Um vira-tempo com defeito escrita por Lady M


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se! ^.^



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Pov Hermione Granger

A vida de Hermione Granger tornou-se muito confusa no período da guerra, sem os pais, na companhia constante dos melhores amigos lutando contra um bruxo lunático e psicótico. Depois que a guerra acabou ela buscou e encontrou os pais, seguros e vivendo alegremente, eles adotaram uma menina de oito anos. Hermione não teve coragem, nem forças, para estragar a alegria dessa criança sortuda, seus pais agora tinham uma filha normal como eles, disposta a assumir o negócio dos dentes perfeitos sem magia. Uma criança que não passaria pelos perigos constantes do mundo Bruxo.

Ela decidiu voltar para A'toca até o início do ano letivo. Os Weasley receberam-na de braços abertos quando ela contou para eles sobre sua família, embora ela ainda tivesse suas economias tanto na Londres trouxa quanto na Londres bruxa, Molly não a deixou ir embora. Depois de estar acomodada no seu novo e antigo lar, recebeu uma carta da Diretora Mcgonagall. O sétimo ano, as aulas de magia e os NIENS, a nova e reformada biblioteca, a sala precisa e o dormitório feminino da Grifinória estavam aguardando-a. Ela não se sentia mais a mesma, mas aquele pequeno vislumbre de esperança dançava diante dos seus olhos castanhos enquanto ela fitava o papel timbrado da carta escolar. Animada ela desceu as escadas do quarto que estava dividindo com Gina. A curiosidade tomando conta dela. 

Entrou no quarto de Rony como um raio e jogou-se na cama levando os dois amigos consigo, pois os mesmos estavam sentados na cama falando sobre quadribol.

— Sei que estão ocupados, mas preciso saber se receberam isso.

Hermione deitada na cama entre os dois estendeu o envelope com a carta para cima. Ron deu de ombros e Harry apenas observou a amiga.

— Eu vou voltar para terminar meu sétimo ano. Vocês vão estar comigo nessa?

Ron negou e revirou os olhos. 

— Nem morto!

Harry respondeu ameno:

— Mione, sei que está super animada para ter pelo menos um ano escolar normal, sem bruxos assassinos, sem perseguição aos alunos nascidos trouxas, um ano comum, mas eu nunca esperei por algo do gênero. Imagino como será tedioso voltar para Hogwarts sem precisar me preocupar em me manter salvo. Também recebi essa carta e junto com ela mais duas.

Hermione esperou Harry mostrar os envelopes e tentou conter a vontade de dissuadi-los, ela queria um ano normal com seu melhor amigo e quase namorado.

— Uma delas é do departamento de Aurores do Ministério da Magia, estou sendo convidado a iniciar meus serviços como Auror. Acho que lá estarei no meu lugar.

Hermione sorriu orgulhosa e deu um abraço no melhor amigo.

— Acho que você está certo Harry.

Ron bufou.

— Eu também recebi uma carta igual a essa.

Hermione soltou Harry e deu um beijo na bochecha do ruivo deixando-o vermelho até as orelhas.

— Parabéns Ronald. 

Ele sorriu para ela perguntando:

— Mas?

Ele a conhecia tão bem que percebeu que ela tinha algo contra essa ideia.

— Mas achei que você estava avaliando a possibilidade de ir jogar quadribol profissionalmente.

Os olhos azuis do ruivo iluminaram-se.

— Estava falando sobre isso com Harry antes de você chegar derrubando a gente. Eu fui convocado pelo Chudley Cannons, como goleiro reserva, mas mesmo assim é uma ótima posição e um excelente time para começar uma carreira profissional no quadribol.

Hermione pode sentir a empolgação dos dois e notar que o lugar dela não era mais ali, não que os dois não fossem fazer parte da vida dela dali para frente, mas eles estavam consolidando os caminhos que queriam seguir, ela ainda precisava se encontrar para enfim reencontrá-los. 

