YOur home escrita por Aislyn


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Vamos começar o ano bem e com fanfics!
Boa leitura!



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A amizade entre Bokuto e Akaashi começou no ensino médio, através do vôlei. Por mais que suas personalidades fossem opostas, isso raramente causou atritos ou tornou a amizade mais difícil. Enquanto Bokuto era enérgico e animado, um pouco infantil também, Akaashi era sério e de poucas palavras, mas não ao ponto de não rir das brincadeiras do outro. Além de amigos, também formaram uma dupla muito forte durante os jogos, levando Akaashi a conhecer bem o humor de Bokuto, de modo a se adaptar durante as partidas.

 

Contudo, independente do tipo de relação que construíram durante aqueles anos de colégio, Akaashi não imaginou, por um instante sequer, que o amigo pensasse nele como uma opção amorosa. Na verdade, Keiji tinha quase certeza que a cabeça de Bokuto só trabalhava com o vôlei em foco.

 

Saiam muito para comer e frequentavam a casa um do outro, mas Akaashi nunca notou nada diferente dispensado à sua pessoa. E se considerava bastante atento, obrigado. Ou talvez não estivesse pensando em relacionamentos na época, por isso não notou. Ou não houvesse o que notar…

 

Depois de muito pensar, Akaashi chegou à conclusão que não adiantava pensar. Talvez porque nem mesmo Bokuto tivesse percebido o que sentia até o instante em que se confessou e por isso não lhe deu sinais.

 

Akaashi acordou com um toque em sua bochecha, encontrando um par de olhos a observá-lo quando ergueu o rosto, ainda sonolento.

 

— O filme acabou. Você perdeu o final. – e lá estava o tom manhoso de Bokuto, fingindo estar chateado por ele ter dormido – A viagem foi cansativa?

 

— Não… foi tranquila. Mas fiquei a semana toda arrumando a documentação para a empresa. E acho que bebi além do meu limite. – Akaashi espreguiçou enquanto se afastava do ombro do namorado, notando um cobertor escorregar por seu corpo. Quando ele havia pegado a peça?

 

— Vamos pra cama? Amanhã eu arrumo por aqui. – porque sair pra beber com Kuroo e Kenma não foi o suficiente para seus planos de programa noturno. Eles levaram bebidas e petiscos pra casa e agora a mesa de centro estava uma zona com os restos nos pacotes – Vai sair cedo, não é? Precisa ajeitar algo antes?

 

— Já tenho tudo separado. Fiz isso enquanto estava no trem. – Akaashi foi puxado pela mão até o quarto, com Bokuto apagando as luzes enquanto guiava caminho, num gesto um pouco atípico – Por que está sendo tão atencioso?

 

— Akaashi! Assim me faz parecer um namorado ruim! – Bokuto se virou para encará-lo, as mãos apoiadas na lateral do quadril – Eu sou sempre atencioso!

 

E então Keiji notou as cobertas sobre a cama, formando o desenho de um coração. A pergunta estava estampada em sua face, mas era impossível não sorrir com o gesto.

 

— Eu queria colocar pétalas de rosa, mas esqueci de comprar.

 

— Não precisa tentar fazer o tipo romântico. Não combina com você. – Akaashi queria tirar uma foto, mas deixou seu celular na sala. Sem falar que Bokuto ia ficar animado demais pelo resto do mês se o visse fazer tal coisa.

 

— Você não gostou?

 

— … gostei. – não tinha porque mentir. Mesmo se não tivesse gostado, era capaz de dizer o contrário para não vê-lo triste.

 

Foi uma pena se ajeitar sobre a cama e desfazer a decoração antes de poder registrá-la, mas agora estavam morando juntos e podia insinuar em algum momento que queria algo especial para a noite. Tinha certeza que seria atendido.

 

* * *

 

A metade do primeiro semestre se aproximava e Kenma viu seu pouco tempo livre se esvair. As provas estavam se aproximando, vários trabalhos deviam ser entregues e ele precisava de notas acima da média em todas as disciplinas caso quisesse mesmo tentar a vaga de estágio. Kenma nunca teve problemas no colégio por conta de suas notas, mesmo que jogasse a maior parte do tempo, mas a vida acadêmica superou suas expectativas. Fazia pelo menos uma semana que não pegava nenhum de seus jogos e aquilo o estava deixando louco.

