O Segredo de Pendragon escrita por Dandy Brandão


Capítulo 9
Capítulo 08 - Investigando casos e sonhos


Notas iniciais do capítulo

Na imagem, Elizabeth, Claire e Malena!

Boa leitura ♥



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Capítulo 08 - Investigando Casos e Sonhos

Cidade de Draig, à noite

 

Ezarel pensou muito sobre os acontecimentos daquelas últimas horas e decidiu enviar sua carta apenas à noite, para Aisha. Valkyon no momento estava próximo daquele duque e Aisha sempre foi um pouco mais desconfiada do que qualquer pessoa naquele castelo. Definitivamente, era melhor relatar suas desconfianças para Aisha e ela, com sua destreza, acharia um momento apropriado para conversar com Valkyon sobre aquilo.

— Ela vai ter uma pequena surpresa, mas… é necessário. — sorriu para si mesmo, imaginando Aisha espantada ao ver aquela grande coruja surgir na janela do seu quarto, sem aviso prévio. Ele enrolou bem o pequeno pergaminho e entregou-o a Sowa, que voou noite à dentro, desaparecendo como uma névoa cintilante em prateado quando alçou os céus.

Já era noite e, depois do jantar, o castelo já estava bastante quieto. Ele passou o resto da tarde na cidade discutindo com comerciantes locais sobre os problemas no comércio da capital de Pendragon, tudo bastante aborrecedor, porém, Ezarel estava feliz por não precisar passar o tempo com Ahriman, que sumiu cidade a dentro depois de encontrar as filhas da duquesa de Salles. O príncipe de Mainyu passou o resto da tarde sem dar sinais e surgiu apenas no início da noite, dispensou o jantar e qualquer conversa, desaparecendo em seus aposentos.

O Elfo não pode ficar mais feliz. Era mais cômodo jantar sozinho do que em companhia daquele homem. Porém, não significava que os seus olhos não estivessem presos na figura chamativa de Ahriman. Ele desceu para os fundos do castelo, onde ficava seu laboratório pessoal de alquimia. Apenas ele, o rei e Aisha tinham permissão de entrar. De vez em quando eles se encontravam ali pra discutir questões pessoais, Valkyon diversas vezes o procurava naquele recinto apenas para conversar um pouco, fora dos pátios e câmaras suntuosas do castelo, enquanto o elfo trabalhava em suas pesquisas e poções.

Ezarel adentrou no laboratório, e ele sempre passeava o olhar pelo lugar apenas para se certificar de que ninguém esteve ali. As estantes estavam recheadas com ervas, galhos e frascos de vidro, sejam coloridos com alguma poção ou vazios. A mesa de trabalho também continuava a mesma, os frascos e o forno completamente limpos, na exata posição de que estavam antes.

E, o mais importante, a estante com seus livros de alquimia e os grimórios onde escrevia suas fórmulas e descobertas. Havia até mesmo um arranjo mágico para evitar qualquer roubo naquela estante, seus livros foram passados em gerações e gerações em sua comunidade élfica; e suas fórmulas de poções eram preciosas demais para serem roubadas.

Depois de conferir se tudo estava em seu devido lugar, Ezarel enfim ouviu duas batidas fracas na porta. Naquele dia, outra pessoa foi permitida de pisar os pés naquele lugar.

A figura alta de uma mulher de cabelos pretos, de semblante sério, surgiu na porta, as vestes não era as mesmas da tarde, mas uma perigosa espada pendia embainhada em sua cintura, denotando sua posição sempre defensiva.

— Você chegou cedo, Claire.

Ela assentiu, esperando receber a permissão para adentrar no local. O elfo deu espaço para a moça, e ela adentrou, evitando olhar demais para o local, todos sabiam que aquele espaço era como uma câmara secreta de Ezarel.

— Então… Como foi espionar a vida amorosa do príncipe? — ele encostou a cintura sobre a mesa, observando a expressão sisuda da moça.

Mais cedo, Ezarel tinha pedido um favor para Claire… Mas ele não imaginava que logo naquele dia, Ahriman resolveria correr atrás das filhas da duquesa tão cedo.

Talvez Claire não tivesse qualquer informação relevante para lhe passar.

— A vida amorosa dele é realmente agitada, mas.. — a mão da guerreira pousou sobre o cabo da espada e deu um passo à frente — sua guarda é mais interessante.

