Absinto escrita por madwolve


Capítulo 12
Como yo te amo




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Havia chegado o grande dia.

Shura e Rosalia decidiram que se casariam na Grécia e logo nas primeiras horas da manhã eles haviam se separado para os preparativos. Rosalia se reuniu com suas amigas para o dia da noiva e Shura ficou preso a seus amigos, literalmente preso a eles porque não o deixavam ir a lugar nenhum sozinho.

Aquele dia parecia mais uma das sextas-feiras regadas a bebida e conversas altas do que um dia de casamento, pois estavam todos no quarto dele supostamente o ajudando a se aprontar e bebendo whisky.

— Você ficou bonito neste terninho, tá até parecendo gente agora! - Kanon não poderia deixar passar de maneira alguma a oportunidade de atormentar seu amigo que estava prestes a se casar.

Não surtiu efeito, Shura estava concentrado demais e nem prestou atenção, mas Afrodite ficou pessoalmente ofendido.

— Escuta, você que está em um “terninho” mixuruca. Aquilo que o Shura está vestindo é um Armani off white e isso aqui é um Dolce & Gabbana que você nunca vai sonhar em vestir, não porque não tem dinheiro mas porque não tem bom gosto mesmo! — Afrodite agora mostrava o próprio terno na tentativa de colocar Kanon no lugar dele mas não funcionou, ele não dava a mínima e continuava a beber o whisky sem preocupações.

Do outro lado do quarto, Shura estava tão imerso nos próprios pensamentos que nem percebeu a mão de Máscara da Morte em seu ombro.

— Esta ótimo.

— Acha mesmo?

— Acho, agora precisamos ir, se não você vai atrasar mais que a noiva. - Máscara da Morte percebeu que não foi ouvido por Afrodite e Kanon que estavam muito ocupados discutindo e decidiu chamar a atenção deles com um assobio ensurdecedor. - Não ouviram? Estamos atrasados!

Agora sim todos estavam saindo daquela casa para o casamento. Os noivos decidiram que se casariam na praia e a festa seria naquele restaurante à beira-mar que Rosalia tanto havia gostado.

O caminho foi rápido e logo Shura já estava na pequena estrutura montada com seus poucos convidados, que se resumiam aos cavaleiros de ouro, os cavaleiros de bronze, Atena e suas famílias. Rosalia não era uma pessoa de muitos amigos também mas fez questão de convidar seus poucos ex-funcionários.

O Cavaleiro estava posicionado junto aos seus três padrinhos, às madrinhas e Dohko, que prontamente aceitou celebrar aquele casamento, já que dentre as muitas coisas que o Grande Mestre poderia fazer ser juiz de paz era uma delas, mas nem de longe isto tornava a situação menos tensa.

Shura queria morrer de tão nervoso que estava com a espera, já o Cavaleiro de Libra estava calmo e pacífico, observando as ondas, mas isso não durou muito já que logo a noiva havia chegado.

Mais uma vez Shura não se surpreendeu, porque ele já sabia, ela estava deslumbrante de noiva. 

Rosalia estava magnífica com aquele vestido de renda branco de alças finas que iam até pouco abaixo dos joelhos, sandálias baixa de tiras finas, junto com os mesmos brincos que ela havia usado no bar em que dançaram. Seus cabelos presos estavam decorados com uma delicada coroa de flores feita com hortênsias e um bouquet de rosas feito especialmente por Afrodite.

Estava absolutamente linda e o transe de Shura só foi quebrado quando Tétis e Kanon saíram dos seus lugares como padrinhos e se posicionaram no palco, ela com o microfone e ele com um violão.

Tétis começou a cantar Como yo te amo acompanhado pelo violão de Kanon para que a noiva começasse a andar acompanhada do pai. Shura não sabia até o momento a música que Rosalia tinha escolhido para entrar e nem sabia que seriam seus amigos a interpretá-la. 

