Saints & Storms escrita por BellaNTV


Capítulo 5
Capítulo 3 - These strange dreams


Notas iniciais do capítulo

Oiiii! Hoje dia 09/09 é meu aniversário de 21 anos, mas quem ganha são vocêeees!
hahahaha Bem, hoje vão ter mais 3 capítulos e eu espero que vocês gostem!
Também quero agradecer aos comentários da ADesconhecidaNut e da Ana Paula Souza!
Além disso: Já temos mais de 200 visualizações! Sério, vocês são incríveis!
Bem, bora para a história!



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In the full moons light I listen to the stream
And in between the silence hear you calling me
But I don't know where I am and I don't trust who I've been
And if I come home how will I ever leave?
(Full Moon - Black Ghosts)

Nos dirigimos para as aulas e o dia seguiu sem nenhuma surpresa, somente o burburinho sobre os novos alunos, na saída, me encontrei com Madelaine e fomos para sua Ford Ranger preta. Madelaine gostava de pickups, ela gostava de ser barulhenta.

Ela me deixou em casa me avisando que teria que ir pra casa direto pois sua mãe estava precisando de ajuda em seu novo projeto artístico. A Mãe de Madelaine é quase uma segunda mãe pra mim, sempre avoada e sempre com projetos artísticos brilhantes.

Ninguém estava em casa naquele momento então só fui direto para o banho. Era estranho ter a casa vazia, mas desde Janeiro tinha sido assim de certa forma.

Lembrar de Janeiro me causava alguma dor, eu queria esquecer as lembranças, mas elas continuavam rodando em minha cabeça e revirando meu estomago seguidas vezes.

Em Janeiro desse mesmo ano, eu havia perdido meus pais e minha irmã mais nova em um acidente de carro. Estávamos nós 4 na estrada, voltando de Vancouver, mais precisamente de North Vancouver onde minha irmã mais velha está morando pois ela estuda ciências políticas na UBC (University of British Columbia). Estávamos exaustos de ter acordado cedo, pego um voo e estar na estrada a 3 horas com mais uma pela frente.

Eu queria pelo menos ter uma história pra contar pra lidar com isso, mas foi só... Rápido. Pista molhada com uma leve camada de gelo, um caminhão deu uma leve derrapada e foi isso. Não tivemos tempo pra nem processar o que estava acontecendo. Eu desmaiei com a pancada e tudo que eu sei depois era eu em um hospital conectada a muitos cabos e tubos e agulhas, minha mãe e meu pai não estavam lá mais, minha irmã em uma sala de cirurgia e logo em seguida... Só eu. Era só eu.

Minha tia Claire chegou na UTI onde eu estava depois de uns 10 minutos da partida da minha irmã, minha irmã chegaria no dia seguinte e estava simplesmente desesperada. Minha tia Claire era a irmã mais nova da minha mãe e só sabia chorar do meu lado. Eu me sentia meio anestesiada, apática, confusa. E eu não chorei. Eu não participei do enterro de ninguém porque estava trancada em um quarto entre uma cirurgia e outra.

Eu havia machucado os braços, quebrado umas costelas, machucado a cabeça, mas por "milagre" eu estava muito melhor que os outros passageiros do carro. Depois que eu sai do hospital, minha irmã voltou para a faculdade, minha tia veio morar comigo, ela abandonou a cidade onde morava e um namorado para cuidar de mim e eu vou ser eternamente grata por ela estar lá quando eu chorei pela primeira vez. Eu só tive o peso da conclusão de que tinha perdido os 3 quando cheguei em casa e sentei na minha cama.

Bem, eu diria que eu lidei com o luto como todo mundo. Fiquei triste, fiquei depressiva, fui a uma psicóloga, melhorei. Eventualmente você aprende a lidar com o fato, mas se você lembra, dói. Dói porque você é humano e você amava aquelas pessoas que você não tem mais. Eu diria que Madelaine foi uma parte importante do processo, até o começo das aulas ela esteve todas as tardes comigo enquanto Claire estava no trabalho. E tia Vivian sempre mandava ela trazer alguma comida que havia feito.

Dificilmente nós comíamos se fosse algo salgado porque Vivian era amável, mas não era a melhor cozinheira do mundo. Seus bolinhos eram incríveis, mas suas aventuras salgadas eram realmente... salgadas.

Após o banho pensativo, fui procurar algo para comer, fiz um sanduíche e liguei o youtube na TV.

O dia então seguiu sem nada interessante, tia Claire chegou sem fome e foi direto para seu banho e eu resolvi deitar pois estava me sentindo muito cansada de forma atípica, meu plano era mexer no celular até dormir o que eu esperava que fosse demorar uma hora ou duas, mas em meia hora acabei me entregando ao sono.

Eu estava em uma clareira, era lua cheia. Ao longe eu conseguia ouvir sons de água, possivelmente um rio e das arvores farfalhando. Era tudo muito lindo, parecia quase místico.

— Bella... - Ouvi a voz de um rapaz chamando. A voz era macia e levemente grave, um pouco rouca. Eu não sabia quem ele estava chamando, parecia ser a mim, mas ao mesmo tempo não era eu. - Me virei procurando pela voz

— Quem é? - Perguntei

— Volte para casa... - Ele me pediu, ou pediu para uma outra pessoa, mas não sabia bem se poderia confiar no meu julgamento

— Eu? - Comecei o questionário - Eu sou a Bella? Onde é a casa? Que lugar é esse que a gente tá?

— Por favor Bella - Disse entre-dentes.

— Por favor o que? - Eu estava muito confusa.

— Seu pai está esperando você - Ele parecia nervoso.

