Saints & Storms escrita por BellaNTV


Capítulo 12
Capítulo 10 - The girl and the raven


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Chegamos ao capítulo 10 e eu gostaria de agradecer a Nova Cullen que vem comentando e a Mariana que favoritou a fic :)
Obrigada a todos que vem acompanhando, espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/794813/chapter/12

P.O.V. Freya

Acordei com a claridade e o vento gelado dentro do quarto enquanto o alarme soava o sofrido anuncio: Hora de levantar.

Sentei na cama me envolvendo no cobertor e olhei para a janela aberta, acredito que fiquei uns bons 2 ou 3 minutos observando o nada e vendo nada também. Aqueles preciosos minutos onde você precisa aguardar que sua alma retorne para seu corpo. O pensamento me fez rir sozinha e analisar minha imagem no espelho me fez rir mais. Eu parecia uma louca, com o cabelo desorganizado, rindo sozinha e olhando para lugar nenhum.

Levantei com tristeza de ter de abandonar minha cama quente e me apressei para fechar a janela e fui até o armário alcançar uma blusa quentinha para o dia. Eu decidi que hoje seria um dia de calças e jaquetas e assim o fiz.

Me encaminhei até o banheiro onde tentei virar uma pessoa socialmente apresentável. Eu não sentia a urgência de incluir maquiagem nessa rotina, apesar de gostar, então quando eu fazia eu ia para algo leve, até porque eu estava tendo ainda o benefício da idade. Acabei olhando por algum tempo para a bolsinhas de maquiagem do banheiro, as quais eu compartilhava com Claire e decidi que eu estava com mais fome do que vontade de fazer algo.

Desci então e fui atrás de café e torradas com geleia. Liguei a cafeteira e puxei os itens dos armários e geladeira. Subi para meu quarto enquanto o café era coado e juntei as coisas que deveria levar no dia e algumas que deixaria no armário da escola, além disso, peguei meu celular e constatei que talvez até o fim das aulas, a bateria acabaria. Levei ele e o carregador comigo para tentar dar uma sobrevida ao mesmo enquanto comia. Deixei ele conectado em uma tomada da cozinha e comecei a me servir.

Ouvi a buzina na frente de casa não muito depois e resolvi que lavaria a louça depois. Joguei a louça na pia, me certifiquei que a cafeteira estava desligada, peguei meu celular, a mochila e dois cookies e saí correndo até o carro.

— Que demora hein? – Madelaine disse impaciente. Hoje ela estava com uma trança lateral e parecia um pouco melhor do que ontem, mas também percebi que algum corretivo em suas olheiras.

— Desculpa, eu me enrolei bastante hoje, mas eu trouxe cookies! – Completei sorrindo, satisfeita comigo mesma. Madelaine olhou para o doce oferecido com olhar de duvida, pegou um e colocou na boca enquanto saia com o carro.

— Cinto – Ela disse de forma engraçada, com o cookie entre os lábios. Obedeci imediatamente, largando a bolsa entre os pés, o celular dentro dela e puxando o cinto de segurança – Nossa isso ta bom – Olhei para ela e ela já havia mordido a tentativa de brownie – Foi você quem fez? – Ela levantou uma sobrancelha e me olhou rapidamente.

— Não, foi a tia Claire, ela estava tentando fazer brownies ontem a noite, mas a massa ficou dura demais, então ela separou como cookies, o que foi bom, parecem bolachinhas de bolo, o que na verdade, são – Ri da minha própria forma de explicar.

— Ela um dia aprende a mexer menos a massa – Ela riu antes de dar outra mordida.

Me estiquei para ligar o rádio e logo uma melodia genérica surgiu e assim seguimos quase silêncio até a escola. Ao entrarmos notei de forma animada o volvo prata no estacionamento que já estava quase vazio. Provavelmente estávamos em cima da hora.

Descemos rapidamente e dessa vez, Maddy não me acompanhou até a sala pois se atrasaria.

Entrei na sala de matemática e trigonometria pouco antes do professor entrar e procurei rapidamente meu lugar. Eu estava sentindo que o dia parecia meio em câmera lenta, tudo se arrastava e parecia que estava me sufocando. Era uma sensação ansiosa confusa e eu sentia que parte vinha do sonho da noite passada.

