Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 6
Six - Sugador de Pecados


Notas iniciais do capítulo

Sem enrolar aqui em cima XD
Boa Leitura ♥



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[...]

— Porque me protege? – disse assim que o mais alto lhe deixou confortável na cama.

— Pareces uma lembrança de um passado distante. – Kouyou sorriu de leve.

— Uma pessoa importante? – Yuu disse em tom baixo, cobrindo metade do rosto com o lençol.

— Sim, uma pessoa muito importante. Mas não está na hora para conversarmos sobre isto, preciso verificar se ainda não estás em perigo. Podem haver ainda mais guardas atrás de ti.

— Estou com medo... – sussurrou tremulo. – Quero ir embora... me deixe ir embora daqui, milord...

Kouyou revirou os olhos.

— Se quer ser pego, e voltar para o Manicômio, às portas estão abertas. Não és meu prisioneiro. – se afastou, dando-lhe as costas e o deixando sozinho no quarto. Yuu se encolheu, deixando as lágrimas caírem com mais intensidade.

Estava apavorado, temia por sua integridade física permanecendo naquele local com o mais velho, mas se saísse, voltaria a sessões de torturas diárias naquele Manicômio imundo.

Estava num dilema, e no pior de todos os dilemas, mais uma vez.

Se cobriu, limpando o rosto mais uma vez, tentando se controlar. Mas entregou-se aos seus medos infantis, chorando em tom baixo, tentando em vão se livrar daquela sensação, e com a esperança fraca de que quando Kouyou voltasse, o ajudasse a ir embora.

Ouviu o miado do gato, nem se recordava que o animal estava no quarto, sentiu as patas sobre si, e para sentir-se mais seguro, agarrou o bichano, puxando para debaixo do lençol, e o aninhando em seu peito.

Ficou por um longo período, por horas naquela posição, e o gato parecia ter gostado do carinho, pois permanecia imóvel.  

Já estava voltando a cochilar, quando  ouviu os passos pesados próximo a si mais uma vez. Tirou o lençol de seu rosto, e voltou os olhos em direção ao mais velho. Kouyou sentou-se ao chão, com o rosto próximo ao seu, observando atentamente o garoto, e o gato que também despertara com a movimentação.

— Vim vê-lo, estás melhor?  - disse em tom contido, mas não obteve respostas. Esperou alguns segundos, mas Yuu apenas continuou lhe observando, e seus olhos ainda demonstravam o medo pela situação anterior – Hum, Akira e eu estaremos nos jardins, vigiando a casa, voltaremos em breve.

O silencio continuou, e o mais velho apenas deu um meio sorriso, se levantando e saindo do quarto mais uma vez.

Yuu respirou fundo, e sentou-se na cama,  sentindo o gato se ajeitar em seu colo,  arrumou os cabelos ouriçados, e secou os vestígios de lágrimas. Esperando mais algum tempo, para ter a certeza de que a mansão estava vazia.

Levantou-se, deixando o gato sobre a cama, notando que estava melhor que antes, a tontura havia passado. Seguiu até a porta, abrindo-a lentamente, e encarando o corredor, ainda iluminado por lamparinas.

Seguiu rapidamente por ele, descendo pelo corrimão da escadaria, para economizar tempo.

Precisava ver o que havia acontecido com os homens que Akira e Kouyou capturaram, e precisava fazer isto antes que ambos retornassem a mansão. Não queria ser envolvido em mais situações ruins. E aqueles homens poderiam ter famílias os esperando. 

Logo alcançou a sala de jantar, notando a mesa ainda afastada, o que facilitaria o seu trabalho, seguiu até a marca do alçapão, e tirou a tabua, revelando a maçaneta, e com esforço a puxou, abrindo a pequena porta.

Ouviu os resmungos de dor, os homens ainda estavam ali, vivos, então procurou pela escada, e pela pouca iluminação que ali tinha, revelava a falta da mesma. Não poderia os libertar mesmo que quisesse. 

