Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 14
Fourteen - Sentido e Sentimento


Notas iniciais do capítulo

Oi! Demorei?

boa leituraa ♥



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Já fazia alguns minutos que permaneciam abraçados, em silêncio. Mas Yuu não sentia a mínima vontade de afastar-se de Kouyou;

O mais velho tinha uma essência própria, chamativa. E isso deixava Yuu confortável naquele abraço, mesmo que sentisse a temperatura gélida do outro. Como se aplaca-se o calor de seus medos, e o perfume da pele do outro inebriasse seus sentidos, e lhe desse certa leveza entre realidade e sonho.

Estava quase adormecendo ali, quando Kouyou chamou-lhe a atenção.

— Sei que está cansado... Yuu... – sussurrou. – O dia foi até mais agitado que o comum... vou levar-te ao quarto

— Estava bom o abraço... – disse em tom baixo, já voltando a sentir o calor em suas bochechas.

— Então não preocupe-se – O mais velho o segurou de forma firme, e  levantou-se facilmente com ele nos braços,  o fazendo rir alto, de forma infantil

Correu com o garoto nos braços, embalados em risos que chamaram a atenção de Yutaka, que os espiava entre as pilastras do hall.

De certo modo, gostava de ver seu aprendiz agindo de forma tão leve. Mesmo que tudo fosse uma grande quebra de regras. Kouyou não se encaixava nos padrões de seu mundo. E não interferiria nos atos do mesmo, não mais.

[...]

Kouyou colocou com cuidado o menor na cama, que o encarava ainda com o rosto avermelhado.

— Obrigado, Kouyou...  – disse se ajeitando na cama.

— Vou deixa-lo em paz... – o mais velho ia se afastar, mas Yuu levantou-se, e segurou seu pulso.

— Fica aqui... – disse em tom baixo.

Kouyou sorriu, sentando-se ao lado do menor.

— Tudo bem... ficarei um pouco contigo... – sorriu. – Ficarei até que pegue no sono.

Yuu assentiu, voltando a deitar-se, ajeitando-se de forma que ainda sobrasse espaço para que o mais velho continuasse ali ao seu lado.

O sono já vinha leve, estava já quase adormecendo, novamente, depois de alguns minutos de silencio, mas continuava segurando Kouyou.

— Vou te proteger Yuu... Nada mais de ruim acontecerá contigo... – sussurrou, se levantando, e tirando delicadamente a mão do menor que ainda segurava seu pulso.

Ficou ainda mais algum tempo olhando para o outro, caso ele despertasse, e saiu rapidamente do quarto, fechando a porta tranquilamente.

— Ah, realmente, há algo diferente entre você e o humano. – ouviu Yutaka, e voltou o rosto na direção que o outro estava.

— Do que estás a falar? – reclamou. – Diminua o tom, Yuu acabou de adormecer, não quero incomodá-lo.

— Sabes sim do que estou a falar, não és tão bobo assim  – sorriu.

— Continuo não entendendo o que deseja. – disse, mesmo sabendo vagamente  o ponto que seu mestre queria chegar.

— Não se finja de desentendido, sei que entendeu o que eu lhe disse. – desfez o sorriso do rosto. – Estás mais próximo de um humano, de um jeito mais intenso de quando veio procurar-me para salvar seu outro humano.

— Não pode afirmar nada.

— Tornou-se desafiador, Kouyou... Nem parece o filhotinho assustado que fui obrigado a carregar de um lado á outro e evitar que agisse fora do padrão dentro de nosso mundo.

— Não sou mais uma criança. Fiquei sozinho por muito tempo para poder aprender um pouco mais... – respondeu, fazendo com que Yutaka se aproximasse.

— Estou caçoando de ti, como fazia antes comigo e eu não compreendia. Aprendi algumas coisas também.

— Porque deveria confiar em você? – questionou Kouyou.

— Devia confiar em mim, Índigo ainda está vivo, e você não foi castigado em momento algum. Não entendo seu medo repentino;

— Não consigo compreender sua volta repentina. – respondeu.

— Aquele mundo também não era para mim. Há muito mais sentido estar em meio ao humanos, mesmo não estando plenamente certo de que isto é o melhor para todos nós.

— Akira não confia em ti. – disse. – E eu tendo a ouvi-lo mais, ultimamente.

— Akira é apenas um rebelde. Nunca confiou em mim, nem quando fui nomeado teu guardião. Ele sempre supôs que fui indicado para separá-los. – Respondeu de forma sincera, começando a caminhar pelo corredor, sendo imitado pelo mais alto.

— Não quero que Yuu e Índigo fiquem em perigo. E se entregar a situação aos anciões os primeiros a sofrerem serão eles. Nesse ponto Akira está certo, você já ameaçou-me com isto.

— Vampiros não sofrem. Podia logo dar um fim nele, e o Yuu ficaria seguro. Mas você se apega as coisas. – Yutaka respondeu, e logo notaram a aproximação de Akira.

— Índigo tem sentimentos. – respondeu Kouyou; - Ele ainda tem, por mais que não demonstre. E ele não é uma coisa.  Prefiro que ele fique preso no porão, do que entrega-lo á morte.

