Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 12
Twelve - Confiança


Notas iniciais do capítulo

Aoie!!!!

Cheguei cedo hoje XD
Sem enrolar, então... BOA LEITURA! ♥



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— Akira o tirou de lá... – disse Kouyou, ainda observando as reações de Yuu.

— Então era Akira? – sussurrou Yuu, ainda um tanto confuso com as explicações de ambos seres. – Mas... Me lembraria se fosse teu rosto, lembraria! – insistiu, vendo Akira sorrir brevemente.

— Somos metamorfos. – Kouyou disse.  – Esse rosto que vê, podemos modificar, podemos nos tornar qualquer ser humano.

— Metamorfos? – sussurrou o garoto, ainda confuso. Não tinha ideia do que seria aquilo, mas nada era natural para si naquele lugar, restava esperar uma melhor explicação de ambos.

— Sim, viste daquela vez, nossos rostos reais... E não gostaste muito. – continuou o mais alto.

— Como... como encontrou-me, Akira? – Yuu voltou o olhar para o outro, que ainda permanecia sentado ao seu lado, apertando os dedos uns aos outros.

— Kouyou descobriu onde era o manicômio, e  me convenceu a ir até lá... Infiltrei-me para resgatá-lo. – continuou Akira, vendo o mais novo coçar a cabeça, e voltar o olhar para Kouyou.

 - Porque... Não contaram-me antes? Salvaram-me, eu deveria agradecer por me tirarem daquele inferno!... – disse com os olhos cheios de lágrimas.

— Não queria que relembrasse seus momentos ruins... – Kouyou se aproximou, segurando as mãos do menor, que voltou o olhar para ele. – Não quero vê-lo chorar mais... És alguém de bom coração, se não o tivesse, não teria se arriscado e ido salvar a pobre donzela.

A forma dócil que o mais alto falara, fez com que o mais novo assentisse levemente, agradecendo os adjetivos.

— Sinto pena por ela não ter sobrevivido... – sussurrou depois de alguns segundos.

Todos ficaram em silencio por longos minutos, até que Akira levantou-se rapidamente.

— Ah, vocês são extremamente sensíveis a tudo... – saiu do quarto, fazendo com que Kouyou sorrisse levemente.

— O que houve? Não compreendi. – disse Yuu ainda olhando para porta que o outro fechara.

— Já disse que sou considerado diferente dos outros? – sussurrou Kouyou. – Sentimentalismo é algo comum entre os humanos. Não entre nós... E Akira fica um tanto incomodado com alguns atos, mesmo tendo convivido tanto tempo comigo.

— Mas... vocês... tratam-se como irmãos. Isto não é sentimentalismo? – voltou o olhar para o mais alto, que finalmente sentou-se ao seu lado. Parecendo pensar em uma forma de explicar-lhe toda a situação.

— Sentimentos humanos são complexos para nós. Foram feitos milimetricamente por seu criador. Já o nosso, não tinha essa mesma paciência... Então com a convivência com vocês, apenas imitamos os sentimentos que tem. O que sentimos, é simples... não tem a mesma profundidade dos humanos.

— Mas disseste-me que eram superiores á nós... Mas também disseste que eram como se tivessem sidos amaldiçoados pelo seu criador.

— É... lembro-me disto, podemos ser considerados ‘superior’ por não sermos mortais, ou até mesmo por sermos mais fortes, não sentir dor, e metamorfos, mas não termos acesso ás mesmas intensidades e complexidade de sentimentos, como vocês, então não dedicamos nossos dias á amores, ódio, tristeza, dores. Apenas obedecemos, somos superiores para nosso criador, para ele sentimentos não importam... Então viver assim, em minha visão é como uma maldição.

— Mas sobre sentimentos... você... – Yuu fora interrompido pelo outro.

— Eu... sou um caso á parte... Cheio de defeitos... Reza a lenda de que quando fui formado, nosso criador não foi cuidadoso.

— Fala como se fosse próximo ao... criador... – sussurrou.

— Não há essa distancia como os humanos... Mesmo que nunca tenha visto a forma física de nosso criador, ele está mais ligado á nós do que com o seu deus.

Yuu assentiu. Não conseguia compreender muito toda aquela história, nem ao menos queria prender-se a ela.

Kouyou contara tudo, sentia isso. Não haviam mais segredos entre eles, então tudo seria mais tranquilo dali por diante. Confiava mais no anfitrião, tanto como em Akira, mesmo o ultimo sendo arredio com sentimentalismo.

Tomou coragem e abraçou o mais alto, que acabou sorrindo largamente com a demonstração de afeto vinda do outro, sem temores, sem ser apenas por estar chorando e precisando de proteção.

