Absinto escrita por madwolve


Capítulo 13
Bônus: Fantasmas




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Pouco mais de um ano após Brian ter chegado na vida de Afrodite, o verão havia voltado novamente, o que significava que as férias também estavam chegando.

Isso não significava que dias antes da folga tão esperada os pais não podiam ser chamados para uma conversa com a diretora.

O horário da aula já havia acabado e Shura caminhava preocupado pelo corredor da escola. Não estava exatamente bravo mas nunca havia sido chamado para conversar com a diretora por causa de Arthur. 

O garoto não era a personificação da tranquilidade mas também não arrumava nenhuma confusão, e isso sim preocupava o cavaleiro. Só piorou quando encontrou Kanon e Afrodite junto de Brian também sentados do lado de fora do escritório da diretora.

— Olha só, o pai perfeito também vem conversar com a diretora! Primeira vez aqui? Quer um tour?

Kanon não perdia o bom humor por nada, nem quando a situação estava ruim para ele.

— Muito engraçado. Por que vocês vieram desta vez? Como vai, Brian?

Shura se direcionou à criança que respondeu o cumprimento, balançando levemente a mão e com um sorriso.

— Não sei ainda, a diretora só nos chamou aqui. - Afrodite respondeu enquanto olhava Brian.

— Também não sei. A diretora me mandou esperar outro pai mas eu acabei de chegar. - Kanon agora recostava emburrado naquela cadeira desconfortável enquanto falava.

Enquanto Shura pensou em mais algumas perguntas, a porta se abriu e uma mulher magra aparentando uns cinquenta anos saiu de lá, era a diretora.

— Senhor Afrodite, podemos começar por você? Meu assunto com o senhor é rápido.

Afrodite prontamente assentiu e foi até ela. 

— Senhor Afrodite, te chamei aqui rapidamente para te entregar pessoalmente as notas do seu filho. Nota máxima em tudo! Ele é um pequeno anjinho.

A diretora entregou as notas para o pai orgulhoso e afagou os cabelos escuros de Brian.

— Obrigada, diretora Mônica! Brian realmente é muito dedicado e eu sempre o acompanho de perto. Ele tem o ótimo exemplo em casa e vai se tornar um ótimo adulto um dia!

Afrodite falava alto e olhava discretamente para os amigos. Shura e Kanon podiam sentir todo o veneno dele de longe e a única coisa que pensaram naquele momento era: Aquele maldito exibido!

Agora era a vez dos dois, a diretora liberou Afrodite e Brian enquanto chamava os outros pais para entrarem na sua sala. Com certeza não era para entregar as notas dos filhos.

Assim que a diretora chamou, eles entraram e viram os dois filhos sentados ao canto da sala. Arthur um pouco amedrontado e Jack emburrado, o que normalmente não acontecia já que ele tinha um certo orgulho quando alguma peripécia dele dava certo.

Shura e Kanon olharam para os filhos e se sentaram junto à mesa da diretora. Logo se voltaram para a mulher que chamou atenção com uma tosse, ela também já tinha os olhos voltados para as crianças agora.

— Então crianças, vocês querem começar ou eu posso contar?

— Eu conto, diretora Mônica. - Jack se prontificou a contar o ocorrido, como sempre fazia quando era chamado à diretoria, o que acontecia mais vezes do que ele e o pai gostariam.

Para entender esta história é preciso voltar algumas horas, mais exatamente no recreio.

Todas as crianças estavam animadas com as férias que chegariam em alguns dias e em especial três crianças conversavam bastante sobre o que fariam, elas eram Brian, Arthur e Jack.

— Eu quero ir na casa dos meus avós. Vovô disse que iríamos acampar e que ele ensinaria eu e Serena a fazer fogo com pedras! - Arthur falava animado seus planos enquanto comia a maçã que a mãe havia colocado na mochila dele.

— Eu quero ir à praia, tipo, todos os dias! — Jack amava a praia, correr na areia e nadar, se pudesse realmente faria isso todos os dias.

