Too Late escrita por ro_dollores


Capítulo 8
Capítulo 8




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Ela ouviu um beep em seu telefone, e leu a mensagem de Grissom com uma de suas sobrancelhas arqueada. 

‘Venha até minha sala!’

Ela entrou, se sentou e ficou esperando que ele começasse.

“Eu  … queria que soubesse que teve uma impressão errada sobre minhas intenções.”

“Sobre as da Cath também? Ok, eu tenho seis anos, quando crescer eu vou entender, é isso?”

“Não use essa maneira para falar comigo!” - Ele parecia nervoso.

Ela apertou os olhos quase os fechando, como se o ameaçasse com algum tipo de agressão que ele jamais esqueceria.

O coração dele quase parou, aquele gesto a deixou infinitamente linda, zangada, ela parecia ainda mais irresistível, se eles estivessem juntos … mas que sem noção ele era,  nunca poderiam, e mesmo se pudesse, era tarde demais! 

Sara leu suas feições como se as explicasse com palavras. Ele mudou de uma expressão muito séria para outra infinitamente triste. Foi tão chocante que quase se arrependeu de ofendê-lo.

“Olha Grissom, podemos esquecer isso?”

“Eu queria dizer que não quis diminuir você, sei da sua capacidade, mas o momento era para Catherine.”

“Ok … se eu concordar, podemos dar o próximo passo?”

“Próximo passo?”

Ela começou a rir quase que histericamente. Como ele poderia fazer suas emoções oscilarem tanto?

“Eu não vou … te  constranger com algo que não queira … não se preocupe, próximo passo seria … tentar uma harmonia para o trabalho!”

Grissom tinha segurado sua respiração, a dubiedade daquelas palavras o assustaram.

“Você pode … compreender então?”

“Não posso, mas vou deixar passar para o bem de nossa convivência.”

Sara se levantou e em segundos estava fora dali, se juntando aos meninos na sala de descanso.

“Você estava onde achamos que você estava? Na sala de Grissom?”

“Sim … estávamos falando sobre o último filme de De Niro!”

Greg começou a rir mas parou de repente quando viu as carrancas de Warrick e Nick, ela não ia ceder tão fácil.

“Afinal, vocês discutiram ou não?”

“É impressão minha ou está havendo algum tipo de … aposta?” - Ela levantou as mãos e foi saindo. - “Não precisam responder, não quero saber … eu vou ver se consigo os resultados das provas com  Mandy … alguém precisa trabalhar neste lugar!”

O shopping estava cheio, a fila do cinema, enorme, carregada de adolescentes barulhentos. O último filme da Marvel estava bombando e ela viu Calebe rir.

“Olhe aquele garoto!”

Ele tinha sardas, cabelos tão ruivos quanto os dele, e uma magreza impressionante, tênis Converse amarelo, bermuda larga e uma camiseta de rock.

“Te apresento minha imagem aos quinze anos!”

Sara começou a rir para o desengonçado garoto de cabelos chamativos, todo revolto.

“Vocẽ era popular?”

“Sim … muito popular … eu customizava meus próprios tênis … eu tinha uma garagem que chamava de ‘fábrica’. Fiz muitas obras de arte …”

“E as garotas?”

“O que tem elas?”

“Era popular com elas também?”

“Era sim … mas sempre fui fiel … terminava com uma se quisesse ficar com outra!”

“Olha … que garoto exemplar!”

“Não se anime com isso … em uma semana cheguei a ter três namoradas!”

Sara começou a rir com seu olhar de soslaio, ficou muito engraçado.

“Que volúvel!”

“Eu tinha treze anos, querida!”

Ela bateu a mão na testa e balançou a cabeça.

Calebe a puxou para uma mesa, e eles se sentaram.

“Onde chegamos com um simples comentário de um garoto esquálido. Você me induziu a contar meus segredos!”

Ela tocou sua barba curta, e depois bateu em seu nariz.

“Quantos mais você guarda?” - Ele a beijou de leve, se divertindo com aquilo.

“Tenho alguns que se contar, tenho que te eliminar”

Ela fez um gesto como se passasse um zíper imaginário em seus lábios.

“Vamos tomar uma cerveja? Estou com sede e … assunto encerrado, quero ter uma vida longa!”

Eles ficaram algum tempo conversando, trocando carinhos, e em um desses instantes, Sara observou uma mulher os encarando. Era a mesma morena que estava no bar, toda perfeita e sensual com suas roupas chamativas.

Calebe a cumprimentou com um aceno simples e um meio sorriso, foi a deixa para que fosse até eles.

“Oi querido … como vai você? Essa é quem?”

“Oi Lola, esta é minha namorada. Sara!”

A morena  olhou com desdém para ela, Sara levantou o queixo e ergueu uma de suas sobrancelhas como se dissesse, ‘algum problema com isso, garota?’

