Um vira-tempo com defeito escrita por Lady M


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, vou tentar postar sempre três no mesmo dia. ^.^



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Pov Hermione Granger

Monitora Chefe! Hermione nunca sonhou que um dia se tornaria uma. Ela passou boa parte dos anos de escola ocupada estudando mais matérias do que sua presença física lhe permitia, até utilizou um vira-tempo no terceiro ano. Além disso estava quebrando regras constantemente junto com Rony e Harry. Como alguém que não respeita de fato as regras pode manter a ordem?

Ela sorriu quando percebeu que as escadas a estavam levando para um lugar diferente da casa comunal da Grifinória. Olhou para o papel em sua mão e percebeu que era um mapa até seu novo dormitório. Seguiu as instruções e parou na frente de um quadro com um leão pomposo.

O quadro sorriu e disse:

— Hermione Jane Granger?

Ela sorriu ao ouvir o próprio nome.

— Sim, eu mesma.

O leão sorriu e completou.

— Nós somos nobres, nós somos bravos, nós somos muito corajosos e temos a amizade mais?

Hermione completou o pequeno lema de sua casa:

— Leal.

O leão abriu a passagem para nova monitora chefe.

Hermione viu-se maravilhada com seu quarto, um pequeno sofá vermelho na frente da lareira dourada aconchegante, as paredes brancas, uma estante de madeira com muitos livros, duas portas, uma do banheiro lindo com banheira e a outra levava para um quarto de princesa. A cama de casal dourada com dossel, as cortinas levemente transparentes vermelhas, o lençol vermelho, os travesseiros e uma almofada em forma de coroa dourada. Hermione sorriu jogando-se na cama.

Falou sozinha:

— Gina e Luna vão amar fazer uma noite das garotas.

Ela tomou um banho relaxante em seu novo banheiro e foi dormir tranquilamente em sua cama confortável. Acordou mais cedo como de costume, suando frio e com os pelos da nuca arrepiados, sempre que fechava os olhos seus sonhos calmos tornavam-se tumultuados, com direito a maldição cruciatus e a risada fria e desagradável de Bellatrix. 

Hermione tomou banho feliz por ter um banheiro só para si, depois trocou de roupa sem pressa, o café da manhã demoraria cerca de trinta minutos para começar. Andou pelos corredores e parou na sala precisa, desejou um lugar belo e tranquilo para relaxar. Abriu a porta e deparou-se com um jardim, sorrindo surpresa andou em meio às flores, o sol estava aconchegante, o céu com poucas nuvens o aroma leve lembrando lavanda.

Saiu dali indo direto para o salão principal. O café da manhã estava começando a ser servido, as mesas lotadas, a conversa animada e as risadas tomando conta do salão. Minerva anunciou o inicio do campeonato de quadribol e vivas estouraram nas mesas. Hermione tinha pavor de vassouras, só assistia quadribol por conta de um certo ruivo, mas quando ela achou que se veria livre do esporte, lembrou-se que Gina também jogava.

A ruiva disse alegre:

— Você vai me ver, não é Mi?

Hermione suspirou derrotada.

— Você sabe que eu não gosto muito de assistir a esses jogos. Tenho agonia da altura que ficam as vassouras, os balaços, acho que de tudo.

Gina olhou para amiga com olhos pidões.

— O primeiro jogo é contra a Sonserina. Vamos Mi, se anima!

Hermione levantou da mesa e sorriu para ruiva.

— Acho que por você, Ginerva, posso fazer esse sacrifício.

A ruiva franziu a testa ao ouvir o nome dela no lugar do apelido, mas bateu palmas vitoriosa com a resposta final da castanha.

Hermione foi até seu dormitório para pegar seu material para aquela manhã de aulas, e não ficou nada satisfeita ao notar que seu primeiro horário seria com a casa das serpentes.

A sala de poções na masmorra do castelo recebeu uma pequena placa na porta com o nome do professor Severo Snape. A classe estava relativamente vazia, o professor Slughorn ainda não tinha chegado, Hermione notou o lado sonserino menos animado do que o grifino.

