Albus Potter e o Pergaminho do Amanhã escrita por lexie lancaster


Capítulo 12
A Sociedade das Sombras




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— CAPÍTULO DOZE –

A Sociedade das Sombras

 

Ao final do mês, Al e Scorpius entenderam porque Callaghan havia marcado a detenção no final da última aula de setembro.

Quando terminaram sua lição de espantar diabretes-das-chamas, a sala ficou um verdadeiro desastre: haviam manchas carbonizadas nas paredes e no teto, restos de penas perdidas entre as carteiras, e até livros espalhados (que foram derrubados para fora da estante na hora do alvoroço). 

Nada deixava a sala num estado mais deplorável que primeiranistas lidando com diabretes-das-chamas.

Emma os olhou com um pouco de pena e Riley e Rose lhes deram tapinhas de incentivo no ombro antes de sair com o restante da turma, deixando apenas Scorpius, Andy, Levius e Al na sala com o Prof. Callaghan.

O professor estava apoiado na mesa. A varinha girando livremente entre os dedos.

— Como professor, eu me sinto obrigado a dizer que vocês deveriam evitar as detenções o máximo que puderem – disse, sorrindo – E, como diretor da Sonserina, devo dizer que não fico feliz em ter que tirar pontos da minha casa. E claro, a Grifinória também sai perdendo pelo comportamento de vocês, garotos.

Carwyn olhou para Levius Lewis e Andy McKay, nervosamente parados a sua frente, e ambos encolheram os ombros com desconforto.

— No entanto, como pessoa, eu não me importo realmente se vocês duelem se for preciso. Há situações, eu acredito, em que talvez vocês até devam. E ficaria feliz se saíssem da minha aula sabendo se defender afinal. Mas isso não significa que possam usar o que aprendem aqui sem motivo. Ou pior, ferindo alguém que está no caminho.

Desta vez, o professor não olhou para ninguém em particular, mas ainda assim, Scorpius e Al entenderam o recado.

— Espero que reflitam sobre isso quando estiverem reorganizando a sala – avisou, indo até a passagem que se abriu entre as prateleiras de uma das estantes – Vou estar no meu escritório se precisarem de alguma coisa. E lembrem-se: nada de feitiços.

Assim que o Prof. Callaghan passou pela estante, as prateleiras voltaram a se encaixar e a imagem do bruxo desapareceu de vista. De um instante para o outro, restavam apenas os quatro garotos no meio da sala bagunçada.

Al não se surpreendeu em nada por Levius Lewis ter passado a maior parte do tempo resmungando enquanto esfregava as manchas da parede. Ele e Andy McKay acabaram limpado a metade da sala que tinha mais manchas de queimaduras e cadeiras esparramadas, e Scorpius e Albus arrumaram a outra metade, que tinha mais livros e tinteiros derrubados.

— Quantos livros de anti-azarações será que existem? – Perguntou Scorpius, quando guardava o terceiro volume de uma coleção para repelir feitiços de coceiras.

As juntas dos joelhos deles já podiam começar a sentir os efeitos de tanto abaixar e levantar, pegando e guardando todos os tipos de coisas jogadas no chão. Juntaram o restante dos exemplares que estavam fora do lugar e os agruparam em dois montes, para que cada um pudesse guarda-los de volta nas grandes estantes de cedro ao canto da sala.

Eles enfiaram os quatro últimos livros todos juntos num espaço que sobrava na prateleira, mas antes que percebessem, os livros tinham deslizado para o lado, abrindo a passagem escondida para o escritório do Prof. Callahgan.

Imediatamente, Al se surpreendeu com o que viu. Toda a sala do professor parecia, na verdade, uma verdadeira sala de investigação. Haviam bisbilhoscópios, poções reveladoras e muitas, muitas pastas categorizadas. O que mais chamou sua atenção, no entanto, foi a parede do outro lado da sala.

Tinha um quadro gigantesco com diversas informações, com imagens de diferentes lugares e pessoas, e setas que não paravam de se mexer, indo e voltando, e apontando para as mais diversas direções.

Albus assegurando-se que Lewis e McKay estavam ocupados com os esfregões antes de fazer um sinal com a mão para que Scorp o seguisse.

Callaghan não estava em nenhum lugar que pudessem ver, mas curiosos como estavam, os dois não demoraram em se aproximar da mesa central para dar uma olhada. Haviam algumas pastas do que pareciam ser fichas de alunos, e Albus deixou escapulir uma exclamação de incredulidade quando leu o nome ao lado de uma das fotos na ficha.