— Eu vou treinar, treinar muito e vou pedir para meu pai me ensinar mais sobre as plantas, elas devem florescer logo! - Brian se orgulhava do caminho que havia escolhido, sempre que podia falava sobre suas queridas plantas.

Toda essa conversa continuaria animada e alegre se não fosse por um pequeno corpo vindo na direção deles com os olhos cheios d’água, era Luna que corria em prantos para seus amigos.

— Luna! O que aconteceu? - Arthur não pensou duas vezes e abraçou a pobre amiga na tentativa de afastar aquela tristeza.

Mesmo em prantos, agora já sabia que estava segura com os amigos e se acalmou para falar.

— São aqueles garotos da outra turma! Eles não param de me atormentar sobre os fantasmas. Eles não acreditam em mim mas eu os vejo! Eles dizem que sou uma bruxa e que vão me queimar numa fogueira!

Não que Luna estivesse errada, ela realmente via as almas assim como Enrico e Nina, mas só ela era atormentada pelas outras crianças.

Enrico sempre foi forte, e por ter herdado a falta de paciência do pai, criança nenhuma nem sonhava em arrumar qualquer tipo de confusão com ele. Nina por outro lado era esperta e usava as críticas contra seus agressores. O que ela realmente fazia era imputar o medo de Deus naquelas crianças, para ser mais exato o medo de Nina, o que incluía dizer que enviaria todos os fantasmas que ela conhecia atrás de quem a aborrecia.

A doce Luna ja era exatamente como o astro que lhe dava nome, silenciosa e bela, o que a tornava alvo fácil para valentões.

— Ninguém vai fazer nada com você, nós não vamos deixar. - Brian também se aproximou para consolar a pobre amiga.

— Não liga pra eles! Bruxas são legais! Você pode jogar maldições neles! - Jack também tentou consolar a amiga, à sua maneira.

— Vocês não entendem, todos os dias são assim, eles são tão malvados! Eu já falei com os professores mas eles só dizem para ignorar.

Luna agora havia voltado a chorar nos braços de Arthur.

— Não precisa disso, Luna. A gente tá aqui e não vai deixar nada aconteceu com você, pode acreditar em mim! Eu sou forte e não vou sair do seu lado. Quando eles aparecerem, eu não vou deixar te chamarem de bruxa de novo!

— Promete?

— Prometo!

— Obrigada, Arthi.

Arthur tinha essa vantagem de ser contagiante, era um raio de sol para qualquer um que estivesse tendo um dia ruim.

Agora mais calma, Luna também conversou com os amigos um pouco mas logo o sinal já estava chamando todos para dentro das salas. Arthur também iria se não fosse segurado por Jack.

— Hei, você tá pensando o mesmo que eu? - Brian agora estava sério, o que era bem raro.

— Que aqueles garotos são uns babacas por atormentarem a Luna? - Arthur havia parado para responder o amigo.

— Também, mas eu tenho uma ideia e preciso da sua ajuda.

— Tudo bem, depois da aula a gente se encontra e eu te ajudo com o que for.

— Não, precisa ser agora!

— Mas e a aula?

Arthur não era um aluno ruim, na verdade era muito bom em seguir as regras e aprendia fácil, não estava gostando do rumo daquela conversa.

— Faltam dois dias para as férias, ninguém vai sentir a nossa falta na aula. O que eu preciso fazer é importante e isso inclui você! 

Arthur soltou todo o ar dos pulmões em protesto mas sabia que não adiantaria discutir com Jack. Simplesmente ouviu o que ele tinha para dizer e quando terminou ele até concordou com tudo aquilo.

Estavam prontos, o plano seria iniciado e lá estavam eles encontrando os três garotos que chamaram Luna de bruxa mais cedo. Jack agora estava com aqueles olhos azuis cheios de malícia ao lado de Arthur.

— Hei, gente! Fiquei sabendo que vocês gostam de fantasmas.

— E daí? Se está falando da Luna, eu tenho certeza que ela faz isso pra chamar atenção. Fantasmas não existem! — A criança de cabelos escuros falou primeiro em nome do grupo.

