YOur home escrita por Aislyn


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Começar novembro com algo leve e fofinho, depois de passar outubro fazendo algumas leitoras sofrerem... >3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793567/chapter/3

A primeira semana passou num piscar de olhos, assim como o primeiro mês. A convivência foi fácil de levar, visto que Kenma era sempre tranquilo e Kuroo cumpriu sua promessa de tentar manter as coisas em ordem. Se revezavam na cozinha, o que algumas vezes terminava com um deles pedindo comida para entregar, as tarefas de limpeza eram divididas igualmente, assim como o responsável pelas compras da semana.

 

Bokuto aparecia algumas noites, juntamente com Kuroo após o trabalho e com mais frequência aos fins de semana, atualizando-os de sua contagem regressiva para a chegada de Akaashi. Diferente de Kuroo, que esperou Kenma bater à sua porta para então arrumar o apartamento, Bokuto se adiantou até demais, chegando ao cúmulo de fazer uma faixa de boas-vindas. Era vergonhoso, mas nenhum dos dois teve coragem de comentar a respeito.

 

Kenma conseguiu fazer a matrícula na faculdade sem nenhum problema e, ao perguntar a respeito dos estágios que Kuroo sugeriu, descobriu que só poderia se inscrever a partir do segundo semestre. Ainda teria um longo caminho pela frente. Quando comentou mais uma vez sobre procurar um emprego para poder se cuidar, Tetsurou usou de todo o tato que não tinha para tentar explicar a Kenma que era bem-vindo ali, independente de ter um trabalho ou não. O que ganhava era o suficiente para as despesas de casa e seus pais se ofereceram para ajudar caso a situação se complicasse. Para completar, os pais de Kenma também não o deixaram sem nada; por mais que ele reclamasse sobre a distância afetiva, não iam deixá-lo passar necessidade.

 

Sem encontrar nem um contra argumento, Kenma aceitou continuar dividindo apartamento, sem data fixa de se mudar novamente. Foi impossível não ficar feliz com aquele desenrolar, com Kuroo afirmando várias vezes que o queria ali, que foi o que combinaram quando terminou o colégio e que alguns dias eram muito solitários, mesmo para ele que conversava com todos à sua volta. Era diferente ter por perto alguém que confiava e conhecia tão bem. Tinha Bokuto, claro, mas o tipo de amizade deles era diferente.

 

Entretanto, uma vozinha no fundo de sua cabeça parecia gostar de atormentá-lo, trazendo à tona imagens das festas que o amigo ia, fotos onde ele aparecia abraçado com pessoas que não conhecia e não sabia que tipo de relação tinham. Os pesadelos pararam, mas aquele resquício de dúvida ainda permanecia presente.

 

E tudo o que precisava fazer era conversar. Sentar diante de Kuroo e expor todas as suas dúvidas e inseguranças. Só conversar… Justo algo que ele tinha dificuldade em fazer. Kenma podia conversar normalmente sobre o cotidiano, sobre vôlei e mais ainda quando se tratava de jogos, mas sobre seus sentimentos? Já foi difícil se confessar uma vez; seria uma tortura tentar uma segunda vez, com a incerteza sobre ser correspondido à espreita.

 

* * *

 

A chegada de Akaashi causou uma agitação na vida dos três. Bokuto os convocou para seu apartamento horas antes, dizendo que precisava preparar o prato preferido do namorado e queria a ajuda dos dois. Nenhum deles sabia que prato era e muito menos sabiam cozinhar direito. Fazer o básico para sobreviver era uma coisa, mas preparar um jantar decente? Fora de cogitação.

 

Mas tentaram assim mesmo.

 

Kenma, na primeira oportunidade para se afastar, se escondeu atrás do sofá e foi jogar. Kuroo procurou algumas receitas na internet, mas Bokuto não considerou nenhuma digna o suficiente. Ele queria algo especial, romântico e gostoso.

 

Quando o celular de Bokuto notificou a chegada de uma mensagem, o pânico se instalou. Akaashi estava saindo da casa dos pais àquela hora, o que significava que tinham menos de uma hora para preparar algo e limpar a bagunça.

 

— Ok, desisto. – Koutarou anunciou, jogando o pano de prato na mesa – Espero que ele aceite as boas intenções de todos, mas vamos comer fora.

 

— Vamos naquele restaurante perto da faculdade. Ele vai gostar! – sugeriu Kuroo, mas Kenma acabou com seu ânimo, trazendo-o à realidade.

 

— Eles demoram demais pra preparar os pratos e nem é tão bom assim.

 

— O takoyaki de lá é bom. – revidou o rapaz, ganhando um suspiro fundo como resposta.

 

— Você pode comer isso em qualquer esquina, Kuroo…

 

— Vamos procurar algum lugar perto da saída do metrô, assim não tem perigo de perdermos o último trem. – sugeriu Bokuto, sabendo que não voltariam pra casa tão cedo. Queria aproveitar a noite com Akaashi e com os amigos.

