Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 34
Thirty Four - Amor Silencioso


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas postei.
Uma capítulo de memória, a partir da visão de Lúcifer/Ruki, se quiserem ler com uma trilha sonora, recomendo Seventh Heaven do Kalafina (fiz esse capítulo com a música no repeat kkkkk)
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/795410/chapter/34

“E nesses dias encantadores

Você sorri

E tudo que eu preciso é estar ao seu lado

Não estou mais sozinho... Não mais....

Iremos Juntos, para o paraíso”

 

Mais uma vez, estava á observar aqueles olhos castanhos claros e brilhantes.

 

Eram vividos, fascinantes, e mesmo que já houvesse notado que haviam muitas criaturas humanas com olhos de cores parecidas, o dessa criatura, em especial, pareciam lhe dominar de forma avassaladora.

 

Sempre fora considerado sem sentimentos entre os poderosos irmãos, e esses sempre que podiam, apontavam para si, para recordar-lhe disto.

 

Mas por esta criatura humana, ele os tinha. Todos aqueles sentimentos que poderiam existir. De forma mais intensa que um criador, como ele, provavelmente, jamais sentiria por nenhum ser.

 

 Talvez fosse pelo seu hábito de observar, que fez com que os sentimentos surgissem e se apoderassem de si tão rapidamente.

 

E seus irmãos, ainda não sabiam disto, e se dependesse de suas palavras, também não saberiam, mas não poderia esconder seus atos.

 

Estavam em paz á um bom tempo. Não se afrontavam mais colocando criaturas contra criaturas.

Os universos estavam em harmonia, e assim, sentia que poderia dedicar sua eternidade para a criatura, mesmo que no fundo, soubesse que não deveria deixar as suas sem atenção, ainda que elas não precisassem tanto assim de sua presença, física ou espiritual, que as criara para serem independentes, ao contrário das criaturas de seus irmãos. Algo em si avisava para que não as deixasse só;

 

— Estás novamente aqui... – ouviu o sussurro, mas decidiu manter a atenção na visão do mundo, vendo a criaturinha de um pouco menos de um metro, correndo desajeitadamente no pequeno jardim, atrás de uma grande borboleta de asas azuis. – Estás observando a mesma criança, novamente... – continuou.

 

— Observar não causa nenhuma quebra em nosso acordo. Não estou em teu mundo, e não estou atacando tuas criaturas. – Avisou, ainda atento com a criança humana, que parara de correr ao ver que a borboleta ficara presa em uma teia de aranha. 

 

— Ora, Lúcifer... estás apaixonado pela minha criança. – A voz soou risonha, e logo fez com que o outro se virasse, encarando a esplendorosa forma energética, de luminosidade azul clara, que preenchia todo o local com sua presença altiva e bela. 

 

— Não chame-me por este nome que teus humanos me deram. – Avisou. – E estou apenas querendo saber qual é a sensação que tens, com suas criaturas frágeis e mortais. Nada demais. – Mentiu, como já havia acostumado em território humano, não queria que o foco se tornasse a obsessão crescente pela criaturinha humana, que o irmão lhe deixasse ali apenas observando. Ouviu o outro resmungar uma concordância, e depois de um breve silencio, retornar com palavras em tom ainda mais baixo do que o normal vindo de si.

 

 - Destino decidiu que ela não durará mais um dia. Espero que não importe-se de não poder vê-la mais.

 

— Como assim? Irá matá-la? – acabou deixando escapar sua preocupação. Achava cruel o irmão permitir que Destino cuidasse do futuro de seus humanos, e sabia que o outro nem sempre desejava o melhor para as criaturas.

 

— Não mato minhas criaturas... Sabe que Destino que tem mais poder que todos nós. E ele deve ter algum plano que não está ao meu alcance no momento.

 

 - Posso... pegá-la para mim? – pediu, depois de mais alguns momentos de silêncio.

 

Ouvindo o riso leve do outro, como se já tivera adivinhado que o irmão pediria pela criatura.

 

— Hum... peça ao destino... Por mim... Podes leva-la... Sei que gosta dela.  – Avisou, deixando-o novamente a observar a criaturinha, que sentara em um monte de terra, para descansar.

 

A observou por mais algum tempo, e logo decidiu que deveria seguir até Destino, pedir-lhe, ou implorar-lhe, permissão para adquirir a pequena criatura para si, salvá-la do futuro cruel.

 

Destino era o mais velho dos criadores, não que contassem os anos de seus surgimentos, sendo filhos do grande universo, mas ele fora desde o início, considerado o primeiro irmão, assim como ‘Lúcifer’ era o último.

 

Mal aproximou-se do outro, e ele voltou-se a si, com sua luz avermelhada, trazendo-lhe certa inquietação.

 

— Sei o que desejas, irmão. – disse com sua voz áspera, sem que o outro questionasse nada. – Não esperava que o sem sentimentos se apegasse a uma criaturinha alheia;

 

— irá matá-la... ela não terá mais utilidade naquele mundo. – disse. – Mesmo que não permita, eu irei retirá-la de lá.

