CROATOAN: hell house. escrita por vanprongs
Um novo dia nasceu e eles ainda estavam tentando entender o motivo daquela casa ser mal assombrada — ou não. Remus saiu da biblioteca municipal com seu caderno de notas nas mãos quando encontrou com Nymphadora que entregou um copo de café. Ele agradeceu com um sorriso e tomou um gole sendo observado pela garota, segurou o líquido da boca e ao passar por uma lixeira jogou o copo, cuspindo o café na grama ao lado.
— Maldita - resmungou, sentindo o gosto salgado em suas papilas gustativas ainda.
Ela soltou uma risada baixa e alongou os braços para frente do corpo.
— Encontrou alguma coisa?
— Não encontrei nenhum Mordechai - disse, com o cenho franzido — Mas achei um Martin Murdock, que morou naquela casa nos anos 30. E ele teve filhos, mas eram dois meninos - deu de ombros enquanto andavam — Não há registro dele ter matado alguém.
— Hm.
— E você?
— Os garotos não deram uma descrição exata, mas fui à delegacia. Nenhuma desaparecida. Parece que ela não existe.
Eles se aproximaram do Impala e Tonks suspirou, sentindo o desânimo tomar seu pequeno corpo.
— Fala sério Rem, nós investigamos tudo e não há nada. Deve ser uma armação...
— Até onde sabemos aqueles caras do cão do inferno inventaram a coisa toda - Lupin concordou, entrando no carro — Vamos para um bar, tomar uma cerveja e deixar a lenda para os nativos - deu de ombros.
— Posso ter maioridade para algumas coisas, mas ainda não posso beber Remus.
— Nós clonamos cartões, Dora. Uma identidade falsa falando que você tem mais que dezoito anos foi a coisa mais fácil que eu consegui na vida - o mais velho sorriu, apontando para o porta luva.
Nymphadora ainda estava fora do carro quando Remus deu a partida, o som alto o assustou, fazendo o caçador deixar uma carranca tomar o rosto, agindo por impulso ao procurar algum botão para desligar o rádio. Ela caiu na gargalhada ao abrir a porta e escorreu para o banco do passageiro, recebeu um olhar torto do mais velho.
— Duas de uma vez?
— Você é fraco - disse, dando de ombros.
Ele soltou uma risada baixa e negou com a cabeça.
— Engraçadinha.
Eles passaram o resto do dia em um bar local, bebendo canecas de cerveja, comendo porções de batatas e conversando. Parecia só existir os dois ali, quando voltaram juntos para o quarto do Motel mais tarde. Eram quase dez da noite quando se jogou na cama, Remus estava cheirando a banho recém tomado e o barulho no chuveiro ainda podia ser ouvido. Quando a água parou de cair demorou um total de vinte minutos para Tonks sair do banheiro, com uma calça de moletom e uma blusa de manga - se protegendo do frio.
A garota soltou um resmungo baixo, apoiando a cabeças nas mãos e arrancou uma risada fraca do castanho.
— Já está com ressaca?
— Só preciso de água - ela murmurou.
Lupin foi até o frigobar e pegou uma garrafa de água sem gás, andou até ela e entregou. Viu Nymphadora tomar o líquido como se a melhora de seu corpo dependesse daquilo e notou uma gota descer pelo canto dos lábios dela.
Talvez fosse o álcool, mas no momento em que Tonks mirou e jogou a garrafa no lixo, ele se aproximou, quase unindo seus corpos. Ela prendeu a respiração, sentindo o toque dos dedos de Remus em sua nuca. Assim que seus rostos de aproximaram, com ambos não pensando de forma sóbria o rádio que tinham usado para copiar o sinal da polícia chiou, chamando atenção. E com apenas algumas palavras eles se olharam e se afastaram, o álcool parecia se esvair de seus corpos quando a garota foi trocar de roupa correndo e ele calçou os sapatos, pegando sua jaqueta de couro.
Um corpo tinha sido achado na casa. Uma mulher, enforcada.
[...]
Na noite anterior eles não tiveram qualquer chance de entrar na casa, a polícia parecia firme em sua investigação, então voltaram para o quarto e foram dormir, decidindo por se aventurar dizendo que eram curiosos no outro dia.
Assim que acordou, Nymphadora sentiu um cheiro forte de tinta e levantou o rosto ainda sonolenta, olhou para a fronha branca e arqueou uma sobrancelha.
