YOur home escrita por Aislyn


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Sem notas hoje porque estou sem criatividade sobre o que escrever aqui -q
Mas se quiserem fazer uma autora feliz, pode comentar depois de ler, ok?



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Kuroo voltou correndo até o quarto, abrindo a parte do armário pertencente ao rapaz. Estava tudo lá. Todas as roupas, sapatos e até mesmo alguns livros. Ele não havia ido embora.

 

Ou, caso tivesse ido, não levou nada consigo, talvez com intenção de voltar depois para buscar seus pertences.

 

Tentou ligar mais duas vezes, as chamadas indo direto para a caixa de mensagem, antes de procurar outro nome na lista, sendo prontamente atendido.

 

— Kenma entrou em contato com vocês? – questionou preocupado. O amigo não era mais uma criança, contudo, não conseguia evitar de se preocupar. Conhecia-o bem e sabia que ele não gostava de sair de casa sem um bom motivo, ainda mais tarde da noite – Pergunte ao Akaashi também. Ligação, mensagem, qualquer coisa!

 

— O que aconteceu, Kuroo? – foi justamente Akaashi quem perguntou após pegar o celular da mão de Bokuto, estranhando aquele desespero – O que você falou pra ele?

 

— Não falei nada! Ele nem está no apartamento! Eu cheguei aqui e estava tudo escuro e ele não está em lugar nenhum e não atende minhas ligações!

 

— Espere um momento. – pegando o próprio celular, Akaashi procurou o número de Kenma, iniciando a chamada. Bokuto, que já estava sentado ao seu lado, apoiou a cabeça em seu ombro, de modo a ficar com o ouvido quase colado ao seu, acompanhando as ligações – Não atende. Ele não esqueceu desligado no apartamento?

 

— Kenma não fica sem o celular. – Bokuto e Kuroo responderam quase em uníssono. Keiji tinha conhecimento sobre o vício do amigo pelos jogos, mas podia ser uma exceção.

 

— Ele não deixou bilhete? Tentou ligar para a casa dos pais dele?

 

— Não, nada de bilhetes… Acha que eu devo alertar os dois? Eles são meio… – não sabia que termo usar. Distantes? Ocupados? Existia a chance de não estarem em casa. E, se Kenma só tivesse saído para dar uma volta, iria preocupá-los à toa. Por outro lado, se Kenma atendesse, mostrando que havia voltado para a casa dos pais, ia provar que não queria ficar consigo?

 

— Certo, vamos esperar mais um pouco antes de avisá-los ou tentar a polícia. – a última parte deixou Tetsurou apreensivo. Seria mesmo necessário? – Eu e Bokuto vamos continuar ligando pra ele. Você tem o número de algum colega de classe? Seria bom, para o caso dele ter ido pra casa de alguém. Pergunte a algum vizinho ou ao zelador se viram quando ele saiu.

 

Kuroo agradeceu a ajuda dos amigos, principalmente por Keiji conseguir ser racional ao ponto de bolar um plano prático. Não conhecia os colegas de classe de Kenma, mas podia falar com os vizinhos. O que não faltava em um prédio era uma boa senhorinha fofoqueira!

 

O zelador não viu nenhum movimento, mas a voz sonolenta explicava o porquê. Kuroo pensou em explicar que não era profissional de sua parte dormir no expediente, mas não era o trabalho dele ficar vigiando os moradores, além disso, todos mereciam uma pausa. Sem falar que era Kenma quem estava envolvido. Ele era inteligente o suficiente para conseguir sair de fininho, sem ser notado.

 

A vizinha do lado não notou nenhum movimento e também não ouviu barulho da porta, muito menos movimento do elevador. Na verdade, ela comentou que, depois que Kuroo saía para o trabalho, pensou que o apartamento ficasse vazio, pois o silêncio sempre reinava por ali. Era de se esperar. Kenma não era barulhento e muito menos conversava sozinho.

 

Conferiu o celular mais uma vez, olhando a caixa de mensagens e fazendo mais uma ligação. Nada. Ele também não estava online em nenhuma rede social. Caminhou para fora do prédio, pronto para procurar pela região a noite toda, se fosse preciso. Ele e Kenma faziam compras num mercado próximo, tinha esperanças que ele tivesse passado por ali e alguém lembraria do seu rosto. A banca de jornais estaria fechada àquela hora, mas tinha outros estabelecimentos que podia perguntar.

 

Passou por pelo menos três quadras antes de desistir de continuar por aquele caminho. Logo à frente começava o setor residencial e não havia nenhum mercado próximo. Se virasse na rua anterior, se não se enganasse, tinha um restaurante, apesar de nunca ter ido até lá. Deu meio volta, mas não chegou a dar nem dois passos.

 

O metrô. Se Kenma foi para algum lugar distante, fosse a casa dos pais ou de algum amigo, ele teria que passar por ali. E alguém das lojinhas próximas pode tê-lo avistado. Perguntaria também ao segurança ou algum funcionário que encontrasse transitando por lá.