Era um abraço amigável, de confiança;

— Irei proteger-te Yuu... Podes confiar em mim agora? – sussurrou próximo ao rosto do outro, que apenas assentiu, sentindo o beijo em sua fronte.

[...]

Yuu terminara o seu banho, e vestira-se rapidamente, o céu ainda estava claro, e queria divertir-se do lado de fora da mansão silenciosa.

Passara pelo corredor, avistando o anfitrião dentro da biblioteca, lendo um livro de capa escura, e parecia concentrado demais para perceber o olhar do mais novo sobre si.

O garoto permaneceu, alguns longos segundos, até que Kouyou o notasse e fizesse sinal para entrar.

— Gosta de ler? – perguntou o mais velho, vendo Yuu sentar-se ao seu lado, curioso.

— Não sei ler...  – respondeu brevemente.

— Ah... Posso ensiná-lo? - olhou sorrindo para o garoto, que assentiu envergonhado.

— Quem ensinou para você? – sussurrou Yuu.

— O pai de Índigo... eu sempre o observava aqui na biblioteca, um dia ele percebeu, e chamou-me, assim como fiz contigo...

Yuu sorriu levemente.

— Sempre acho esses desenhos bonitos... – apontou para a letra detalhada do inicio da página.

— Sim... Também acho uma bela arte... – Kouyou parou por alguns segundos, como se houvesse pressentido algo. – Espere por um momento. Já retorno... – entregou o livro nas mãos do garoto e saiu rapidamente da sala, deixando-o sem entender a situação.

Continuou folheando o livro, observando todos os traços e gravuras que haviam nas páginas.

Se assustou, quando Akira entrou rapidamente na biblioteca, e fechou a porta com força.

Deixou o livro de lado, e continuou olhando para o outro, que andava de um lado ao outro resmungando algo numa língua que não compreendia;

— Algo errado, Akira? – sussurrou o garoto, incerto com a decisão de que isto não iria irritar mais ainda o outro.

— Tudo. – respondeu. – Kouyou deveria aprender a não precisar do mestre dele cada vez que algo acontece!

— Mestre? Ah... ele citou isso para mim, mas não disse muito...

— Kouyou por ser muito diferente de todos nós foi obrigado a ter um mestre, um guardião que o vigiaria para que não agisse fora do padrão e ensinaria caso fosse necessário.

— Ah... parece... um tanto ruim... – disse ainda olhando atentamente  para as reações de Akira, que estava com a feição fechada.

— Mas ele não compreende isso. Manter o mestre dele por perto é um dos grandes erros dele.

— Talvez ele saiba o que está fazendo. – sussurrou o menor.

— Kouyou... Ah deixe isso para depois... O que fazias aqui? Lendo também? – tentou mudar o assunto, para não pensar em todos os problemas que teria se o mestre do outro permanecesse ali.

— Ah... Eu não sei ler... – disse. – Kouyou disse que ensinaria-me...

— Compreendo… - disse voltando os olhos para a porta, que logo fora aberta por Kouyou, que parecia contido.

Yuu o observou atentamente, logo notando a presença atrás do mesmo.  Com o rosto oculto por bandagens.

Sentia um misto de curiosidade, e medo, não sabia o que esperar de outra criatura, de outro sugador de pecados.

— Este é seu protegido? – o outro passou por Kouyou, e observou melhor Yuu.

— Sim este é Yuu.

— Não vai pedir para que eu salve também, não é mesmo? – caçoou, tirando as bandagens, revelando o rosto dócil, e o sorriso infantil. – Oh, que falta de educação a minha, sou Yutaka!

— Olá, senhor... – Yuu fez uma breve reverencia, ainda desconfortável com a nova presença.

— Não precisa, tratar-me desta forma...  – disse, observando todo o local.  – Hum, estão ainda com o sugador de sangue por aqui... Ele ainda não atacou ainda o humano?

— Índigo está num local seguro, para ele e para o Yuu. – disse Kouyou. – Não haverá incidentes.

— Espero... que não tenha que interferir em nada... – disse. – Olha só, Akira está aqui...  – caçoou.

— Diga-me que não convidou esta criatura para permanecer aqui. – disse Akira olhando para Kouyou que apenas seguiu em direção á Yuu, sentando-se novamente ao seu lado.

Akira bufou raivoso, e seguiu para fora do cômodo, sob os risos de Yutaka.

— Continua o mesmo, sempre arisco...  – Yutaka sorriu e seguiu para a poltrona próxima dos outros. Os observando.  – E você Kouyou, continua influenciável...

— Sentimental, eu diria... – respondeu, pegando o livro novamente, e abrindo na página que estava marcada. – Voltemos ao que fazíamos anteriormente, certo Yuu?

O garoto assentiu, ainda constrangido com o olhar fixo de Yutaka sobre ele.