— Por que essa merda está rosa? - indagou para si mesma.
Procurou por Remus no quarto e se levantou, coçando os olhos com as mãos. Bocejou ao entrar no banheiro e ao ver seu reflexo no espelho a garota soltou um grunhido baixo. A tinta rosa não estava apenas na fronha, seu cabelo estava coberto com a tinta — não completamente, mas o suficiente para ela saber que o lavaria e teria mechas cor de rosa em seus fios que antes estavam apenas descoloridos nas pontas.
Ela saiu do banho com uma toalha na cabeça, se secou e se vestiu rapidamente. Parecendo que sabia o tempo certo de entrar, Lupin apareceu com um pacote de cookies industrializados e a olhou com um sorriso leve nos lábios, vendo os cabelos dela cobertos pela toalha.
— Você é um cretino - a mais nova resmungou ao tirar o tecido de algodão, mostrando os fios com mechas cor de rosa que bagunçavam todo o cabelo dela.
— Ficou bonitinho, Nymphadora. Combina com você - disse, mordiscando o cookie, feliz por ter pego um pedaço de chocolate.
— Já disse para não me chamar de Nymphadora - a garota reclamou.
— Então pare de reclamar, penteie esse cabelo e vamos. Estamos atrasados para saber o que aconteceu.
Tonks soltou um resmungo e jogou a toalha em direção ao mais velho quando foi para a própria cama, pegando sua escova de cabelo.
— Você se acha esperto, não é?
— Na verdade sei que sou - ele riu, dando de ombros. Pendurou a toalha em uma cadeira e a olhou, se lembrando do que quase tinha acontecido na noite anterior — Dora sobre ontem...
— Está tudo bem Remus - ela forçou um sorriso e vestiu a jaqueta escura — Vamos. A polícia não vai esperar muito tempo - disse e passou por ele, roubando um cookie da embalagem.
O mais velho engoliu seco e concordou com a cabeça. Não estava tudo bem, há um tempo atrás Edward Tonks tinha o procurado para conversar, pedindo um pequeno favor — levar Nymphadora em sua primeira caça sem a companhia do pai, era algo entre suas famílias. O castanho tinha concordado e quase soltado uma risada baixa quando o pai da garota pediu para que ele não desse abertura para as pequenas investidas da mais nova, que sempre nutriu uma queda por Lupin. Agora, no entanto, o caçador compreendia o que o outro quis dizer. Ted sempre dizia que Andromeda tinha dado o primeiro passo e o instigado a querer mais, e provavelmente Dora tinha herdado isso da mãe. Porque desde o pequeno momento na última noite, Remus só conseguia pensar em sentir o sabor de seus lábios.
[...]
Assim que chegaram na casa, Tonks se aproximou de um dos moradores curiosos que também estava ali, sorriu leve e acenou com a cabeça em direção a casa.
— O que aconteceu? - perguntou com curiosidade.
— A polícia disse que uma garota entrou e se enforcou - o morador disse com uma expressão levemente pesada.
— Suicídio? - Remus repetiu com a sobrancelha levantada.
— Mas ela era uma aluna aplicada, prestes a entrar na faculdade com uma bolsa integral. Não faz sentido - outro morador comentou.
Os caçadores se afastaram um pouco, vendo o corpo ser retirado da casa.
— O que você acha? - a mais nova perguntou para ele.
Lupin a olhou sério e balançou a cabeça negativamente.
— Deixamos passar alguma coisa.
[...]
Era sempre mais fácil trabalhar a noite, mas não ali. A polícia resolveu ficar de olho na casa, para que ninguém mais entrasse ali — para que outro corpo não fosse encontrado. Nymphadora e Remus estava atrás de alguns arbustos, agachados, sempre se movendo para não ficarem na mira dos flashes das lanternas.
— Acho que a polícia não quer que ninguém mais venha xeretar a casa - a garota disse baixo.
— É, mas ainda temos que entrar lá.
Lupin ouviu um barulho vindo um pouco de trás dele e sorriu de lado com a ironia do destino ao reconhecer os corpos que se aproximavam da casa.
— Não acredito - a voz da caçadora murmurou ao olhar na mesma direção que ele olhava.
Gilderoy Lockhart e Quirinus Quirrell caminhavam pela grama com lanternas e uma câmera, conversando sobre o que fariam.
