não quer dizer que seja impossível, certo? — ele encolheu os ombros levemente, estendeu uma das mãos e jogou seus cabelos pretos para trás, preparando-se para sair. — Majestade, vou seguir primeiro para a carruagem, com sua licença.

Ele se curvou, solene, e se virou para sair, sob o olhar de todos. Valkyon não comentou nada, nem tentou pensar muito sobre o que acabou de acontecer e virou-se para a senhora Pestle, que permaneceu quieta em sua cadeira. Ela não questionou qualquer coisa, já que seu objetivo de confiar aquilo à realeza foi completado. Até sentia algum alívio de não ser mais a guardiã daquele fragmento estranho. Quando o olhar dourado de Valkyon a alcançou, a mulher se encolheu um pouco sobre a cadeira, mas, daquele pouco que vivenciou, o rei era gentil e solícito, então seu receio já diminuía aos poucos.

— A senhora vai ficar mais segura sem esse objeto por perto, mas qualquer problema posterior pode reportar à Draig. — ele assentiu, relaxando sua expressão. Mesmo que continuasse sério, toda a sua aura ao redor passava tranquilidade.

A mulher sorriu e, novamente, agradeceu ao rei, à princesa e às Valquírias por salvarem sua vida. Depois dos breves cumprimentos, eles saíram da estalagem, passado mais tempo do que imaginavam.

Já era o meio da tarde. Aisha e Valkyon pararam em frente à carruagem, enquanto as Valquírias se preparavam em seus cavalos. A princesa olhou para o veículo e o duque não estava lá dentro, porém, ao olhar ao redor, ela o viu do outro lado da rua, conversando com um residente da vila. Um pequeno corvo descansava em seus ombros.

Quando voltou ao rei, a mão dele estava estendida para ela, pronto para ajudá-la a subir na carruagem. Valkyon observou-a com atenção, pensamentos rondando sua mente. Não havia tempo para dizer qualquer coisa, então ele se calou, focando em seguir em viagem, por enquanto. Ela também devolveu aquele olhar intenso franziu as sobrancelhas, chateada. Era um gesto que não precisava de qualquer palavra para compreender.

Valkyon insistiu e a moça segurou sua mão e subiu à carruagem, agradecendo-o em seguida. Antes que o rei subisse, Zayin se aproximou, já sem o seu corvo. Assim que Valkyon o viu, ele parou em seu passo, esperando-o.

— Alguma informação? — perguntou o rei.

— O feiticeiro sumiu pelas redondezas, meus corvos não conseguiram encontrá-lo. Creio que usou algum feitiço de teletransporte. — ele cruzou os braços, respirando fundo. — Estava conversando agora com o líder da vila para ele não se preocupar, já reportei a situação para Draig.

Valkyon se surpreendeu com aquela informação, provavelmente o líder da vila se encarregaria disso, porém, a mensagem demoraria algumas horas até chegar à capital. Com um dos corvos de Zayin, em pouco tempo a mensagem chegaria – talvez já estivesse lá.

— Agradeço. Já que é assim, é melhor nos apressar e ir logo.

Ambos seguiram adentro para a carruagem, continuando em sua viagem.

 

Pousada de Rathad, Estrada para Corbeau, à noite.

Como tinham planejado, já fora dos limites do reino de Pendragon, havia na pousada Rathad onde todos poderiam descansar. O desejo de Valkyon era seguir em viagem até mesmo à noite, para já no início da tarde do outro dia chegar em Corbeau, mas o cansaço poderia falar mais alto, até mesmo nos animais que os carregavam. E, para além do cansaço, eles também precisavam se resguardar da noite. Depois daquele incidente na vila das flores, todos ficaram apreensivos de um novo ataque como aquele, então ficar em um local seguro era o melhor para todos.

Assim que chegaram ali, a lua já se apresentava alta nos céus. O dono da pousada, cujo sobrenome figurava na placa de chamada do local, era conhecido do duque Zayin e os recebeu com seus braços e sorriso abertos. A pousada era recente naquela região e ele logo bradou o quanto era honrado em receber um rei em suas dependências.

O Sr. Rathad era um homem alto, tão grande quanto Valkyon, e seu sorriso se destacava naquele rosto semelhante a um urso, coberto de pelos negros. Aos seus primeiros comandos, os funcionários do local surgiram como marionetes, seus movimentos furtivos e sincronizados. Curvaram-se para o rei rapidamente e saíram levando alguns dos pertences que eles trouxeram para passar a noite.

Em pouco tempo Valkyon e os outros já tinham se lavado, jantaram e, mesmo que fosse cedo, a maioria já se preparavam para deitar, a fim de antes do sol levantar estarem prontos para partir. Valkyon, mesmo rigoroso com o sono, não foi se deitar cedo assim como os outros.

Parado na varanda coberta no térreo da pousada, seus cabelos emitiam um brilho prateado ao receber a luz generosa da grande lua no céu. Com o olhar perdido no horizonte escuro da floresta, o rapaz ainda estava inquieto com os acontecimentos do dia. Não só por causa daquele ataque sorrateiro de um feiticeiro misterioso, mas em especial aquele fragmento estranho que despertou um sentimento familiar… Quando parou para pensar sobre aquilo, sentiu arrepios intensos em seu corpo inteiro e queria tocar naquele fragmento mais uma vez.