As aulas seguintes continuaram arrastadas, tudo seguiu arrastado, era como se eu estivesse me sentindo esgotada emocionalmente.

— Olha Freya, dá pra você tirar esse espirito emo da sua cara? – Mackenzie disse irritada, seus olhos azuis se revirando – Eu não sei o que aconteceu, se alguém interrompeu uma foda sua ou se você leu alguma matéria sobre aquecimento global, mas cacete, pelo menos finge que tá animada com o que eu to te falando sabe?

— Desculpa Mack, eu só to com a cabeça na lua, eu sei lá, acordei assim sabe? – Disse parando próxima a uma janela e olhando para fora.

— Entendo, mas acho que você tem que se perguntar: O que eu tenho a ver com isso? – Olhei para ela e só... Comecei a rir? Mackenzie não era bem um exemplo de suavidade, ela não era nada como Madelaine, mas seus ataques infantis eram engraçados.

— Nada a ver – Disse ao me recuperar – Vai só repete o que você tava falando.

— Obrigada – Ela disse dando um sorrisinho irônico – Eu estava falando que minha mãe quer dar um daqueles jantares dela sabe? Acho que ela quer agradar os Cullen, porque ela ouviu que eles são muito ricos e ela ta morrendo de vontade de ir na casa deles.

— Eu não to surpresa com isso, é muito a cara da sua mãe.

— Sim, é. Mas também sabe o que é muito a cara dela? Tentar me colocar em um daqueles vestidos feios cheios de lantejoula e me deixar 7 horas em um salão pra tentar me deixar, nas palavras dela, “apresentável o suficiente” – Ela disse fazendo aspas no ar – para eu impressionar algum dos filhos do senhor Cullen e daí namorar, casar e usar o dinheiro deles para ela viver uma vida mais confortável. Não que eu vá reclamar se eu acabar ficando com um deles, eles são lindos, mas é meio vergonhoso.

Era triste isso, sinceramente, Joanne tratava Mackenzie como um prêmio, um objeto. Ela vivia elogiando a filha para todos que fossem interessantes, mas em casa ela tratava a menina como uma boneca, e eu não to falando no bom sentido. Mackenzie nunca era boa o suficiente para a mãe, suas notas nunca eram as melhores e nem sua aparência. Ela via a filha como alguém para servir de banco na velhice, velhice essa que ela tentava combater a todo custo com muitas cirurgias plásticas.

Era uma vida vazia com uma família vazia em uma casa cheia. Mackenzie não tinha valor em nada e nisso copiava alguns comportamentos nocivos da mãe na tentativa de obter aprovação.

Mackenzie nunca admitiria isso, óbvio, mas ela odiava sua mãe e odiava sua vida. Ela odiava não poder flertar com Jonathan, que nunca havia lhe dado muita atenção, mas isso vinha do mesmo fator que a impedia de tentar conquistar essa atenção - Joanne dizia que Jonathan só servia para ser empregado. Motivo? Bem, Jonathan era descendente de índios e aparentemente na visão totalmente distorcida e feia de vida de Joanne, sua pele bronzeada e avermelhada nunca poderia gerar crianças bonitas e inteligentes o suficiente.

Era um pensamento que ninguém aprovava, mas Joanne não se importava muito. Ela considerava todos inferiores mesmo.

Mackenzie também odiava o fato de sua mãe só se importar com a própria aparência e que ficava empurrando em Mack várias horas de salão que ela até gostava, mas sentia que eram um exagero.

Mackenzie odiava que sua mãe fingia que era muito rica, mas não era assim.

E acima de tudo: Ela odiava que seu pai era ausente o tempo todo.  Algo que eu sinceramente acredito ser inveja. Inveja de que o pai dela podia simplesmente ir para o outro lado do país quando Joanne estava insuportável demais. E inveja do fato de que ele sabia se defender.

O Sr. Jones era meio que um mistério. Sabemos que ele casou primeiramente com Joanne por amor, mas rapidamente viu que ela só estava com ele por interesse e no entanto, não pediu divórcio e nem continuou necessariamente amando uma mulher que não lhe amava. Ele só continuou a vida, casado, mas sem se importar muito.