— Tive uma ideia - ela sorriu, umedecendo os lábios ao se levantar um pouco, colocou a mão no canto esquerdo da boca e respirou fundo — Para quem vocês vão ligar? - gritou em pergunta, chamando a atenção dos oficiais que estavam ali.
Os policiais olharam em volta, apontando as lanternas e Remus a puxou para baixo outra vez, ela estava segurando a risada quando os dois "caçadores de fantasmas" começaram a correr na direção contrária, chamando ainda mais atenção e dispersando a segurança da casa mal assombrada. Sem muito tempo para observar a perseguição, os caçadores correram com cuidado pelo escuro, passaram por baixo da faixa amarela e entraram na casa com pressa.
Lupin colocou a bolsa de armas no chão assim que Tonks fechou a porta, entregou uma arma para a garota e pegou uma para si, junto com uma lanterna.
— Eu já vi essa merda de símbolo - o caçador resmungou, apontando com a lanterna na parede — Só não me lembro onde.
— Vamos - ela disse, cutucando o braço do castanho — Temos pouco tempo.
Ele tomou a frente, andando em direção ao porão — onde a garota tinha sido achada. Desceram as escadas e observaram o lugar, algumas prateleiras com vidros que pareciam guardar algo em conserva. Entortou a boca em uma careta e apontou para um dos potes, com líquido vermelho, virando o rosto para encarar a garota com cabelos cor de rosa.
— Remus - chamou baixo, ela tinha acabado de passar o dedo por uma das prateleiras, deixando um rastro de limpeza em meio a poeira — Eu duvido que você beba isso.
— E por que eu faria isso?
O caçador pegou o pote na mão e o girou para o olhar melhor.
— É um desafio - ela soltou, com o sorriso aumentando em seus lábios.
Ele revirou os olhos castanhos e deixou o bote da prateleira, sem realmente a responder, ele preferia outra coisa em contato com suas papilas gustativas.
Ouviram um barulho vindo do outro lado do cômodo e como se concordassem apenas com um olhar se colocaram a andar com calma pelo porão, apontando as armas e lanternas na mesma direção, atentos a qualquer movimento suspeito. Ao chegarem na origem do barulho, ambos se olharam e Nymphadora se aproximou do armário pela lateral, largou a lanterna no chão e esticou o braço para pegar o pequeno puxador de madeira, que tremia assim como a porta. Em um aceno silencioso ela o puxou e se afastou. O foco demorou a tomar seus olhos, mas quando o fez, Remus bufou e a garota soltou um lamento.
Ratos.
— Odeio ratos - o mais velho resmungou, saindo do caminho dos pequenos roedores que corriam sem qualquer planejamento para longe do armário.
— Prefira que fosse um fantasma?
— Sim.
Tonks soltou um suspiro e notou algo no canto de sua visão, notou que o caçador percebeu também e quando se viraram um vulto preto com um machado estava pronto para a atacar. Ele ergueu o machado e sem pensar duas vezes ela disparou balas de sal grosso contra o fantasma, puxando o gatilho três vezes que apenas se dissipou no ar.
Procurando por Lupin com o olhar a garota encontrou nele a mesma dúvida que a dela.
— Que droga que espírito é imune a sal grosso?
— Sei lá - grunhiu, e apontou a lanterna para o outro lado do cômodo, procurando por Mordechai — Vem, precisamos sair daqui.
Fizeram o caminho de volta para as prateleiras em passos apressados e antes que pudessem se proteger o machado do fantasma bateu contra a madeira, jogando no chão os vidros que explodiam em direção aos caçadores. Nymphadora soltou um grito e foi puxada por Remus, que se jogou em cima dela para a proteger dos cacos. Ela o empurrou para longe ao ver Murdock se mover no escuro com o machado e atirou outra vez.
— Vamos sair - o caçador gritou, a ajudando a levantar quando o espírito sumiu outra vez. Correram para a escada, sendo perseguidos em questão de segundos.
Eles correram um perto do outro pela casa, tentando não olhar para trás e ao conseguirem sair, o suor escorria pela lateral do rosto de Remus quando ele trombou com Gilderoy, virou o corpo quase abruptamente e rosnou.
— Tire essa merda da minha frente - apontou para a câmera que Quirrell tinha levantada e direcionada para a casa.
A garota agarrou o braço do caçador e o puxou, olhando para trás alarmada. Quando conseguiu o puxar, eles voltaram a correr em direção a onde o Impala estava, em direção a segurança.