O jovem Francis Fleet da foto não se parecia em nada com o veterano que ele conhecia. Era pior que uma definição exagerada de um corvino CDF, com problemas de pele e óculos de garrafa.

Logo atrás da mesa, estava o grande quadro de investigação. Al não fazia ideia do que todas aquelas informações poderiam significar, mas um símbolo em especial, de quatro extremidades curvas, chamou sua atenção.

— Eu já vi esse símbolo antes! Saiu na seção de notícias internacionais do Profeta Diário!

Scorpius colocou a mão no queixo, olhando o símbolo demoradamente.

— Pode ser algum tipo de nó celta – disse, pendurando a cabeça para o lado – Mas não sei o que significa.

Havia tanta coisa colada no quadro que Al até achou que as setas deslizantes realmente ajudavam a guiar sua atenção para os pequenos detalhes. Ele foi acompanhando uma vermelha, menor que as demais, e se surpreendeu um pouco ao perceber que apontava para uma data que era a mesma do seu aniversário.

— Vocês não precisam arrumar aqui, sabem, garotos.

No mesmo instante, Albus e Scorpius se viraram de um só pulo.

O Prof. Callaghan estava atrás deles, no início da sala, perto de um armário de canto.

— Desculpe, senhor – apressou-se em dizer Scorpius – Nós estávamos só colocando os livros de volta no lugar quando, hã, bem, eles meio que deslizaram para o lado e então...

— Ah sim, esses livros que tenho – disse o Prof, Callaghan, rindo – Começam a se mexer por conta própria depois de um tempo, mas não consigo me livrar deles. Devo ser... como é que se diz? Apegado, ou coisa assim.

Scorpius e Al trocaram um rápido olhar entre si. Os dois pensavam a mesma coisa do Prof. Callaghan: ele era um bruxo muito misterioso.

— Senhor, o que é tudo isso? – Perguntou Albus, o mais educadamente que pôde.

Callaghan sorriu, como sempre fazia, mas seus olhos pareceram brilhar com uma inteligência nata, observando os dois garotos parados a sua frente.

— Você quer saber o que são essas coisas no quadro? – Perguntou, observando atentamente todas aquelas imagens conectadas pelas setas movediças – São pistas.

— Pistas? – Repetiu Scorpius, confuso – De quê?

— Bom, garoto, essa é uma longa história – respondeu o professor, girando a varinha e fazendo um cachimbo aparecer na palma da mão repentinamente – Uma história que têm a mesma idade de vocês. Não, talvez mais do que isso.

Na mesma hora, Al pensou em perguntar sobre a data que havia pendurada no quadro. A mesma do seu nascimento. Mas antes que pudesse dizer alguma coisa, Levius e Andy apareceram na porta.

— Minha nossa! – Exclamou Lewis, passado a vista pela sala – Pensei que os professores só tivessem uma mesa e estantes embutidas nos seus escritórios!

— Cada professor pode decorar seu ambiente de trabalho da maneira que achar melhor, não acha, Levius? – Perguntou o Prof. Callaghan tranquilamente – Mas, mais importante que isso, garoto. Fico feliz que tenha aparecido! Vocês chegaram bem no momento certo!

Ele se adiantou até os alunos e os segurou pelo ombro, guiando-os até onde estavam parados Albus e Scorpius que, visivelmente, estavam tão confusos quanto Andy e Levius.

— Hã, professor, nós só íamos avisar que já acabamos de arrumar as coisas – disse Andy McKay, parecendo desconfortável.

— Excelente! Os colegas de vocês e eu estávamos prestes a começar um assunto que eu acredito ser do interesse de vocês também. Especialmente do seu, garoto grande – o Prof. Callaghan apontou o queixo de cavanhaque para Lewis e então voltou a balançar a varinha, fazendo quatro luxuosas cadeiras de couro aparecerem na sala – Vamos, podem se sentar. Fiquem à vontade!

— Mas qual assunto é esse? – Quis saber Levius, desconfiado.

— Se me lembro bem, garoto, foi você que disse na minha aula que não haviam bruxos das trevas com colhões para dar as caras nestes tempos, estou certo?

Levius ergueu as sobrancelhas e seu rosto rapidamente começou a ficar mais rosado do que normalmente era.

— Não com essas mesmas palavras, mas...

— Mas disse – completou Callaghan, com um sorriso, antes de dar uma demorada tragada em seu cachimbo de madeira-de-cobra – Agora, é aí que a coisa toda fica interessante. Veja bem, não é porque não podemos ver algo que essa coisa não exista. Eu mesmo, por exemplo, nunca pude ver a dança anual de acasalamento dos iétis do Himalaya, mas tenho certeza que eles as fazes todos os anos, e os novos bebês iétis que continuam nascendo não me deixam mentir...