A informação despertou todos os sentidos de Ezarel. Ele também deu um passo à frente, ficando mais perto de Claire, que lhe devolveu um olhar firme, guardando mais informações em sua garganta.

— Aqueles que vieram como sua guarda pessoal? — ele começou, inclinando um pouco sua cabeça.

— Sim. Eles não são comuns. — ela balançou a cabeça, piscando muito seus olhos escuros. Ezarel observou aqueles seus movimentos, ficando um pouco mais curioso sobre aquele assunto.

— Feiticeiros são as criaturas mais estranhas que você vai encontrar nos sete reinos. — ele riu, tentando dissipar aquela tensão na expressão de Claire. No entanto, a moça mordeu os lábios, como se estivesse ponderando sobre algo mentalmente. — Depois nós elfos que somos os esquisitos.

— Não, Ezarel! Eles… — ela se irrompeu à frente, porém estacou quando notou uma falta de postura — Me desculpe, senhor, eu…

Ezarel não se impressionou com a reação da moça, suas palavras foram apenas para lhe instigar a falar mais, porém, foram provocadoras de certo modo. Ele apenas esperou ela se acalmar e explicar o que tinha visto de fato.

Ela respirou fundo, segurando sua respiração por uns instantes, antes de voltar a falar.

— Eles circundaram a cidade de um jeito estranho.. Quase todos, os dez, usavam capas cobrindo os seus rostos. Eles não estavam seguindo sua alteza, mas andavam pelos becos da cidades, quase aleatórios. Notei isso enquanto seguia minha missão.

De braços cruzados, ele nem pensou por um instante antes de responder:

— Se eles estavam andando pelos becos da cidade sem se preocupar com a segurança de sua alteza, eles não estavam seguindo de forma aleatória.

— Como assim? Eles não pareciam ter qualquer objetivo.

Algo estava por trás daquela movimentação deles, de certo. Ezarel descruzou os braços e se aproximou de Claire, que endireitou-se um pouco mais depois da aproximação repentina do elfo.

— Eles já chegaram? Estão aqui no castelo?

— Sim, senhor. — ela assentiu, mexendo sua cabeça junto.

— Me leve até eles.

Os dois saíram do laboratório de Ezarel e o elfo, antes de seguir para o corredor, deixou algumas inscrições mágicas na soleira da porta do local, a fim de colocar uma proteção extra. Com feiticeiros por perto, poderia existir alguém ousado o suficiente para tentar invadir o seu espaço.

Eles andaram em direção ao alojamento dos soldados, Claire seguia à frente e Ezarel atrás, os olhos verdes ferinos dele percorriam todos os arredores do castelo, buscando observar se havia algum movimento suspeito por ali. Entretanto, sem precisar fazer qualquer esforço para ouvir ou observar, pouco antes de chegar até o alojamento, um barulho de vozes e gritos surgiu, vindo do pátio de treinamento.

Eles se entreolharam e, sem dizer qualquer palavra, avançaram em seus passos para descobrir quem provocava todo aquele estardalhaço. Não demorou muito para que vissem um homem de capuz preto pelo pátio voar, raspando todo o seu corpo no chão cimentado do lugar, sob efeito do soco de alguém. Do outro lado, havia uma mulher alta e corpulenta, os olhos azuis fumegavam sob as luzes das piras que protegiam o lugar da completa escuridão da noite. A posição dela estava de puro ataque e fúria, com os punhos e a expressão fechados. Outras mulheres, provavelmente do grupo das valquírias, estavam reunidas atrás delas, olhando-o de cima, muito sérias.

— O que está acontecendo aqui? — Ezarel levantou o tom de voz, dirigindo-se a todos os presentes.

Claire olhou para o rosto do homem que apoiou um braço no chão, enquanto a mão limpava o rastro de sangue surgindo em sua boca. Até pensou em ajudá-lo a levantar, mas seu instinto dizia-lhe que era melhor esperar ouvir a história por trás daquele soco poderoso no rosto dele.

— Esse daí! — a mulher apontou para o homem caído no chão — bisbilhotando nossa sala de armas!

— Er… Mas qualquer um pode entrar lá. — disse Claire, cuidadosa. Ezarel semicerrou os olhos, esperando o resto da história, óbvio que a moça não o nocautearia só por conta daquilo. O homem ainda estava com dificuldades para se levantar, mas ninguém ousou se aproximar dele.