 

— Faça o que quiser com a criança, ela só é um caminho para um fim. Mas cuidado com seus atos, o futuro pode ser ruim para ambos. – Avisou.

 

Lúcifer, manteve seu silêncio, saindo mais depressa que poderia para ir ‘salvar’ a criança de olhos castanhos claros.

 

Voltou ao local de observação. A criança não estava mais visível no jardim, provavelmente fora pega pela mãe e levada para dentro.

 

Concentrou-se, criando seu espectro humano próximo ao local onde habitava a criança. Havia já passado um grandioso tempo em que já não ia ao mundo humano, para perambular e iludir as criaturas do irmão.

 

Sentia-se engaiolado, incompleto nesta forma, mas não poderia ir em sua totalidade a nenhum dos mundos, já que sua forma real causaria danos a harmonia dos multi-mundos. Nunca arriscaria cometer tal ato, e nem provocar novas guerras entre os irmãos e suas criaturas.

 

Logo estava metade de sua consciência, em sua frágil forma humana, e pode seguir pelo vilarejo, procurando onde estava aquela pequena casa onde habitava a criança.

 

Ouviu gritos, e logo uma multidão enfurecida espancando um homem, que parecia não ter mais consciência e sangrava muito.

 

Estava próximo, e sentia que aquilo tinha ligação com sua criança.

Correu desajeitadamente em direção ao casebre mais próximo, logo ouvindo o choro enfraquecido feminino. Entrou sem avisar, vendo a mulher agarrada a uma criança, e ambos ensanguentados.

 

— Meu bebê... meu menininho.... – Chorava alto, e isso causou a Lúcifer, certo desconforto.

Sabia que aquela era a sua criança, e pela forma que a mulher a agarrava, impedindo que os poucos que ali estavam de tirá-la de seus braços para ajudar ambas, sabia que teria dificuldades em obtê-la, antes da morte. – Está morto... está morto.... aquele monstro matou meu filho! – chorou desesperada, logo perdendo a consciência, já que seus ferimentos eram muito graves.

 

Seguraram-na, e Lúcifer se aproximou pegando a criança, como se fosse ajudar. Enquanto todos agiam tentando socorrer a mulher, aproveitou-se dos seus poderes, e iludiu a todos, criando uma réplica de sua imagem com a criança, já morta em seus braços;

 

Iludir os humanos, era algo que o fazia sentir certo prazer, observando eles ficarem felizes com coisas que não existem, e que seu criador nunca lhes daria, por meros minutos, segundo ou anos...

 

A criança moribunda em seus braços, agora realmente era sua.  A levaria sem alardes, enquanto todos que estavam ali acreditariam na doce ilusão da criança falecida.

Saiu rapidamente pelos fundos do casebre, cortando o caminho pelo jardim do qual sempre vira a pequena criança brincar.

 

Toda a atenção estava focada no casebre, e a vila parecia vazia pelos caminhos que percorreu correndo.

 

Ao entrar no bosque, pode observar melhor a criança, a sua criança. Notando que havia um corte grandioso e profundo na lateral de sua cabeça.

 

Ela havia sido apunhalada cruelmente, ainda havia um pedaço de lâmina cravada ali, tamanha força o assassino usara para atacar uma criatura tão indefesa, um bebê, um filhote.

 

Destino era tão cruel.

 

 [...]

 

Depois de algum tempo, em meio bosque, para que ninguém o visse desaparecendo. Segurou com firmeza a criança, e logo retornaram ao seu lugar.

 

Ela agonizava, e a única coisa que poderia fazer, era humilhar-se e implorar ao seu irmão, criador dos humanos, que a mantivesse viva.

 

A queria viva.

 

O sangue da criança já encharcava suas roupas, e com todo seu desespero gritou pelo irmão.

 

— Como a salvarei? – vendo o surgir, também em sua forma humana de pele morena, de olhos grandes e verdes.

 

— Não há muito que eu possa fazer por ela... demoraste em socorrê-la; A vida praticamente não existe mais nela- avisou, tirando a lâmina da pequena cabeça, e estancando rapidamente o sangramento. – Lúcifer, amas mesmo a criança... estás desesperado.

 

— Por favor... devolva-lhe a vida, eu a quero viva... – O outro não desviou os olhos da pequena criatura, que mesmo naquele estado, parecia apenas adormecida.

 

O moreno apenas acariciou a cabeça da criança, afastando-se rapidamente.

 

— Não posso afirmar que despertará. Mas continua viva.

 

— Ela é minha não é? Agora é minha criatura?  - Sussurrou.

 

— Sim. – respondeu. – Falei que não havia problemas, já que a amas.... mas pense muito bem no que irá fazer. Não seja impulsivo como meus humanos.

 

[...]

“Gostaria que você cantasse

Para si... Para mim

Na noite... No dia...

No mar

Uma sinfonia do céu.”

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

As citações em destaque são tradução da música que eu pedi para vocês ouvirem!

O capítulo iria ficar muito longo para o padrão dos outros, então ele tem uma continuação no próximo

Obrigada por lerem ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Forever Unchanging" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.