— Está sugando ele, Kouyou?  - Yutaka sorriu, e Kouyou suspirou alto. E Yuu corou visivelmente.

O local havia ficado com o mesmo clima de sua chegada, um tanto ameaçadora, e Yuu estava com medo das reações de seu anfitrião com o novo convidado.

— Está julgando-me mal, mestre. – respondeu. – Yuu é meu protegido, eu não faria isto com ele.

— Mas pela carinha do seu protegido, já deve ter feito isso, não é mesmo?  - Yutaka estendeu a mão, tocando o rosto de Yuu,  que encolheu-se contra Kouyou, que deixou o livro de lado, e o protegeu com os braços, permanecendo assim por alguns minutos silenciosos.

—Yutaka, está sendo rude. – disse. – Yuu.... vá brincar com seu gato, aproveite o dia lá fora... Só não saia do jardim, ainda é perigoso.

O garoto assentiu, se levantando rapidamente e saindo do cômodo;

Yuu correu pelo grande corredor esbarrando em Akira, que carregava o gato negro nos braços.

— Akira... vamos ao jardim? Não quero ficar lá sozinho...

— Kouyou lhe expulsou da biblioteca? – questionou. – Ou foi a presença de Yutaka que lhe incomodou?

— Yutaka deixou-me desconfortável... Kouyou notou...  – disse em tom baixo, ainda constrangido, e com o incomodo do olhar do recém chegado, como se ainda estivesse sendo observado por algo.

— Yutaka é uma pedra no caminho, sempre atrapalha. Vamos ao jardim... – Akira segurou a mão do garoto, e praticamente o arrastou para fora da mansão.

Continuaram em silencio, e Akira soltou sua mão, sentando-se na entrada da casa. O gato saltou de seu colo, e seguiu Yuu, que já andava pelo jardim, olhando as plantas selvagens que nasceram ali.

— Sabe Blu... acho que encontramos um lar... de uma maneira  estranha, mas um lar... – contou para o bichano que ainda lhe seguia fielmente. – Se bem... – olhou para a mansão.

Era maior do que imaginara, era a primeira vez que a via estando no jardim. Haviam muitas janelas, tinha uma boa estrutura, mas continuava com aquele tom mórbido, da tinta desgastada, e das plantas que começavam a tomar as paredes. 

— Se bem que com o tal mestre do Kouyou... Sinto que... não sou tão bem-vindo assim... – resmungou, ouvindo o gato miar como resposta.

Andou mais um pouco, e depois de passar por trás de algumas pequenas arvores, encontrou uma pequena trilha.

Espiou o local ao redor. Mas recordou-se do pedido de seu anfitrião. O que lhe fez recuar rapidamente, esbarrando-se mais uma vez em Akira, que parecia estar indo busca-lo.

— Iria fugir? – questionou o mais velho, o vendo negar rapidamente. – Se quiser fazer isso, faça sem ser eu lhe vigiando, eu não sou obrigado a aguentar reclamações do Kouyou.

Se afastou, surpreendendo o mais novo, que esperava que ele fosse ao menos gentil consigo.

— Porque... agiu assim, Akira... nem parece o mesmo de antes, fiz algo errado? – questionou correndo atrás do outro, que já havia se afastado o suficiente.

Akira não respondeu e nem o olhou , continuou seguindo com pressa de volta a frente da mansão.

— Akira... – chamou mais uma vez, e dessa vez o outro o olhou por alguns segundos, e Yuu pode perceber os olhos do outro em tom vermelho. – Akira... não tem... obtido energia ultimamente não é? Não sei por que vou dizer isto... mas... se precisar

— Não vou fazer isso com você, Kouyou me mataria. Farei isto em um vilarejo próximo...

— Já fizeste isso comigo. – segurou o braço do mais velho, que voltou a encará-lo.

— Mas o Kouyou não sabe... E já lhe disse que eu não quero ouvir reclamações do Kouyou;

— Se pudesse fazer isto em um vilarejo próximo já o teria feito, está acontecendo algo, e não quer que Kouyou descubra. – apontou.

— As coisas são mais complexas do que pode imaginar, criança;

— Está evitando algo? Akira... Pedi para pararem de esconder coisas de mim! Eu pensei que... que já confiavam em mim... mas eu me enganei...

— Não vou contar coisas que não lhe dizem ao respeito. – se afastou. – E se Kouyou ouvir você se oferecendo para ser sugado, ficara bem chateado. – entrou novamente na mansão, deixando o garoto sem  reação.

Akira ainda escondia algo, e Yuu tinha um pressentimento de que não seria muito bom descobrir.


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Notas finais do capítulo

E então, sobre o 'segredo' em volta de Akira, o que vocês imaginam que seja? Gostaram do mestre do Kou?
Obrigada por lerem e comentarem, beijos ♥



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