Dark End Of The Street escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 32
Cisco




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Barry saiu do banheiro do antigo vestiário do laboratório e, calmamente, buscou abriu a mochila, passando a vestir o pijama confortável que Caitlin fizera com que levasse para o procedimento. Ele teria que dormir ali e esperar pelo devaneio – considerando que acontecesse naquela noite - enquanto o monitoravam e, segundo a doutora, precisava estar confortável.

Enquanto colocava a camiseta, viu a porta se abrir e Cisco silenciosamente adentrar o cômodo, usado com bastante frequência sempre que precisavam treinar ou colocar em prática alguma nova manobra meta. Podia observar a resignação em todas as feições do engenheiro ao se sentar no banco de madeira entre os armários, assim como nos gestos calculados.

— Então... Você e Caitlin, hum? – Ele começou quando Barry apenas esperou, sem pressa. Sorriu vagamente para concordar, mas sabia que seu amigo ainda parecia absorver a ideia e não tiveram tempo para conversar a respeito até então. – Estão juntos agora? Pra valer?

— Er... – Acomodou-se ao lado do outro, usando a toalha para secar os fios que anda respingavam em sua blusa, pensando. – Não conversamos sobre isso. Acho que estamos apenas... Deixando as coisas acontecerem.

Para ele, essa sequer era uma questão. Queria estar com Caitlin e garantir que, quando voltasse, não deixariam de estar juntos. Contudo, ainda não havia parado para pensar no fator “namoro”. Agiam como se estivessem, mas, com tudo o que vinha acontecendo, nunca parara para realizar Caitlin Snow como sua namorada e nem haviam conversado a respeito deles sob esse ponto de vista. Por isso, não sabia a opinião dela.

— Isso não soa como Caitlin. - Constatou Cisco sem dificuldade e com algum estranhamento, afinal, tinha razão. A doutora que conheciam jamais deixaria as coisas rolarem sem controle algum, sem rótulos e, no mínimo, uma conversa sobre o que eram e, talvez, para onde iriam. – Mas explica por que está tão empenhada em resolver tudo. Ela não gosta de incertezas.

Meneou a cabeça, franzindo o cenho para a consideração rápida e desnecessária que cruzou sua mente por um instante.

— Acha que... Há muita incerteza em minha vida? – Deu de ombros, embora ciente de que o outro entenderia com facilidade. O relacionamento dele com Gipsy havia terminado justamente porque ambos tinham de lidar com coisas demais acontecendo simultaneamente em suas vidas, além da distância. – Para colocar Caitlin nela.

— Definitivamente. – Não se surpreendeu com a constatação sincera, pois com eles era sempre assim. – Mas tenho certeza que ela está bastante ciente disso. Então... Não tente fazer escolhas no lugar dela, okay?

Cada vez mais, Barry passava a compreender que não podia fazer escolhas pelos outros. Ainda que o time estivesse sob sua liderança, seus poderes não lhe davam esse direito, pois a vida de alguém era sempre impactada quando fazia escolhas que deveriam ser alheias.

— Você parece não estar digerindo tudo isso muito bem... – Levantou as sobrancelhas quando ele respirou fundo e revirou os olhos. – É tão difícil assim nos imaginar juntos?

— Er... – O examinou colocar a pasta que carregava sobre o banco e juntar as mãos, parecendo buscar as palavras certas. – Sinceramente, depois de tudo que fizemos por você e Iris? Sim, é um pouco complicado desassociá-los. Mas... Ao mesmo tempo, dá pra notar que algo mudou entre você e Caitlin. Onde antes havia apenas cuidado agora há... Sentimento demais. Parece transbordar de vocês enquanto olham um para o outro, todos perceberam.

Barry franziu o cenho, imaginando se realmente estava nesse patamar. Havia dito a ela, se sentia apaixonado, mas não via tantas mudanças no comportamento deles. É como se o que cultivaram como amizade durante todo aquele tempo houvesse se transformado em algo maior, mas de uma forma tão natural que não conseguia ver nada tão brusco. Tanto quanto a sentia tão intrincada nele nos últimos tempos, não tinha ideia de que isso podia parecer visível por quem estava de fora.

— E quanto a você...?

