Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 39
Thirty Nine - Energia


Notas iniciais do capítulo

Desculpa por não postar ontem, eu travei com os dialogos :/
Mudei inteiramente o começo do capítulo, pra ficar adequado ao anterior, o final mantive o mesmo, e alterei só algumas falas/palavras;
Bom sem mais demora, boa leitura!!!



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Yuu despertou com a claridade já bem mais forte.

Kouyou ainda estava ali, parecia adormecido também. Levantou-se, ajeitando o cabelo comprido.

Observou o mais alto por alguns segundos.

Logo seguindo para a janela, encostando o rosto sobre o vidro, observando todo o jardim, agora com uma fina camada de neve que já derretia.

Não percebeu que ficara tanto tempo ali, até ver Akira passando pelo jardim, parecendo procurar por algo. Acabou rindo ao perceber que ele tentava pegar o gato.

Continuou ali em silencio, até sentir as mãos em seus ombros, virando o rosto notando Kouyou desperto.

— Vamos passear pelo jardim? – disse num tom baixo.

Yuu já o conhecia tão bem, sabia só pelo tom de baixo que ele estava sentindo-se entristecido. Talvez a conversa com Índigo de algum modo o deixara assim.

Não sentia vontade de sair dali ainda.

— Está bom aqui. – Sussurrou. – disse.

— Yuu, precisas de energia, não adianta fingir mais. Estás fraco.

— Não estou.  – Protestou. 

Kouyou se afastou, o encarando por alguns segundos.

— Por favor...  Vamos... não quero que tenha medo de se alimentar. – Seguiu até a cama, sentando na beirada da mesma.

— O que conversaste com Índigo, parece preocupado. – mudou o assunto, olhando para o mais alto. Claramente precisava de energia, o brilho avermelhado dos olhos já estava bem visível para o mais velho.

— Sobre você estar aqui dentro. – respondeu brevemente, vendo o mais novo assentir.

— Estou incomodando a todos?

— Estão preocupados contigo. Você sempre estava percorrendo pela mansão, brincando com o gato, faz dias que estamos aqui dentro.

Yuu continuou em silencio, mas seguiu para o lado do mais alto, sentando-se ao seu lado em silencio.

Kouyou acariciou seu rosto com as pontas dos dedos.

— Vamos, precisas se alimentar mesmo. – lhe estendeu a mão, esperando que o menor aceitasse.

Mas ficou longos minutos o vendo parado, evitando lhe olhar.

— Não pode evitar isto para sempre, entendeu? – Kouyou abaixou a mão, e se levantou, saindo rapidamente do quarto.

Yuu continuou ali, vendo a porta ser fechada delicadamente,

Não ouviu  os passos de Kouyou irem longe, provavelmente ele havia parado no corredor esperando que ele o seguisse.

Respirou fundo, sentindo a pontada no estomago.

Levantou-se , e seguiu até a porta, a entreabrindo e vendo que Kouyou realmente o esperava.

Ainda em silencio seguiu até ele, segurando sua mão.

Seguiram pelo corredor, e Yuu mantinha-se quieto, encarando o chão enquanto o mais velho o guiava. Assim que desceram a escadaria, foram surpreendidos por Yutaka.

— Olha só quem resolveu sair do esconderijo! - sorriu.

— Bom dia Yutaka... – o mais novo sussurrou.

— Irão á vila? – disse seguindo-os.

— Vou leva-lo para se alimentar... – Kouyou sorriu levemente. – Vamos enquanto é cedo...

— Tenho medo disso... – murmurou Yuu.

— Mas estou contigo, já lhe disse isto... – Kouyou soou dócil, fazendo com que os olhos escuros do menor voltassem-se em sua direção, e um pequeno sorriso brotasse em seus lábios.

Sentia-se tão bem ao lado de Kouyou, mas ao mesmo tempo, não queria leva-los á mais problemas, sentia que traria problemas.

— Não demorem. E tomem cuidado. Yuu ainda é procurado pelos humanos, não se esqueça disso, Kouyou. – Akira surgiu carregando Blu, fazendo com que Yuu o olhasse.

Até mesmo ele havia esquecido que ainda era um fugitivo, poderiam ter humanos atrás dele ainda.

Lembrar disto lhe fez afastar-se de Kouyou, o olhando com certo medo.

— Akira... eu não me esqueci disto. Não sou imprudente ao ponto de levar Yuu para o vilarejo e deixar que o vissem. – respondeu Kouyou, pacientemente.

— Não quero trazer problemas para vocês... se eles vierem atrás de mim? – Yuu disse de forma rápida, quase atropelando as palavras.

— Até parece que não recordam-se que Lúcifer deixou a mansão protegida contra isto não é? - disse Yutaka. – Não tenha medo Yuu, precisa se alimentar, e nada de ruim vai acontecer. Kouyou lhe protegera, e nós também. E Akira cale a boca.

