Too Late escrita por ro_dollores


Capítulo 6
Capitulo 6




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Quando Sara entrou na sala de descanso, ela viu Catherine bufar.

“O que foi?”

“Grissom! Eu liguei para saber como estão as coisas, mas ele não me atende, deixei um recado!”

Pela maneira como parecia nervosa, deveria ser um recado daqueles!

“Hum … onde está todo mundo?”

“Terminando de ver a final do basquete. Ainda faltam trinta minutos para o turno começar, você está adiantada.”

Catherine foi até a máquina de café, assim que o líquido quente saiu irregular, espirrando para todo lado, ela deu um pequeno grito.

“Droga … máquina maldita …”

O telefone dela tocou no mesmo momento em que ela tentava passar um pano molhado na bagunça que se transformou sua blusa.

“Atenda para mim, Sara … por favor?”

Ela mal tinha colocado o fone em sua orelha quando ouviu a voz de Grissom esbravejando.

“Para o inferno com a sua opinião sobre meu humor … você tem que controlar essa sua língua maldita quando quiser falar comigo … e para o inferno mais uma vez com o que acha que sabe sobre mim … passar bem, Catherine!”

Sara arregalou os olhos e olhou para ela.

“Acho melhor você ligar de volta …”

“O que ele disse?”

“Nada bom …”

Sara entregou o telefone para ela e se sentou, horrorizada.

Ela retornou a ligação imediatamente.

“Foi a Sara quem atendeu, o que disse à ela que a deixou sem cor?”

Grissom paralisou. Ele tinha perdido a cabeça ao ouvir a mensagem dela.

‘Queria saber como você está, espero que tenha melhorado esse seu mal humor dos diabos, e espero mais ainda que resolva suas diferenças com ela!’ 

As coisas não estavam muito boas para ele, depois de ter sonhado com Sara a noite toda, ele deu de cara com a garota do dia anterior sentada nos degraus de seu dormitório, vestindo uma calça branca baixa e uma blusa minúscula tão vulgar que ele ficou enojado. Ela se foi só quando alguns alunos também saíam de seus dormitórios, um deles até assoviou para ela, na confusão ele tratou logo de desaparecer dali, depois aquilo. O que Catherine queria dizer com ‘ela’? Em sua cabeça a quem ela se referia, se fosse realmente Sara, que direito ela tinha em se meter na vida dele?

“Peça minhas desculpas à ela … o que deu em você para enviar aquela mensagem ridícula? Você passou dos limites.”

“Como vão seus esforços aí?” - Catherine devolveu outra pergunta, usando todo seu jeitinho, ela sabia que ele amoleceria.

“Indo bem ...”

“Desculpe, Gil … eu exagerei …”

Ele ficou mudo por alguns instantes e ela tinha certeza que ele estava reavaliando seu tom.

“Tudo bem … mas nunca mais repita isso!”

“Você precisa de alguma coisa? O caso paralelo … teve novidades?”

“Ainda não … estão devagar com as descobertas, se eu precisar de algo, eu falo com você!” - Ele queria perguntar como Sara estava, mas não teve coragem, e alimentaria ainda mais se ela estivesse mesmo ligando os pontos com a forma que ele havia lidado com a ausência dela.

Assim que ele desligou, ela se virou para a Sara,

“O que ele realmente disse?”

“Algo como ‘NÃO SE META NA MINHA VIDA’, achei que ele ia me bater … ou melhor … te bater!” - ela teve um ataque de risos que foi monumental, Catherine a acompanhou até às lágrimas.

“Ele estava possesso … Jesus Cristo!”

“Eu … acho que exagerei … mas nos acertamos …” 

“E o caso cruzado?”

“Está na mesma … eu acho que não vai ser muito fácil novas evidências, ninguém sabe nada, não viu nada, só o que temos é o que não temos!”

O assassino estava agindo em cidades diferentes, da mesma maneira, seguindo um ritual, um grande círculo de rosas brancas, mulheres nuas em posição fetal, cabelo plantado da próxima vítima, escondido na palma da mão. Os crimes mapeados em uma sequência de cidades, obedecendo um padrão linear.

Assim que a sessão terminou, Calebe e Sara foram para o restaurante dentro do shopping.

“Eu sempre gostei de cinema, quando era criança gostava de imitar um cowboy, queria ter um cavalo …”

Sara tocou seu rosto de barba rala com pelos ruivos, imaginando um chapéu e botas de couro.

“Você ficaria sexy em um chapéu.”

“Sexy? Bem … podemos providenciar um … se for este seu desejo …”

“O que vai querer … John Wayne?”

