O Desespero de Jovens Apaixonados escrita por Mr LoveLetter


Capítulo 3
O Sonho


Notas iniciais do capítulo

Fala galera, pra vocês que leram o capítulo que estava antes, eu decidi dividir ele em 2 pra poder organizar melhor a história.
Acreditem ou não eu tenho uma cronologia pra seguir.
Se já tiverem lido o capítulo pode pular esse é o próximo
Desculpe o encomodo



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O domingo passou para Hugo da mesma forma que se assiste um filme ruim, da maneira mais lenta e entediante possível. Poderia resumir-se tudo o que fizera em poucas palavras, acordou quase ao meio dia, comeu um almoço pré-pronto e durante o resto do dia jogou um jogo on-line trancado no escuro aconchegante de seu quarto. Incrivelmente conseguiu não pensar em nada do que acontecerá no dia anterior e o que havia enfrentado não ameaçara ressurgir, mas ainda estava anestesiado com a intensidade de tudo que ocorrerá, de certa forma que o mundo parecia estar desbotado e acinzentado. Nada lhe trazia algum sentimento significativo  ou os resultados que logo ocorreriam.
            O dia finalmente terminou e ele deitou-se em sua cama com a mente exausta por não fazer nada e uma ânsia para tentar colorir sua a paisagem com algo além do frio cinza que temia ter se tornado o natural. Ao finalmente fechar seus olhos sua mente foi tragada por um abismo de escuridão. Sentia que estava caindo em meio a um negrume sem fim, sua garganta doía de tanto gritar, mas nada seus ouvidos captavam. Tudo parecia estar submerso em algum líquido viscoso que pressionava seus pulmões e ameaçava esmagar seu tórax, isso enquanto sentia a queda livre. 
                 Segundos, minutos, horas, dias, messes ou anos poderiam ter se passado naquele sonho, mas o desespero que sentia ficava cada vez mais intenso, não somente gritos ecoavam por sua garganta, como também uma angústia que parecia vir direto de sua garganta atravessando como um punho ameaçando fazer vomitar. Tudo estava ficando tão intenso que ele pensou que morreria até que ele pode ver. 
                  Com uma forte luz vinda de uma localização que ele não compreendia toda a escuridão foi varrida e ele finalmente atingiu ao solo suavemente. Já no chão ele vomitou um líquido negro e viscoso que causava todo desespero, angústia e pavor que havia sentindo, e esse ao atingir o chão se evaporou não restando mais nada a não ser a sensação de tremendo alívio. Hugo olhou para frente e pode ver que a miraculosa luz vinha em sua direção, ela possuía o formato de uma mulher, que com suas duas mãos o ergueu até que ele ficasse face a face com o que quer que fosse a salvadora. 
                Mesmo que a luz ofuscasse tudo a sua volta permitindo apenas um branco puro sem deixar rastro da escuridão que é fretara ele ainda pode ver belos olhos castanhos. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto enquanto ele era abraçado pela criatura onírica. Naquele local ele se sentiu seguro e pode derramar lágrimas que não exprimiam sua tristeza, mas eram como se tirasse um peso de seu corpo.
            A figura afagava sua cabeça, e o apertava forte sussurrando em seu ouvido “ Tudo vai ficar bem” e ele acreditou nela. 
              Acordou no dia seguinte ensopado de suor com o despertador tocando pela milésima vez. Continuava a se sentir exausto fisicamente, mas pelo menos sua mente estava mais descansada, não conseguia se lembrar o que havia ocorrido no sonho, apenas de uma tremenda escuridão e de uma luz. Levantou-se com a cabeça latejando de uma enxaqueca e foi para o banheiro tirar todo o suor do corpo. 
             Após uma ducha rápida, colocou as roupas de escola e com sua bicicleta saiu de casa, não precisava falar nada, pois continuava sozinho e fome costumava não sentir. Enquanto pedalava o mundo ia lentamente mudando de cor. Assim que deixou a soleira de sua porta, olhou para trás e viu a casa que tanto odiava se distanciar sentiu por um breve segundo um alívio passageiro com o fato de que teria de retornar. 
                  Saindo do condomínio, sempre desviava do caminho mais curto apenas para poder atravessar um bosque que havia no centro da cidade. Era uma enorme região quadrada no meio da cidade, enquanto passava por lá as cores tornavam-se vividas e tudo era mais intenso e lindo. Enchia seus pulmões com o ar fresco que as plantas produziam, sentia o caldo do sol da manhã em sua face, o vento frio e aconchegante que ia contra seu corpo, não conseguia conter um sorriso verdadeiro quando ali estava. 
                Aquele era um dos raros momento que não sentia pressão alguma ou um aperto incompreensível em seu peito e ele amava essa sensação ainda mais. Ele poderia ser livre naquele momento, não havia por que esconder algo, suas máscaras caiam e uma genuína face de alívio surgia. Lágrimas marejavam seus olhos, quer fosse pelo vento ou pela falta que sentia da intoxicante sensação de leveza. Estava tão acostumado com o seu dia a dia que o pressionava e impedia que ele fosse quem quisesse ser, que mesmo adorando cada segundo que passava no parque, não podia deixar de ter a impressão que aquilo não era certo. 