Naquela última tarde juntos eles perceberam que O Trio de Ouro sofreria grandes mudanças. Harry seria um excelente Auror segundo a visão da castanha e Ron ainda tinha duas opções, ela particularmente preferia ver ele em cima de uma vassoura, mesmo sentindo calafrios em relação a esse objeto, do que caçando os últimos seguidores do Voldemort.

Ela voltou para o quarto e arrumou seu malão, notando que ainda faltavam alguns itens da lista de materiais para aquele último ano. Aparatou no beco diagonal com Gina no seu encalço, comprou seu novo uniforme e os livros para aquele ano. A noite mal conseguiu pregar os olhos, mas ela tentou bravamente. Insônia era um novo problema para ela colocar na lista, assim como seus frequentes pesadelos.

Alegre como uma criança entrou na estação. Os alunos estavam ali, todos os anos misturados, alguns de uniforme, outros ainda trajavam roupas normais, os cachecóis indicando suas casas. No meio da multidão foi fácil para ela identificar Neville, Luna e Gina, os três em um canto menos tumultuado. Sem pressa ela andou até eles, reconhecendo alunos das outras casas e notando que poucos alunos retornaram para o sétimo ano. O caminho abriu-se para ela, tanto os pais quanto os alunos olhavam e apontavam na sua direção, alguns sorriam outros soltavam exclamações, Hermione ignorou o burburinho tentando não chamar mais atenção até estar com seus amigos.

Entraram no trem e escolheram uma cabine, Luna e Neville estavam super animados, Gina meio aérea, mas quando foi questionada pelo seu comportamento ela deu de ombros. Hermione sentiu falta das discussões acaloradas entre Ron e Harry, das risadas deles e das conversas animadas sobre quadribol, mesmo que sem participar do assunto. Quando avistou o carrinho de doces foi uma benção, ela tentou chegar nele, mas acabou correndo sem direção dando um encontrão com as costas de um rapaz, o perfume amadeirado era um tanto familiar para ela, o impacto entre os corpos foi tão forte que ela se desequilibrou e caiu de bunda no chão. A saia dela quase mostrou demais e ela não ligou muito, pois estava xingando mentalmente. Um pequeno bolo de pessoas começava a se aglomerar em volta deles.

Ela levantou os olhos para ver com quem tinha trombado, mas ficou surpresa ao encontrar Draco Malfoy ajoelhado ao lado dela como um príncipe dos contos de fadas trouxas. Ela precisava voltar a ler livros bruxos como os de Hogwarts uma história, Beedle, Trato das criaturas mágicas, com urgência.

— Você está bem Granger? Consegue levantar?

As pessoas olhavam para os dois surpresas, algumas indignadas. Percebendo que estavam atrapalhando a fila do carrinho de doces e que o toque gelado do Malfoy estava deixando-a desconcertada, Hermione puxou sua mão para si.

Ela respondeu tentando dar o assunto como encerrado:

— Eu estou bem. Foi só um arranhão, nada com que se preocupar Malfoy.

Mas ele não se afastou dela, muito pelo contrário ele a ajudou a se levantar. Deixando-a atônita e sem palavras.

 

 

Pov Draco Malfoy

 — Declaro o réu culpado!

O silêncio dominou o salão de audiência do Ministério da Magia.

— Lucius Black Malfoy merece o beijo do dementador, seus crimes foram de atrocidade máxima, não há perdão para um assassino a sangue frio. Poderia ter uma pena diferente caso o réu se sentisse arrependido, mas Lucius foi incapaz de demonstrar remorso pelos seus atos.

Todos naquela sala estavam de acordo com aquela punição, inclusive um certo loiro platinado de olhos acinzentados, algemado. A mãe de Draco seria a próxima e ele o último. Aquele circo estava armado para julgar os atos ardilosos e maléficos da família Malfoy contra a sociedade bruxa durante o período de Guerra. Como se algum daqueles que assistiam também não tivessem colaborado de alguma forma para aquele desastre.