Um homem merece uma segunda chance, mas fique de olho nele." - ele tentou o mais perto que conseguia a voz do cowboy mais famoso do cinema antigo, e ela não conseguia segurar uma grande gargalhada, quando ele finalizou com um gesto como se tragasse um cigarro - “Uma caneca de cerveja, baby!”

Os dois pediram comida de fast food quando ele a surpreendeu com uma informação valiosa.

“Minha mãe quer que você conheça a família, eu disse a ela que ainda é cedo … o que você acha sobre isso?”

“Que você tem razão!”

“Olha Sara … eu gostaria muito que as coisas entre nós fossem às claras, não quero um relacionamento do acaso, quero que sejamos honestos o quanto pudermos um com outro, eu não tive isso em … meu … meu … casamento, tinha sempre a sensação de pisar em ovos, sempre preocupado em dizer algo para não magoá-la, se bem que nunca foi e nunca será minha intenção ...o que quero dizer é que se aprendi uma lição disso tudo é que não vale a pena!”

Sara ficou observando sua explanação, os gestos simples, a voz segura, ele estava sendo transparente, correto e objetivo. Era assim que ela queria também.

“Sem meias palavras?”

“Sem meias palavras … eu prometo!” - ele repetiu.

Logo eles estavam sentados em seu sofá aconchegante.

“Amanhã trarei suas peças … meu cunhado tem uma picape … eu … acho que vai gostar …”

“Não combinamos o preço …”

“Vou pensar em algo … não se preocupe!”

Ele a puxou para seus braços e o que começou com beijos inocentes se transformou em um frenesi de abraços e mãos curiosas, quando ela se levantou e lhe deu uma das mãos para  que ele a levasse a outro nível de desejo, ele entendeu o recado a puxando para o quarto.

Sara tivera suas porções de intimidade ao longo de sua vida, o sexo era um complemento muitas vezes físico, divertido, outras tantas casual e curioso. Ela tinha a impressão que nada ia parecer complicado com ele e suas suspeitas estavam se tornando verdadeiras. Ele tinha um sorriso de satisfação quando olhava para ela, suas mãos eram calmas, tocando partes dela que a fazia se sentir bem. Ela gostava dele, em um nível seguro, talvez um dia até pudesse amá-lo, só o tempo diria. 

Amor! 

Em um lampejo de loucura era se lembrou de Grissom, como ele seria como amante? Como ela se sentiria em seus braços, como seriam seus beijos? 

O que ela estava fazendo com seu coração? Para que aquela punição? Ele não a queria e era o bastante para arrancar aqueles pensamentos de sua mente, um dia ele seria apenas uma vaga lembrança!

... que sejamos honestos o quanto pudermos um com outro …’

Ela sabia que precisava fazer a sua parte!

Grissom acordou em sobressalto, ainda com dor, por ter dormido sobre a mão lesionada e imediatamente sentiu a presença de alguém em sua cama, assustado, saltou como um gato, esquecendo que estava em trajes mínimos.       

“O que está fazendo aqui?”

Assim que viu a garota o medir de cima a baixo, ele agarrou suas calças que estava sobre uma cadeira e vestiu rapidamente.

“Você é apetitoso! Eu  … acabei de me deitar …”

“Você é maluca?”

Ele foi até a porta e a deixou aberta, não se lembrava de ter deixado destrancada.

“Como entrou aqui?”

Ela saiu da cama completamente nua.

Grissom levou uma das  mãos até a boca, não acreditando na audácia daquela insana.

“Meu Deus! Vista suas roupas agora, ou sou obrigado a chamar o reitor! Quem é você, afinal?”

“Mary Ane, e vim dormir com você!”

“O quê? Você é uma criança …”

“Eu tenho vinte e quatro, se quer saber!”

Ela parecia mais uma pirralha, que propriamente uma mulher, ele vestiu sua camisa e calçou seus sapatos a ignorando, depois foi até o banco mais próximo e sentou, esperando que ela sumisse dali.

Muitos minutos depois ela passou por ele, em sua mochila quase infantil, um perfume horroroso, ele se sentiu enjoado. Se alguém a visse sair de seu quarto ele estaria enrascado. De repente ele se lembrou das câmeras nos corredores e tomou uma decisão.

Depois de pentear os cabelos e escovar os dentes, ele foi procurar o reitor.

“Posso falar com você?”

“Claro, entre dr, Grissom!”

“Eu preciso fazer uma queixa, uma aluna, ou não sei exatamente o que, invadiu meu quarto, se deitou em minha cama … despida … enquanto eu dormia. Ela acabou de sair!”

Os olhos arregalados do homem de cabelos brancos à sua frente o deixou em polvorosa, assim como seu silêncio, depois percebeu que estava tão horrorizado quanto ele.

“E quem é a garota?”