                 Olhando ao redor pode ver que a entrada do parque, a região mais cheia de pessoas, estava atrás dele e agora se aproximava da mais linda das regiões. Normalmente nunca prestava atenção ao seu redor, mas fazia questão de observar aquele lago que marcava o centro do parque. Era pequeno, feito artificialmente, mas não deixava de ser espetacular, possuía árvores de araucária que faziam uma meia lua entorno do local, deixando aberto apenas para a visão do sol da manhã em uma das extremidades e o pequeno caminho que os transeuntes faziam. 
                  Assim que saiu do parque ainda estava com a sensação de paz estranha, mas logo começava a se deteriorar com a chegada do colégio e as cores vivas que tudo deixava lindo começaram a perverter se para um desbotado cinzento que sempre acompanhava as diversas preocupações. Dessa forma seu dia começou como qualquer outro, preparando mentalmente a si para desempenhar seus papéis naquela sociedade, preparando para pisar nos outros para que ninguém pisasse nele. Sua mão começava a tremer e suar incompreensivelmente enquanto guardava a bicicleta em uma sala ao lado da entrada e pela visão de seus colegas de time.
Cumprimentou seus colegas com a saudação padrão e foram na direção a sala com as conversas padrão que sempre tinham nas segundas feiras. Que garotas que haviam pegado, quais festas foram, os foras que deram, as pessoas que infernizavam e os diversos fatos e acontecimentos que consideravam importantes sobre seus final de semana. Eventualmente perguntaram para Hugo o motivo de ter desmarcado todos os planos que tivera para os dias que haviam passado.
Podia ter facilmente contado a verdade, apenas não estava afim de interagir ou que queria um tempo para si mesmo, mas isso não era uma opção muito viável. A verdade mesmo que aceitável era tediosa e como ele aprenderá, mesmo que não precisasse mentir, se quisesse se manter com um membro ativo daquele círculo social e não ter assuntos particulares observados pelos outros, uma história ficcional era a única opção. Por isso criou uma mentira que envolvia comida estragada e uma quantidade de álcool considerável, o tipo de história que se conta somente entre amigos, embaraçosa o suficiente para fazê-los rir, mas não o suficiente para gerar vergonha ou ser motivo de chacota.
Ela foi na medida certa de modo que riram até chegar na sala. Entrando no recinto reuniram-se a uma roda de colegas e começaram a falar sobre um assunto qualquer, envolvendo as intermináveis festa que frequentavam. Ele ria e gargalhava quando achasse necessário, acentia e concordava se fosse preciso, tecia comentários e piadas para marcar sua presença, mas aquele era o último lugar que desejava estar. Era cansativo para ele aquela interação forçada, de modo que sua mente começava a perder-se em pensamentos.
Lembrou-se do ser que virá em seus sonhos e como, de alguma forma inexplicável, parecia-se com a garota que trazia tantas incertezas e alterava tanto sua mente. Não sabia nada sobre ela, nem ao menos seu nome, continuavam trocando olhares esparsos e repentinos, mas nada mais do que isso, ele havia perdido a oportunidade de conversar com ela e ainda por cima lhe chamou de “ninguém”. Percebeu que caso continuasse com aquilo perderia sua mente, algo que estava determinado a não permitir.
Começou a procurar algo que pudesse foca-se na notou a presença de sua namorada, que havia posicionado-se ao seu lado e aguardava que ele lhe desse atenção. Encaixou se braço ao redor do pescoço da garota e lhe puxou para um beijo rápido discreto e fora das câmeras. Enquanto o fazia, lembrou-se dos acontecimentos que ocorreram no sábado e sentiu-se a pior das pessoas, mesmo que o namoro deles não estivesse da mesma intensidade que no início, ele ainda gostava muito daquela garota e depois de um quase um ano de relacionamento, era apavorante a possibilidade de magoá-la. Não sentia nada a não ser desprezo por Talita, então ter feito isso aquilo com ela era ainda mais errado, alem do fato de quem ela era para Clara.
Tentou tirar aquilo de sua mente e ter uma conversa mais particular com a garota, mas foi salvo do dilúvio de pensamentos que ameaçavam sua mente com o soar do sino. Sentou-se em seu lugar saindo da roda de conversas aliviado e começou a a arrumar seu material calmamente na mesa e prestar atenção no professor que começava a falar. No entanto, no momento que começou a olhar para a janela ao seu lado e perceber que a voz do professor ficava cada vez mais baixa soube que não tinha opção a não ser se perder e assim o fez.