— Não é só isso, comandante. — outra moça saiu detrás da guerreira furiosa, um pouco mais baixa e franzina, porém em suas mãos um poderoso machado grande e prateado se destacou, uma pedra vermelha se destacava no pescoço da peça. Era quase do tamanho dela. — Ele estava tentando usurpar nosso machado de Valhalla.

Os olhos escuros de Claire se acenderam num instante, de fúria. Aquele era um histórico item do esquadrão das Valquírias, pertencente à primeira formação do grupo. Apenas as duas primeiras comandantes — atualmente Caméria e ela — poderiam usá-lo em batalha. Era um item muito apreciado e respeitado por todos do exército de Pendragon e… Também valioso.

Todos os olhares foram pregados no homem e finalmente alguém se aproximou dele. Ezarel andou alguns passos e um sorriso de canto se destacava em seus lábios, aquele sorriso que poderia irritar o mais calmo dos monges. Com as mãos escondidas atrás das costas, ele disse:

— O que você tem a dizer em sua defesa? — ele piscou os olhos verdes, encarando o homem. Era já alguém de meia-idade, o sangue espalhava-se por sua barba loira, manchando ainda mais o rosto. Com certeza, algum dente seu foi prejudicado.

— E-Eu só estava olhando as armas! Isso é mentira! — ele se levantou repentinamente, como se seu corpo fosse atingindo por um raio.

— É só isso que tem a dizer? — continuou Ezarel, inclinando um pouco a cabeça para observá-lo melhor.

— Olha só, tem cara pra roubar, mas não tem coragem pra admitir! — as mulheres começaram a bradar, completamente ofendidas com a atitude dele.

Ele deu um passo para trás, pronto para recuar, porém Claire, como um felino à espreita, colocou-se por detrás dele, segurando ambos os seus braços para trás, sem medir a força empregada. O rosto do homem se contorceu de dor.

Ezarel, que ainda estava perto dele, afastou uma parte da capa do homem, procurando alguma coisa, e uma pequena bolsinha cheia de intenção mágica presa ao cinto do homem foi exposta para ele. Na escuridão era difícil os outros visualizarem, mas o elfo não deixou aquele detalhe ficar apenas para si.

— Você costuma usar uma bolsa encolhedora para proteger sua alteza? Que interessante. — ele sorriu para o homem e o rosto dele tornou-se sério. As valquírias se entreolharam, todas compreendendo que suas suspeitas estavam acertadas.

— Então era assim que ele ousaria… — disse Claire, apertando ainda mais os braços do homem, que não resistiu a gritar de dor.

— Podem prendê-lo. — a voz grave de Ahriman surgiu de repente e todos olharam para o local de onde ela vinha.

Ele trajava robes vermelhos, já sem joias ou qualquer outro acessório, pronto para se recolher. Ahriman ouviu o barulho quando estava no banho e, de primeira não se importou, mas alguém da sua guarda veio à porta lhe denunciar o que estava acontecendo. Então ele foi obrigado a descer, seu olhar dourado e rígido denunciava a irritação.

Ao ouvir aquelas palavras, o homem mudou de expressão, seus olhos se acendendo de forma desesperada.

— Alteza, eu já disse que…!

— É melhor você ficar calado, antes que se complique mais. — o príncipe respirou fundo, antes de abanar a mão, desinteressado. — Podem levar.

Claire olhou para Ezarel, esperando que ele confirmasse aquela prisão, já que deveria seguir as ordens dele e não do príncipe de Mainyu. O elfo estava até um pouco impressionado com a atitude de Ahriman, orgulhoso do jeito que era, estranhou ele ter alguém como aquele homem em sua guarda pessoal. Porém, era um assunto a pensar depois. O elfo assentiu para a guerreira ansiosa ao seu lado, permitindo que a moça se encarregasse de levá-lo à prisão. Claire puxou o homem em seu encalço e seguiu castelo adentro. As guerreiras a acompanharam, festejando discretamente aquela decisão.

O pátio em instantes ficou vazio e Ezarel se viu sozinho com um príncipe irritadiço. O humor peculiar do elfo não poderia deixar de passar aquela oportunidade.

— É esse tipo de pessoas que mantém em sua guarda pessoal? — ele deu alguns passos à frente, mantendo uma distância segura daquele homem.

Ahriman respirou fundo, esforçando-se para seu estado de humor não tornar-se pior naquela situação.