O menor deu-se por vencido e assentiu, voltando a se aproximar de Kouyou que lhe segurou pela mão e guiou para fora.

Havia nevado na noite anterior, o caminho ainda era encoberto pela fina camada de neve, que deixava tudo muito monótono.

O inverno sempre foi monótono para Yuu, mas não queria manter-se preso nas lembranças dos anos que vagou sozinho pelos vilarejos.

Continuou segurando firmemente a mão do mais velho, quando adentraram a pequena trilha por entre as arvores.

A mesma trilha que correu quando fugiu do manicômio. Reconhecia aquele caminho, e de certo modo, refaze-lo o deixava apreensivo.

— Kouyou... O que faremos se formos vistos? – disse depois de alguns minutos caminhando silenciosamente.

— Tens asas, pode sair voando por aí. – Kouyou riu, fazendo o menor rir levemente. – Não se preocupe com isso. Não seremos vistos.

— Usar minhas asas não seria uma opção, todos me veriam ainda mais. – disse. – Isso soa tão estranho, ainda....

— Mas não poderiam o pegar. – disse ainda rindo. – Yuu ainda terá muito tempo para descobrir o que pode fazer... Não fiques preocupado à toa...

Yuu assentiu, percebendo que já estavam bem longe da mansão.

— Já andamos tudo isto? – disse confuso, não fazia nem cinco minutos que andara, e recordava-se muito bem do quanto tempo levou para sair do manicômio até a mansão, e demorara horas, não era possível, para si ainda, andar tanto em tão pouco tempo.

— Estamos indo rápido. Podemos ir mais rápido sabe? – Kouyou segurou em sua mão e o fez correr, logo alcançando a entrada de um dos vilarejos da região.

Yuu arregalou os olhos, um tanto impressionado com a velocidade, e ao mesmo tempo assustado com o fato de estar tão perto do vilarejo.

— Agora... sei que tens medo de ser visto, mas precisa lembrar que pode se metamorfar. Podes transformar-se em qualquer pessoa. – Kouyou virou-se, com o rosto de feições diferentes, mais maduras, de cabelos louros e curtos. Era um rosto desconhecido para o mais novo, mas provavelmente de alguém que Kouyou vira em tantos anos vivendo ali.

Yuu fechou os olhos, e tentou recordar-se de algum rosto que vira no passado, e não demorou a sentir aquela leveza, como se flutuasse dentro de si mesmo.

Reabriu os olhos encarando Kouyou que lhe sorriu. Segurando firmemente sua mão, que notou que estava delicadamente menor que costumava;

— Como estou? – perguntou, vendo o outro lhe olhar ternamente.

— Como uma criança pequena. – disse. – Bom facilita as coisas.

Ainda tentando pensar claramente de onde havia tirado aquele rosto que adquirira, continuou sendo guiado por Kouyou, passando pelas pessoas que iniciavam suas rotinas matinais no pequeno vilarejo.

Kouyou cumprimentava as pessoas de forma alegre, e Yuu apenas continuava pensativo, a ponto de não perceber um amontoado de neve e acabar caindo e quase levando o mais velho junto.

— Tudo bem, Yuu? – Kouyou o ajudou a se levantar.

— Ah... só... fui distraído... Kou... eu... estou com medo de ficar aqui, vamos embora logo?

— Vamos... só precisamos que você se alimente. – o mais velho olhou ao redor. – Hum... vamos seguir aqueles dois estrangeiros. – Apontou discretamente, e Yuu os encarou por alguns segundos. Os via contornados por uma fina aura avermelhada.

— Eles vão morrer? – sussurrou o menor. 

— Não. Vê as auras deles?  – disse Kouyou, mantendo o tom baixo, o vendo assentir. – Se as vê eles não irão morrer.

Seguiram discretamente os homens, que não demoraram a alcançar a saída da pequena vila.

Depois de alguns minutos dentro do bosque, e garantindo que não eram seguidos por ninguém, Kouyou o puxou para um lugar mais discreto, que ainda dava visão para os homens que andavam distraídos.

— Yuu... eu sei o que vai sentir quando se alimentar... mas não grite ou chore alto, por favor... ainda estamos perto do vilarejo, e pode atrair pessoas para cá, entendeu? – disse em tom ameno, e o mais novo assentiu prontamente. – Você vai atrás deles, como se estivesse perdido...

— E você não vai comigo? – disse, já demonstrando o medo em seu olhar.

— Eu vou aparecer depois, me espere, assim que um estiver distraído, você se alimenta, e o outro fica para mim, tudo bem?

Contrariado o menor assentiu, indo a frente, e não demorando a alcançar os homens.

Já estava com feições chorosas, não precisaria se esforçar para chorar, já que realmente queria.