Ele ficou feliz com o nascimento de Mackenzie, a trata muito bem quando a ve, sempre se preocupa em conversar com ela quando está em casa por um período mais prolongado, lhe dá os presentes que ela realmente quer, sabe qual é a sobremesa favorita dela e qual cantor ou cantora ela acha mais legal no momento.

Mas apesar de ser um bom pai, ele só existe a cada 6 meses.

Se ele tem outra família? Possivelmente sim, mas ninguém se importa muito com isso. Joanne só se importa com o fato de que ele continua provendo dinheiro para suas extravagâncias e Mackenzie só se importa com o fato de que pai é legal, apesar de ela sentir vontade de passar mais tempo com ele.

Era uma dinâmica familiar estranha onde a família quase não existia.

— Olha só relaxa, vai ser no máximo uma noite sofrendo e até onde eu sei, a senhora Cullen parece ser legal, talvez não seja tão horrível.

— É eu espero, mas enfim, vamos comer pizza ou vai ficar ai na janela se alimentando de vento? – Mackenzie disse fazendo sinal para direção do refeitório onde os alunos que estavam saindo de outras salas se encaminhavam.

Antes que eu pudesse responder com uma piada, um som bizarro de pássaro chamou minha atenção e a de Mackenzie.

Olhamos para a janela ao mesmo tempo e vimos no beiral um corvo. Ele era grande e como todo corvo, suas penas eram muito escuras. Algo na imagem do corvo é muito sinistro, talvez seja seu som, as lendas urbanas, sua inteligência, talvez seja algo no imaginário de Edgar Allan Poe.

Ele parecia me encarar e isso me dava arrepios.

— Viu? Temos que ir logo, os urubus já estão prontos para comer nossos corpos desnutridos – Mackenzie falou me puxando pelo braço.

— Mackenzie, aquilo é um corvo – Eu disse rindo, um pouco nervosa ainda com a imagem do corvo.

— Que seja, é um pássaro que me lembra cemitério e isso já é o suficiente.

Fomos até o refeitório, pegamos nossos pedaços de pizza e fomos até a nossa mesa de costume.

— Até que enfim! – Madelaine disse ao nos ver – Achei que ia ter que resgatar vocês de alguma sala.

— Para de ser dramática, ainda tem turmas sendo liberadas – Mackenzie disse antes de começar a comer sua pizza.

— Eu? Dramática? Disse a Sharpay – Comecei a rir da referência e resolvi intervir.

— Maddy, para de encher o saco dela vai, a gente só parou para conversar – Disse e peguei um pedaço de pizza e ao morder percebi que realmente estava com fome.

— Conversando sobre os Cullen, uh? – Logan adicionou causando risadas na mesa e recebendo um tapa leve de Sophie que estava sentada ao seu lado.

— Não, não estávamos – disse séria.

— Mas talvez eles estejam falando de você, o bonitão não para de olhar pra cá – Mackenzie adicionou rindo e resolvi olhar rapidamente para constatar que realmente, Edward estava olhando para nós, especificamente para mim.

Ele acenou para mim e eu acenei timidamente de volta e rapidamente senti um braço passando pelas minhas costas, me puxando levemente para mais perto. Voltei meu olhar para o outro lado e vi que era Madelaine, ela olhava um pouco irritada na direção dos Cullen.

— Eu to achando esse cara bizarro – Maddy disse para nossa mesa.

— Correção gramatical: Seu lado lésbico ta achando ele bizarro porque ele ta flertando com a Freya – Logan disse e mais uma onda de risada. Maddy pareceu em choque eu provavelmente tinha virado uma beterraba.

— Olha aqui seu bosta, me respeita – Maddy começou a querer brigar com Logan enquanto o mesmo tinha um ataque de risadas.

— Maddy, só ignora, você sabe que o Logan caiu de cabeça do berço quando era bebê – Eu disse tentando recuperar minha cor normal de parede-assustada.

O intervalo seguiu com trocas de farpas e pedaços de pizza e eu me sentia mais leve ali, ao mesmo tempo, no entanto, um pressentimento melancólico me atingiu, como se aquela cena não fosse durar muito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem! É um grande incentivo!
Bjkas e Torta de amora :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saints & Storms" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.