Too Late escrita por ro_dollores


Capítulo 7
Capitulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/794648/chapter/7

Grissom olhou para a chuva na janela, o dormitório remanejado a ele ficava no segundo andar.  Ele estava sentado diante de uma pequena mesa de pau marfim, mexendo os dedos para verificar a evolução de sua cura, o televisor estava ligado em um concerto da Sinfônica de Berlim e seu pensamento viajou.

Em alguns dias ele estaria de volta, a falta que estava sentindo de Sara,  incomodava. O caso tinha sido fechado, muitos dos acontecimentos tinham sido usados para compor suas palestras e laboratórios. Centenas de vezes ele imaginou como agiria a mente dela em situações que normalmente um bom profissional teria dificuldades. Era diante de casos como aquele que ela se superava.

Ele tinha perdido a conta de quantas vezes tinha imaginado se tivesse aceitado o convite dela.

Sua curiosidade ainda insistia em querer saber a quantas andava as coisas com Calebe.

Ele passou a mão pelo queixo que agora exibia uma barba de respeito. Pelos sedosos preenchiam seu rosto redondo lhe dando um charme ainda maior. Ele queria apenas não se preocupar com o barbear, sem nunca imaginar o quanto sua aparência estava sedutora.

Ele nunca mais voltou a ver a garota maluca Mary Ane. Ela não era estudante naquela universidade, mas havia se infiltrado com a ajuda de um professor a quem, com certeza, estava tendo algo, muito mais velho que ela.

Havia uma professora que ocasionalmente se cruzavam pelos corredores. Ele sabia que ela o encarava muito além do normal, mas continuava a não querer se envolver com ninguém no momento. Ela era bonita, mas além do desinteresse, logo estaria de volta à Vegas e aquela parte de sua vida, ficaria apenas para experiência profissional.

...

Sara acordou naquele início de tarde sabendo que sua paz, conquistada dia a dia estava acabando. Grissom estaria de volta e mesmo que estive se sentindo forte o bastante, estava ansiosa.

Calebe não estava na cidade. Sua irmã Patrice tinha uma consulta com o pediatra das meninas, e seu cunhado não gostava que ela dirigia em estradas. Como bom irmão, ele havia se oferecido imediatamente.

Em meio à sua ansiedade, ela riu ao se lembrar do quanto havia se divertido na tarde anterior. Eles estavam em sua casa nos fundos do bar quando ele teve a ideia de fazer uma massa que sua avó havia o ensinado. Os dois fizeram uma bagunça na cozinha e acabaram cheios de farinha como dois fantasmas. Eles tomaram banho juntos, com ele tagarelando feito uma velha ranzinza, por ela  ter deixado seu ‘raro” cabelo vermelho, todo grudado com a mistura de farinha e água, uma perfeita cola caseira.

“Estou zangado com você! Não ria!”

E de nada adiantou, depois ela o ajudou a lavar a cabeleira dele com carinho, eles terminaram dormindo juntos no tapete da sala. 

Ela não se lembrava quando tinha sido a última vez que rira tanto!

“Bem vindo de volta, dr. Grissom!”

“É bom estar de volta, Judy!”

Sara estava lendo um artigo escrito por um dos suspeitos de desaparecer com uma jovem modelo quando sentiu a presença dele.

Ao levantar seus olhos, uma sensação eletrizante tomou conta de seu corpo, ela agradeceu por estar sentada, talvez suas pernas não sustentassem seu peso.

Ele estava diferente! A barba lhe caíra muito bem. Sexy e bonito … ainda mais!

Sem perceber eles estavam se encarando como se estivessem prestes a correr para os braços um do outro. Essa era a vontade ‘errada’ dela. Essa era a vontade que deveria ser certa, dele!

“Oi Sara …”

“Você está de volta … seja … bem vindo!”

“Obrigado!”

Ela estava linda, corada, com uma excelente aparência.

“Hey, chefe!”

Ele se virou e sorriu para Warrick.

“Visual novo?”

“Eu … cansei … do velho!”

“Gil!” - Catherine o abraçou, colocando as duas mãos em seu rosto, sentindo os pelos sedosos. - “Você está bonito, não é Sara?”

“Sim!” - Ela admitiu tão automaticamente que se assustou com a facilidade com que concordara com ela.

Ele ficou sem graça, nunca imaginou que uma simples mudança provocaria tanto.

Os meninos o rodearam e um a um o abraçaram com respeito, Sara não saiu de seu lugar, paralisada tentando entender porque ele estava mexendo tanto com ela daquela maneira. 

Talvez fosse o tempo, talvez fosse sua aparência ou talvez fosse seu sentimento que encontrara uma grande verdade: ela ainda o amava e a distância apenas disfarçara o tamanho daquilo!