Quando ele reconheceu a música, ficou com uma raiva tremenda de si mesmo por seus olhos marejarem, não por se emocionar mas porque queria gravar ao máximo aquele momento no fundo do seu ser mas com os olhos cheios d’água isto não seria exatamente possível.

 Quando a noiva chegou, ele já havia limpado as lágrimas. A cerimônia ministrada por Dohko foi um sucesso, com os discursos e o 'sim' dos noivos que selaram aquele momento com um beijo apaixonado enquanto estavam nos braços um do outro.

Mas o ponto alto de um casamento é a festa.

Quando disse que tinha um plano especial para o casamento, Rosalia não estava brincando. Os noivos não haviam pedido nada de presente, apenas dinheiro, assim que chegaram ao restaurante os convidados entenderam bem o porquê.

Shura e Rosalia tinham convidado cerca de 150 crianças do orfanato de Rodorio e da Fundação Graad para desfrutarem daquela felicidade, se divertirem e comerem junto com eles. Em troca, receberam os votos mais sinceros de felicidade daquelas crianças, acompanhados de vários desenhos infantis. 

Todo o dinheiro arrecadado naquela festa foi devidamente doado para os orfanatos e a celebração ficou ainda melhor quando Fatma aproveitou toda aquele clima para anunciar sua gravidez e quando Tétis pegou o bouquet, definitivamente aquele dia não poderia ter sido mais feliz.

Mas um casamento precisa de uma lua de mel.

Como gostavam de descobrir sabores novos, Rosalia e Shura decidiram que iriam para Toronto passar dez dias descobrindo todas as comidas e lugares possíveis. Provaram maple syrup, butter tarts mas principalmente se amaram como deveriam ter feito quando seus olhos se encontraram a primeira vez no jardim.

Era maravilhoso para Shura poderem conhecer e reconhecer todas as curvas daquele corpo feminino com as próprias mãos, com a boca, com tudo e se embebedar no cheiro dela. Rosalia também amava sentir o peso do corpo do marido sobre ela e arranhar sem pudor aquelas costas largas enquanto chamava pelo nome dele.

Mas nem tudo pode ser só alegria.

A vida havia voltado ao normal, mais ou menos. Passou-se quase um ano e Fatma havia dado à luz um menino, todos tiveram a alegria de conhecer o pequeno Enrico. Shura havia voltado a lecionar e Rosalia ainda não havia decidido o que fazer para dar um novo rumo a vida dela.

Isso afetava a moça e ficava ainda mais visível quando porventura eles passavam no terreno vazio que antigamente pertencia ao bar das Astérias. Shura obviamente notou, só piorou quando ela percebeu que estavam construindo outra coisa naquele terreno e seu marido não deixaria que nada a atrapalhasse, nada.

Já era sábado de manhã e como sempre Shura acordava mais cedo, aproveitava para preparar o café e colocar tudo à mesa. Não se cansaria nunca de ver aquela mulher descendo as escadas todas as manhãs, ele quase tinha medo de que tudo fosse um sonho bom em que ele acordaria a qualquer momento.

— Bom dia, querido. 

— Bom dia, dormiu bem? - Como sempre, assim que ela se sentou à mesa ele se aproximou para dar-lhe um beijo carinhoso de bom dia.

— Sim, e você?

— Não poderia ter dormido melhor. Hoje é um dia especial então precisamos tomar café rápido, quero te levar a um lugar.

— Shura, você está bem, querido? Hoje é só sábado. - Rosália agora falava em um tom divertido com o marido enquanto terminava seu café.

— Todos os dias são especiais com você. Quero que vá a um lugar comigo mas é surpresa, confia em mim?

— É claro que confio, querido.

Shura tomou a mão da esposa delicadamente para beijar-lhe os dedos. Assim que terminaram o café, aprontaram-se para a ir até a surpresa que Shura havia preparado. Ela desconfiou quando ele falou que precisava usar uma venda nos olhos mas, como havia dito, confiava nele e assim o fez.