As contas deles tinham sido retidas, logo Lucius não tinha direito a um defensor e mesmo se tivesse o pai dele estava irredutível, ele não se arrependia dos assassinatos, se arrependia de colocar Narcisa em uma posição tão vexatória e de jogar o nome Malfoy na lama, mas não de ser um completo canalha. Narcisa tinha um defensor, Andromeda veio em socorro de sua família, mesmo depois de tudo, ela e Narcisa se reencontraram e resolveram suas diferenças. Draco não tinha um defensor, pelo menos era o que ele pensava.

Narcisa foi sentenciada a viver em prisão domiciliar por tempo indeterminado, o fato de ter ajudado Harry Potter pessoalmente concedeu-a o benefício de ficar quase livre. E o defensor que Andrômeda contratou foi um excelente negociador.

— O réu é acusado de se juntar aos seguidores de Lord Voldemort, tornando-se um comensal da morte por livre e espontânea vontade. Sua marca negra foi adquirida com o assassinato de um trouxa inocente. Enquanto ainda estudava em Hogwarts tentou matar Alvo Dumbledore, mas em uma dessas tentativas quase assassinou os alunos Rony Weasley e Katie Bell. No mesmo ano lançou a maldição imperius sobre a atendente do Três Vassouras. Seguindo as ordens de Lord Voldemort o réu torturou e matou trouxas e nascidos trouxas, além disso ajudou Comensais a invadirem Hogwarts. Draco Black Malfoy você tem alguma forma de defesa ou justificativa para essas acusações.

O loiro estava pronto para aceitar sua sentença sem nenhuma justificativa, defesa ou alegação quando Minerva Mcgonagall adentrou o salão.

— Sinto muito se estou interrompendo, mas eu preciso fazer algumas ressalvas na sua acusação Ministro.

Todos arregalaram os olhos, inclusive o loiro.

— Sua primeira acusação tem caráter injurioso. Malfoy nunca teve a intenção de se unir aos seguidores de Lord Voldemort, ele foi obrigado e pressionado para tal. Sua marca negra lhe foi concedida por meio de votos de confiança, ele não matou um trouxa, apenas prometeu que mataria Alvo Dumbledore para o Lord. As alegações sobre os quase assassinatos dos alunos são reais, mas não foram intencionais apenas acidentes. Draco malfoy fez o que foi preciso durante a Guerra para manter sua mãe segura e no final acabou agindo como agente duplo. Não digo que ele não deva ser responsabilizado pelos seus atos, mas que deve ser julgado com cautela e parcimônia.

Draco ficou surpreso por ser aquela sua defensora e ainda mais chocado com o conhecimento prévio que ela tinha da situação. O Ministro começou a deliberar os pontos com Mcgonagall e Draco notou que dali em diante não poderia chamar ela de morcega velha nem brincando. A sentença dele foi a mais longa de sua família.

— Declaro o réu culpado. Draco Black Malfoy terá como pena terminar o seu sétimo ano em Hogwarts sobre a supervisão da Diretora Minerva Mcgonagall, sendo obrigado a cursar as matérias de Defesa contra artes das trevas e Estudos dos trouxas, novamente. Não poderá se envolver em brigas com alunos nascidos trouxas e passará seus finais de semana na Londres Trouxa em vez de Hogsmeade, acompanhado de um Auror ou Professor de Hogwarts. Os feriados e as férias devem ser sobre a supervisão da Diretora Minerva Mcgonagall. Quando estiver fora dos aposentos da escola está proibido de ter uma varinha em mãos. A conta dos Malfoy será reaberta, mas com uma quantia mínima para sobrevivência do senhor Malfoy até terminar o sétimo ano. Quando este se formar poderá reaver a fortuna de sua família, com exceção da Mansão pois esta estará em posse de Narcisa Malfoy.

Todos escutaram a sentença sem protestar. 

Lucius recebeu o beijo do dementador na frente de todos, Draco pode assistir o momento em que a luz deixou os olhos cinzentos do pai que ficaram opacos, pode ter um vislumbre do sofrimento e da loucura que abateram-se sobre ele antes do fim.

Narcisa foi levada aos prantos para Mansão Malfoy, onde passaria a viver trancada por tempo indeterminado. 