Então ele se recordou de que ele estava com Aisha e a moça manteve sua expressão fechada para todos durante o resto do dia e seria difícil abordá-la naquela noite… Não somente para ver aquele fragmento de novo, mas também para conversar sobre tudo o que aconteceu. Porém, não significava que fosse impossível. Ele se virou para a grande sala de descanso à frente, pronto para dar o primeiro passo e procurá-la, até que se seu corpo estacou deparando-se à moça à sua frente. Os cabelos cacheados escuros de Aisha estavam soltos sobre o seu busto e os olhos dela estavam contemplativos em direção a ele. Ainda não estava vestida para dormir, usando um vestido longo azul celeste e, no seu colo, pendurada no caixilho do cinto, pendia a bolsa aveludada azul-marinho onde o fragmento estava guardado.

Antes que ele se propusesse a dizer qualquer coisa, Aisha se adiantou:

— Você não vai deitar? Vamos cedo amanhã. — ela se aproximou da varanda, as mãos atrás das costas, muito reta.

Valkyon respirou fundo e encostou-se sobre o parapeito da varanda, cruzando os braços.

— Eu vim aqui para pensar um instante, daqui a pouco vou me deitar.

Aisha finalmente sorriu depois de muitas horas, mas ainda não era um sorriso tranquilo. Ela ficou de frente dele, ainda mantendo a sua posição ereta.

— Será que você está considerando dar a volta e retornar em segurança para Draig?

Ele não se surpreendeu com a pergunta dela, era essa a sua questão? Seu corpo se afastou do parapeito e ele ajeitou sua posição.

— Não tenho medo do que aconteceu hoje, na verdade… — ele pareceu divagar por um instante, Aisha encarava-o, ansiosa por sua resposta — Eu fiquei ainda mais interessado em continuar essa busca.

A jovem inclinou sua cabeça, sorrindo sarcástica e cruzou os seus braços.

— Ah, sim? E Vossa majestade por acaso já pensou que pode estar se enroscando em uma armadilha? — ela não estava disposta a fazer qualquer rodeio, nem qualquer receio de dizer aquilo de forma tão direta.

Valkyon meneou a cabeça, as palavras dela falavam além e ele rapidamente poderia entender.

— Eu não posso ignorar a evidência que está com você no momento. — sua voz saiu calma e ele inclinou o queixo, apontado para a bolsinha dela no cinto, referindo-se ao medalhão — Posso me defender, Aishy, não se preocupe tanto comigo.

Ele não queria ter aquela discussão novamente. Suas palavras não foram duras, poderiam ser descritas até mesmo como gentis, mas elas soaram um “ponto final” na questão. Aisha realmente considerou que ele pudesse voltar atrás depois daquele acontecido, mas a determinação do jovem rei era grande. A determinação dela também não ficava para trás, mas ao ouvir sobre aquela ‘evidência’, o seu coração amolecia um pouco. O assunto ainda mexia muito com Valkyon e ela bem sabia disso.

A princesa não desviou o olhar do rapaz, mas também não disse mais nada. Um breve silêncio permaneceu entre os dois até que ele se lembrou do fragmento.

— Esse fragmento… — o olhar de Valkyon vagueou para a bolsa e a vontade dele era óbvia. Aisha abriu a pequena bolsa e pegou o fragmento, apertando-o em suas mãos.

— Você acha que… Ele pertencia à minha família? — ele perguntou, ainda um pouco confuso.

As sobrancelhas de Aisha se levantaram um pouco e ela estendeu o objeto para ele. Valkyon não o pegou de imediato.

— Por que pergunta isso? — a raiva aos poucos se dissipava do corpo dela, e os ombros de Aisha baixaram.

— É só que… — ele pegou o fragmento e, novamente, ele se acendeu como um fósforo riscado, seu brilho estava mais forte à noite. Aquele provável pequeno pedaço de cauda refletia em seus olhos dourados. — Sinto algo familiar em relação a ele.

— Bem, eu ainda não consigo enxergar a cauda do dragão… Mas nunca soube que alguém em sua família forjava objetos mágicos.

Ele permaneceu calado, completamente focado naquele estranho fragmento em sua mão.

— É, deve ser alguma impressão minha. — Ele entregou-o a Aisha novamente e ela guardou em sua bolsinha. Valkyon respirou fundo, desejou-lhe boa noite e saiu da varanda, sem dizer mais uma palavra.

O cansaço do dia se mostrou assim que ele deitou na cama macia. Valkyon fechou os olhos, a energia quente do fragmento ainda esquentava em seus dedos.

O sono veio mais tranquilo que o normal e, em sua respiração passiva e tranquila, o jovem rei de Pendragon caiu nos braços dos sonhos.

No fundo de sua mente… O rugido violento de um dragão parecia soar em seus ouvidos, ao longe… Bem ao longe. 


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Notas finais do capítulo

Ezarel não apareceu hoje, mas não se preocupem que no próximo capítulo ele está de volta...!
E nosso cof cof querido cof priminho também. ♥



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