Lockhart pegou a câmera da mão do colega de trabalho e apontou para a porta, onde um vulto pôde ser visto. Sentiu Quirinus bater em seu braço e o ouviu gritar alarmado.
— Meu santo senhor dos Anéis, vamos embora Gilderoy! - o puxou sem conseguir tirar o loiro do lugar, grunhiu e puxou o rosto do melhor amigo — Corre, agora.
Mas ao que ambos se viraram para correr na mesma direção, eles bateram de frente com a polícia, balbuciaram algo sobre um homem estar dentro da casa, mas não foram realmente ouvidos, sendo levados para longe dali.
[...]
De volta ao quarto do motel, Remus desenhava o símbolo em um bloco de notas ao que Nymphadora olhava um dos livros que ele tinha pego da biblioteca municipal, procurando por algo que poderiam ter deixado passar.
— Onde foi que eu já vi esse símbolo? - o castanho se perguntou, levantou o olhar para encarar a garota que durante seu banho cortou os cabelos no ombro com um canivete e passou o restante da tinta rosa no resto do cabelo — Isso está me irritando - comentou e a viu fechar o livro — Belo trabalho seu pai nos arrumou.
Ela riu baixo e negou com a cabeça ao se levantar, foi em direção a cama que o mais velho estava deitado e pegou o bloco de notas. Deitou na direção contrária a ele, encostando os pés descalços em um dos travesseiros de Lupin enquanto encarava o símbolo desenhado.
— Achei que a lenda dizia que Mordechai só atacava garotas - ela sussurrou.
— É.
— Bem isso explica o porque ele te atacou. Mas e eu?
Lupin inclinou a cabeça para o lado, deu um sorriso sem mostrar os dentes e pegou o pé dela para si, passando os dedos por sua pele sensível. Nymphadora soltou uma risada mais alta quando ele aumento a intensidade das cócegas e se debateu contra o colchão, tentando puxar as pernas de encontro ao seu corpo pequeno, vendo que não conseguiria a garota que agora tinha seus cabelos pintados de cor de rosa se curvou na cama para poder bater no braço do mais velho que riu e agarrou seus pulsos. Em um impulso Remus girou seus corpos e a prendeu contra o colchão, a risada dele se calou ao perceber o quão próximos estavam. Ela engoliu seco e pressionou um lábio contra o outro quando os dedos dele soltaram seus pulsos, mas em momento algum ele deu a entender que sairia de cima da mais nova.
Outro momento daqueles, e ela estava confusa.
Viu o mais velho fechar os olhos e então encostar a testa no ombro de Tonks, ela enroscou os dedos finos nos cabelos castanhos desarrumados e Remus sentiu vontade de se afundar ali, sentindo o cheiro dela, mas não podia.
— Nymphadora... - sussurrou ao se sentir ser abraçado.
— A lenda diz que ele se enforcou - desconversou, passando os dedos na nuca de Lupin, o ouviu suspirar e soltou uma risada baixa — Mas você viu os pulsos cortados? - o mais velho concordou com um aceno de cabeça — Qual é o lance então? E o machado? Fantasmas geralmente são metódicos, repetem os mesmos padrões sempre.
— Mas esse fica mudando - murmurou, agradecido por ela ter mudado de assunto.
Talvez o erro do caçador tenha sido levantar um pouco a cabeça e tido a mais nova em seu campo de visão de novo, ela concordou com a cabeça e suspirou.
— É isso. Foi o que eu disse...
Suas bocas estavam próximas demais e antes que outro pensamento sobre sua promessa para Edward passasse na mente conturbada do único Lupin vivo, ele a beijou. Tonks não lutou contra, ficou surpresa por um curto tempo e fechou os olhos, entreabrindo os lábios.
Desde que começou a prestar atenção em garotos, Nymphadora perdia seu tempo observando o filho mais velho dos Potter — durante almoços, jantares ou pequenas reuniões que antecediam as caças de seus pais. E beijar Remus era como realizar um pequeno sonho de quando tinha treze anos, mesmo sabendo que deveriam estar fazendo outra coisa — como tentar entender o caso.
A língua dele deslizou sob a sua, explorando a boca da garota com vontade. Fazendo-a se derreter sob seu toque tanto em sua boca quanto em sua cintura.
O celular dela apitou, fazendo-os despertar e se olharem depois de um tempo. Os lábios inchados, a caçadora de cabelos cor de rosa passou a língua pelos próprios lábios e fechou os olhos.
— Dora.
— Sim?