Malfoy estava sentado no fundo da sala com sua turma de sempre, Hermione sentiu-se aliviada por notar que pelo menos, isso não havia mudado. Neville estava sentado sozinho e assim que a avistou, apontou para a cadeira em um convite mudo que ela prontamente aceitou, sentando-se ao lado dele.

A aula começou e a poção polissuco que eles prepararam não estourou na cara de Neville como de costume, os dois conversaram e sempre que o amigo dela ia cometer um erro, Hermione antecipava-se a ele, evitando um possível desastre.

Slughorn declarou:

— Pelo que pude ver, vocês fizeram um bom trabalho hoje. Podem deixar os fracos com seus nomes aqui na minha mesa, precisamos esperar essa poção fermentar para sabermos se foi bem feita. Para próxima aula gostaria que escrevessem um breve resumo sobre a Poção da incoerência. Por hoje estão todos dispensados.

Os alunos levantaram com cuidado para não derrubarem seus frascos.

Hermione disse para Neville:

— Pode ir na frente Nev, eu entrego o frasco para o professor.

Neville sorriu e deu de ombros.

— Acho que vai ser mais seguro assim.

Ela sorriu amplamente para o amigo, sem notar que um certo sonserino também tinha ficado para trás.

Hermione fez um feitiço mudo que gravou o nome da dupla no frasco, pegou os livros dela que estavam sobre a mesa e com a outra mão pegou o frasco. Estava andando tranquilamente até a mesa do professor quando sentiu algo estranho, como se tivesse alguém colocando o pé na frente dela. Hermione fechou os olhos e soltou os livros, mas não o frasco. 

O tombo não veio, ela abriu os olhos para dar de cara com um mar cinza. Os braços de Malfoy estava mantendo-a longe do chão, atordoada ela piscou, mas não se mexeu.

 

Pov Draco Malfoy

O dormitório da Sonserina estava quase todo acordado, os primeiranistas, os segundanistas, os terceiranistas, os quartanistas, os quintanistas que não tinham passado no último teste e dois sextanistas estavam esperando por ele.

Blásio deu um tapa no ombro de Draco e sussurrou:

— Eles querem saber que dia vão começar os teste para o time de quadribol?

Draco deu de ombros.

— Você é o monitor chefe, então deve saber que dia começa o campeonato de quadribol.

Blásio deu um peteleco na própria testa.

— O primeiro jogo será contra a Grifinória, no sábado que vem.

Draco virou-se para os rostos ansiosos.

— Os testes terão início amanhã depois do almoço, começamos com as posições que estão vagas. As posições que já tem jogadores titulares, não são a prioridade no momento, mas também teremos testes para jogadores reserva. Caso tenham mais alguma pergunta, procurem o Zabini.

Draco saiu da sala sem ligar para os protestos do moreno, ele só precisava dormir um pouco. Os alunos estouraram em perguntas e Draco sorriu por poder deixar essa horda para outra pessoa.

Um sono sem sonhos era pedir muito? Poder dormir uma noite inteira sem acordar sobressaltado? Draco Malfoy acordou, pelo menos, três vezes durante aquela noite, a única vantagem de se dividir o quarto com Blásio é que agora ele não dormia por ali, evitando que o loiro precisasse explicar os sonhos conturbados e até mesmo os gritos.

Draco lavou o rosto, fez sua higiene matinal e sentou na escrivaninha com duas folhas de papel e uma pena. Na primeira folha escreveu uma carta breve e otimista para sua mãe, ele queria que ela sorrisse ao ler aquelas palavras, ela precisava acreditar que as coisas seriam melhores para ambos dali para frente. Na segunda folha escreveu regras breves e o que ele como capitão procurava no próximo time de quadribol da Sonserina, pegando outra folha ele rascunhou como os treinos daquelas duas semanas seriam intensos, o time precisava entrar nos eixos de primeira.

Vestiu o uniforme e conferiu o horário antes de sair para o café da manhã, ele não queria surpresas naquele dia. Separou os dois livros de que precisava naquela manhã e levou com ele para o salão comunal. O café da manhã na mesa dele foi movimentado, todos falavam de modelos novos de vassouras e quais posições estavam ou não vagas no time.