 

Será que permitiam olhar as câmeras de segurança, caso explicasse a situação?

 

Pelo menos teria um guia para onde seguir…

 

E então seu celular tocou, tirando Tetsurou de seus devaneios.

 

— Ele está no apartamento! – Keiji anunciou antes que pudesse atender direito – Bokuto está com ele na linha.

 

— … – Kuroo abafou um palavrão, soltando um suspiro aliviado – Valeu, Akaashi! – e desligou, correndo de volta para o apartamento.

 

Aquele baixinho ia ouvir poucas e boas! Como desaparecia daquele jeito? Pelo menos estava bem e havia voltado.

 

Correu tanto que quase passou do prédio certo, agradecendo aos vários anos em que praticou vôlei que lhe deram físico e fôlego bons para aguentar a corrida. Apertou diversas vezes o botão do elevador até abrir a porta, se jogando dentro e, ao parar no seu andar, mal esperando que se abrisse por completo novamente para sair.

 

— Kenma?

 

— Aqui. – a resposta veio baixa da cozinha, para onde Kuroo se dirigiu apressado, encarando-o da porta com o que pensou ser uma expressão séria – Voltou cedo.

 

Kenma nem se dignou a levantar a cabeça, terminando de ajeitar a comida no prato, e então parou, sentindo o olhar fixo em sua direção.

 

— O que?

 

— Como ‘o que’? Estou te procurando há quase uma hora! Onde estava?

 

— Ah, Bokuto comentou algo a respeito… Estava na kombini.

 

— Você levou uma hora pra ir na kombini e voltar? Eu achei que tinha sido sequestrado ou… sei lá! Você não costuma sair à noite! E não atendeu minhas ligações!

 

— Eu estava jogando na praça, a bateria do celular acabou. Depois fiquei brincando com um gato que encontrei por lá, aí lembrei que precisava comprar o jantar. – explicou pacientemente, visto que Kuroo parecia ao ponto de surtar – Sobre sair à noite, eu venho fazendo isso pelos últimos seis meses, Kuroo. Ou você acha que a comida que pega na geladeira pela manhã aparece com mágica?

 

Kuroo teve a decência de ficar constrangido. Claro que notou os lanches em sua geladeira, mas nunca pensou muito sobre como haviam parado lá. Às vezes ele mesmo comprava e esquecia. Aquilo podia acontecer, não é? Não. E agora ele sabia de onde vinha.

 

— Ainda acho que podia ter deixado um bilhete… – resmungou com um bico contrariado. E aquela história sobre chamar a atenção do seu baixinho? Estava levando um puxão de orelha e tanto!

 

— Eu deixaria, se soubesse que voltaria cedo. Quando você sai com o Bokuto sempre vira a noite. O que aconteceu?

 

— Ah… nada… só terminamos cedo… – porque ele estava sendo uma péssima companhia, com seus pensamentos voltando à ideia de conversar sobre a relação entre eles.

 

— Hmm… tem mais na geladeira, se quiser. – Kenma indicou o lanche, pegando seu prato e caminhando com ele para a sala, dando a conversa por encerrada.

 

Kuroo podia encerrar ali também. Kenma estava de volta e estava bem. Não havia ido embora e nem desapareceu para um lugar desconhecido. Contudo, ainda se sentia incomodado. Devia aquilo a ele. Esclarecer aquela situação toda, que vinha arrastando por quase um ano e meio. Agora entendia como Kenma se sentia. Ou achava que entendia. O amigo devia ter ficado com aquilo na cabeça por todo o tempo durante o último ano do colegial e, quando se encontraram, ao invés de conversar de novo para acertar a situação, o enrolou por mais seis meses. E não iria, de forma alguma, culpar Kenma por não tomar a iniciativa no assunto. Conhecia-o e sabia que ele não tinha confiança para aquilo. Era mais fácil ficar se corroendo com o incômodo ou se livrar dele de uma vez.

 

E então a ficha caiu. Era por isso que Kenma queria sair do apartamento. Como ele não deu nenhum sinal de que estavam juntos, ele entendeu como se estivesse atrapalhando qualquer outro programa.

 

— Kenma… posso falar com você? – era agora ou nunca! Não ia deixá-lo desconfortável por mais tempo.

 

Kuroo seguiu-o até a sala, sentando ao seu lado no sofá, em expectativa. Observou enquanto ele largava o lanche pela metade, sem encará-lo de volta.

 

— Claro… O que houve?

 

— Bom, é sobre você sair do apartamento… sabe, você-

 

— Eu ia sair no final do mês. – Kenma o interrompeu, apressado. Imaginou que Kuroo ia pedir para liberar o espaço em algum momento – Já falei com Akaashi, ele disse que posso ficar com ele e Bokuto até sair o resultado do estágio.

 

— Não! Não estou te expulsando! É que-

 

— Você quer trazer alguém pra cá…

 

— O que? Não! Você pode me escutar antes de tirar conclusões?

