CROATOAN: hell house. escrita por vanprongs


Capítulo 3
Parte III




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Remus tomou outro banho antes de fazerem o que precisavam fazer, xingando a caçadora de cabelos cor de rosa toda vez que a olhava depois de descobrir que ela tinha feito aquela pegadinha. Ela estava risonha no carro quando ele entrou. O mais velho dirigiu até o gramado em que o motorhome de Cão do Inferno estava estacionado. Foram até o mesmo e bateram na porta com força, um ao lado do outro.

Quando a porta se abriu, Lupin cruzou os braços em frente ao corpo e inclinou a cabeça para o lado, sorrindo.

— Olha só isso. Bonecos de ação na caixa original. Estou chocado.

— Nós temos que conversar - Tonks disse séria, mudando o peso do corpo de uma perna para a outra.

— Ah, não vai dar. Sinto muito. Estamos ocupados agora - Gilderoy disse, dando de ombros.

Quirinus e Lockhart desceram, estando em frente aos dois caçadores, o mais velho deu de ombros.

— Tudo bem, seremos rápidos.

— Queremos que você fechem o site de vocês - a voz dela foi ríspida.

O loiro soltou uma risada e encarou o amigo.

— Eles nos fizeram ser presos. Nós dois passamos a noite em uma cela.

— Eu tive que fazer xixi na frente dos outros, e eu tenho medo de palco! - Quirrell resmungou, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

— Por que devemos confiar em vocês? - Gilderoy perguntou, olhando de um para o outro — Ah olha, você pintou o cabelo. Ficou bonitinho assim.

Ela quase rosnou, viu Remus se aproximar do loiro e o encarar, com a coluna reta.

— Prestem atenção. Nós vimos a mesma coisa naquela casa maldita. Sabemos o que vimos, o que está lá. Mas agora graças a sua merda de site milhares de pessoas sabem sobre Mordechai - colocou o dedo no peitoral do loiro e respirou fundo — E as pessoas vão querer entrar naquela merda de casa, e vão esbarrar com ele e alguém vai se machucar.

— É - Lockhart tinha um sorriso debochado nos lábios.

— G, ele pode estar certo - o outro sussurrou, cutucando o ombro do amigo.

— Não.

— Não - Quirrell imitou, repetindo o gesto do loiro.

— Nós temos um compromisso com nossos fãs e com a verdade.

— E eu terei a obrigação de cobrir vocês de porrada - Lupin disse, com as sobrancelhas levantadas dando outro passo para frente.

— Rem - Tonks o chamou, se colocando na frente do corpo do caçador.

Apoiou as mãos nos ombros de Lupin e o olhou nos olhos.

— Remus esquece. Esses caras... Você pode acabar com eles - disse um pouco alto para eles a ouvirem, deu um sorriso pequeno para o castanho e deu de ombros — E eu até poderia contar o que sabemos sobre Mordechai - como se entendesse o jogo de Nymphadora, o caçador negou com a cabeça, fingindo que aquilo era uma ideia horrível — Mas eles não vão nos ajudar.

— Você tem razão.

Ela então o puxou para saírem dali, mesmo com os protestos dos outros dois.

— Ei, o que vocês sabem sobre o Mordechai? - Quirinus perguntou, tentando acompanhar a garota.

— Não conta, Dots.

— Mas e se eles fecharem o site, Rem?

— Eles não vão topar - o mais velho disse, dando de ombros — Você mesma disse.

— Não. Esperem, esperem - Gilderoy se colocou na frente dos dois e soltou o ar, tentando manter sua respiração regulada — Não acredite nele, a gente topa.

Tonks e Lupin se observaram por uma fração de segundos, dramatizando a escolha e ela suspirou.

— É um segredo - o caçador sussurrou.

— É um lance muito sério, não foi fácil descobrir - ela comentou, colocando as mãos nos bolsos quando olhou para os donos do site — Vou dizer só se vocês me prometerem que vão tirar tudo do ar depois.

— Claro! - o loiro respondeu com um sorriso.

— Tudo bem então.

Ela acenou com a cabeça para Remus que tirou um pedaço de papel dobrado do bolso.