 

A luz oscilou novamente, mas o olhar do rapaz foi atraído para a janela, onde a chuva batia há algum tempo. Nunca gostou muito daquele clima cinzento, com nuvens pesadas e trovões que o faziam se encolher. Não que tivesse medo hoje em dia, mas passar por tempestades sozinho em casa nunca foi fácil. Não era mais uma criança e agora tinha Kuroo. Mesmo que tivessem aulas e Tetsurou tivesse que trabalhar, no fim do dia iriam jantar juntos enquanto colocavam a conversa em dia.

 

Naquela noite em particular, Kuroo estava de folga e se ofereceu para cozinhar para os dois, gesto que foi muito apreciado por Kenma. Ele realmente precisava terminar aquele trabalho, mas sabia também que não podia ter esperanças de algo muito elaborado para comer, visto o conhecimento do amigo na cozinha. Suas suposições se mostraram verdadeiras quando o ex-capitão retornou com chocolate quente e bolo. Era bem mais do que ousava pedir.

 

— Como está indo? – Kuroo depositou o lanche no meio da mesa, estendendo-lhe uma caneca antes de retornar até o fogão para pegar a sua – Vai precisar virar a noite de novo?

 

— Hmm não… acho que não. Não falta muito… – após salvar o texto que trabalhava, Kenma se permitiu relaxar um pouco e provar a bebida. Estava boa e combinava com aquele início de frio. Um futon seria perfeito…

 

— Quer ajuda em alguma coisa? Você pode ir ditando e eu digito pra você. – Kuroo ofereceu enquanto sentava do outro lado da mesa, sabendo que Kenma nunca aceitaria aquilo. Ele levava suas responsabilidades a sério.

 

— Você digita devagar… eu teria que repetir várias vezes.

 

— Hei! Não é pra tanto! – mas a risada debochada estava presente. Não ia insinuar em voz alta que ele não era um viciado em jogos e por isso não tinha a agilidade de Kenma com os dedos.

 

— Devia focar nos seus trabalhos. Seus professores devem ter passado algum e suas provas também estão chegando.

 

— Eu estudo no trem, relaxa, Kenma! Sigo essa rotina desde o ano passado, tem dado certo pra mim.

 

— Você é muito relaxado…

 

Contudo, lá no fundo, Kenma sentia um pouco de inveja. Queria ser mais tranquilo com tudo em geral. Precisava de um grande esforço pra socializar com seus colegas de classe e muito ânimo para acompanhar Kuroo em seus passeios, mas costumava negar a maioria. Gostava quando Bokuto e Akaashi vinham até o apartamento ou quando iam visitá-los. Eram encontros divertidos onde não sentia que estava sendo arrastado apenas por educação.

 

Um relâmpago iluminou o mundo fora do apartamento e, quando se foi, deixou o prédio no escuro. Lançando um olhar para fora da janela, era possível notar que vários outros prédios da região estavam enfrentando o apagão.

 

— Ótimo… agora não posso pesquisar mais. – Kenma resmungou chateado, mesmo que ainda estivesse distraído com seu chocolate. Talvez ele fosse mesmo virar a noite, se a luz voltasse em um horário decente.

 

— Posso sentar do seu lado? – Kuroo questionou após um instante, atraindo um olhar curioso, mas recebeu um gesto de descaso com os ombros, seguido de um ‘a casa é sua’ – A luz do notebook está deixando sua cara assustadora. – o comentário foi acompanhado de uma risada alta, que foi interrompida abruptamente após uma cotovelada em sua costela – Doeu…

 

— Você mereceu. – Kenma resmungou, fechando a tela do monitor – O que foi? Está com medo do escuro?

 

— Só relembrando os tempos de infância. A gente ficava assim quando saía da escola e ia pra sua casa. Sentados olhando pro tempo, só conversando.

 

— Eu lembro… – e assim como naquela época, Kenma se aproximou mais, deitando a cabeça em seu ombro.

 

Será que a relação deles havia voltado para aquele período, onde eram só amigos? Moravam juntos há quase quatro meses e nada havia mudado, nada havia avançado. Kuroo não insinuou nada, não comentou a respeito do beijo ou de como terminaram a situação no colegial… Aquilo ia corroê-lo até quando?


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