 

Quando Kenma perguntou sobre a bagunça na cozinha, Bokuto se fez de cego, fingindo não ver a quantidade de louça que ele e Kuroo sujaram. Ia ajeitar tudo quando voltasse, e não, não ia deixar para Akaashi, como Kenma sugeriu num resmungo.

 

Chegando à estação, Bokuto estendeu uma ponta da faixa para Kuroo, deixando a mensagem de boas-vindas à vista de qualquer um que passasse por ali. Kenma fingiu não conhecê-los e foi esperar o mais longe possível, mas ainda ficando à vista de quem chegava à plataforma, o que lhe rendeu um agradecimento de Akaashi, que seguiu direto em sua direção, ignorando os dois idiotas.

 

— Akaashi! Eu fiz com tanto carinho pra você!

 

Chegavam à frente do restaurante e Bokuto ainda parecia ofendido por ter sido ignorado. Kuroo ria espalhafatosamente pela rua, deixando os outros dois envergonhados. Ele sabia que aquilo ia acontecer e mesmo assim atiçou a ideia.

 

— Bokuto, chega. Ou pego o próximo trem de volta pra casa.

 

— Mas você disse que ia morar comigo! Eu até limpei a casa!

 

— Isso é o mínimo que se espera que faça… – ignorando qualquer outro choramingo, Akaashi seguiu Kuroo e Kenma para dentro do estabelecimento, rezando para que Bokuto tivesse um pingo de noção, o que surpreendentemente foi atendido, com o rapaz seguindo-o sem causar mais problemas.

 

— Conseguiu se adaptar bem, Kenma? – Akaashi pegou o cardápio, mas manteve a atenção no rapaz sentado à sua frente. Como os outros dois conversavam muito, evitavam deixá-los em pontas opostas da mesa, ou não conseguiriam se entender.

 

— Um pouco, eu acho… – o ex-levantador respondeu lançando um olhar para seu colega de quarto – Kuroo está tentando manter as coisas organizadas, mas ronca algumas vezes e conversa dormindo também. Eu já sei o nome de todos os professores dele…

 

— Eu posso te ouvir, sabe? – Tetsurou se manifestou, interrompendo a conversa que mantinha com Bokuto. O sorriso divertido que ostentava mostrava que não estava nada chateado com o comentário, pelo contrário, gostou de saber que era observado enquanto dormia. Apesar que aquilo podia significar também que fazia barulho o suficiente para não deixar o outro dormir.

 

O jantar seguiu tranquilo, na medida do possível, levando em conta que formavam um grupo bem enérgico. Bokuto deixou Akaashi à par de tudo que aconteceu no dia e alguns outros acontecimentos da semana, como se não se falassem por telefone diariamente. Kuroo cuidou de corrigir a narração de alguns fatos, onde Bokuto tentou se mostrar maduro e descolado, mas na verdade havia sido uma piada.

 

Ainda tentando se mostrar responsável, Bokuto se prontificou para pagar a conta e Kuroo se intrometeu, dizendo que cuidaria da parte dele e de Kenma.

 

— Vamos esperar lá fora. – Akaashi avisou enquanto observava os dois revirando as carteiras e correndo até o caixa, depois se virando para Kenma – Dois idiotas. Então, algum avanço entre vocês?

 

— Não… Kuroo está agindo normal… como era na época do colégio.

 

— Conversou com ele a respeito? Disse que ainda gosta dele?

 

— … não. Eu não consigo uma brecha… – Kenma sabia que parte do sofrimento que estava passando era por sua própria culpa. Precisava conversar com Tetsurou mas não encontrava a coragem necessária – Tenho medo dele levar na brincadeira ou entender errado, como se esse gostar fosse só como amigos…

 

— Vai deixar como está? Até quando?

 

— Não sei… estava pensando em conseguir um trabalho e um lugar pra ficar, assim, se ele não corresponder, eu teria pra onde ir…

 

— E depois? Vai parar de frequentar a faculdade pra não estar no mesmo lugar que ele? Não vai mais até o apartamento do Bokuto porque ele pode estar por lá?

 

— Eu não quero isso, Akaashi… mas não sei como resolver…

 

— Precisa ter uma conversa franca com ele. – Akaashi cortou o assunto, visto que os outros dois saíam do restaurante para encontrá-los.

 

Kenma sabia daquilo melhor do que ninguém. Elaborou diversas discussões mentais, com todas as respostas possíveis que Kuroo poderia lhe dar, assim como o que podia fazer depois, caso tivesse um resultado favorável ou não. Se imaginou se jogando nos braços dele, caso obtivesse uma confirmação, mas isso era um devaneio distante. Não tinha coragem. E se ele negasse… bom, sua mente voltava na ideia inicial de procurar outro lugar para ficar, mas as palavras de Akaashi fixaram bem em sua mente. Tinham amigos em comum, não poderia evitá-lo para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo!
Não deixem de me contar o que estão achando da história!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "YOur home" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.