— É uma certidão de óbito, dos anos 30 - voltou a dizer quando o mais velho entregou o papel para os outros dois — De acordo com o legista a causa da morte foi suicídio com arma de fogo.

— Ele nunca se enforcou ou se cortou - Remus completou.

— Ele se matou com um tiro? - Quirinus perguntou, o choque em seu rosto.

— É, com uma 45. Dizem que até hoje ele tem medo delas.

— Na verdade... - o caçador sorriu de lado e estalou a língua dentro da boca — Dizem que se atirar nele com uma 45 carrega com essas balas especiais... Você mata o cretino.

Lockhart e Quirrell se olharam com um sorriso, o loiro dobrou a folha outra vez e a enfiou no bolso antes de se virar, os dois andavam ansiosamente para seu "escritório". Os caçadores se olharam e entraram no carro.

Fácil e rápido.

[...]

Era hora do jantar quando eles se sentaram com dois pratos de comida em bancos almofadados de um restaurante local. Remus tirou o notebook da bolsa, encarando a tela e atualizando vez ou outra no Cão do Inferno. Viu a garota se sentar ao voltar do banheiro e bufou quando o dedo dela enroscou no cordão de um boneco sinistro na parede, dando corda para que ele risse.

O mais velho segurou o cordão no meio, cortando o efeito e a olhou torto.

— Se você fizer isso de novo, eu vou matar você.

Ela soltou uma risada baixa e com o garfo pegou um pedaço de carne, enfiando-o na boca. A guarda de Lupin baixo e rapidamente Tonks esticou o braço para puxar o cordão de novo. O homem bufou, fazendo-a rir.

— Você precisa de mais risada na sua vida, Remus - deu de ombros — Eles já postaram?

Ele arqueou uma sobrancelha e virou o notebook, fazendo-a ver a página com a postarem sobre o maior medo do espírito.

— Quanto tempo até podermos agir?

— Algumas horas, precisamos que a palavra se espalhe e as pessoas pensem nela, para alterar a lenda.

Os cabelos cor de rosa se moveram quando ela concordou e Nymphadora pegou a garrafa de cerveja para brindar com ele. Tomou um gole e observou o sorriso de lado de Remus, achando estranho. Tentou deixar a garrafa na mesa mas para sua surpresa, o vidro estava grudado na palma de sua mão.

Lupin soltou uma risada e abaixou a cabeça, recebendo um olhar feio dela.

— Você não fez isso.

— Sim eu fiz - murmurou e levantou o tubo de cola que estava apoiado em sua perna.

A caçadora o xingou baixo e bufou, tentando mover a mão para desgrudar a garrafa. Antes de voltar a comer, o mais velho puxou a corda do boneco estranho e a viu mostrar a língua.

[...]

Fizeram uma pequena armadilha para os policiais após roubarem o boneco do restaurante que estavam mais cedo. O pregaram em uma árvore e mexeram em sua corda para que ele ficasse rindo por um tempo. Quando o perímetro da casa estava limpo, Remus e Nymphadora entraram carregando suas armas e as lanternas como de costume.

Caminharam pela casa, um de costas para o outro, cobrindo seus pontos cegos e procurando por Mordechai. Entraram na cozinha e olharam para a porta que daria acesso ao porão.

— O que acha da casa do Murdock? - perguntou a garota, cuja a palma da mão ainda doía.

— Não sei - sussurrou Remus.

— Nem eu - uma voz soou atrás deles.

Se viraram apontando as armas e Lupin xingou Lockhart quando o viu.

— Qual é a de vocês? - mais velho perguntou, abaixando a arma.

— Querem levar um tiro? - resmungou a caçadora.

— Nós queremos um contrato com o cinema depois de escrevermos um livro! - Quirrell disse.

A atenção dos quatro se voltou para a porta, Lupin e Tonks apontaram suas armas e as lanternas, enquanto os outros dois apontavam suas câmeras com lente noturna — o som do machado cortando o ar se  fez mais alto.

— Ah que droga - Quirinus sussurrou.

— Ei cara - o loiro chamou a atenção do caçador — Você não quer abrir aquela porta para nós?

O mais velho virou o rosto com uma expressão de poucos amigos e acenou com a cabeça.

