Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 35
Thirty Five - A 'queda' de Lúcifer


Notas iniciais do capítulo

Demorei, hoje eu esqueci totalmente da fic, me perdoem
Enquanto leem esse capítulo, recomendo Moon da Björk, o capitulo foi inspirado na musica.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/795410/chapter/35

“...Agora já rejuvenesci e descansei...

Como se o passatempo mais saudável

Fosse correr risco de morte e renascer outra vez

Nascido e feliz...”

Ainda observava a criança, em meio as brumas, agora em vestes limpas, adormecida, mas respirando com certo esforço. Não decidira o que fazer, não queria perde-la de forma alguma, mas as palavras do irmão ainda ecoavam em seus pensamentos.

“Cuidado com seus atos, o futuro pode ser ruim para ambos.”

Sabia que mesmo permitindo-lhe ficar com a criança, Destino faria algo no futuro. Temia por isso, pois nem tudo poderia prever, ou interferir.

— Por favor... desperte... – sussurrou ao ouvido dela, mas não obteve reações.

Sabia que deveria fazer algo, aquela fora a única criatura em milhares de anos, que lhe despertara o amor, não podia deixa-la ir e amargurar sua eternidade com a lembrança de sua morte.

Encostou os lábios na ferida, que o irmão fizera cicatrizar, e apenas despejou sua energia ali. Faria como em sua primeira criatura, mas não precisaria criar um corpo do zero, usaria a forma humana, lhe dando a estrutura para que continuasse viva, e seguisse assim pela eternidade junto consigo.

Afastou-se quando julgou suficiente, e já podia ver os traços de suas criações na pequena criança, o que durou apenas alguns minutos, e ela logo voltara a face humana, porém mais pálida, e respirava agora com mais tranquilidade, sem todo o esforço anterior.

Tocou a face infantil, e sorriu ao ver que a criança abrira os olhos castanhos claros e o encarava de forma assustada.

— Olá... Kouyou... Estava lhe esperando... – disse de forma gentil, no fundo sempre desejara pronunciar o nome de sua criança, sempre sorria ao observar como a mãe cuidava de forma tão zelosa, mesmo vivendo em condições precárias.

Não esperava respostas, pois sabia que era uma criança muito pequena e não sabia falar, e também demoraria a entender tudo ao seu redor.

Kouyou era pequeno, frágil e belíssimo, e isso causava-lhe tanta comoção, e o desejo de protege-lo de tudo, e oculta-lo de todos os olhares.

 – Venha não tenha medo! – abriu os braços, aproveitando que ainda estava usando a forma humana, e assim não a assustaria e nem a feriria. Fora observado por alguns segundos pela criança que logo o abraçou, procurando segurança.

Não conseguia descrever o quão sublime, era tê-la, viva em seus braços. Aquele calor que surgia dentro de si, como se destruísse todo o rancor que guardava, toda dor que tivera nos últimos momentos.

Kouyou era a dádiva que precisou, para transformar-se em um bom ‘criador’, deus, seja lá que palavra era descrito.

Não precisaria de mais nada além de vê-lo sorrindo, ver sua criança viva e feliz.

Kouyou era seu bom humor, felicidade e todos os sentimentos bons que existiam.

Era como se tivesse sido levado a um novo lugar, mais vivo, mais colorido, repleto de calor e canções doces.

O seu próprio paraíso era Kouyou...

E nada poderia mudar isso, nem mesmo o destino.

Era o que acreditava pelo menos.

[...]

O tempo passava a criança ia crescendo docilmente.

O alimentava de sua energia própria e infinita, e isso parecia deixa-lo mais confortável. Já que se o alimentasse de energia humana, sabia que ele sentiria a dor do semelhante, por já ter sido um humano.

Só pelo olhar do menor, sabia tudo o que ele seria capaz, e isso lhe deixava preocupado e ao mesmo tempo, orgulhoso de sua criação;

O vira aprender a falar, e sorria sempre que ouvia chama-lo por ‘Ruki’* ao não conseguir pronunciar o nome que os humanos lhe deram; o vira a começar andar sem vacilar, e cada dia mais, dedicava ainda mais tempo á sua criança.

E isso aos poucos ia fazendo-o esquecer que não era um humano, que não era uma das suas criaturas, e tanto tempo assim dedicado a uma única criatura prejudicaria as suas outras.

Seus irmãos viram ‘Lúcifer’ cair por amor, esquecer sua própria divindade por uma criança. E não poderiam deixa-lo alterar a harmonia dos mundos com ato tão egoísta.

Deram lhe um ultimato, para que o caos não se instalasse, que deixasse a criança em seu mundo, e seguisse observando-a ao longe.

Dolorosamente, Lúcifer teve que escolher entre ser imortal e ter apenas a presença longínqua, e agora também imortal, de sua criança, ou tornar-se mortal e morrer sem muito tempo de convívio, deixando sua criança desamparada e a mercê de Destino.

A despedida doeu-lhe como o quase fim da vida de sua criança. Deixou-a sem lembrar-se de si, para que os outros não criassem o sentimento de ciúmes. A fez esquecer todos os doces momentos juntos, a fez esquecer-se até de seu próprio nome.

Kouyou teria uma nova vida.

Sem lembrar que um dia esteve entre as divindades, criadores.

Deixou-lhe a beira do lago, despedindo-se mudamente, ao vê-lo ainda adormecido. Seguiu rapidamente, para que não fosse visto por nenhuma de suas criaturas.

Tornou-se apenas zéfiro*, um sussurro no ar, aproximando-se do único que achou digno de cuidar de seu Kouyou, Akira.

A rebeldia do jovem, era um triunfo, já que saberia que assim as suas criaturas mais velhas demorariam a saber da existência do pequeno, e não interfeririam na forma que ele seria cuidado.