— Ele já está morto. Aquilo ali, somente é uma criatura amaldiçoada, sem a alma que dá essência aos humanos. Pelo menos isto eu sei  – completou Akira.

— Parem... ninguém tocará em Índigo. – avisou se afastando de ambos.

Akira olhou para Yutaka, que sorriu levemente.

— Conseguiu o que queria, Akira... – disse Yutaka, mantendo o sorriso. – Kouyou rebelou-se de vez.

— Tanto faz, Kouyou tem vontade própria, nem tudo o que achamos certo, é o que ele também achará. – respondeu, se afastando e entrando em seu aposento, que estava próximo.

Yutaka manteve o sorriso, e continuou parado por alguns segundos, logo retornando o caminho, e adentrando o quarto de Yuu. Queria observa-lo de perto, estava curioso com o humano.

Fora surpreendido pelo gato, que entrara junto consigo no quarto.

— O.... um animalzinho... – disse. – Pertence ao humano, provavelmente.  – continuou o caminho, e se aproximou da cama, tocando o rosto do garoto, que apenas se virou, se ajeitando na cama. – O que aconteceu para que Kouyou se apegasse á você...  O que há de tão especial em um mero humano, mortal e frágil? – sussurrou, mas o tom fora alto o suficiente para que Yuu despertasse e se assustasse com a proximidade.

— Oh.... – o menor sentou-se na cama, sentindo o gato pular sobre si, despreocupadamente.

— Ah, o fiz despertar... – Yutaka sorriu. – Fiquei curioso contigo, vim ver-lhe melhor...

— Assustou-me... – disse. – Onde está Kouyou?

— Saiu, talvez para se alimentar, ou alimentar o vampiro que ele mantem no porão. – sorriu, sentando-se ao lado do menor. – Incomodo-lhe?

— Devo confiar em ti? – questionou. – Não irá sugar-me?

— Oh... já havia esquecido que és um daqueles humanos que não morrem aos nossos toques... Interessante... Kouyou não disse de onde vieste.

— Kouyou não sabe muito sobre mim. Não há muito que saber também... – respondeu, ainda sonolento.

— Estás cansado... Amanhã poderemos conversar... Não preocupe-se, não irei suga-lo. Tenha uma boa noite. – Yutaka se levantou, e saiu do quarto.

— Assustador... – Yuu resmungou, pegando o gato e colocando sob os lençóis, para dormir consigo.

Estava realmente cansado, e não queria perder a noite pensando teorias sobre o mestre de seu anfitrião.

Ele só passava a mesma impressão de desconhecimento, e talvez com o tempo se acostumasse com a criatura, assim como fora com Kouyou e Akira.

[...]

Kouyou observou Índigo saciar a sede, e largar o corpo do qual sugara quase todo o sangue, ao chão.

— Devias ter um pouco mais de cuidado... – pediu Kouyou, com os olhos repletos de lágrimas, com a feição entristecida, como o vampiro já havia acostumado a ver.

— É impossível, já que me prende aqui e não me alimento com a frequência que deveria. – disse de forma infantil.

— Sabe que se eu soltar a primeira criatura que irá atacar será o Yuu. – o outro avisou. – E se não ocorrer isto, irá atacar várias pessoas no vilarejo, e vão nos descobrir.

— Está sendo pessimista. – disse Índigo – Deveria confiar em mim...

— Estou sendo cauteloso! – respondeu. – Agora, afaste-se da grade, vou livrar-me deste corpo.

— Não diga que também não aproveitou... Odeio quando os suga antes de mim, o sangue fica com gosto ruim. – avisou, vendo o mais alto recolher o corpo e trancar rapidamente as grades, antes que vampiro resolvesse fugir.

— Limpe-se, eu irei subir, amanhã á noite retorno aqui.  – avisou, arrastando o corpo para fora do corredor da cela.

Ajeitou o corpo em suas costas, para facilitar a saída, seguiu para o corredor onde haviam os vinhos, e passou pela saída secreta, chegando á uma área remota do jardim, onde já havia uma cova aberta.

Jogou o corpo no local, e o cobriu rapidamente.

Voltou o rosto para o céu, encarando as estrelas brilhantes.

— Por que me fizeste tão defeituoso? Porque me amaldiçoaste desta forma?

As lágrimas correram pelo rosto, deixando a frustração esvair com elas, pelo menos momentaneamente.

— Porque só eu sinto tudo isto, tudo o que eles sentem?

Kouyou permaneceu por mais algum tempo na friagem, até que sua atenção voltasse para as luzes nas grandiosas janelas.

Não poderia passar a madrugada toda lamentando seus defeitos,  precisava apenas se acalmar e voltar ao calor da casa.

Estava no meio do caminho da mansão, quando notou que Yutaka o  observava da janela.

Com o olhar fixo, lhe fazendo reviver seu passado, já tão distante.

Talvez, só fosse isso, toda aquela memória dos medos do passado, somente viera com a presença de seu mestre, como Akira sempre dizia.

[...]


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Notas finais do capítulo

O que estão achando da presença de Yutaka na casa? E das cenas 'fofas' do Yuu com o Kouyou?
Obrigada mais uma vez! Até o próximo!!!
Beijos!



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