— Meu pai? Você precisa me explicar!

— Porque isso importa? - Perguntou genuinamente confuso.

— Porque nada aqui faz sentido! Eu nem sei quem é você!

— Você não vai desistir não é? - Ouvi passos na grama e virei em direção ao som, parecia um homem de uns 1.80 e era esguio. Por algum motivo, seu rosto parecia borrado, não conseguia ver ele, parecia que as arvores se curvavam e faziam sombra nele. Um detalhe me chamou a atenção: Havia sangue em sua camisa.

— Eu só quero que você me explique! - Reclamei exasperada porque ele só soltava frases que eu sentia que já conhecia, mas não entendia de onde.

— Nesse caso... Espero que goste do desapontamento. - Disse com rispidez.

A cena começou a ficar meio distorcida enquanto eu tentava processar o que havia acontecido. Estava com raiva por ele não responder, mas estava curiosa, eu devia correr por causa do sangue, ele podia ser um assassino, mas eu queria chegar perto e ver o rosto dele. Era como se ele fosse o sol e eu Ícaro, hipnotizada, querendo chegar perto, sendo atraída por sua gravidade, mas sempre caindo de volta ao derreter de minhas asas.

Acordei ofegante. Tinham camadas de coberta e roupas demais. Minha cabeça rodopiava com o sonho enquanto eu empurrava um edredom para longe de mim. No relógio de mesa estava indicando que eram 5 da manhã. Bufei.

Eu particularmente odiava esses sonhos estranhos que vinha tendo desde que fiz 15 anos. Eram sempre uma sequência de elementos padrões, eu nunca via os rostos das pessoas, sempre todos eram muito brancos, as vezes tinha sangue, lobos grandes demais, casas de vidro, clareiras, carros de polícia e muitas arvores. Era extremamente confuso pra mim.

Decidi que provavelmente não conseguiria dormir novamente pois ficaria cansada. Levantei chateada de ter que abandonar minha cama e separei a roupa para o colégio. Verifiquei a grade horária e peguei o trabalho de biologia que havia feito no domingo colocando ele dentro de uma pasta na bolsa. Sai do quarto para tomar uma ducha bem rápida pois apesar de não ser um costume meu, eu tinha suado muito com aquele edredom pesado e não queria chegar no colégio fedendo suor ainda mais sabendo que teríamos novas pessoas por lá. Após o banho me lembrei que provavelmente teríamos hoje a primeira reunião com as líderes de torcida, logo no primeiro horário e voltei para o quarto para separar o uniforme.

Sim, seria incrível uma saia fofa e regata, mas definitivamente eu não sairia de saia sem nenhuma proteção em um lugar frio como Prince Rupert. Então peguei a legging, o moletom e acabei aproveitando para arrumar o cabelo. Só prendi ele no penteado que Madelaine chamava de "Mackenzie-também-sou-rica" que era só prender duas faixas frontais do cabelo para trás com uma fita azul clara na cor do uniforme do time.

Tomei meu café e comi umas torradas, escovei os dentes, voltei para me vestir com a roupa normal do dia e guardar o uniforme na bolsa. Acabei sentada na sala e cochilei uns 10 minutos até Claire acordar e começar a fazer barulhos na cozinha.

Ás 07:10 Madelaine apareceu em casa e fui com ela para a escola. Desde o acidente eu havia evitado pensar em carros, mas minha tia dizia que eu deveria aproveitar a herança boa que meus pais deixaram e gastar uma parte em um carro usado para poder me locomover sem precisar dela ou de Maddy. Eu estava considerando isso, mas não havia encontrado nada que eu gostasse realmente.

Em 20 minutos chegamos no estacionamento e lá estava o carro dos novatos. Eu sabia que era um volvo, mas não sabia que modelo e nem ano. Maddy me assobiou que era um hibrido de uma geração e eu sinceramente nem entendi o que isso queria dizer, mas concordei com a cabeça porque parecia ser impressionante. Maddy estacionou na mesma fila, que eles estavam, mas alguns carros de distância e isso significava que o carro deles estava entre nós e os prédios que constituíam a escola.

Descemos do carro e vimos que tinham 5 pessoas em volta, conversando, pareciam ser eles mesmo.

— Pronta para conversar só sobre eles nas próximas duas semanas? - Maddy chegou do meu lado me assustando um pouco. Ela riu ao ver minha reação - Você sempre se assusta, não é possível - Continuou rindo

— Bem - decidi ignorar os comentários sobre minha facilidade de me assustar - Eu não acho que vai ser horrível, só espero que eles sejam legais... - Na verdade eu estava morrendo de curiosidade, algo me fazia querer correr pra aquele volvo e me apresentar. Talvez o penteado de Mackenzie estivesse me dando a personalidade dela, torci o nariz ao pensar.

E falando no demônio... Vi Mackenzie passar saltitando de seu carro em direção aos pobres novos alunos. Ela ia infernizar eles.

— Você acha que devemos resgata-los dessa morte cruel? - Maddy disse como se pudesse ler meus pensamentos. Ela olhava para a menina baixinha e loira e chegava perto do volvo prata.

— Acho que sim... - Disse meio incomodada ao ver ela ao longe gesticulando demais. Sabe aquela história de "Imagem não tem som"? Então. Se você conhece a Mackenzie e vê ela de longe gesticulando daquele jeito, você ouve um som sim. Estridente e ansioso e meio desesperador.

— Vamos lá - Maddy disse dando o primeiro passo em direção ao outro carro.

Respirei fundo e segui a ruiva.

 


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar :)
Bjkas e torta de amora!



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