Foi para as masmorras um pouco temeroso, ele ainda não tinha sido confrontado de frente pela lembrança de seu padrinho, mas entrar naquela sala e ver aquela placa gravando aquilo que ele ainda tinha dificuldade de engolir, foi desagradável. Sentou no fundo da sala e os amigos dele o acompanharam, a formação deles mudou pouco ao longo dos anos. Blásio sentou com Pansy nas cadeiras da frente, ele sozinho na mesa do meio, Crabbe e Goyle nas mesas atrás dele.

Professor de poções Horácio Slughorn, atual Diretor da Sonserina, parece a sina da casa, ter o professor que atua nas salas das masmorras como seu diretor, deu como tarefa fazer a poção polissuco. Draco não estava gostando nada da aula do professor, a implicância com Slughorn era velha. Ele realizou facilmente a tarefa de fazer a poção polissuco, sozinho a tarefa parecia ainda mais fácil. 

Ele desviou a atenção de seu frasco para as mesas do outro lado da sala e pode ver a Granger tendo um trabalho duplo, para realizar a tarefa com precisão e manter as mãos do Longbottom longe da poção. Teve que segurar a vontade de rir dela duas vezes, depois notou que os olhos atentos de Pansy capturaram tudo.

Assim que Slughorn liberou a todos, Draco achou que estava livre da curiosidade da sonserina, mas não.

— Draquinho, você está pensando em se engraçar para o lado das leoas?

Ele deu de ombros dando uma de desentendido.

— Não sei do que você está falando Pan.

Pansy colocou a mão sobre os livros dele, enquanto observava as unhas bem feitas da outra. Ela arqueou uma sobrancelha e estalou a língua, um hábito que ela tinha quando ia constatar o óbvio.

— Antes de mais nada, vocês não combinam, Draco. Ela é certinha demais para andar com alguém feito você.

Ela deu de ombros quando ele não respondeu. 

Granger sorriu abertamente para o Longbottom. O loiro observou a cena exasperado, ela é simpática demais, alegre demais, cheia de vida demais.

Ele pegou os livros dele e o frasco com seu nome. Andou até a mesa do professor e quando virou o corpo para sair notou o tombo que ela ia levar, ele podia segurá-la ou fingir que não era nada demais e ir embora. Mas que graça teria ver o trabalho dela derramar-se no chão? Ele queria desbancar a sabe-tudo na aula do professor metido, provando que é um bruxo mais brilhante do que ela, isso só seria possível se ela entregasse aquele maldito frasco.

Com agilidade de um bom apanhador ele conseguiu girar o corpo da Granger a tempo de evitar a queda dela, mas como ela não segurou os próprios livros, eles foram parar no chão, as folhas soltas de pergaminho que estavam dentro deles, saíram voando pelos ares atrás dela.

Draco continuou segurando-a, as folhas voando atrás do corpo dela até alcançarem o chão, o cabelo emoldurando o rosto da mesma, os olhos amendoados abriram-se devagar e ele se viu hipnotizado, não conseguia soltá-la.

— Foi quase em senhorita Granger?

Slughorn aproximou-se deles pegando o frasco das mãos da grifina. Ela entregou o frasco para ele e mais do que depressa saiu dos braços do loiro. Abaixou-se e começou a pegar as folhas que estavam espalhadas pelo chão da sala. Sem pensar muito sobre o assunto Draco começou a colocar os livros dela empilhados ao lado da mesma. Granger parecia estar tão absorta que não notou o gesto dele.

Ela franziu o cenho e falou sozinha:

— Como esses papéis caíram assim?

Draco soltou o ar com a boca, tirando alguns fios loiros que insistiam em cair na sua testa.

— São apenas folhas soltas dentro dos seus livros Granger. Não precisa fazer drama.

Granger pareceu então se dar conta da presença dele, primeiro crispou os lábios como se fosse respondê-lo com alguma grosseria, depois corou violentamente.

— Obrigada Malfoy, se você não estivesse aqui.

Ele deu de ombros.

— Você faria a poção de novo, não fiz nada de mais Granger.

