P.O.V Edward

56, 57, 58, 59, 00, 01, 02, 03...

O som do relógio batendo ao fundo do quarto parecia a pior das torturas. O tempo era cruel e me esmagava com a minha existência sem sentido. Quase ri ao pensar novamente que meus pensamentos muito se assemelhavam aos pensamentos de algumas crianças.

Lembro ainda como se fosse hoje do dia que ela partiu. Alice e Carlisle me encontraram no meu esconderijo no Brasil, ambos escondendo seus pensamentos e com expressões sombrias.

— Ela se foi, Edward - Alice disse e soluçou, como se pudesse chorar.

— Não... - Senti cada célula do meu corpo doendo - Ela não...

— Alice teve uma visão a 3 dias atrás - Carlisle começou - Ela viu Bella pulando de um penhasco em La Push - Nesse momento tudo começou a girar e sabia que se fosse humano, teria desmaiado - no começo pensamos que poderia ser somente um alerta falso, já que Alice tinha visto anteriormente Bella tomando atitudes... Arriscadas. No entanto, quando ela voltou para Forks para conferir e confortar Charlie no pior dos casos, ela encontrou um funeral. O corpo de Bella havia sido achado pelas crianças da tribo na praia, já sem vida, tentaram reanimar ela, mas era tarde demais. Por isso viemos. - Carlisle seguiu falando algo sobre Charlie que não ouvi, parecia que tudo que eu via e sentia era vazio e dor. Eu havia perdido ela, não teria a chance de encontrá-la, não poderia voltar correndo para seus braços mesmo se quisesse.

Minha Bella tinha morrido e levado meu coração com ela.

Naquele dia eu quis ir para Voltera, provocar os Volturi, mas nas vezes que tentei, não aceitaram me tirar dessa vida, seja porque minha família impediu, seja por respeito a Carlisle ou por vontade de me ter em seu clã. Decidi então esperar que Vitória aparecesse atrás de Bella, o que aconteceu em Forks e conseguimos captura-la, o que no fim acabou por ser um erro. A última coisa que eu poderia fazer tinha sido feita.

Agora, aqui estamos, 25 anos depois, em setembro, início de ano letivo e o mês que tomei a péssima decisão de abandona-la... Estávamos desta vez em Prince Rupert, Canadá, uma pequena cidade com 12.000 habitantes onde o sol só aparecia em torno de 50 dias por ano, o que a tornava praticamente a cidade perfeita para nós.

Alice desta vez parecia um pouco mais agitada que o normal, mas ignorei o fato, talvez fosse por eu estar me juntando novamente a eles para parecer um aluno de colegial depois de 10 anos sem tentar, e bem, eu era indiferente a esse humor borbulhante nesse momento, por mais que Alice merecesse que eu me contagiasse com sua felicidade.

Porém, algo no fundo me dava uma sensação estranha e esperançosa no meu coração gelado.