— Ele tinha ótimas referências e fez um bom trabalho até então. Nunca sabemos o que esconde o coração de alguém. — ele encolheu os ombros e deu a volta. Porém, antes que ele se retirasse, Ezarel quis questioná-lo um pouco mais.

— Pensei que você, pelo menos, ouviria o que mais ele tinha a dizer.

Ahriman parou o passo, mas não se virou para encarar o conselheiro de Pendragon.

— Não preciso ouvir mais quando as provas estão em nossa frente. — ele virou o rosto, olhando Ezarel de soslaio. — Se alguém ousa me desonrar em frente às guerreiras estimadas do meu primo, eu não tenho piedade.

Ele não esperou qualquer resposta do elfo e saiu rapidamente, seus passos rígidos ecoando pelo corredor escuro. Ezarel não poderia deixar de ficar intrigado com aqueles casos… talvez aquele homem receberia sua visita em algum momento.

 

 

Pousada Rathad, início da manhã, 2º dia de viagem

 

O Rugido violento de um dragão estremeceu as bases da terra. Garras e mais garras pingando em vermelho carmesim, dentes afiados ameaçadores e ferozes, dilaceravam carne e escamas, reluzindo em sangue vermelho e puro, sob o branco cristalino da lua cheia. As imagens borradas flutuavam como uma memória perdida nos recônditos da mente. A visão falhava, mas os sentidos eram tão… Tão reais. No ar pairava o cheiro de sangue, o calor quente do fogo queimando ao redor ardia sobre os poros do rosto, assim como o sangue ardente e pulsante sobre suas veias eletrizava cada pedaço do seu corpo. Havia um grito preso em sua garganta e as imagens corriam rápidas, pequenos fragmentos perdidos, no fundo de sua mente…

Os olhos se abrem, o fogo permanece.

O corpo de Valkyon irrompeu daquele sono violento. O sol ainda estava escondido atrás das montanhas. Seus olhos dourados permaneceram estreitos por alguns segundos, muitas imagens ainda pairavam sobre os seus olhos, um pouco borradas, mas conseguia discernir todas elas. Fogo, dragões, sangue, muito... sangue. O cheiro insuportável de sangue impregnado em suas narinas. Ao repassar aqueles flashs em sua mente, uma sensação quente perpassou pelos dedos de suas mãos e pés, e os pelos de seu corpo estavam eriçados como se aquela experiência fosse uma lembrança distante e dolorosa.

Ele saiu da cama, a cabeça ainda pesada, oscilante e, mesmo depois de encharcar o rosto com água gelada, seus sentidos ainda estavam um pouco amortecidos.

Valkyon passou pelo banho e o café ainda pensativo sobre aquela situação e, antes de voltar à viagem, permaneceu mais quieto do que o costume, pensando sobre aquele sonho estranho que mexeu não somente com sua mente, mas em sensações no corpo. O que tudo aquilo poderia significar? Em seus sonhos, exceto na infância, nunca surgiram criaturas mágicas ou cenas de guerra. Quando esteve tão conectado com o sonho a ponto de todas aquelas sensações ficarem impressas em todo o seu corpo, reverberando e vibrando como se algo estivesse despertando dentro de si?

Aquilo era semelhante a uma visão… Uma visão borrada, mas que merecia ser investigada.

Enquanto a carruagem recebia os preparativos para a partida, Valkyon, ainda perdido em pensamentos, foi desperto quando Aisha se aproximou dele, com um pequeno papel em mãos.

— Valkyon? Valkyon? — até aquele momento, ela não tinha notado que ele estava um tanto aéreo. Ele respondeu apenas depois de sua insistência — O que você tem hoje?

— Nada. — o rapaz balançou a cabeça, mais para espantar os pensamentos do que para respondê-la. — Quer falar comigo?

Aisha semicerrou os olhos, sem acreditar muito na resposta dele. Porém, seu sentido de urgência fez a moça partir para o assunto que veio tratar:

— Veja. — ela olhou ao redor e o duque não estava por perto, nem qualquer um dos seus corvos. Valkyon pegou o papel das mãos de Aisha e o desenrolou, passando os olhos rapidamente.

— Sowa me entregou ontem à noite. — ela alternava seu olhar escuro entre o rosto sério do rei e o papel com a escrita elegante de Ezarel. — O que tem a dizer?

— Ela estava nos seguindo esse tempo inteiro? — ele questionou, olhando para a princesa.

— Sim. Ela relataria tudo o que nos acontece ao Ezarel.