Ela pegou as folhas e colocou dentro do primeiro livro da pequena pilha que ele organizou.

— Mesmo assim, obrigada.

Ele levantou do chão carregando seus dois livros e esperou Granger erguer a pequena pilha dela, os dois passaram pela porta e andaram lado a lado no corredor. Granger parou abruptamente olhando um ponto no fim do corredor, Draco tentou acompanhar o que ela estava olhando mas não notou nada de estranho.

Ela sacudiu a cabeça e apertou os livros contra o peito.

— Você viu aquilo Malfoy?

Ele negou com apenas um gesto.

Granger suspirou insatisfeita e entrou na sala de Runas Antigas, ele deu de ombros e foi para sua aula obrigatória de Defesa contra as artes das trevas. Depois do almoço ele teria coisas mais importantes e úteis para empregar a sua atenção.

 

Pov Hermione Granger

Hermione passou a aula de runas distraída. A forma com que aquelas folhas espalharam-se pelo chão não foi natural, elas caíram como se tivessem esbarrado em alguém. Além desse fato estranho, Hermione viu um pedaço de capa com pés no fim do corredor, foi algo rápido, mas ela tinha certeza do que tinha visto. Será que Harry deixou a capa da invisibilidade dele com a Gina?

Hermione tentou espantar esse pensamento, aquilo não era problema dela, se Gina ou qualquer outra pessoa estava passeando pelos corredores do castelo dentro do horário permitido ela não tinha nada a ver com aquilo.

Mas e as folhas? 

A aula terminou e Hermione fechou o livro que estava usando frustrada. A voz de Malfoy ecoou na cabeça dela:  “_ São apenas folhas soltas dentro dos seus livros Granger. Não precisa fazer drama.”, talvez fosse apenas isso, um charuto pode ser apenas um charuto, não é mesmo?

Hermione andou tranquilamente pelos corredores do castelo depois do almoço até chegar na biblioteca, aliviada pela tranquilidade daquele lugar conseguiu estudar em paz, nada de pés ou de folhas soltas. No almoço não conseguiu falar com Gina pois ela estava eufórica e só conseguia falar de quadribol.

Assim que terminou sua tarefa de poções Hermione devolveu o livro para sua estante e saiu da biblioteca, ela até poderia ter ignorado aquelas vassouras voando no céu, mas acabou parando ali, no corredor aberto ela apoiou-se no parapeito e ficou assistindo as vassouras e os balaços. Lembrou-se imediatamente de Rony, pegou um pergaminho e começou a escrever uma carta para o ruivo, perguntando sobre as novidades daquele dia, ela não pretendia enviar a carta, mas sentiu vontade de escrevê-la. Depois que terminou dobrou o papel e colocou-o no bolso da capa.

Continuou assistindo o treino até perceber uma cabeleira loira platinada. O uniforme verde e a mesma vassoura que ela conhecia bem. Ela se lembrava de ver Draco Malfoy em sua nimbus 2001, no último jogo entre Sonserina e Grifinória, as coisas eram tão simples naquele tempo. Ela continuou ali até notar que a bolinha dourada não estava no campo de quadribol, mas sim ao seu lado, voando alegremente ao seu redor. Hermione abriu a palma da mão na intenção de afugentar aquele pomo de ouro, mas em vez de afastar-se ele aterrissou em sua mão. Hermione segurou o pomo e aproximou ele de seus olhos com interesse.

Ela desviou os olhos do pomo e pode ver um mar cinza.

Malfoy estava ali, voando, o pomo entre o rosto deles, os dois estavam curiosamente próximos, o parapeito entre eles. Deixando-a levemente balançada, mas pelo quê? Hermione não sentia nada pelo loiro além de raiva, talvez repulsa, competitividade.

Hermione estendeu o pomo na direção dele.

— Acho que isso é seu Malfoy.

Malfoy sorriu de lado.

— Digamos que sim Granger.

Ele pegou o pomo e ela esperou que ele fosse voltar voando para o campo de quadribol, mas em vez disso ele desceu ao lado dela no corredor. Ele guardou o pomo dentro da capa e passou a mão livre que não estava segurando a vassoura, pelos fios loiros e desalinhados do cabelo dele.