— A gente também vê fantasmas! E eu posso provar.

— Você não pode nada, já falei que não existem!

— Então você tá com medo? Se tiver coragem, encontra a gente no laboratório de ciências depois da aula. Se você não for, a escola inteira vai saber que vocês não passam de medrosos!

— Seu idiota! É claro que vamos, a gente se encontra lá.

As crianças se retiraram rapidamente e Jack estava triunfante. A primeira parte do seu plano tinha funcionado mas Arthur não parecia tão feliz quanto ele e fez questão de deixar bem claro.

— Tem certeza que vai dar certo?

— Depois disso ninguém nunca mais vai atrás da Luna, pode acreditar!

Jack estava certo no que disse. Não iriam mesmo mais atrás dela, por bem ou por mal.

Horas depois, lá estavam os três garotos caminhando no corredor até o laboratório de ciências para encontrar Jack e Arthur na frente da porta.  Assim que chegaram todos entraram em silêncio, as aulas já haviam acabado e a luz do crepúsculo que entrava pela janela batia nas estantes de vidro, que guardavam alguns animais pequenos em vidros de formol para as aulas. Nunca haviam reparado como aquela sala era macabra mas agora conseguiam sentir todo o clima com certeza.

— Então, o que tem aqui? É só o laboratório - A criança de cabelos escuros continuava descrente, por enquanto.

 Calma, precisamos preparar tudo, Arthur fecha a cortina! - Falando, Jack colocou a mão nos ombros da criança a sua frente e depois com as mãos no peito dele o empurrou levemente para que desse alguns passos para trás.

O show estava prestes a começar.

Arthur correu e puxou as cortinas, agora a sala estava ainda mais escura e Jack voltou a falar.

— Eu tenho uma lanterna especial, ela mostra todos os fantasmas, estão preparados? - Agora ele tirou do bolso uma lanterna que até ali parecia com qualquer outra.

— Eu já disse que fantasmas não existem!

— É o que vamos ver.

Jack falou entre os dentes, ligou a lanterna e uma luz arroxeada saiu dela, assim que apontou para as paredes vários rostos assustadores surgiram fluorescentes. Para onde ele apontava a luz havia rostos, nas mesas, nos armário, no quadro, literalmente em todos os lugares daquela sala.

— Esta porcaria não é de verdade! O que você fez, Jack? - As três crianças estavam apavoradas agora.

— Você não queria ver alguns fantasmas? Agora você pode ver, estão até em você!

Dito isto Jack apontou a lanterna para ele e havia marcas de mãos pelos ombros e no peito da criança. Logo que ele fez isto elas gritaram e tentaram correr para a porta mas estava trancada, o filho do ex-marina mais uma vez se aproximou delas triunfante.

— Escuta aqui, a próxima vez que vocês chegarem perto da Luna com esta história de bruxa e fantasmas, eu mesmo vou mandar eles buscarem vocês!

Jack destrancou a porta e as crianças saíram correndo em desespero. Conseguiram o que queriam e, como diria o ditado, é melhor ser temido do que ser amado.

Jack havia pensado em tudo, assim que conversou com Arthur e com aquelas crianças valentonas ele foi até o clube de teatro e pegou discretamente a lanterna de luz negra que eles tinham. Com Arthur distraindo uma das professoras e posteriormente o zelador, ele também conseguiu entrar na enfermaria para pegar um pote de vaselina e no almoxarifado para pegar a chave reserva do laboratório.

Com tudo em mãos, os dois entraram no laboratório silenciosamente e começaram a desenhar vários rostos com o material viscoso por toda a sala. Como toque final jack havia passado vaselina discretamente até nas próprias mãos para manchar a roupa do garoto e assustá-lo ainda mais.

Ele sabia que o material reagia à luz negra, viu Máscara da morte fazer aquilo na última festa de halloween e obviamente se lembrou da história das incontáveis cabeças da casa zodiacal de câncer.