 

Kenma parou de contestar, estalando a língua, no maior ato de rebeldia que Tetsurou já o viu cometer. Ele havia mudado. Não era mais a criança que se escondia às suas costas e evitava expor sua opinião para não chamar atenção.

 

A mudança não era recente, sabia disso. Mas só agora pensava naquilo com calma. Desde que entraram no colegial, desde que se juntaram ao time de vôlei da Nekoma, Kenma mostrou que vinha crescendo, participando mais, dando sugestões e elaborando jogadas estratégicas contra os times adversários.

 

O problema é que Kuroo não queria notar. Não queria ver seu pequeno não dependendo mais de si. Era muito egoísmo de sua parte, mas não queria perdê-lo.

 

— Suas provas acabaram? – Kuroo segurou-o pelos ombros, encarando-o fixamente. Não ia deixá-lo fugir. Ia esclarecer tudo aquela noite.

 

— Só falta uma, acaba no meio da semana que vem. Não se preocupe, isso não vai me abalar ou prejudicar minhas notas. Não precisa medir as palavras.

 

— Não estou medindo nada, Kenma! Só quero ter certeza que esse semestre acabou ou está bem encaminhado.

 

— Sim, está. Pode voltar a convidar seus amigos para virem aqui. – Kenma se afastou das mãos de Kuroo, caminhando para o quarto – Vou arrumar minhas coisas.

 

Kenma estava fazendo de propósito! Tinha certeza! Precisava esclarecer melhor o que queria dizer, mas não estava conseguindo. Tudo porque aquele baixinho não o deixava terminar de falar! A vontade de gritar com ele era enorme. Era como se Kenma estivesse com ciúmes! Não fez nada para que ele se sentisse daquela forma, fez?

 

— Eu pedi pra me escutar e gostaria que fosse até o fim. – Kuroo interceptou-o no corredor, bloqueando sua passagem – Eu fui paciente, esperei que se adaptasse, não atrapalhei seus estudos e controlei bem minhas brincadeiras perto de você. Mas agora que o semestre acabou, não vou me segurar mais, Kenma.

 

— O qu- – mas Kuroo não o deixou nem começar, colocando o indicador em seus lábios. Queria que ele ouvisse tudo.

 

— Eu só preciso confirmar uma coisa, Kenma… você ainda gosta de mim?

 

— Do que está falando? – a frase saiu completa, mas o tremor na voz era perceptível.

 

Kenma cruzou os braços à frente do corpo, desviando o olhar para o chão. Por que Kuroo queria conversar logo agora? Depois de todo aquele tempo que moravam juntos? E por que estava trazendo aquele assunto à tona? Era passado… Já não importava mais o que sentia. O amigo tinha uma vida por ali e responder àquela pergunta poderia atrapalhar seus planos.

 

— Na minha formatura, você disse-

 

— Eu sei o que eu disse. Esqueça aquilo.

 

— Era mentira? – Kuroo apoiou a mão na lateral de seu rosto, erguendo-o para que pudesse encarar seus olhos, mas Kenma desviou, se encolhendo contra a parede – Kenma… eu gosto de você. Muito. Eu achei que fosse óbvio, mas parece que tem certas coisas que precisam ser ditas… – nenhuma resposta foi proferida, mas o olhar arregalado dizia muito. Ele não estava esperando aquilo – Nós estamos juntos, não estamos?

 

Kenma finalmente o encarou, surpreso.

 

— Eu disse que ia te esperar, não disse? – Kuroo aproximou mais, a mão livre descendo até o quadril de Kenma, brincando com a barra da camiseta – O que me diz?

 

— Pare de me provocar…

 

— Não estou. Eu realmente gosto de você, Kenma. O que preciso fazer pra acreditar em mim?

 

Aquele contato era tão desejado e tão incerto. E se ele estivesse brincando? E se fosse algum tipo de aposta? Não… Akaashi teria alertado, ele não deixaria aquilo seguir adiante. Pousou as mãos na frente da camiseta de Kuroo, puxando-o para si enquanto inclinava o rosto em sua direção, iniciando um beijo. O beijo de verdade que quis dar em Kuroo após a formatura e não aquele roçar de lábios que atormentou seus pensamentos pelos últimos meses. Se arrependia tanto por não tê-lo beijado direito, temendo que aquela tivesse sido sua primeira e última oportunidade.

 

Kuroo pressionou seu corpo contra o menor, aprofundando o beijo após passar a língua por seus lábios, que se separaram para prová-lo. Como foi idiota de se abster daquele contato? Como aguentou todo aquele tempo debaixo do mesmo teto sem tocá-lo?

 

Kenma parecia sedento quando envolveu seu pescoço, empurrando-o contra a porta e através dela para o interior do quarto. Kuroo não tinha a menor intenção de pará-lo. Deixaria que ele tomasse de si tudo que quisesse.


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Notas finais do capítulo

Continua~



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