“Mary Ane ou algo parecido, ela … me abordou há uns dias, é uma criança, Ralph!”

“Como ela entrou em seu quarto?”

“Como vou saber? Eu estava dormindo.” - Ele repetiu. - “Você vai tomar providências ou vou renunciar, tenho uma reputação a zelar, não estou aqui para esse tipo de coisa.”

“Claro … eu quero me desculpar pelo ocorrido, jamais poderia imaginar! Isso é inaceitável. Vamos descobrir quem é essa garota e tomaremos as devidas providências.”

O reitor o levou até a sala de transmissão, eles analisaram alguns minutos antes e lá estava ela, saindo de seu quarto, arrumando a blusa com um sorriso cínico, e ele mais parecia um fantasma, pálido feito cera.

“Acho que sei quem é essa atrevida, dr. Grissom, não se preocupe, o fato não se repetirá!”

“Assim espero, eu … agradeço toda a atenção.”

“Por precaução, vamos providenciar a mudança do dormitório, vou pedir para Margareth agilizar o procedimento e mais vez, desculpe o incidente.”

Ele saiu apressado, não acreditando no ocorrido, estava tão nervoso que seu desejo era desaparecer dali. O que estava acontecendo com ele, que nada parecia nos trilhos ultimamente? Que fase era aquela? Ele tomou dois comprimidos e se deitou novamente.

….

“Sara? Você vem?”

Ela olhou para Calebe dentro do carro estacionado em frente ao laboratório e para o csi.

“Guarde um lugar para mim … não demoro, Nick. - Ela se agachou até estar no mesmo nível que o rosto de seu namorado e o beijou, sob olhares curiosos. - “Hey … que surpresa é essa?”

“Senti sua falta …”

“Eu vou para o café da manhã … hoje é o nosso especial.”

“Vocês tem um dia especial?”

“Sim … as quartas!”

Calebe arqueou uma de suas sobrancelhas e a encarou. 

“Algum problema?”

“Não! É que eu não sabia, peço desculpas.”

“Não tem problema, cowboy … nos vemos depois!”

Ela atravessou a rua e entrou na lanchonete de Frank sob assovios e apupos.

Sara escondeu o rostos nas mãos e se sentou sorrindo.

“Você é uma danada! É seu namorado?”

“Quem sabe …”

Calebe ficou por alguns minutos olhando sua namorada atravessar a rua e ir para seus amigos, imediatamente pensou em Grissom! Será que ele também participava das quartas especiais? 

Ele estava tentando ficar o mais perto dela possível, ainda tinha a vantagem do supervisor estar longe e isso lhe favorecia

O que na verdade estava acontecendo é que ele não tinha a segurança que achava que possuía. Ele costumava falar de Grissom, mas também era um sentimento dúbio. Falando sobre ele lhe dava a falsa sensação de que não o via como um adversário, mas as coisas não era bem assim. Nem sempre aquela facilidade era natural. Pensar que estava em uma disputa para ganhar de vez o sentimento de Sara, lhe deixava incomodado também. 

Logo ele estaria de volta, e se ele acordasse e decidisse criar coragem? Ele não queria pensar, mas querer nem sempre era poder!

As peças revitalizadas tinham ganhado um efeito espetacular no ambiente dela. Ele era bom, e ela sabia que não apenas como restaurador.

Calebe estava se superando.

Que tudo pudesse seguir.

O dia a dia deles tinha espaço suficiente para o descanso, tardes de cinema, folgas com  bom sexo, tudo na medida do possível. Por ele ser uma pessoa da noite, eles conseguiam horários fáceis para estarem juntos.

Calebe costumava perguntar sobre seu trabalho, ela respondia o que lhe cabia responder, sem muitos detalhes, apenas para que ele se sentisse integrado no que ela fazia. O trabalho dele também fazia parte das muitas conversas, era um ambiente de infinitas possibilidades: brigas, começos, finais, amizades, traições e também divã, confessionário, paqueras. Tudo acontecia geralmente ao mesmo tempo. Se cada dia ele pudesse fazer um diário à ela, em pouco tempo teriam uma enciclopédia.

Ele era um homem desejado por muitas mulheres, mas o que acontecia é que ele nunca tinha sido promíscuo, namorador, cafajeste à ponto de achar que homem tem que trair. 

Sara não se sentia ameaçada, ela confiava nele, mesmo que fosse um relacionamento muito recente, ciúmes não estava na ordem. Quando pensava sobre o assunto, ela se questionava se na verdade seria o tamanho de seu sentimento, se houvesse a possibilidade, com toda certeza não aceitaria, como já haviam conversado, mas era mais seu estilo honesto que propriamente a questão do amor. Ela gostava dele, mas amar …  ainda precisava de tempo! 


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