 A gente conseguiu! - Arthur veio correndo para o amigo para que batessem as mãos como sempre faziam.

 Ninguém mais vai ter coragem de mexer com a Luna!

Os dois saíram triunfantes pelos corredores, tudo saíra de acordo com o plano. Os dois só não contaram que as crianças sairiam gritando pela escola, que a história iria se espalhar na saída dos alunos, que todas as crianças agora achariam que a escola inteira era assombrada, que tudo isto chegaria até a diretora e que agora eles estariam ali sentados contando toda aquela história.

Shura e Kanon quase não acreditaram no que ouviram, pediram desculpas infinitas para a diretora e as crianças saíram com uma advertência do escritório.

Logo na porta, encontraram Afrodite e Brian os esperando.

— Vocês já sabem por que eu vim mas e vocês? Não vou perder o assunto da semana.

— É uma longa história. Primeiro precisamos conversar com aqueles dois. - Shura respondeu o Cavaleiro de Peixes e assim como Kanon mandou um olhar severo para aquelas crianças antes de começar a falar.

— Arthur, porque você fez isso? Porque não chamou os professores?

— Não ia adiantar, Luna já havia feito isso! Você sempre diz que devemos proteger nossos amigos, pai! Foi o que eu fiz! — Arthur não entendia por que estava sendo repreendido. Tinha feito o certo defendendo a amiga, na cabeça dele deveria ganhar um sorvete e não uma bronca.

— Agora pelo menos ninguém mais vai fazer ela chorar, tá? Não tô nem um pouco arrependido. — Jack realmente não estava nem um pouco arrependido e pensava exatamente como Arthur.

— Você não pode simplesmente aterrorizar uma escola inteira, Jack! Você passou dos limites. - Agora era Kanon que falava sério, o que também era bem raro, enquanto passava a mão pelo rosto na tentativa de se acalmar.

— Ele pode sim! - Uma voz forte veio do corredor, era Mascara da Morte com seus três filhos.

O Cavaleiro de Câncer se aproximou das duas crianças e se abaixou na altura delas antes de começar a falar.

— Primeiro, obrigado por defenderem a amiga de vocês assim. Eu sou grato por isso, mas seus pais tem razão, vocês precisam chamar algum adulto da próxima vez, tudo bem? Mas eu tenho que admitir, foi bem criativo. - Agora Máscara da Morte bagunçava um pouco os cabelos daquelas duas crianças, enquanto elas concordavam e riam.

Estavam todos agora indo embora pelo corredor, com os adultos conversando à frente e as crianças os seguindo. Discretamente, Máscara da Morte ficou um pouco para trás para acompanhar as crianças, virou o rosto e falou baixo apenas para Arthur e Jack ouvirem.

— Fico devendo um sorvete pra vocês.

Agora sim eles teriam a recompensa merecida.

Os dois já estavam mais animados, Luna também agradeceu a proteção dos amigos, até Enrico e Brian os elogiaram pelo plano. Agora era Nina que se aproximava falando bem baixinho entre os dois amigos.

— Quando foram fazer isso de novo, podem me chamar?

— Com certeza! Se você estivesse lá, teria sido muito mais legal, devia ter visto a cara deles! - Jack ria agora com os dois amigos.

Assim as férias de verão tiveram seu início.

Ser pai definitivamente é padecer no paraíso.


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Notas finais do capítulo

Ai gente, agora acabou mesmo! Vou sentir tanta saudade ♥

Gente, não façam justiça com as próprias mãos, é errado! (mas o Jack ta certo, sempre esteve hahahaha)

Espero que tenham gostado, se emocionado, gargalhado e que venham ainda mais fics! Eu estou sem tempo para escrever mas a continuação de desabrochar ja esta quase finalizada! Faltam apenas dois capitulos e eu estou me esforçando bastante.

Mais uma vez, queria agradecer imensamente a Chiisanahana, que com toda a paciência e carinho betou esta fic comigo. Chii, você é a melhor, sempre ♥

Espero encontrar com todos vocês logo! Amo muito cada um de vocês ♥



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