Calebe abraçou sua namorada e encostou sua cabeça na dela, sorrindo, tinha sido um gesto involuntário, mas caiu perfeitamente para Lola entender que estava sobrando com sua maneira arrogante de se dirigir à Sara. 

“Eu … tenho que ir, estou procurando o Leonard …”

Ela se retirou antes que ele respondesse algo.

“Vi ela outro dia no bar …”

“Ela sempre está por lá!”

Sara o encarou estranhando em como as coisas para ele pareciam fáceis, ela desconfiava  que tinha sido uma das conquistas dele, mas perguntar parecia tão infantil. Mesmo não dizendo nada, ele preencheu as entrelinhas e ela descobriu que estava enganada.

“Leonard é meu amigo de infância e é apaixonado por ela …”

“E acho que não é correspondido!”

“Por que diz isso?”

“O interesse dela não é seu amigo, é você! Acho que fiquei no meio disso, meio que … sem querer!”

Calebe esticou os lábios em desagrado, depois suspirou.

“Nunca tive nada com ela, então não procede! Eu … não trairia meu melhor amigo, além do mais  … tenho pena dele, ela o usa!”

“Puxa e você nunca disse isso à ele?”

“Dezena de vezes … mas não adianta! Ela não é mulher de um homem só!”

Sara olhou na direção em que ela havia caminhado e viu um homem alto, cabelos claros, a abraçar, depois ela o puxou na direção contrária deles, desaparecendo de suas vistas.

“Eis o Leonard …” - Calebe também estava prestando atenção onde ela estava olhando.

“Eles combinam … mas uma grande pena que ela seja assim!”

“Lola é uma excelente profissional, ela é proprietária das redes Mary Mary.” - Era uma loja de roupas femininas, bastante famosa. - “O problema é fora das portas de suas lojas … espero que um dia ele saia dessa!”

“Preciso dizer que sou solidária à sua opinião!”

“Ele é quem tem que tomar a atitude, Sara! E falando em atitude, vamos para minha casa?”

Eles saíram abraçados, deixando para trás Lola, Leonard e quem quer que fosse. O que tinham em mente nada tinha a ver com outras pessoas. Tinha a ver com uma cama macia e muita atividade sobre ela!

“Como assim, ele quer a Catherine? Agora os suspeitos podem escolher?”

Eles estavam entre as montanhas do deserto de Nevada, um crime sobre uma modelo, seu fotógrafo havia se encantado com Catherine, ele a escolheu para confessar onde estaria o corpo.

“A Sara está certa, Grissom! Este caso tem que ser nosso, nós estamos na linha de frente para esta promoção

“Eu sou a CSI senior …” - Catherine protestou.

“Eu sou o CSI senior!” -  Grissom rebateu

Quando Nick e Sara acharam que ele abriria a guarda para indicá-los, Catherine não deixou por menos.

“Isso virou uma competição? Você precisa dizer a eles que sou eu quem tenho que fazer isso! Ele me quer, então ele terá. É pelo bem do caso.”

Ele apenas olhou para Sara e baixou os olhos. Sua resposta estava ali, mais uma vez ele estava dando cobertura à Catherine.

Nick se calou, assim como ela.

Eles passaram horas no deserto, o assassino apenas enganou a todos, seu intuito era estar perto da CSI sexy e loira, seu tipo de mulher! 

Um grande número de colaboradores, como a polícia, a equipe toda, vários oficiais e, apenas muito tempo perdido.

Sara achou Grissom conivente com toda aquela patifaria, ele precisava ser mais rígido, ter mais pulso sobre se render a um idiota que estava fazendo todos de palhaços em detrimento de um desejo mesquinho.

“Olha Grissom, eu acho que você está equivocado com essa sua ‘cobertura’ sobre Catherine, isso é um absurdo. Olha o tempo que estamos perdendo, esse patife só está brincando conosco.”

“Se ela conseguir algo dele, terá valido a pena.”

“Se? Estamos pagando pra ver? Quando isso seria normal para você, se fosse qualquer outro da equipe? Ou vai me dizer que isso não é uma negociação, também?”

Ele arregalou o olhos, depois trancou a expressão, ela o viu apertar o maxilar em extremo nervosismo.

“Isso nada tem a ver com o que aconteceu dias atrás.!”

“Claro que não, mas o efeito é o mesmo. Está recorrente essa situação!”

“Assim como está recorrente sua intolerância, sua insubordinação!”

Ela ia virar as costa e descer a colina em que estavam, mas mudou de ideia. 

“Você tem ideia do que está me dizendo? Eu tenho todo direito, assim como Nick de exigir o que nos é de direito. Não estamos querendo nada que não seja justo! O que há com você, onde está sua coerência?”

“Está me acusando de não saber conduzir minha equipe …”

“Você é quem está me acusando de incompetência, eu tenho a impressão que isso é de caso pensado!”