— O moleque! – ouviu um tom rouco, o que lhe fez  dar um salto pelo susto.

— Saiba que vão vir atrás de nós. E vão te encontrar! Vão acabar com você – disse outro dos homens, do qual não conseguir identificar a direção em que estava.

— Eu só queria ajudá-los. Mas vocês ainda me julgam pelo que eu não fiz – respondeu, tentando fechar a porta, acabou perdendo o equilíbrio, e caindo dentro do porão, aparentemente machucando-se, e ouvindo os risos dos guardas.

Um deles agarrou os seus longos cabelos, puxando com força, fazendo-lhe curva-se tentando sentir menos dor.

— Olhe só... Mesmo que não consigamos sair deste local, podemos acabar com esse assassino... Com um só golpe ele cairá.... – riu o homem que o segurava. Os outros, que já estavam despertos começaram a se aproximar, e o garoto se sacudiu, tentando se soltar.

— Será um tanto difícil, alguém te ajudar... – riu um deles.

Já desesperado, apenas fechou os olhos, ao sentir o homem tentando tirar algum proveito de si, e precisava pensar em algo. Precisava livrar-se daquele problema imediatamente.

— Kouyou...Kouyou... Por favor... Ajude-me... – gritou, olhando para cima, na esperança que o mais velho lhe escutasse. Se o mesmo estivesse por perto ouviria, haviam saídas de ar no porão, seu anfitrião tinha que ouvi-lo;

Antes que os mesmos o machucassem, novamente Kouyou bradou com a voz diabólica, deixando todos em alerta. A escuridão do porão impedia que vissem de onde ele vinha, e o alçapão continuava fechado.

O mais alto surgiu, e em um movimento rápido tirou Yuu do poder do guarda, mas o mais novo ouvira o instante em que o pescoço do homem fora torcido, com uma facilidade e rapidez absurda. O que fez com  que os outros se afastassem tentando se proteger do possível ataque contra eles também.

Kouyou  segurou o mais novo em seus braços, e voltou a escalar para sair do porão, empurrando a porta do alçapão e saindo rapidamente, fechando a mesma com o pé, ouvindo o choro baixo do outro. Os homens desesperados, imploravam pela liberdade, de forma alta, que preenchiam todo a sala de jantar

Parou um tempo, com o outro nos braços, e o mais novo apertou seus ombros, assustado.

— Porque estava mexendo ali, Yuu...? – disse num tom ofegante, e finalmente Yuu ergueu os olhos, não vendo a face maldosa de seu anfitrião, e sim o belo rosto com feições de preocupação.

— Eu queria... Vê-los direito... Queria saber se... havia feito algo com eles – sussurrou – Queria libertá-los...

— Não se preocupe com eles. Eles não vão mudar de ideia só por que tentou ajudá-los, não faça mais isso... – disse o deixando no chão, com cuidado.

— Desculpe-me... – disse respirando fundo, o mais velho tocou seu braço, ao notar que Yuu havia se ferido, uma ferida grande em seu braço direito.

— Está doendo? – perguntou.

— Não... Nem percebi que machuquei-me. – disse tentando limpar um pouco do sangue  com as pontas dos dedos, em vão.

— Não o quero mexendo no porão novamente. Não enquanto esses homens estiverem ali. Depois disto faça o que quiser...

— O que irá fazer com eles, milord? – sussurrou, tentando fingir que o ferimento em seu braço não estava doendo.

— Não sei. Não podemos libertá-los, irão delatá-lo... – disse. – Vamos, precisa de um banho, e de curativos, sangrando dessa forma chamará atenção de outros tipos.

— Outros tipos? – questionou assustado.

— Você sabe do que estou falando. Já viste de perto um deles... – disse em um tom baixo, com se estivesse tomando cuidado com suas próprias palavras.

— Não são como você? – questionou mais um a vez, sentindo o outro lhe pegar nos braços novamente e voltar a andar.

— Há várias criaturas espalhadas por seu mundo. Há como eu, há apenas sugadores de sangue... Humanos são presas fáceis para qualquer um, mas basta encontrar alguém que possa proteger-lhes, e nada de ruim irá acontecer por gerações.