— O... Caso.
— Certo.
Com relutância Lupin saiu de cima dela e se jogou no colchão, encarando o teto.
Ela se levantou depois de respirar fundo e pegou o celular, desbloqueou e leu a notificação com o cenho franzido.
— Remus.
— O que? - o castanho perguntou ao levantar metade do tronco, a olhando.
— Alguém fez uma atualização no Cão do Inferno - disse e deslizou o dedo pela tela, abrindo a matéria — "Dizem de Mordechai Murdock era um satanista que retaliou as vítimas com um machado, depois cortou os próprios pulsos - começou a ler o que dizia no post enquanto Lupin pegava o bloco de notas outra vez, encarando o símbolo — e agora está preso na casa pela eternidade". O que está acontecendo? - perguntou para si mesma.
— Eu não sei, mas faço uma ideia de onde isso começou - o outro respondeu ao se levantar da cama, jogando o bloco de notas na cama.
[...]
Eles vestiram as jaquetas e foram até a loja de discos de Wilkes outra vez, preparados para o que fosse necessário. O garoto estava tomando café quando eles se aproximaram da porta, parecendo exausto. Ele não os viu, voltando a andar pela loja para arrumar os discos.
Remus entrou seguido da garota e estalou a língua dentro da boca.
— Wilkes - a de cabelos coloridos o chamou.
O vendedor se virou e os encarou surpresos.
— Você pintou o cabelo? - perguntou ao se aproximar.
— Fico feliz que você se lembre de nós dois - Lupin comentou, seco e arqueou uma sobrancelha.
O loiro entortou os lábios e deu de ombros.
— Não estou com vontade de responder a mais perguntas - murmurou, fazendo uma expressão ainda mais exausta.
— Não viemos perguntar nada - o caçador respondeu — Viemos comprar discos - sorriu, debochado.
Tonks viu o loiro se afastar e olhou para Remus tentando entender o que ele estava fazendo, quando o mais velho realmente começou a mover os dedos pelos discos. Procurando por algo. Quando ele encontrou se virou para a mais nova e suspirou.
— Sabe, eu não estava conseguindo me lembrar de onde eu conhecia aquele símbolo - disse andando até o caixa com a caçadora — Ai de repente eu percebi que não significa nada - deu de ombros — É só o emblema do Blue Öyster Cult - concluiu e jogou a capa do disco no balcão, apoiou as palmas das mãos no vidro e curvou o corpo para se aproximar do garoto — E ai, Wilkes. Você gosta de BÖC? Ou apenas de assustar pessoas? - ele virou a capa e mostrou o símbolo, fazendo o outro suspirou — Por que não abre o jogo sobre a casa? Sem mentir dessa vez - sorriu, levantando as sobrancelhas.
Wilkes suspirou e se encostou na parede um pouco atrás, se dando por vencido.
— Está bem - respirou fundo e pressionou um lábio contra o outro, cruzando os braços em frente ao corpo — Minha prima Danna estava de férias da faculdade. Estávamos entediados, queríamos fazer algo divertido. E eu mostrei a ela a casa abandonada que eu achei. Aí resolvemos fazer parecer que ela era assombrada - comentou, com o cenho franzido — Pintamos símbolos nas paredes, copiando de discos e dos livros de teologia dela. Descobrimos que um cara chamado Murdock viveu lá nos anos 30 e inventamos uma história para ele. Ai contamos para algumas pessoas... Que contaram para outras - deu de ombros — Dois idiotas colocaram no website deles e... A coisa criou vida própria. No começo eu achei engraçado - tentou sorrir, coçando a nuca e viu o olhar de julgamento que os outros dois estavam dando — Mas aquela garota morreu. Era só uma pegadinha, entende?
Os caçadores concordaram com a cabeça, levemente confusos e agradeceram com um sussurro. Saíram da loja um ao lado do outro.
— Se era pegadinha, como você explica Mordechai? - ela perguntou baixo.
[...]
Nymphadora entrou no quarto com um envelope pequeno nas mãos, o chuveiro ainda estava ligado quando ela se aproximou da roupa de Remus que estava apoiada em uma cadeira. Despejou o pó ali e mordeu o lábio inferior ao se afastar, segurando a risada. Jogou o envelope no lixo e se deitou na própria cama, abrindo um jogo qualquer no mesmo enquanto esperava.
O mais velho saiu por pouco tempo do banheiro, enrolado na toalha e a olhou com uma sobrancelha arqueada.