— Abre você.

No segundo seguinte o machado bateu contra a madeira da porta, a abrindo com força. Mordechai apareceu para eles então e Dora começou a atirar, sendo seguida por Lupin. Eles dispararam algumas vezes até que o espírito se dissipou no ar, como da última vez.

Eles se olharam e então começaram a vasculhar a casa, enquanto os outros dois discutiam sobre ter conseguido gravar ou não a cena. O machado raspou o ar de novo, fazendo eles gritarem — o que chamou a atenção de Remus.

— Tá tudo bem aqui? - perguntou ao se aproximar, vendo a câmera no chão.

As respirações de Quirinus e Gilderoy estavam descompassadas, mas ambos concordaram com a cabeça. Não tinha mais nada ali.

Nymphadora subiu as escadas do porão e se aproximou deles também, séria.

— Vocês publicaram a história que nós passamos? - perguntou séria.

— Claro que sim! - Lockhart disse, quase sem ar.

— Mas... Nosso servidor caiu - Quirrell murmurou.

— E ai não entrou? - Remus perguntou com um grito, os outros dois concordaram assombrados e o mais velho olhou para a caçadora — Essa merda não vai funcionar. Que maravilha.

— Vamos cair fora - o investigador disse puxando o amigo consigo.

Eles passaram pelo mais caçador que ainda olhava para a garota de cabelos cor de rosa, ela parecia tão perdida quanto ele. Ouviram um grito vindo da sala e Nymphadora saiu correndo em direção a eles.

— O poder de Cristo comanda! - ouviu Lockhart gritar e resmungou, vendo os dois no final do corredor, encurralados por Mordechai.

— Ai - gritou, chamando o espírito — Vem me pegar.

Tonks abaixou o corpo quando o viu mover o machado no ar, enfiando a lâmina na madeira da casa. Murdock a puxou com força e então empurrou o corpo da caçadora contra a parede, levando o cabo de madeira para o pescoço dela.

— Saiam daqui - disse com dificuldade, não sentindo seus pés no chão — Agora.

Os donos do site não precisaram ouvir outra vez, correndo em direção a saída enquanto ela servia de isca.

Um grito baixo saiu da garganta de Nymphadora, que sentia o ar começar a faltar em seus pulmões. Seguiu o treinamento do pai, tentando se manter calma. Remus teria alguma ideia, ela seria salva por ele, acreditava nisso de alguma forma.

Precisava acreditar, mas o ar já estava pesado e faltava cor em seu rosto, cansada de lutar contra.

— Remus! - gritou, tentando mover os pés para tentar se livrar daquilo.

O mais velho apareceu no fim do corredor, com um spray em uma das mãos e um isqueiro na outra.

— Ei - chamou por Mordechai, apertou o spray ao colocar o fogo na frente e viu Tonks ser solta.

Ela correu até ele que a guiou para a sala, apoiando o corpo pequeno com o seu.

— Ele não pode ser morto. Mas também não pode sair da casa, vamos ter que improvisar.

Acendeu o isqueiro outra vez e o jogou no chão, que estava banhado de álcool.

Talvez fosse a falta de oxigênio, mas naquele momento ela não conseguia pensar direito. Lupin a puxou consigo para fora da casa quando viram o espírito aparecer de novo. Entraram em meio aos arbustos e a de cabelos cor de rosa se sentou na grama, tentando recuperar o fôlego.

— Acha que vai ser o suficiente? Deixar pegar fogo?

— Assim não entra mais ninguém - o mais velho concordou, se agachando para a olhar. Pegou o rosto dela em suas mãos, tentando ver se ela estava bem — Mordechai não vai poder assombrar uma casa que não existe. É rápido e sujo, mas vai funcionar.

— E se a lenda mudar de novo? - a garota sussurrou, piscando os olhos com força para olhar para o fogo — E ele puder sair da casa?

Remus balançou a cabeça em negação e pressionou um lábio no outro.

— Ai nós teremos que voltar.

Ficaram um tempo observando a casa em chamas, ela engoliu seco e teve ajuda para se levantar.

— Isso me faz pensar - disse próxima a Lupin — As coisas que caçamos... Quantas será que só existem por que alguém acredita nelas?