— O que é essa lente que ele cita? — ele entregou o papel de volta para moça, franzindo as sobrancelhas.

— É uma espécie de transmissor. Ezarel poderia ver tudo ao nosso redor. O objetivo era ser uma patrulha discreta, mas o Zayin já…

O crocitar alto de corvos surgiu em seus ouvidos e Aisha sobressaltou de susto e, instintivamente, a mão dela agarrou o braço de Valkyon que a amparou no mesmo instante, abraçando-a pelos ombros.

Ele olhou para cima e os corvos do duque vinham em um pequeno bando, passando por suas cabeças.

— Está tudo bem. — disse ele, notando que a respiração da moça estava rápida, os sentidos de Aisha todos em alerta. Depois que os animais se afastaram, a moça voltou a sua compostura e diminuiu o aperto no braço de Valkyon, agradecendo-o. O rapaz não se afastou dela, preparado para protegê-la caso os animais voltassem.

— Majestade? Alteza? Está tudo bem? — a voz grave e suave de apareceu detrás e os dois se separaram no susto e olharam para trás.

— Seus corvos poderiam acordar a pousada inteira… — disse Aisha, arrumando seus cachos sobre o rosto.

— Não há como evitar seus hábitos, sinto muito. — Ele se curvou, solene.

— Falando em seus corvos, eles, por acaso, encontraram uma coruja ontem? — Valkyon foi direto ao assunto, dando um passo à frente. Aisha o observou, um tanto impressionada, não esperava que ele colocasse o assunto em pratos limpos assim, tão diretamente.

Zayin parou de repente e apoiou o seu queixo sobre as costas de sua mão, pensativo. Ele estendeu a mão, pedindo “um segundo”, e fechou os olhos, chamando um de seus corvos, por conexão mental. O rei e a princesa se entreolharam, esperando ansiosos por uma resposta do duque. O corvo apareceu no ombro dele e sussurrou algo em seu ouvido.

— Hm… Entendo. — disse, enfim. O corvo sumiu e o duque se voltou para eles. — Era a coruja totem do seu conselheiro, certo?

— Sim. Sowa, a coruja branca do Ezarel. — Valkyon respondeu, sério.

— Sei... Sei... Eu a vi em nossa partida. — ele assentiu, sua testa franzida, como se tentasse lembrar a imagem da coruja em sua mente. — Ela foi vista por eles e, aparentemente, se desentendeu com meus corvos, eles entenderam que ela estava os espionando. O totem se machucou?

A voz calma e centrada dele era uma tentativa de amortecer a tensão no ambiente, porém, Aisha retesou um pouco mais seus músculos. Ele falava aquilo de forma tranquila, como se não aumentasse desconfianças sobre ele.

— Seus olhos foram embaçados pelos corvos. Ela estava acompanhando nossa viagem, é algum problema para você? — ela perguntou, cuidadosa. Era uma meia-verdade, não queria revelar mais detalhes, apesar de acreditar que o duque sabia mais do que gostaria de dizer.

— Pra mim não, mas meus corvos são muito desconfiados e não gostam de ser seguidos. — algumas pequenas linhas retas surgiram na testa do duque, a irritação que não surgia em sua voz. — Eu os deixo livres para que usem alguns feitiços, mas não é nada muito perigoso.

“Além de ter vários totens, eles também podem usar feitiços?” Aisha pensou, vasculhando sua mente se já tinha escutado algo semelhante. Ela manteve sua postura, mas seus pensamentos ferveram com aquela informação. Ao mesmo tempo que ela sentiu uma admiração pelo poder daquele homem, ela sentia medo por não saber quais eram os seus objetivos.

Valkyon, no entanto, não prestou atenção naquela observação, e disse:

— Espero que isso não ocorra novamente, Sowa é preciosa para o Ezarel. — o duque assentiu e o barulho de carruagem parou bem à frente dos três. O rei seguiu primeiro, caindo em seus pensamentos novamente e Aisha ainda permaneceu parada, contemplativa.

O duque passou por ela e, antes de subir à carruagem, ele parou e virou-se para ela. Um pequeno sorriso de lado surgiu em seu rosto, sempre tão sério:

— Sua alteza não vai nos acompanhar? — ele estendeu a mão, gentilmente.

Aisha respirou fundo, despertando dos seus pensamentos. Aceitou a gentileza e acomodou-se na carruagem.

 


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