Hermione gostaria de dizer alguma coisa, mas não sabia bem o quê.

 

Pov Draco Malfoy

O que será que se passa da cabeça dela?

Draco executou todos os feitiços a mando do professor, naquela matéria ele estava mais para um assistente do professor do que aluno. Ele era o único do sétimo ano na turma de primeiranistas, o que tornava tudo um pouco tediante.

Assim que a aula terminou Blásio confirmou os horários dos testes com ele. A mesa da Sonserina estava até silenciosa, o que só ajudou os pensamentos de mais cedo. Draco continuou encarando Granger, ela não parecia tão pensativa agora.

Ele terminou de almoçar antes dela, deixou o salão comunal e foi se trocar no vestiário de quadribol da Sonserina, organizou os balaços e a goles, o primeiro teste seria do goleiro, Blásio ajudaria na avaliação dessa posição. Os batedores eram uma preocupação para Crabbe e Goyle e seriam uma posição substituta. Os artilheiros iam ser problema dele, já que de três no time deles só restou uma, Daphne Greengrass, a primeira mulher que o time da Sonserina já teve. E a posição de apanhador era dele, mas se ele se machucasse também teria que ter outro ou outra, nos testes uma garota do terceiro ano se candidatou para a surpresa dele.

Os testes estavam indo surpreendentemente bem, nenhum dos novos ou antigos jogadores pareciam precisar de artifícios ou golpes baixos para ir bem, uma marca do antigo time campeão Sonserino, por sete anos seguidos. A garota do terceiro ano foi a melhor nos testes, agora o time deles teria duas garotas ao invés de uma.

Blásio e Theo terminaram de guardar as bolas mas perceberam que estava faltando um pomo.

Blásio gritou:

— Está faltando um pomo de ouro capitão.

Draco assentiu e respondeu:

— Eu me viro com isso, vocês podem terminar o treino dando duas voltas de vassoura no campo.

Tanto os novos quanto os antigos jogadores do time assentiram e fizeram o que ele mandou, Draco vasculhou o campo inteiro e não encontrou nenhum resquício da pequena e veloz bolinha dourada. Rendendo muitas piadas entre o Blás e o Theo.

Até que a viu.

Não o pomo de ouro, mas Hermione Granger apoiada no parapeito do corredor, o vento balançando seu cachecol e cachos. O perfume dela chegou até ele com a brisa suave que soprava, fazendo-o se aproximar dela. Notou um brilho dourado rodeando-a e percebeu que era o pomo, esperou ele sair de perto dela quando ela tentou pegá-lo, mas não aconteceu o pomo pousou na mão dela. Abismado, Draco se aproximou por completo.

Ela conseguia ser gentil o suficiente para que o pomo de ouro escolhesse pousar na mão dela sem ela precisar caçá-lo? Com uma habilidade dessas ela deveria tentar jogar quadribol e ser a substituta do Potter. Granger encarava a bolinha dourada com asas fascinada, estava sorrindo e as bochechas dela estavam levemente rosadas por conta do frio. Hermione Granger estava linda e isso o incomodava.

Ela o encarou, os olhos dela pararam nos dele por um curto espaço de tempo, mas isso fez algo dentro dele agitar-se. Ele não sabia bem o quê.

Granger estendeu o pomo na direção dele quebrando o breve contato visual entre eles.

— Acho que isso é seu Malfoy.

Draco sorriu de lado, um típico sorriso Malfoy.

— Digamos que sim Granger.

Ele pegou o pomo da mão dela notando que não era ao pomo que ele se referia. Ele de certa forma queria que aquela cena fosse só dele, aquele sorriso, o perfume, o vento de mais cedo, uma memória só dele. Draco desceu da vassoura ao lado dela no corredor. Ele guardou o pomo dentro da capa e passou a mão livre que não estava segurando a vassoura, pelos fios loiros e desalinhados do cabelo dele. Olhou para Granger e percebeu que ela estava calada.