Ela perguntou aos céus porque ele estava de volta? Sem ele ali, as coisas pareciam mais fáceis de levar, estar longe era seguro e criava uma barreira invisível ao seu coração, que ela lutava para ser intransponível. Mero e triste engano!

Cada passo que ela deu naqueles corredores por todo seu turno, ela desejou que não esbarrasse nele. Foi tenso, carregado e doloroso!

Ele apenas liderou em alguns momentos, deixando que o tempo de supervisão de Catherine fosse finalizado. Ele devia a ela todo seu respeito e consideração.

Sara estava na sala de descanso quando sentiu a presença dele, a caneca de café precisou ser amparada pelas duas mãos, muito nervosa, com toda certeza derrubaria todo líquido.

“Você … está bem?”

Ela estava olhando para ele de uma forma mais profunda, diferente, ele pensou sobre uma tentativa de aproximação, mas a falta de coragem, como sempre o travou.

“Sara … tem alguém lá fora esperando seu turno terminar. Fui buscar minha maleta no carro e vi seu Denis Pimentinha.” - Nick chegou de repente, sem dar tempo dela responder.

“Denis Pimentinha?”- Grissom estava confuso.

“O namorado dela é ruivo!”

Sara estava perplexa com a reação dele à informação. Ele empalideceu!

“Vocês não tem o que fazer? Pimentinha tinha cabelos claros!” - Ela disse a primeira coisa que veio à mente.

“Não nos desenhos antigos … ele é ruivo e pronto!” - Nick saiu da sala rindo como se a piada fosse espetacular, Grissom continuava com uma sobrancelha arqueada e sem cor.

“Calebe …”

“Calebe!” - Ela repetiu.

“Ele é um bom homem, Sara.”

“Eu sei … eu … tenho que ir!”

Quando ela entrou no carro, Calebe segurou sua mão.

“Você está gelada!”

“É o ar condicionado!”

Calebe lhe deu um beijo na bochecha, estranhando seus olhos distantes.

“Grissom está de volta!”

Ela não respondeu, a maneira como ele falou foi mais uma afirmação e ela não queria admitir que seu namorado estava usando seu poder de percepção com ela. Aquilo não era bom.

“Estou morrendo de fome, vamos pegar alguns donuts, torta de maçã, um café duplo, rosquinhas e talvez um pedaço de bolo de baunilha.”

“Uau … vamos comer tudo isso?”

“Você eu não sei, mas eu vou …”

Ele riu quando deu a partida em seu carro luxuoso, fingindo não ver um certo supervisor parado na porta.

O vidro adesivado do logo padrão da polícia criminal, permitia a visão da silhueta de Grissom, sua imagem poderia até se confundir com o desenho que tomava quase toda a porta, mas não para Calebe.

Ele tinha que admitir que com Sara estava sendo diferente. Ele tinha sido casado, tivera um amor que quase o enlouqueceu antes de sua ex mulher, alguns outros romances medianos, mas em nenhum deles o sentimento de pertencer era tão forte quanto com ela. Nunca em sua vida tinha sido um homem ciumento! E aquele aperto era desconhecido para ele.

“Como assim, não posso terminar meu caso, Grissom? Eu estou há alguns passos de finalizar e…”

“Não conteste, Sara! Isso não é uma negociação, faça o que estou ordenando!”

Todos olharam para ela que, em silêncio, saiu da sala, sendo seguida por Nick!

“Isso é um abuso, se quer saber!”

“Ele pode fazer isso, Sara. Se ele acha que todos precisam estar no caso de Warrick, temos que acatar.”

Em silêncio, ela seguiu com ele para o desmanche, para dar apoio e sequência às provas que através de exigências do tribunal, precisavam de novas evidências!

Mais tarde quando ela virava o corredor para ir até Grissom, ela ouviu Catherine falando com ele.

“Gostei de sua atitude mais cedo!”

“Que atitude?”

“Isso não é uma negociação …” - ela repetiu.

“Você acha que eu exagerei?”

“Não! Você tem que se impor e ser respeitado … é preciso muito mais que uma atitude de insubordinação para superar suas ordens!”

Sara não estava acreditando que ouvira aquilo! Como se ela não tivesse capacidade para estar onde havia chegado! Que absurdo.

Todas as vezes que ela via os dois, seu desejo era cuspir toda sua  indignação com a arrogância da CSI que estava acima dela, pensou que ele mais parecia um bonequinho dominado!

Ela tinha consciência que, pelo anos de casa, Catherine estava à sua frente na cadeia de supervisão, mas ela não estava à frente dela em competência! A opinião sobre ela foi baixa e incoerente! Parecia mais uma fofoca de sala de aula de adolescentes do que o sério trabalho de equipe que deveriam fazer. Ela não estava praticando o anti jogo ali, querendo finalizar seu trabalho e nem se negando a ajudar Warrick, mas a situação era bem diferente, ela poderia conciliar as duas coisas e muito bem. Ele sabia que ela era capaz, assim como Cath!