Draco Malfoy recebeu sua carta de Hogwarts junto com uma justificativa de Mcgonagall para sua defesa:

— Só fiz aquilo que era certo. Prometi para o Severus na frente de Alvo que faria o possível para diminuir sua sentença, mas nunca de livrá-lo dela. Até amanhã senhor Malfoy, espero que divirta-se retornando a Hogwarts.

Draco chegou na Mansão e notou que as coisas seriam mais difíceis do que no período da Guerra. Sua mãe estava desolada, ela amava Lucius, mesmo ele sendo um pai mesquinho e um marido muitas vezes relapso, esse era o único tipo de amor que Narcisa conhecia. Precisou de duas garrafas de vinho e muito esforço para fazê-la dormir e aceitar que Draco precisava voltar para Hogwarts e submeter-se a vontades de outras pessoas para poder andar livremente durante aquele ano.

Draco acordou indisposto, mas sua indisposição estava ligada a ter que enfrentar o julgamento de todos. Ele sabia que seria bem aceito entre seus próprios amigos, mas entre os primeiranistas, ele seria um verdadeiro monstro, para alguns alunos ele não teria o direito de estar ali. Ele se perguntou: "Será que o trio de ouro estará na estação?".

Um Auror veio buscá-lo, o malão dele e sua varinha ficaram em posse desse auror até entrar na estação. Na plataforma 9³/4 ele avistou seus amigos. Os Sonserinos não estavam no meio da multidão, eles eram os excluídos, pela primeira vez em anos os primeiranistas não queriam usar as cores verde e preto.  Draco ignorou os olhares atravessados dos pais e de alguns alunos, juntou-se a Blásio, Pansy, Crabbe e Goyle.

Pansy começou a amolá-lo:

— Como foi seu julgamento Draquinho?

Blásio interveio:

— Deve ter sido como os nossos, terrivelmente entediante.

Draco não gostaria de admitir, mas não foi entediante, foi assustador, ele viu o fim, não o fim da Guerra, mas o fim da sua própria vida. O beijo que o dementador deu no pai dele, poderia ter sido nele próprio, a morte de Lucius foi rápida em comparação a morte de todas as pessoas que ele fez sofrer, mas o dementador rouba sua alegria, suas esperanças, sonhos, um por um, até que só restem os pesadelos, a dor, a miséria, a culpa e enfim a morte. Algo cruel e degradante.

Ele não respondeu, apenas entrou no trem, os amigos dele entenderam aquele silêncio como assunto encerrado. Os outros alunos evitaram cruzar o caminho deles, entrando nas cabines o mais rápido que conseguiam, deixando os últimos vagões para os Sonserinos.

A viagem estava tranquila, sem muitas novidades. Blásio estava aos beijos com a Pansy, Crabbe e Goyle discutiam sobre a reformulação do time de quadribol da Sonserina e ele olhava a paisagem passar rapidamente pela janela. O carrinho de doces chamou a atenção imediata do loiro que levantou e parou na frente dele no corredor. Ele ia fazer seu primeiro pedido quando algo bateu contra suas costas. Ele sentiu o impulso gerado pela pessoa que bateu atrás de si, mas nada que realmente o fizesse se mover. Draco deixou a moça do carrinho de doces falando sozinha, virou-se e pode vislumbrar Hermione Granger caída no chão.

Ela caiu sentada, as mãos ao lado do corpo, a capa da grifinória aberta, a saia subiu bons palmos do joelho, as coxas dela estavam de fora e os olhos dele deslizaram sem pudor por ali, os fios antes rebeldes agora estavam com cachos mais suaves e definidos, com a queda eles caíram sobre o rosto dela. A expressão indignada da Granger fazia um contraste com a posição em que ela encontrava-se. Draco viu quando ela levantou as palmas das mãos e notou as pequenas escoriações, o sangue dela escorrendo de leve pelas mãos. Sangue o motivo principal para todos os problemas da vida dele.

Draco ajoelhou-se sobre a perna direita e pegou a mão machucada dela entre as suas.

Ele perguntou:

— Você está bem Granger? Consegue levantar?

Granger arregalou os olhos e puxou a mão dela para si.