“Vá vê-lo, resgate-o para si”

Ficou satisfeito ao ver que fora obedecido, e os seguiu silenciosamente os vendo interagir. Sorriu ao ver Akira carregar sua criança de uma forma cuidadosa, e ao mesmo tempo sem jeito.

‘- Vou lhe dar um nome... vejamos...’

Aproximou-se a outra criatura, mais uma vez sussurrando, queria ainda ouvir ‘Kouyou’ por onde fosse, aquele nome carregava uma doçura que não sabia explicar mesmo sendo uma divindade.

“Kouyou”

E seguiu assim, sempre que o outro precisava de algo para lidar com sua criança, vinha como um sussurro para guiar Akira. Mesmo que em momentos de desespero, a quisesse de volta, em seus braços. Apenas sussurrava para que o outro fizesse isto por si.

Quando Kouyou chorava, Lúcifer também deixava suas lágrimas caírem.

A dor de Kouyou era sua, e os sentimentos também.

Os anos passaram-se, e nada mudou. Kouyou fugira para o mundo humano, e Ruki fez com que ninguém notasse isso.

Todos os sugadores ainda acreditavam que Kouyou estava por perto.

Assim viu sua criança aproximar-se dos humanos, aproximar-se de suas origens e conviver sem dificuldades ali.

Mantê-lo seguro, e longe das garras do Destino era seu único proposito. Até que conhecera outros olhos.

Olhos pequenos e escuros, embebido em lágrimas, rondados pela peste.

Uma outra alma gêmea.

“Preciso salvá-lo também....”

Não pediu permissão desta vez, sabia que os irmãos saberiam de seus atos, apenas surgiu no mundo governado por seu irmão ‘favorito’

Não tomara a forma humana desta vez, fez-se apenas como zéfiro, envolvendo sua nova criança de olhos escuros, e a protegendo de toda aquela dor.

A morte passou por ele, ignorando-o ao notado com Lúcifer de vigília ao seu lado.

“Saia daqui... saia antes que eu não possa protege-lo mais...”

Sorriu, ao vê-lo, mesmo fragilizado, levantar-se, agasalhar-se e fugir antes que incendiassem a casa, para tentar dominar a peste que levara todos os habitantes dali.

Guiou sua outra criança, o mais perto possível de sua obra prima.  Enfrentando algumas adversidades, ocasionadas por Destino, que parecia ter certeza sobre o que o irmão estava fazendo, e parecia de certa forma tentar se divertir com seu desespero em proteger o humano;

— Lúcifer... novamente estás agindo daquela forma. – Fora avisado pelo irmão de olhos verdes, assim que retornou de mais uma de suas ‘intromissões’ no caminho do jovem humano.  Ainda usava uma forma humana, diferente da que costumava, tinha a aparência ainda mais infantil, e o irmão soube que ele queria se aproximar mais do humano.

— Estou cansado de ver Destino maltratar esta criança... quanto aos adultos eu nunca me importei mesmo, mas as crianças são puras, tem tanto amor... não posso aceitar. – Esbravejou, num tom infantil, temendo ser advertido pelo tom que usara.

— Hum... Gostaste desta também.. Saiba que não posso lhe dar todos os humanos não é mesmo? – acariciou os fios castanhos, vendo os olhos de Lúcifer voltarem-se em sua direção quase implorativos, o que fez com que sorrisse para ele. – Só mais este humano. Entendido?

Ruki sorriu abertamente.

Yuu pertencia á ele também, e faria de tudo para mantê-lo como um humano, para que vivesse bem como um humano. Não queria que sofresse como não conseguiu evitar que Kouyou sofresse.

E apenas foi guiando seu novo amor, sua nova parte. Guiando e desviando das tramoias de Destino, ou simplesmente, amenizando a situações. Levando discretamente em direção de onde seu Kouyou estava.

Ali estaria seguro, sabia que Kouyou o abrigaria.

Mas não contava com a intromissão de Destino mais uma vez, agora agindo sobre o vampiro, e até mesmo com suas criaturas. O que irritou-lhe, mas o amor, o amor nascera nos olhos castanhos brilhantes de Kouyou ao ver Yuu tão desprotegido, tão atencioso, tão inocente. E isso aplacou sua fúria com Destino

O mesmo que havia ocorrido com Ruki quando vira ambos, aquele amor doce, não focado em malícia mundana.

Aquele amor infantil.

E viu o amor crescer no coração de seu Kouyou ao conhecer o doce Yuu, e viu a dor em seus olhos ao quase perde-lo.

E sentiu tudo isso em si também.

Kouyou era um pedaço seu, afinal de contas.

E Yuu também.

“A melhor forma de recomeçar é errar feio

Errar em amar, errar em ceder

Errar em criar um curso

E então realinhar-se por inteiro

E voltar ao princípio...

Arriscar tudo é o fim de tudo e o começo de tudo...”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obs. A parte em negrito é um trecho da música da Bjork (a Moon)) Eu amo muito essa música, e praticamente me inspirei na sua melodia para criar essa atmosfera do amor de Lúcifer para suas crianças.

Vocês conseguiram entender o Lúcifer/Ruki ? Pegaram Ranço do Destino?

Antes que eu esqueça: Ruki estava com asteristico, para que eu pudesse explicar a origem (inventada por mim) Seria como 'Luci", mas como Kouyou era uma criança aprendendo a falar, "Luci' virou Ruki XD
*Zefíro: levmente inspirado no conto de Apolo e Jacinto (já citei esse conto na fic, se recordo bem XD)

Obrigada por sempre estarem por aqui.
Beijinhos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Forever Unchanging" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.