— Como assim? – disse ainda confuso com a situação, e Kouyou sorriu levemente.

— Ainda sinto seu medo exalando, precisa descansar. - disse já subindo a escadaria rapidamente.

— Estás me assustando com tanto mistério... diga-me tudo de uma só vez!  -protestou, ao ver que haviam voltado novamente ao quarto.

Kouyou sorriu levemente, o deixando, mais uma vez sobre a cama, e Yuu logo sentiu o gato negro voltar ao seu colo.

— Por onde queres começar? – disse olhando fixamente para o mais novo, que sentiu-se desconfortável com o olhar sobre si.

— O que realmente és? – disse num tom baixo, apoiando a mão esquerda sobre o ferimento, que estava começando a incomodar;

— Já lhe disse não temos nome, humanos nomeiam as coisas. – respondeu brevemente, irritando o mais novo, que respirou fundo, voltando os olhos para o gato, a fim de evitar os olhos brilhantes do anfitrião.

Kouyou respirou fundo, ajeitando o cabelo para trás da orelha, Yuu o olhou brevemente, notando mais uma vez a marca próxima a orelha do mais velho.

— Alguns humanos nos chamam de demônios... mas não o somos.  – continuou, sentando-se próximo ao mais novo, que voltou a baixar os olhos em direção ao gato negro. – Não fomos criados pelo deus que criou  os humanos, e pelo qual a maioria creem, e sim por um deles. Uma afronta ao seu deus, uma prova de que o ser humano é fraco, e qualquer deus poderia criar um ser superior. Mas temos uma fraqueza... Não podemos produzir nossa própria energia, não absorvemos elas como os seres humanos ou animais, ou qualquer ser vivo pertencente ao teu mundo, não podemos obtê-las dos alimentos, não podemos obtê-las de descanso.

— Então... roubam a energia de outros seres para  continuarem vivos? – Yuu questionou, tremulo, ouvindo o riso leve do outro, como se estivesse sem graça para explicar-lhe a situação.

— Sim, mas obtemos mais energia de pessoas ruins, que tem a maldade cravada no fundo da alma. Akira se auto-intitula ‘sugador de pecados’, mas nem tudo o que humanos consideram pecado, é o que absorvemos para nós. O sentido de pecado é bem diferente das convicções religiosas que humanos tem.

— Como obtém essas energias? Somente com o toque? As pessoas morrem com isso? – manteve o tom baixo, sentindo o mais velho, lhe acariciar o topo da cabeça.

— Já sabes o como obtenho. – sorriu levemente. – Mas não, não são todos que morrem.  Há casos de humanos não corrompidos, puros, que apenas dormem com nossos toques.

Yuu arregalou os olhos pequenos, finalmente voltando a olhar diretamente seu anfitrião.

— Sou assim? Estão me mantendo aqui por ser... por ser puro? – balbuciou, sentindo um tremor em todo seu corpo, um medo tomar seu coração, e vontade de chorar.

Não queria acreditar, que estava ali somente para servir como fonte de energia para Kouyou, e consequentemente para Akira também.

— Claro que não estou mantendo-lhe aqui para isto... Pediste proteção, e aceitei-lhe de bom grado, e como regem as regras de meu mundo.

— Regras? – Yuu parou por alguns segundos, não conseguia compreender o por que sua vida trazia-lhe tais situações. Sempre que tentava manter-se longe de problemas, parecia afundar-se ainda mais neles.

[...]


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Notas finais do capítulo

Eu já tinha em mente toda a descrição do que eram os 'sugadores de pecado', mas não sei se ficou tão claro, então podem perguntar para mim se tiverem duvidas sobre eles!
E ai, o que acharam? Esperavam mais? Acabaram as duvidas ou aumentaram?

*fiz algumas modificações nas situações, porque no original estava sem sentido. Espero que quem já tenha lido não se incomode~

Até amanhã ♥



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