— Eu estou bem. Foi só um arranhão, nada com que se preocupar Malfoy.

Ele ficou de pé e sem ligar para os olhares curiosos direcionados a eles, auxiliou Granger a levantar. Os dois andaram até o banheiro de um vagão livre.

Draco ficou ali observando-a limpar os arranhões das duas mãos, esperando a hora que ela usaria um feitiço para curar-se, mas não aconteceu. Granger ficou olhando para os machucados e depois para o espelho. Ela suspirou e colocou a mão no bolso da capa, de onde puxou um potinho. Ela o colocou apoiado na pia, lavou as mãos e depois passou o que tinha no pote com a tampa estranha dele.

Draco observou tudo um pouco surpreso e levemente decepcionado, ele estava esperando por um feitiço silencioso da grandiosa Hermione Granger. Será que aquilo era uma poção? Ele desencostou-se do batente da porta e curioso entrou no banheiro, puxando uma das mãos dela para si, aproximou-a de seus olhos, esperando que o machucado fechasse, mas não aconteceu nada parecido, ele ainda estava ali, mas agora limpo. Ele franziu o cenho.

Granger perguntou irritada:

— Já terminou Malfoy?

O loiro assentiu.

Granger puxou a mão da dele e saiu do banheiro sem olhar para trás. Deixando-o sozinho ali. Draco percebeu que ela esqueceu o frasco sobre a pia do banheiro. Ele pegou o frasco e sacudiu, ouviu o líquido chacoalhar lá dentro, passou de uma mão para outra com curiosidade, abriu o pote e percebeu que a tampa tinha uma espécie de mini pá transparente, tirou com cuidado e aproximou do nariz, mas não tinha um cheiro que ele já tivesse sentido em outro lugar. Aquilo com toda certeza era algo do mundo trouxa.

Draco colocou o frasco no bolso da própria capa e retornou para sua cabine. Os amigos não falaram nada sobre sua demora, mas pelo olhar estranho da Pansy, Draco sabia que alguma fofoca tinha chegado na cabine deles.

 

Pov Hermione Granger

Voltando para a cabine com seus amigos Hermione percebeu como Malfoy tinha sido educado e de certa forma prestativo, um Malfoy extremamente diferente do que ela estava acostumada. O loiro arrogante e prepotente, acima de tudo, Malfoy era preconceituoso. Ele perguntou se ela estava bem, ajudou ela a levantar, segurando na mão machucada dela que sangrava, um sangue que ele considerava impuro, em contato com a pele imaculada dele. Hermione inconscientemente traçou com as pontas dos dedos a cicatriz que Bellatrix cravou em seu braço. 

Ela tratou de mandar esses pensamentos para longe e concentrou-se na janela do seu vagão. Luna fazia planos nada convencionais para aquele ano, Neville sorria e apoiava praticamente todas as idéias da loira maluquinha e Gina só sabia suspirar, suspiros que Hermione conhecia bem, suspiros de saudade. Ela mesma estava assim pelo irmão da ruiva.

O trajeto da carruagem passou em um piscar de olhos, o que prendeu a atenção dela foi o castelo, Hogwarts foi reconstruída com perfeição, todos os tijolos estavam em seus lugares. O teto encantado do Grande Salão fez os primeiranistas ficarem de queixo caído, Hermione lembrava bem da sensação de olhar para a imensidão daquele lugar pela primeira vez. Ela despediu-se de Luna, indo com Neville e Gina sentar-se na mesa da Grifinória. Vermelho e Dourado, o leão em uma bandeira flutuando sobre a cabeça dos estudantes daquela casa, alegre ela admirou as bandeiras das outras mesas e sorrindo notou um par de olhos acinzentados que estavam sobre si na mesa das cobras. A Sonserina estava consideravelmente vazia naquele ano.

O chapéu seletor fez as honras e os primeiranistas foram recebidos com festa, até o primeiro Sonserino ser anunciado, as palmas foram um pouco receosas e a mesa verde e prata não se importou nem um pouco com o resto do salão estourando em vivas.

