YOur home escrita por Aislyn


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Kuroo abaixou o fogo e virou-se para cumprimentar o ex-levantador, abraçando-o de volta e beijando-lhe o topo da cabeça. Um sorriso travesso surgiu em seus lábios antes que os pensamentos se transformassem em palavras.

 

— Eu ia dizer ‘bom dia, baixinho’, mas agora que percebi; você cresceu, Kenma.

 

— Culpe o vôlei por isso. – a resposta veio baixa, mas acompanhada de um sorriso divertido – Alguma coisa boa teria que vir depois de praticar tanto.

 

Só agora que estavam tão próximos é que Kenma pode comprovar aquilo também. Ele havia mesmo crescido. Kuroo costumava ser pelo menos uma cabeça mais alto, o que o obrigava a olhar pra cima para conversar, mas agora estava à altura de seus olhos. O ex-capitão ainda era mais alto, mas não era uma diferença que o incomodava. Nunca incomodou na verdade, pois sempre se sentiu protegido ao seu lado.

 

Por outro lado, foi bom poder abraçá-lo e alcançar o queixo em seu ombro, ao invés de grudar o rosto em suas costas, como fazia quando eram crianças.

 

Kuroo serviu o café para os dois, perguntando se Kenma andou vendo seus pais, depois pediu notícias do time de vôlei, assunto que rendeu uma boa conversa enquanto comiam. Alguns alunos do primeiro ano entraram para a equipe, mas até o último dia que treinou, Kenma não notou ninguém em especial. Lev havia melhorado muito, mas ainda era um idiota agindo por instinto. A cerimônia de graduação foi divertida, mas nada emocionante como foi a despedida de Kuroo.

 

— Quando suas coisas vão chegar?

 

— Hoje a tarde, eu acho… – Kenma respondeu inseguro, ajudando Kuroo a levar a louça até a pia – Minha mãe disse que estaria de folga e ia despachar no caminhão agora pela manhã.

 

— Certo, tenho tempo de dar um jeito aqui e liberar espaço pra você.

 

— N-não… não precisa se preocupar, Kuroo. São poucas caixas, três ou quatro, se minha mãe não enviar nada por conta própria. Minhas roupas, objetos pessoais e alguns livros, eu posso colocar em qualquer canto livre…

 

— Claro que não pode! Como vai deixar suas roupas em caixas? – o ex-capitão cutucou-o na bochecha com o dedo cheio de sabão – Vou liberar espaço pra você no armário e na estante também, assim fica fácil encontrar o que precisar.

 

— Realmente não é necessário… você tem que estudar. Eu não quero tomar seu tempo…

 

— Hei, estou de folga hoje. Não tenho aula e nem trabalho. Tirei o dia pra te ajudar e é isso que vou fazer. E Bokuto pediu pra avisar quando você chegasse, ele quer sair pra beber.

 

— Ah, vou mandar mensagem pra ele… e pro Akaashi. Fiquei de avisá-lo quando chegasse.

 

— Continuou mantendo contato com ele? – Kuroo questionou curioso, apoiando-se no balcão – Ele vive ignorando minhas mensagens.

 

— Por que será que ele faz isso, não é? – Kenma sabia bem o tipo de mensagem que Kuroo mandava para os amigos. Akaashi era do tipo sério e para não revidar as brincadeiras, preferia ignorá-las.

 

— Ele vai mesmo se mudar no mês que vem? Bokuto não parou de falar isso a semana inteira! Sobre parecerem recém-casados e que precisava de uma cama nova, e que se não viesse, ia buscá-lo pessoalmente. Aquele idiota está mesmo apaixonado!

 

— Hmm… eu sei que ele está fazendo um curso profissionalizante e esperando a resposta de uma empresa. Ele não quer vir sem ter um emprego garantido. Akaashi nunca dependeria totalmente de Bokuto.

 

Sobre estar apaixonado, Akaashi correspondia, por mais difícil que tivesse sido assumir, mas não era idiota a ponto de achar que sobreviveria com amor. Bokuto não era muito confiável quando se tratava de algumas responsabilidades. E quanto a ele… bom, Kenma sabia que também estava apaixonado, mas não tinha certeza sobre ser correspondido, não sabia se aquele ‘gostar’ de Tetsurou tinha a mesma forma e intensidade que o seu.