Aquelas palavras o pegaram de surpresa, ele sentiu o golpe como se ela lhe dissesse que estava jogando suas frustrações sobre ela!

“Sara …”

A CSI esperou, mas nada mais saiu de seus lábios e então, ela definitivamente desistiu.

Todo o tempo em que aquele caso se arrastou, Catherine elegeu Greg, mesmo sem estar habilitado ao cargo, abusou de sua autoridade para praticamente expulsar Sara e Nick da sala de evidências, fez e aconteceu como se todo o laboratório tivesse que se curvar aos seus pés, sem que nada e ninguém pudesse impedi-la. 

Mais tarde eles descobriram que o bastão que Grissom havia passado à Catherine, estava sob o crivo do xerife também.

Ao se ver tensa, mesmo com o caso finalizado, ela fez um pequeno balanço daquele turno.

Todas as atitudes de Catherine estavam influenciando sobre ela. Greg, que de certa forma havia sido induzido a se aliar a ela, deixando aquele clima de disputa e divisão, Grissom que, em sua cegueira passou por cima de toda admiração e respeito que os demais tinham sobre ele, os comentários por todo o laboratório eram de que ninguém parecia o bastante para ele, a não ser Catherine. Como Nick era uma pessoa cordata, quem ficou no prejuízo maior tinha sido Sara.

Todo aquele amontoado de mal entendido, assim como todo estresse e ansiedade estavam martelando uma grande verdade em sua mente. Aquele não parecia mais ser seu lugar!

Os seus sentimentos pelo supervisor ainda estavam lá e ela temeu que aquilo pudesse influenciar na decisão que estava prestes a tomar. Em sua balança moral, ela entendia que sim, mas se o momento de mudança havia chegado, protelar só traria mais sofrimento.

Se por um lado sua vida estava entrando nos eixos, por outro, estava prestes a desmoronar e antes que tudo piorasse, ela precisava se auto proteger!

Depois que havia saído do embate com Grissom, ela tomou um banho demorado, escolheu um canto silencioso e buscou seu mantra para o momento.

Coerência!

Se toda vez que uma oportunidade de promoção estivesse à espreita, ela tinha que implorar por ser ouvida, alguma coisa estava errada. Capacidade e dedicação não eram atributos para serem lembrados a cada instante, eram para ser considerados e, consideração estava longe de estar em suas avaliações! 

Ela pesou suas vontades, pensou em como trataria suas atitudes se ela fosse Grissom, algumas verdades lhe foram destacadas. 

Como já era sabido há tempos, a CSI senior estava à frente na escala de prioridades, mas por outro lado, não era exatamente uma hegemonia e, no meio de toda a coerência que liderar uma equipe exigia, ele estava sendo parcial. Como Catherine já havia conquistado um lugar que dificilmente perderia, as oportunidades para novas posições teriam que estar na ordem da prioridade. O fato não era simples, mas para um supervisor tinha que ser tratado com mais critérios. Se não existisse chances para outros terem para o quê se superarem, o trabalho estaria estagnado!

Se o objeto de investigação exigia um CSI específico, o motivo teria que ser amplamente debatido  e pesado, em iguais proporções. A razão do assassino era pífia e, se mesmo assim fosse acordado que ela estaria à frente, eles eram uma equipe, com capacidade acima da média para a união e não divisão. Por picuinha ou arrogância, o que teria que ser uma equipe se transformou em um agrupado de sentimentos adversos, forçados e, em um caso, todos, sem exceção, tinham que estar juntos!

Ela foi até uma das salas, elaborou um pequeno dossiê de suas razões para, no caso, precisar apresentar. Se preocupou em focar em sua opinião, sem atacar ou direcionar para quem quer que fosse, nem Grissom e muito menos Catherine. Ela sabia como fazer, tinha capacidade suficiente para o discernimento e, também sabia que seria questionada e, pela política do laboratório, era preciso preparar uma estratégia se, por acaso algum dia, necessitasse de uma indicação. Reescrever seus pensamentos de modo profissional e imparcial em seu máximo lhe deu a certeza que não havia como retroceder em sua decisão.

Sara olhou no relógio e respirou fundo. Ela deu três toques discretos na porta de vidro do supervisor do dia, Ross. 

“Entre.”

Ela abriu devagar e enfiou a cabeça para dentro.

“Oi Ross, posso falar com você?”

“Claro Sara, entre!” - ele repetiu.

Eles tinham um bom relacionamento, já haviam trabalho em diversas ocasiões, em apoio ou casos cruzados, ele era dinâmico e muito capaz. Era fato que em comparação a Grissom, ainda precisava galgar alguns degraus. A mente extraordinária do supervisor do noturno era praticamente insuperável, ele só precisava trabalhar seu lado social!

“Em que posso ajudar?”

“Gostaria de saber sobre a possibilidade de uma vaga em seu turno!”

“É para alguém que conhecemos?”

“Sim, é para mim!”


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