No final do turno, ela estava saindo da sala dele, ao deixar seu relatório quando esbarrou nele.

“Está tudo bem?”

“Não … mas vai ficar.” - Ele arqueou uma de suas sobrancelhas, ele ficava tão irresistível quando fazia aquilo, e aquela barba … mas ela logo se auto protegeu pensando que não ia se calar diante da perplexidade do que tinha ouvido. - “Insubordinação não se aplica com o que houve mais cedo, a seriedade do nosso trabalho nada tem a ver com fofocas, se temos tempo para elas, perdemos o foco!”

E ela saiu, deixando um Grissom de queixo caído, sem sequer piscar!

Assim que chegou em seu apartamento, Calebe logo surgiu à sua porta também.

“Oi garoto …”

Sara beijou seus lábios, e ele percebeu que ela estava disfarçando uma carranca.

“Você parece nervosa, amor!”

Ela olhou para ele, aquela forma de chamá-la a pegou de surpresa, mas ela gostou.

“Vai passar, Calebe. Eu … vou tomar um banho, podemos descer para um café depois.”

“Quer companhia?”

Ela sorriu daquele jeito que ele se derretia.

“Você tem dois segundos para me seguir!”

“Eles vão adorar você, não se preocupe, querida!”

Sara olhou para as portas imponentes da casa da mãe de Calebe, e mordeu a ponta de seu indicador. Calebe por sua vez, estava radiante, feliz por vê-la usando sua pulseira, para ele era como um amuleto, a cor combinava tão perfeitamente com ela.

Ela estava habituada a ir até a casa de Calebe, que ficava ao lado da casa de sua mãe, mas eles sempre entravam e saíam sem que ninguém os notasse. Sua mãe estava sempre ocupada e sua irmã, aparecia sempre nos finais de tarde.

Diferente da casa de sua mãe, Calebe tinha espaços bem planejados, mas não era um imóvel grande. O mais interessante era que ele havia optado por um sobrado invertido. Assim que eles entravam no hall, havia uma pequenina sala de transição que levava a um corredor onde ficavam as suítes, do lado oposto, uma escada em meio espiral, mas com degraus largos e seguros, era o acesso para o andar superior, onde havia uma sala não muito grande  e a cozinha, absolutamente maravilhosa e espaçosa. Ele amava ficar ali. A sacada tinha uma visão espetacular de um parque bem arborizado, acima das copas das árvores, se avistava uma boa parte da cidade. Era lindo!

Ele abriu a porta todos se viraram curiosos.

A primeira visão de Sara foi duas menininhas lindas correndo em direção ao tio, gritando de euforia, querendo disputar o colo dele, de certa forma, ele conseguiu equilibrar as duas nos braços, rindo de felicidade por ganhar beijos molhados.

“Minhas preciosas!”

As meninas beijaram Sara, depois correram de volta aos seus brinquedos espalhados pelo tapete.

“Até que enfim, vou conhecer minha cunhada!”

Sara se sentiu abraçada, bem aconchegada em cumprimentos sinceros, sorrisos felizes e um ambiente delicioso. 

Gerard era um senhor bonito, óculos grandes, sorriso acolhedor. Susan combinava com ele. 

Patrice não se parecia muito com Calebe, mas tinha os mesmos cabelos vermelhos e lindas covinhas nas bochechas. Frank, seu cunhado era alto, atlético, cabelos quase raspados e olhos também verdes.

Era uma família linda. 

Calebe fez o almoço, enquanto Sara conversava sobre seu trabalho com Frank e Gerard. Susan e Patrice se ocuparam com a sobremesa. 

Sara riu das muitas histórias de Gerard, como reitor, ele tinha repertório para muitas horas de conversa. 

Susan realmente parecia se dar muito bem com ele, quando se olhavam, havia um brilho intenso, profundo.

As meninas resolveram trazer todos os brinquedos possíveis para Sara , ela se viu sentada no meio do tapete, dentro de uma barraca infantil,  escondida entre casinhas de bonecas, blocos de montar, e todo tipo de jogos para crianças.

O cheiro daquela casa era acolhedor, seu coração se regozijou com tamanho bem estar.

Antes deles se separarem ao final daquela tarde, ele quis saber mais sobre suas impressões.

“O que achou, passei no teste de bom moço? Você sabe que mães entregam seus filhos, não é?”

“Eu adorei, Calebe. Me senti como se estivesse em casa, foi perfeito! Você passou no teste.”

“Nós brigamos, discordamos, nos matamos às vezes, mas nos amamos demais. Isso é o mais importante.”

“Sua família é linda!”

“Agora é sua família também, Sara!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Too Late" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.