— Oh... de onde viestes criança? – um dos homens largou a bolsa que carregava e se aproximou de Yuu, que encolheu-se assustado.

— Estou.... perdido, não sei onde é minha casa... – chorou.

— Não se preocupes, o levaremos de volta ao vilarejo. – disse o outro olhando ao redor, como se esperasse que outra pessoa aparecesse.

— Não moro nesse vilarejo, acabei de vir de lá... – Yuu chorou, comovendo os homens.

— Há quanto tempo está sozinho aqui? É um lugar perigoso, dormiu aqui? – o que estava mais próximo abaixou-se um pouco para conversar com o garoto, que apenas se encolheu mais esperando que Kouyou viesse logo.

Recomeçaram a caminhar, em procura de alguém que pudesse conhecer o garoto perdido, e pretendiam alcançar o outro vilarejo antes do fim da tarde.

— Será que não seria um ladrão, uma armadilha para virem outros? – o outro continuou afastado, se assustando com a movimentação que viera do lado contrário em que estavam. Logo surgiu o mais alto, estava sem o casaco e descalço, e provavelmente se sujara em algum lugar, o que lhe deu um aspecto mais cansado. Ao olhar para o menor, abriu os braços, chamando para si.

Os homens ficaram em alerta, mas Yuu, notando que realmente era Kouyou, correu na direção do mais velho, assustado.

— Estive te procurando por três dias!... nunca mais se afaste de mim assim. – disse o abraçando.

— O garoto é seu? – o que esteve próximo ao menor.

— É meu irmãozinho. Cuido dele sozinho, e saímos para procurar comida, mas ele se perdeu de mim. – disse sentindo Yuu encolher-se mais contra si.

— Estão sem comida... ainda? – o outro homem, pegou a bolsa que fora largada no chão, procurando por algo.

— O senhor nos ajudaria?... – Disse, soltando Yuu fazendo sinal de que fosse ‘agradecer’ o outro, o menor seguiu até ele, abrindo os braços como se pedisse um abraço ao estranho. Assim que o homem aceitou, encostou os lábios no rosto do homem o sugando, e imediatamente, sentindo o peso sobre si.

— Kou!  - Sentia-se apavorado, sentia dor, e o peso do homem em si parecia demais para o corpo frágil que usava, estava a ponto de gritar apavorado quando o outro homem e Kouyou o ajudaram a sair dali.

— O que está acontecendo? O que fizeste com meu amigo? – o outro disse desesperado.

— Está assustando meu irmão, não diga essas coisas.  – O homem só está desmaiado... deve ter alguma doença - disse Kouyou abraçando apertado Yuu que chorava, tentando conter os soluços.

— Realmente... se ele tivesse feito algo, conseguiria sair sozinho dali. – Tocou o rosto do amigo. – Ele ainda respira...

— Quer que peça ajuda no vilarejo? – Kouyou disse. – Não vou conseguir ajuda-lo a carregar o homem. – disse.

— Não precisa, volto sozinho. Saiam daqui antes que eu ache que fizeram algo com ele.

Kouyou acatou a decisão e levou Yuu para longe dali.

Assim que viu-se afastado o suficiente, do local onde estavam os homens, soltou o menor  que voltou a chorar, agora audivelmente.

— Dói... dói muito... – levou as mãos ao peito, encolhendo-se.

— Eu sei. Mas precisamos disto. Não precisa de tanta frequência, Não somos como Yutaka e Akira que a cada três ou quatro dias precisam de alimento. Demoramos mais para isso, não fique assim. – voltou a abraça-lo

— Por que tanta dor? Lúcifer não pode mudar isto? – sussurrou.

— Ele explicou que é por ter sido humano. Não há como mudar.

— Matei aquele homem? – sussurrou.

— Não. Ele não tinham maldade, tanto que o ajudaram sem nem se incomodar. Ele vai acordar daqui á algumas horas.

Yuu afastou-se do mais velho por alguns segundos.

— Não ia querer que sentisse ainda mais dor... Não ataque os que estão sem aura visível. Se fosse alguém realmente com maldade, sentiria mais dor do que agora... E eu não quero o ver sentindo nada tão intenso.

— Você não se alimentou - Yuu afastou-se voltando ao seu verdadeiro rosto, vendo o mais velho fazer o mesmo.

— Não se preocupe. Agora vamos voltar para casa. – Kouyou pegou os sapatos e casaco que escondera ali, e continuaram a caminhada, em um silencio que somente era quebrado pelos soluços de dor do mais novo.

Yuu ainda tinha muito o que descobrir sobre si mesmo.


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Notas finais do capítulo

Enfim, mais uma vez, desculpa pela demora! Estou já adiantando o próximo, mas talvez acabe postando só amanhã mesmo, por que ainda estou enrolada com minhas matérias da faculdade kkkkk

Obrigada por não desistirem de mim
Beijinhos.♥



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