Absinto escrita por madwolve


Capítulo 2
Fada Verde




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Shura já caminhava mais ou menos por uns dez minutos. Queria desesperadamente fugir daquela conversa e dissipar a raiva que crescia dentro de si, aquilo o cegava de tal maneira que nem percebeu ter chegado ao seu destino. Identificou onde estava já pelas duas ninfas pintadas, uma de cada lado, da porta dupla com um fundo estrelado pintado nas paredes de fora, acima da espaçosa porta era possível ler claramente “Bar das Astérias, drink bar”.

Rapidamente Shura colocou suas duas mãos sobre a porta e a empurrou revelando um ambiente escuro com algumas cadeiras e mesas, um bar grande e um palco aos fundos. Não era exatamente um bar novo mas estava bem cuidado. Passava das 20:00 e o local estava tranquilo já que os clientes costumavam a chegar mais tarde, então Shura direcionou-se ao seu lugar favorito que ficava no bar.

Ora, ora, se não é o meu cliente favorito? Shura querido, me sinto ofendida com você vindo aqui depois de já ter bebido em outro lugar, é quase uma traição.

A voz doce, gentil e, de certa maneira inebriante pertencia à dona do bar, Rosalia. A mulher tinha seus cabelos negros e ondulados amarrados em um rabo de cavalo frouxo que deixava alguns fios caídos emoldurando seu rosto, por ser um dia particularmente quente ela usava um cropped escuro com sua típica saia longa que ia até bem abaixo dos joelhos, seus dedos finos estavam ocupados limpando alguns copos enquanto ela direcionava os olhos verdes brilhantes para o homem à sua frente.

Muito engraçado, Rosa, hilário, estou morrendo de rir.

Já sentado, Shura falava sem emoção alguma em sua voz pois, mesmo sob influência de álcool, não deixava de ser o homem sério que era por natureza. Ia tanto ao bar que Rosalia nem precisava perguntar o que ele queria, ela já havia se distanciado para pegar a garrafa de absinto, uma taça, uma colher própria para a bebida e dois cubos de açúcar.

O bar das Astérias era muito famoso na região graças aos drinks, bebidas exóticas e principalmente pelo seu Absinto, uma receita própria e muito bem guardada pela própria Rosalia. Por esse motivo todos a conheciam em Rodorio como a ‘fada verde’ tanto pelo seu dom com a bebida quanto pelos seus belíssimos e invejáveis olhos verdes.

Com sempre fez, Rosalia colocou a taça na frente do cavaleiro, derramou dentro um pouco do líquido verde da garrafa, colocou a colher lisa e estilizada com alguns desenhos vazados em cima do copo e equilibrou dois cubos de açúcar no topo de tudo. Retirou-se mais uma vez para buscar uma garrafa com água gelada e logo já estava despejando a mesma com um dosador em cima dos cubos de açúcar que se desfizeram e se incorporaram à bebida que agora perdia seu tom de verde característico ficando mais esbranquiçada. Usando a colher vazada, deu uma pequena mexida no líquido e entregou ao cavaleiro, exatamente como sempre fez.

Aqui está, divirta-se e que a fada verde te traga um pouco de alegria. Você parece estar precisando.

Obrigada.

Lá ia Shura degustar seu absinto finalmente em paz, estava quase no paraíso agora.

Quase.

Você parece mais deprimido do que o normal hoje. Não que você seja a encarnação da felicidade mas hoje você esta...melancólico.— Rosa agora voltava a limpar seus talheres e trouxe um copo d’água para seu cliente, com quem estava genuinamente preocupada.

Sério, até você?

Como dona deste belo estabelecimento, eu adoro quando você gasta todo o seu dinheiro aqui, mas devido ao tempo que frequenta meu bar, às tantas vezes que já dormiu neste banco e o quanto conversamos, é meu dever como sua amiga perguntar.

Shura deu um longo suspiro, talvez por estar mais relaxado com o drink ou porque estava acostumado a desabafar naquele banco com aquela mulher de voz macia.

Você conhece todos os cavaleiros, você conhece a história do santuário?

Vocês cavaleiros são bem falantes quando bebem, fora que Rodório vive em função do santuário, é claro que eu sei.

Foi aí que o cavaleiro começou a falar tudo que ele ainda não tinha contado para ela, não que já não soubesse mas ela nunca tinha ouvido da boca dele o quanto estava arrependido, o quanto aquilo o corroía por dentro, quantas noites de sono havia perdido pensando naquele maldito dia.

Pobre Shura.

Era a única coisa que Rosália conseguia pensar enquanto ouvia os lamentos do cavaleiro. A dona do bar não conseguia imaginar nada para amenizar tanta dor, ou conseguiria? Antes de pensar em como consolar aquele homem, o que fez foi tomar aquela mão grande e fria entre as suas.

Querido, você já deve ter ouvido isto, mas não deveria carregar este peso nos ombros, sabe?

Eu sei, mas não é tão fácil quanto parece. - Havia pensado em tudo o que havia falado e agora ele parecia ainda mais melancólico mas ter aquelas mãos delicadas sobre as suas tornava as coisas um pouco mais leves.

Eu imagino que não, mas sabe o que vai te animar?

Rosa saiu mais uma vez para pegar seus apetrechos e bebidas. Shura não sabia se era o álcool ou se ela era sempre assim e só não tinha notado antes, mas a moça realmente era tão delicada e calma que até no seu andar ela parecia flutuar.

Logo ela já havia voltado, trazendo outra dose de absinto e mais um copo d’água para o cavaleiro.

Aqui, este é por minha conta, querido, divirta-se um pouco e aproveite o show que já vai começar, você precisa.

Agora o dia de Shura estava começando a melhorar, havia ganhado mais uma dose da sua bebida favorita e pôde vislumbrar aquele sorriso calmo e doce da dona do bar mais do que uma vez na mesma noite.

O bar começou a ficar mais movimentado conforme a noite avançava e, sendo a dona, Rosália precisou coordenar seus poucos funcionários e continuar seus afazeres. O trabalho lhe ocupava a cabeça, porém não deixou de pensar um minuto em como poderia ajudar aquele homem, que bebia quieto na ponta do balcão enquanto a seguia com aqueles olhos escuros.

É isso! — Pensou Rosalia.

Pronto, já sabia como iria ajudar o cavaleiro de capricórnio, já tinha todo o plano montado em sua cabeça.

Era só esperar até o próximo dia.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

E agora? Será que Rosalia vai resolver o problema do nosso chifrudinho preferido? hein? hein?

Gente, eu decidi deixar as falas em itálico na intenção de facilitar a leitura, se acharem que esta pior me avisem que ai a gente volta como estava e finge que isto nunca aconteceu xD

Até semana que vem amores! Criticas construtivas, elogios e comentários são sempre bem-vindos :D



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