— Eu tenho uma teoria sobre o que está acontecendo - disse para ela, pegou a roupa e voltou para o banheiro, apenas encostando a porta para que ela pudesse o ouvir — E se Mordechai foi um tulpa?
— Tulpa? - a garota perguntou com o cenho franzido, tentando se concentrar naquilo e não no fato de que ele estava trocando de roupa ao lado.
— Sim, um ser tibetano.
— Eu sei o que é tulpa - resmungou baixo e olhou para o teto — Estou com fome - disse e o ouviu rir — Vamos, Remus, preciso ser alimentada.
[...]
Remus os levou a única lanchonete dali, a mesma que eles encontraram as três primeiras testemunhas. Eles pegaram seus lanches e foram até uma das ilhas, sentaram nos banquinhos dispostos ali. O mais velho parecia levemente incomodado com a roupa, movendo o corpo vez ou outra para se coçar.
— Algum problema? - a garota perguntou, tentando não rir.
— Não, estou bem.
Ela pegou algumas batatinhas e deu de ombros.
— Me diz, o que tem esses tulpas?
— Houve um incidente no Tibete em 1915 - começou, tirou a jaqueta jeans e coçou o ombro por dentro do tecido da camiseta, resmungando baixo — Um grupo de monges se uniu e mentalizou um monge. Eles meditaram tanto que trouxeram a criatura à vida. Do nada.
Tonks tomou um gole do suco e franziu o cenho.
— Eram vinte monges, Dora, imagine o que dez mil internautas não podem fazer - coçou o braço e suspirou — Basicamente funciona assim. O Wilkes inventou a história com a prima, eles espalharam para algumas pessoas que começaram a acreditar naquilo, que espalharam para outras pessoas que também acreditaram. Se espalha na internet e agora são inúmeras pessoas e todas acreditam nele.
— Então... Só por acreditarem no Mordechai, ele se torna real?
— Também acredito no Papai Noel, por que não recebo um presente no Natal? - a garota perguntou com um bico nos lábios.
— Porque você é uma menina má - o mais velho deu de ombros, roubando uma batata dela — E por causa disso - disse, pegou o celular desbloqueando-o e o mostrou para a garota, mostrando um dos símbolos pintados na Casa do Inferno — É um selo tibetano, na parede da casa.
— Wilkes disse que eles copiaram de um livro de teologia.
O mais velho concordou com a cabeça e se mexeu desconfortavelmente no banco.
— Aposto que desenharam sem saber o que era. Esse símbolo é usado há séculos, concentra pensamentos de meditação como uma lente de aumento - deu de ombros, pegando outra batata — As pessoas entram no site do cão do inferno, olham para esse símbolo e mentalizam o Mordechai.
— Pode ser o suficiente para criar o tulpa, e isso explica o porque ele muda.
— Isso ai. A lenda muda, as pessoas mudam de pensamento... E então o próprio Mordechai muda. É como um "telefone sem fio".
— Também explica por que o sal grosso não funciona - a mais nova sussurrou.
— Porque ele não é um espírito tradicional.
— Então... Só precisamos tirar o símbolo da parede e do site?
— Infelizmente não é tão simples - ele coçou a barriga por cima da blusa e a viu segurar a risada, franziu o cenho e suspirou — Quando os tulpas são conjurados, ganham vida própria.
A caçadora xingou baixo e passou a mão pelo rosto.
— Se ele é criado pelo pensamento... Como nós matamos uma ideia?
— Não vai ser fácil. Com aqueles imbecis no site. Desde que eles colocaram aquele vídeo maldito as visitas quadruplicaram, só no último dia.
Nymphadora respirou fundo ao terminar seu lanche e pegou o copo com o restante do suco, se levantando.
— Tive uma ideia. Vamos.
— Para onde?
— Preciso achar uma copiadora.
Remus se levantou um tempo depois, quase rosnando com a coceira em seu corpo.
— Acho que estou com alergia do sabonete.
Ela quase cuspiu o suco que bebia quando o ouviu, levou uma mão para frente de sua boca e balançou a cabeça negativamente. Ele a encarou com os olhos mais abertos e apontou o dedo para Tonks.
— Foi você?
A caçadora continuou rindo enquanto saia, sendo seguida por ele — que tinha certa dificuldade em andar completamente reto.
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Ei, você chegou no final da parte dois, qual sua opinião até aqui?
Estou curiosa para saber!