Cisco parecia simplesmente mais frio e distante depois que soube sobre seus lapsos com Caitlin e, especialmente, quando descobriu que estavam tentando, pois por algum motivo, ela aceitara tudo isso e queria colocar as coisas em ordem para que pudessem seguir adiante. Incertezas não eram mesmo o forte da doutora.

— Não cabe a mim aprovar ou não qualquer coisa entre vocês. Se estão felizes... Estou feliz por vocês. – O latino respirou fundo e o encarou de maneira impaciente. – Ainda não concordo com os termos do procedimento, mas Caitlin parece muito decidida sobre isso e como sei que ela não faria nada que pudesse colocar sua bela mente em risco... Especialmente por que o ama, terei que estar lá por ela.

Barry o encarou estranhamente por um instante, pois Cait ainda não havia dito nada do tipo a ele. Havia aquele lapso naquela casa e ainda se lembrava do tom dela dizendo que o amava, mas a Caitlin real não falara nada. Se perguntou por um instante sobre o que ela poderia ter conversado com Cisco, pois eles eram um trio no fim das contas, mas era possível existir privacidade entre eles – principalmente a respeito um do outro.

— Só queria que tivesse confiado em mim para me contar o que estava havendo com você. Sou seu amigo, Barry, não entendo porque chegou à conclusão de que não compreenderia o que estava passando.

Se sentiu imediatamente culpado por, de certa forma, deixar Cisco de lado. Queria que tudo, durante aquele tempo, houvesse sido mais fácil, mas não sabia como contar a ele sobre devanear com a melhor amiga deles ou como parecia se sentir sobre ela. Esse era um dos motivos para ter aceitado fazer o procedimento: seu estado mental estava arruinando suas relações. Fizera com Iris e, aparentemente, causara o mesmo efeito em Cisco. Por isso, tinha medo de que, em algum momento, Caitlin e ele pudessem ser quebrados por algo do tipo.

— Me desculpe por isso. – Pediu sinceramente ganhando um olhar avaliativo de Cisco e, tanto quanto ele, brincando com os dedos enquanto buscava palavras que não o ferissem. Desde Savitar, tinha esse sentimento de que Cisco era um de seus pilares tanto quanto Joe, Iris e Caitlin. Sem ele, nada poderia ser como deveria. – No início, apenas não sabia como te contar sobre os sonhos, mas depois... Quando Caitlin e eu começamos a nos acertar... Acho que quis manter isso entre nós. Como se, de alguma forma, explanar para o mundo pudesse estragar o que parecia tão bom sendo apenas nosso. Porquê... Tenho essa impressão de que nós podemos acabar muito facilmente, entende?

— Você e Caitlin não são esse tipo de casal.

— Que tipo de casal? – Cisco se levantou com propriedade agora, quase exalando arrogância sobre conselhos amorosos, agora se parecendo um pouco mais com seu amigo.

— Barry, vocês são tão obviamente feitos para durar que é ultrajante. – Ele gesticulou como se fosse óbvio. – Há compreensão demais para que não dure.  

— Enfim... – Cortou o devaneio de Cisco, também se levantando, mas segurando-o pelo ombro para encará-lo. – Eu deveria ter contado, mas... Não há nada sobre falta de confiança nisso. Eu estava apenas... Confuso e exausto demais.

— Acho que ainda está, amigo. - Cisco o encarou criticamente, o que o fez apertar os lábios resignadamente, mas o engenheiro o puxou para um abraço apertado, deixando-o mais aliviado enquanto apoiava a cabeça contra a dele. Passariam por isso como a família que eram. – Não vamos deixar nada de ruim te acontecer hoje. Eu prometo.

Barry sorriu apenas grato pela compreensão de Cisco, além da lealdade tão inerente dele. Às vezes, chegava à conclusão que sequer o merecia daquela forma, porque parecia somente se esforçar. Então, levantou os olhos para a porta minimamente entreaberta, percebendo primeiramente os saltos conhecidos. Caitlin estava parada ali, uma das mãos na maçaneta como se estivesse prestes a entrar, mas apenas os encarando com os olhos brilhantes.

— Obrigado, Cisco.

Ela lhe sorriu de volta e, mordendo os lábios, abaixou os olhos, fechando a porta com muito cuidado para que o amigo não notasse sua presença. 


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