— Senhor – falou Scorpius, tentando soar educado, mas com uma notória apreensão na voz – O senhor acha que existe a ameaça de algum bruxo das trevas voltar?

— Voltar não, garoto –  respondeu o Prof. Callaghan, expelindo o fumo calmamente – Surgir. E eu acho, por mais que não goste de admitir, que ele já surgiu. Mais precisamente, há exatos onze anos.

Um silêncio muito desconfortável tomou conta do local, e por um momento, Albus achou que ninguém mais falaria nada. Então, o Prof. Callaghan voltou a se aproximar do grande quadro, e olhou para as imagens que se mexiam outra vez.

— Você me perguntou mais cedo o que era tudo isso, Potter. E a verdade é que estas são todas as pistas que vim coletando de um caso que aconteceu quando vocês ainda usavam fraldas. Eu ainda trabalhava como auror, e para ser sincero, o caso nunca chegou a ser solucionado oficialmente. Talvez, na época, nenhum de nós quis encarar a realidade de estarmos lidando com algo muito maior do que imaginávamos.

— Então vocês não acharam o culpado? – Perguntou Al, preocupado – Ele continua cometendo crimes?

O Prof. Callaghan não se virou por completo, e Albus pode ver apenas a sombra de um sorriso contornando seu rosto. Ainda assim, por algum motivo, ele achou que o professor parecia triste.

— Felizmente, nunca mais ouve um crime como o que ocorreu naquela noite. Acho que vocês não precisam saber dos detalhes, mas aquele crime não foi um incidente isolado.

“Era um ritual muito poderoso, que apenas um bruxo ou bruxa com uma forte ambição poderia pensar em fazer. No entanto eu não acho que a ambição dele tenha sido saciada naquela noite, não... E negar o que estar por vir, garoto, é fechar os olhos para o inevitável”.

— Mas então ninguém nem sabe quem é esse tal bruxo das trevas – soltou Levius Lewis, parecendo querer se assegurar.

O Prof. Callaghan deu uma risada abafada, sem emoção.

— Você está certo, garoto. Durante todos esses anos, ele nunca foi achado. Manteve um perfil baixo, apesar de parecer estar conseguindo se fortalecer cada vez mais. Ele tem conseguindo cada vez mais aliados, todos atuando das sombras. Me pergunto o que as pessoas poderiam temer mais que uma ameaça invisível.

— Mas, professor... como o senhor sabe disso? – Indagou Scorpius.

— Tem um símbolo – respondeu o professor – Estava presente na noite do ritual. E acredito que as pessoas que fazem parte dessa nova sociedade o usam para se identificar entre si.

Surpreso, Albus pensou no símbolo que estampara as páginas do Profeta Diário, imaginando se essa Sociedade das Sombras poderia estar se fortalecendo em diferentes partes do mundo.

— Como eu já disse antes – continuou Carwyn, tranquilo, andando até a porta – Me deixaria contente saber que vocês estão saíndo da minha aula preparados para seja lá o que o mundo reserve.  E, espero também, que depois de hoje vocês aprendam a diferenciar o momento certo de começar um duelo de verdade e o momento de resistir à uma provocação.

O Prof. Callaghan fez um brando movimento com a mão, indicando que os quatro já podiam ir. Levius e Andy pareceram aliviados por isso, levantando-se rapidamente de suas cadeiras e sumindo da sala do professor em um piscar de olhos.

Albus, no entanto, ainda tinha outra dúvida que o incomodava. Scorpius passou adiante, mas ele se deteve quando chegou na soleira da porta do escritório.

— Professor, o crime que aconteceu há onze anos... acho que foi no mesmo dia do meu aniversário. Quero dizer, no mesmo dia em que nasci.

Mais uma vez, o Prof. Callaghan o olhou atentamente e, sorrindo com o cachimbo entre os dentes, ele disse:

— Bom isso seria uma coincidência muito estranha, não seria garoto?

Albus riu, sem conseguir evitar lembrar do que Rose dissera quando ainda estavam no Expresso de Hogwarts.

— Minha prima Rose não acredita em coincidências – comentou, se esforçando para lembrar das palavras exatas –  Ela diz que só existem “sucessões de acontecimentos com resultados inesperados”.

— Então, como eu supunha, sua prima Rose é uma garotinha muito esperta – respondeu o Prof. Callaghan, fechando a porta com uma piscadela.


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