Chegaram ao local e Shura a guiou para fora do carro devagar, posicionou-se atrás dela colocando a mão em seus ombros.

— Está pronta?

— Claro que estou.

Ele desfez a venda dela e, assim que sua visão se ajustou à luz, reconheceu imediatamente o lugar. Era onde seu antigo bar costumava estar mas agora tinha uma construção nova, onde ainda faltavam a pintura e alguns acabamentos.

Rosalia estava confusa agora.

— Shura, por quê?

— Eu sei o quanto você estava triste por causa do bar.

— Espera, você..?

— Sim. A papelada deu um pouco de trabalho, a construção não foi fácil mas está aí. É seu para usar como quiser.

Rosalia não conseguiu responder, apenas cobriu a boca com as mãos e chorou.

Era o seu bar, aquele em qual eles se conheceram, aquele em que Shura havia perdido as contas de quantas vezes dormiu na mesa, aquele no qual ela trabalhou dia e noite para ser conhecido por toda Rodorio como o bar das Astérias.

Ela caminhou lentamente até a porta e encostou levemente sua testa e suas mãos nela, era como se quisesse que o próprio bar a reconhecesse, só foi tirada daquele momento quando Shura colocou a mão no ombro dela.

— Por que não entramos?

Ela assentiu com a cabeça e assim o fizeram. Não tinha muita coisa lá dentro, apenas algumas cadeiras e o bar de madeira exatamente onde o antigo ficava.

Shura se sentou ao bar e ela foi até o balcão como sempre fazia, estava imersa em nostalgia e tão emocionada que nem conseguia falar.

— Eu não finalizei a reforma porque queria fazer isso com você, quero que fique com a sua cara, o que achou?

Shura estava ficando preocupado já que a esposa não falava nada, ficou apenas observando enquanto ela saia do balcão para sentar-se ao lado dele. A moça trazia dois copos d’água com ela e antes de falar tomou as mãos do marido nas delas.

— Querido, eu amei! Amei mesmo, mas por favor não faça mais isso por enquanto.

— Mas por quê? Não gostou da surpresa? - Shura estava definitivamente confuso agora, o que ele tinha feito de errado?

— Eu já falei que amei. Sei até o que farei aqui mas uma mulher grávida não deveria passar por emoções tão fortes.

— Espera, você…

— Sim!

Shura mais uma vez ficou com muita raiva de si mesmo, queria ter gravado aquele momento para sempre mas os olhos cheios d’água não deixaram. Não teve muito tempo para pensar nisso porque logo estava com a esposa nos braços beijando-a e dizendo o quanto estava feliz.

Alguns meses haviam se passado e Rosalia decidiu que queria abrir um restaurante onde era o antigo bar. Para a alegria de todos, ela também tinha conseguido convencer seus pais a se mudarem para a Grécia. Agora sim, sua vida tinha tomado o rumo que queria, tinha sua família por perto e estava começando a formar a sua própria família com o homem que amava.

Shura também estava feliz, estava ansioso para a chegada do primeiro filho e ficava ainda mais feliz quando ouvia a esposa falar do restaurante ou quando sua sogra cozinhava.

Nunca teve uma família, mas com certeza se Shura soubesse que seria assim teria se casado com Rosalia na primeira vez que a viu naquele bar. Ele sabia que estava perdidamente apaixonado desde a primeira vez que olhou fundo naqueles olhos verdes.


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Notas finais do capítulo

Eu não tô chorando, vocês é que estão :')

É gente, acabou! Mentira, tem um bônus amanhã pra vocês ❤️

O link da música do casamento é está aqui, pra quem ficou curioso (a original é de 70, ok?) https://youtu.be/xlgeKX9MekU

Obrigada por lerem, espero que tenham se divertido bastante e mais uma vez eu só tenho a agradecer a Chiisanahana por corrigir está fic.

Obrigada mesmo, a todos vocês! Pra gente virar amiguinho e pra vocês saberem mais sobre a nova fic do afrodite, me sigam no twitter @genko_art



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