A aula e os intervalos acabaram de passaram de pressa e o último sinal acabara de soar. Satisfeito por não ter mais que fingir prestar atenção nas informações que os profissionais tentavam transmitir para ele e que não precisaria mais interromper seus pensamentos para dar atenção a algum de seus colegas, guardou seus materiais rapidamente. Levantando da carteira despediu-se de seus colegas e inventou mais uma desculpa para não ter que acompanha-pós até a lanchonete como a tradição impunha nas segundas feiras, ter de ir ao oculista foi sua melhor opção, seguiu em direção da porta onde encontrou Clara.
Abraçando a garota por traz, deu-lhe um beijo em sua bochecha e fingiu lamentar que não poderiam ir juntos para casa, por causa do treino de líderes de torcido que ela teria naquela tarde. Sentiu-se pior ainda ao estar agradecido que não teria que andar junto a ela e manter uma conversa superficial e naquele momento cansativa. Terminou de cochichar em seu ouvido palavras de um carinho, que não sentia totalmente, e andou a passos rápidos para a saída da parte de trás do colégio, lembrando que fora ali o local que encontrara a garota misteriosa, andou ainda mais rápido.
Livre da escola, mundo ao seu redor parecia estar mais quieto do que o normal. Já estava começando a achar natural o cinza a sua volta, tudo parecia desbotar a cada passo que dava sozinho o silêncio que de alguma forma preenchia a cidade normalmente barulhenta, fazia tudo tornar-se mais intenso. Começava a parecer ensurdecedor e desesperador aquela situação, sua mente começava a puxa-lo ainda mais para o interior de pensamentos que ele não compreendia e sentimentos que não sabia a origem.
Percebeu que andava cada vez mais rápido quando apenas quando seu celular soou e quebrou todo o mórbido silêncio e ele finalmente começou a escutar os sons que a cidade ressoava como uma orquestra natural. Carros passando, folhas voando, pessoas falando, crianças chorando, buzinas soando, tudo voltou a vida ao menos um pouco. Ele olhou para o celular que havia tirado de seu bolso e leu na tela : “Anfitrião: Festa, 22:00, tudo liberado, dentro ou fora ?”, leu a mensagem e uma pequena excitação rompeu pelo seu corpo.
O Anfitrião era um amigo que conhecera em algumas das festas que fora no passado, a realidade era que não conseguia lembrar qual em específico. Ele era uma incógnita em vários sentidos, Hugo não sabia o real nome do homem, sua idade ou o que fazia da vida, mesmo assim era bons amigos na medida do possível, sempre que algum evento fosse ocorrer ou alguma festa, das menores até as comparáveis ao Projeto X, ele sempre estava lá. O homem parecia estar conectado a cidade inteira de alguma forma, se alguém quisesse encontrar algo deveria perguntar a ele e muito provavelmente no mais tardar do do dia seguinte ele teria uma resposta, mesmo que não fosse a desejada. Ele chamava Hugo de Warren por algum motivo, essa era uma das regras dele, nunca revelar os nomes de quem ele se relacionava, essa entre diversas outras.
O fato inegável era que aquele convite havia chagado exata, Hugo estava procurando desesperado por algo que conseguisse impedir ele de pensar e aquela era uma justificativa perfeita para ele fazer o uso do que custará sua liberdade com Talita. Estava decidido em controlar a si mesmo e iria fazer o necessário para tal, mesmo que significasse ir a uma louca noite no meio da semana. Começou a digitar a mensagem quando perguntou a si mesmo se valia a pena entregar-se daquela forma, de uma forma ou de outra aquela decisão cobraria um preço que talvez fosse caro de mais para pagar, “o que ela faria ?” foi o que veio em sua mente.
A mera menção da garota fez seu coração disparar, suas mão suarem e seu corpo estremecer. Não compreendia que tipo de efeito ela tinha, mas com certeza não deixaria isso controlá-lo. Terminou de digitar a mensagem “ Estou de dentro” menos de um segundo recebeu as informações necessária para poder comparecer e ficou feliz em ler que seria do outro lado da cidade, assim a probabilidade de alguém encontrá-lo seria mínima. Deveria se preparar para uma noite muito longa.
Chegou em casa sem que percebesse, o dilema de ir ou não a festa havia tomado muito de seu tempo. Olhou para seu relógio e viu que era 13:30, lembrou-se que havia esquecido a bicicleta novamente na escola “Vou ter que andar amanhã” foi o que pensou. Atravessou o hall de entrada e foi em direção a sala de estar que era em conceito aberto, com um clique ligou a televisão que era visível da cozinha e foi ao fogão preparar algo para comer. Em uma boca do fogão gritava carne, na outra preparava arroz e fez uma salada na ilha branca de mármore enquanto tudo terminava de cozinhar. Depois de terminar de comer foi em direção ao quarto preparar-se para a festa, mesmo que ainda tivesse mais de 8 horas para ela começar.


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Notas finais do capítulo

Desculpem o incômodo novamente



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