 

Precisava encontrar um trabalho de meio período e arrumar a papelada para a faculdade. O quanto antes pudesse se virar, mais rápido sairia dali. Não queria atrapalhar o amigo, ocupar seu espaço, usar suas coisas ou se aproveitar de sua boa vontade.

 

— E eu achando que Akaashi ia ser quem mais levaria a faculdade a sério… junto com você, claro. Vocês dois são sérios e certinhos com os estudos…

 

— Ele falou algo sobre aprender coisas novas antes de escolher o curso. – Kenma deu de ombros, sem se importar muito com a decisão do amigo.

 

Agora eram praticamente adultos se virando sozinhos, sem os pais por perto para controlar e instruir. Aproveitar a nova liberdade costumava entrar nos planos.

 

Kenma queria ter coragem para fazer aquilo também. Testar a nova liberdade, mas não é como se seus pais fossem do tipo controladores. O educaram bem, nunca deixaram faltar nada, mas não eram muito presentes. O que ele mudaria, se fosse possível, era sua falta de confiança em si mesmo.

 

Após ajeitar a cozinha, Kuroo se ocupou em organizar seu armário, tentando deixar pelo menos a metade livre. Kenma tentou ajudar um pouco, mas acabou se irritando ao ver a zona que se escondia por trás daquelas portas. Como ele conseguia encontrar o que precisava no meio daquilo tudo?

 

Mesmo em meio à organização, a conversa se manteve ativa, Kuroo contando tudo a respeito da faculdade, os pontos positivos e negativos do seu curso e alguns lugares que queria levar Kenma para conhecer. Não era como se estivesse em uma cidade estranha onde não sabia se localizar e locomover sozinho, mas os bons lugares para visitar costumavam ser apresentados por Kuroo. Ele era quem mais saia com os amigos para se divertir.

 

Lembrar que Kuroo estava se divertindo sozinho ou com amigos que ele não conhecia ainda deixava Kenma desconfortável. Sabia que era um pensamento bobo e egoísta, afinal o amigo sempre esteve cercado de pessoas, sempre foi sociável e divertido, mas ser arrastado com ele às vezes parecia uma obrigação. Realmente considerava Kuroo uma boa pessoa, por incluí-lo em vários de seus programas. Mas aquilo não podia continuar. Tinha em mente que caminhava para se tornar um adulto e ser independente estava nos seus planos.

 

— Você comentou que tem um trabalho… quero procurar um de meio-período também. Ou aos fins de semana.

 

— Não é difícil achar. Tem algo em mente? Algo que quer fazer? – Kenma respondeu com um aceno negativo. Ainda não havia pensado naquela parte – Veja primeiro os horários das aulas que vai fazer e o tempo que terá livre, assim pode encontrar o que se encaixa melhor. Às vezes você consegue estágio na própria universidade.

 

— Preciso de algo que pague bem, assim posso ajudar com as despesas e depois procurar um lugar pra mim. – seus pensamentos acabaram por sair alto demais, atraindo um olhar curioso de Kuroo.

 

— Lugar pra você como uma casa pra comprar?

 

— N-não… só para ocupar enquanto estiver estudando…

 

— Achei que fosse ficar por aqui, comigo. Tenho espaço suficiente pra nós dois. Sabe que não me importo.

 

— Eu sei… só… não quero te dar trabalho…

 

— Se é isso que quer, eu posso te ajudar, Kenma. Mas não precisa se sentir obrigado a dividir as despesas agora ou sair correndo. Aqui está um pouco bagunçado e você gosta de ter sua privacidade, mas assim que eu colocar tudo no lugar, tenho certeza que vai achar um espaço só seu.

 

Alguma coisa estava incomodando seu pequeno e Kuroo não fazia ideia do que era. Contudo, tinha certeza que não era apenas sobre dar trabalho ou sua vida privada. Foi por pouco tempo, mas imaginava que durante aquele último ano algo mudou na vida de Kenma. Infelizmente, não adiantava perguntar agora ou pressioná-lo. Sabia o quanto ele podia ser arisco. Era visível que ainda não estava à vontade, mas quando estivesse, aí sim, poderiam conversar melhor sobre tudo e qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Continua!



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