[...]

Terminaram de arrumar suas coisas tudo no carro e por insistência de Nymphadora, passaram para ver como estavam os dois novos conhecidos. Os viram com duas sacolas de papel, cheias de comida e levantaram as sobrancelhas.

— Vocês não vão acreditar no que aconteceu! - Lockhart disse animado.

Ela encarou os dois, dando de ombros e esperou que o loiro disesse algo.

— Nos ligaram de Hollywood! Algo importante, um grande produtor.

— E foi engano? - Lupin perguntou com um sorriso nos lábios.

— Não, engraçadinho - Quirrell respondeu com uma expressão emburrada — Ele leu sobre a Casa do Inferno no nosso site e quer comprar os direitos para um filme.

— Ele quer que nós façamos o roteiro - o loiro sorriu, dando de ombros — E o RPG também.

— O que? - Remus perguntou, com o cenho franzido.

— Role-Playing Game.

— Sei.

O mais velho balançou a cabeça de forma negativa e alongou o pescoço, de um lado para o outro.

— Então se vocês nos dão licença... Temos um caminho longo pela frente - Gilderoy disse feliz — para Los Angeles.

— Incrível, isso deve ser muito legal - Tonks disse com um sorriso no canto dos lábios.

— Sim, claro, deve ser legal. Boa sorte para vocês.

— Nada de sorte, cara! Isso é puro talento - Quirinus disse, com os dois polegares para cima.

[...]

— Tenho uma confissão a fazer - Tonks disse mais tarde, quando já estavam na estrada, de volta para casa.

Remus virou um pouco a cabeça para a olhar. Ela parecia mais a vontade agora, as pernas próximas ao tronco, os pés cobertos pela meia preta no banco de Baby, virada de lado para o observar.

— O que?

— Fui eu que liguei dizendo ser assistente do produtor.

Ele riu e mudou a marcha do carro.

— Eu coloquei um peixe morto no assento de trás.

Eles se olharam e soltaram uma risada alta.

— Trégua? - ela perguntou baixo e o viu acenar com a cabeça.

Lupin dirigiu por um tempo em silêncio ao que ela apenas cantarolava uma música ou outra que tocava na rádio.

— Dots? - a chamou quando estava perto de Londres.

— O que? - ela perguntou com a câmera do celular voltada para ele, tirando uma foto.

O castanho a olhou sério e riu baixo quando ela mostrou a língua para si.

— Sobre o que aconteceu, eu não...

— Está tudo bem, Remus - mentiu, da melhor forma que podia — Posso fingir que não aconteceu.

— Pode?

Viu Nymphadora concordar com a cabeça e respirou fundo.

— Obrigado.

— Papai não vai descobrir que você se aproveitou de mim durante minha primeira caça.

O som da risada dela tomou o espaço interno do Chevy Impala quando ele a olhou de uma forma engraçada.

— Cretina.

— Idiota.

Remus sorriu, mesmo sabendo que internamente ele não queria fingir que aquilo não aconteceu. Mas era melhor, as coisas já eram complicadas demais e algo dentro dele dizia que ficaria muito pior. Só esperava que pudessem estar juntos, lutando contra o que quer que o futuro reservava para eles e suas famílias.


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Notas finais do capítulo

Confesso que estou há três dias escrevendo esse spin off. Ele é inspirado no episódio 17 da primeira temporada de Supernatural, descrevendo como foi a primeira caça de Nymphadora quando ela completou seus 18 anos — "sozinha", o que significava muito para ela, já que Edward confiava nela para a deixar ir caçar com Remus.

Espero que vocês tenham gostado da leitura — e também da ideia.

Não escrevo CROATOAN há um tempo, então possivelmente eu tenha mudado um pouco a personalidade dos personagens nessa realidade, por isso, já peço desculpas. Mas minha escrita muito bastante com o tempo, e minha percepção de alguns personagens também.

Me digam o que acharam, e como pensam que o relacionamento dos dois vai se desenvolver no decorrer da fanfic (que pretendo SIM voltar a postar).

Me desculpem qualquer errinho.


Tenham um mês de junho sensacional,

E fiquem seguros.



Abraços, vanprongs.



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