Sorrindo abertamente para ela, ele disse:

— É a primeira vez que te vejo sem palavras Granger.

Granger deu de ombros e chutou o ar na frente dela.

— Não é que eu esteja sem palavras, Malfoy. Só não sei quais delas devo usar para conversar com você.

Ele escorou-se de costas no parapeito do corredor.

— Que tal: Como você veio parar aqui? Ou, não vai voltar para o campo?

Ela encostou-se de costas no parapeito imitando a postura amigável dele.

— Acho que vou preferir a segunda pergunta, a primeira tem uma resposta óbvia, você veio voando.

Ele assentiu.

— O treino acabou, então não preciso voltar para o campo.

Ela saiu do parapeito ficando de frente para o loiro.

— Então por que estava atrás do pomo de ouro?

Ele segurou a vassoura com as duas mãos na frente do corpo dele.

— Sou o capitão e apanhador do time da Sonserina, então não posso deixar um pomo da nossa caixa sumir.

Ela deu uma risada e ele ergueu as sobrancelhas.

Um pouco irritado ele perguntou:

— Isso é engraçado, Granger?

Ela apontou para o cabelo dele, percebendo que ele não entendeu o que ela queria dizer, ela se aproximou do loiro, a reação dele foi dar um passo para trás, mas se viu encurralado pelo parapeito. Ela talvez não tenha notado esse movimento dele e se notou fingiu não se importar. Os corpos separados pela vassoura, Granger ficou na ponta dos pés e esticou a mão na direção do rosto dele, em vez de inclinar para trás Draco inclinou-se para frente, a diferença de altura entre eles iria atrapalhar, o quer que fosse, que a Granger estava tentando fazer. 

Ela então passou a mão no cabelo dele, afastando-se em seguida.

Mostrando uma pequena flor cor de rosa ela disse:

— Ela caiu no seu cabelo, estava até legal, mas acho que não faz seu estilo Capitão do time de quadribol da Sonserina.

Draco pegou a flor da mão dela e negou com um menear de cabeça, girou a flor entre os dedos.

Sorrindo torto ele completou:

— Combina mais com você.

Depois dessa declaração ele prendeu a flor na orelha dela. Granger ficou sem ação o que facilitou para o loiro. A flor ficou bonita no cabelo dela. Granger piscou os olhos, as bochechas dela ficaram rosadas, ela deu um passo para trás aumentando consideravelmente a distância entre eles.

— Preciso voltar, está quase na hora do jantar.

Draco deu uma risada.

— Acho que entendo o que você quer dizer.

Ela virou-se para sair e ele montou na sua vassoura.

— Quer uma carona Granger?

Draco notou o pânico nos olhos dela.

— Fica para uma próxima Malfoy.

Ela saiu quase correndo.

 

Pov Hermione Granger

Hermione jantou mais do que rápido, ela não estava com cabeça nem humor para comer. Gina só sabia falar de balaços, goles e pomo de ouro, o assunto do quadribol não deixava brechas para Hermione tentar esquecer um certo Sonserino, antes ela só conseguia pensar em Rony e Harry quando esse assunto vinha à tona. Mas agora ela pensava em verde, preto e prata.

Gina estalou os dedos na frente dos olhos dela.

— Onde você achou essa flor, Mi?

Hermione passou a mão na flor.

— No corredor aberto, estava voltando da biblioteca.

Luna se juntou a elas.

— Você passou a tarde toda na biblioteca Hermione? Jurava que tinha visto você no corredor com um garoto.

Hermione piscou os olhos rápido e se levantou da mesa.

— Luna eu. Quer saber, o que acham de terminarmos essa conversa indo para os dormitórios?

Gina assentiu porque estava curiosa e Luna apenas sorriu.

No corredor Hermione resolveu contar para elas o que aconteceu:

— Malfoy está um pouco estranho esse ano.

Gina riu dessa declaração.

— Mi, ele sempre foi estranho.

Hermione deu de ombros.

Luna perguntou:

— Ele te ajudou mesmo na aula de poções?

Hermione afirmou indignada:

— As paredes deste castelo não tem só olhos e ouvidos, mas bocas muito rápidas.

Luna assentiu e Gina completou:

— Não é só o boato da sala de poções, tem o do vagão do trem também. As pessoas não iriam deixar passar algo tão estranho. Ele é o Príncipe da Sonserina, o queridinho das garotas e um ex-comensal que foi considerado culpado...

Luna interrompeu Gina:

— E a Hermione é a Princesa da Grifinória, a bruxa mais brilhante da geração dela e heroína da guerra. Até eu que sou desligada dessas coisas sei que vocês são completamente opostos e inimigos naturalmente declarados. Por que ele te ajudaria?

Hermione deu um suspiro frustrado.

— Vocês esqueceram de mencionar bruxo sangue puro e nascida trouxa. Aí sim a lista estaria completa.

Gina segurou os ombros de Hermione.

— Isso não é importante.

Hermione sorriu aliviada para a ruiva.

— Todas as outras coisas que vocês falaram também não.

Luna assentiu e Gina soltou Hermione.

— O que aconteceu no trem foi acidente, eu esbarrei nele sem querer e ele me ajudou a levantar. O estranho foi ele ser gentil e educado comigo, depois ter ficado no vagão esperando eu cuidar do machucado na minha mão. Na aula de poções ele evitou que o meu trabalho e do Nev fosse destruído, por um descuido meu, foi só isso. Nada de mais.

Luna incentivou:

— E no corredor? Era ele não era?

Hermione assentiu.

— Eu estava voltando da biblioteca e parei para assistir a movimentação no campo de quadribol, nem notei que era o treino da Sonserina. Lembrei do Rony e comecei a escrever uma carta.

Para provar o que estava dizendo Hermione tirou o papel do bolso da capa e entregou para as amigas.

— Então um pomo de ouro apareceu perto de mim e eu o peguei.

Gina arregalou os olhos surpresa.

— Você caçou ele pelo corredor?

Hermione negou:

— Não, eu abri a mão e ele pousou nela.

Gina exclamou:

— Estranho!

Hermione sorriu.

— Muito, eu sei. Então Malfoy apareceu, ele estava atrás do pomo aparentemente, então conversamos amigavelmente por alguns minutos e então essa flor.

Ela apontou para a flor rosa em seu cabelo. 

Luna disse:

— Eu vi ele colocando ela no seu cabelo, por isso tive certeza que eu só podia estar delirando.

Gina aproximou o rosto de Hermione depois deu uma volta ao redor da amiga.

— Isso não está enfeitiçado não?

Hermione deu uma gargalhada.

— Essa flor caiu no cabelo do Malfoy enquanto ele fazia um discurso sobre ser um capitão responsável, então acho que não. 

Gina adiantou-se:

— Então ele tirou do cabelo dele e colocou no seu?

Hermione negou:

— Não. Eu tirei do cabelo dele, aí ele colocou no meu.

Luna e Gina disseram juntas:

— Inacreditável.

Hermione indagou:

— Qual parte?

Gina respondeu:

— Todas.

Hermione apontou para carta.

— Você pode me devolver isso?

Gina devolveu o papel.

Luna contou sobre seu dia e Gina também, elas sempre riam das caras de tédio uma das outras, fazendo comentários sobre as aulas e sobre os novos professores. Sem ânimo elas separaram-se. 

Hermione entrou no banheiro de seu dormitório e sorriu para o espelho, até que Malfoy não estava de todo errado, a flor combinou mesmo com ela. Lembrando-se da neurose da Gina, ela fez um feitiço de inspeção na flor e como ela deduziu, não havia nada de errado com a pequena planta. 

Depois do banho e já de pijama Hermione pegou seu exemplar de Os contos de Beedle o Bardo e colocou a flor na última página do conto A fonte da sorte, ela poderia secar ali e tornar-se um belo marcador. Deixou o livro na mesa de centro da sala e foi dormir no quarto, ela ainda estava tentada a perguntar sobre a capa da invisibilidade para Gina na hora do café da manhã.


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Notas finais do capítulo

Alguém por aí de novo? #.#
Não custa nada perguntar rsrsrsr
Até o próximo capítulo de hoje.



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