Minerva começou seu primeiro discurso como Diretora:

— Sejam todos bem-vindos! Esse ano não há ameaças, não há mais perigos no mundo bruxo, mas também não há alguns dos nossos amados professores. Olhem para os lados, para as mesas das outras casas que não a sua. Percebam como esse castelo parece o mesmo, mas como esse mesmo castelo está frio e vazio. Muitos dos nossos amigos e familiares não podem estar aqui hoje, porque se sacrificaram por um bem maior. Por essa paz, por acreditarem que não é um preconceito cego, ou o ódio desmedido que farão do nosso mundo um lugar melhor, eles lutaram.

A Diretora fez um feitiço silencioso e duas pilastras ergueram-se atrás da mesa dos professores, com os nomes daqueles que morreram.

— Por isso eles devem ser lembrados por todos nós.

Depois de uma pausa dramática seguida por palmas Minerva terminou seu discurso:

— Aproveitem esse ano para experimentar coisas novas, para conhecerem e fazerem amigos. Aqui, cercados pelas paredes desse castelo, vocês encontrarão uma grande família.

Hermione estava deixando a mesa da grifinória quando Simas a parou para dar um recado:

— Hermione a diretora Mcgonagall está te esperando na sala dela às 20:00.

Ela assentiu e agradeceu:

— Obrigada Simas.

Sem ânimo Hermione caminhou pelos corredores do castelo, tomando cuidado com as escadas traiçoeiras, cumprimentando os quadros antigos e notando os novos, vendo os fantasmas fazerem suas confusões, passando na frente do corredor onde deveria estar a sala precisa ela desejou uma porta e logo foi atendida. O contorno dourado e a maçaneta apareceram.

Sorrindo ela passou a mão na maçaneta sem abrir a porta. Ela foi tirada de sua bolha particular por um pigarro.

Olhando para o lado Hermione viu Draco Malfoy. O loiro estava com as mãos nos bolsos da capa, o cachecol da Sonserina orgulhosamente em volta do pescoço, com o uniforme impecável e uma expressão de desdém comum a ele.

Hermione desviou os olhos dos dele e desejou que a porta sumisse. Deu as costas para ele, um pouco tensa e continuou seu caminho até a sala da Diretora. Os passos dele ecoando atrás dela, fazendo-a suar frio e desejar que ele andasse mais rápido ou na frente dela. Por causa da guerra Hermione tornou-se um pouco paranóica, sempre observando se alguém estava seguindo-a. E o som do caminhar a suas costas não estava ajudando.

Hermione viu-se suspirar de alívio quando chegou na torre do escritório da Diretora, parou na frente da gárgula e viu a porta abrir. O interior da sala mudou pouco, Mcgonagall e Dumbledore pareciam compartilhar o mesmo amor por livros e por penseiras. Atrás da mesa da nova Diretora um grande quadro de Alvo Dumbledore, ele sorriu para Hermione e ela sorriu de volta alegre por poder vê-lo novamente.

Outra pessoa entrou na sala e para surpresa dela Malfoy cumprimentou o quadro:

— Boa noite Dumbledore.

O quadro respondeu à saudação:

— Boa noite senhor Malfoy.

Mcgonagall surgiu descendo de uma escadaria da lateral do escritório.

— Peço desculpas pelo meu atraso.

Hermione justificou-se:

— Acho que nós que estamos adiantados.

Mcgonagall ajeitou os óculos sobre a ponta do nariz e assentiu. Ela andou até sua mesa e assim que se sentou indicou as cadeiras vazias na frente dos dois alunos.

— Sentem-se.

Hermione obedeceu sem se dar o trabalho de olhar para o Malfoy.

Mcgonagall sorriu para ambos.

— Senhorita Granger a chamei porque será a nova monitora chefe da Grifinória e porque preciso que ajude essa velha professora em uma tarefa extra nesse último ano.

Hermione perguntou:

— Qual tarefa?

Mcgonagall indicou Malfoy com um menear de cabeça.

— A senhorita sabe sobre quais condições o senhor Malfoy está livre?

Hermione ouviu a discussão entre Ron e Harry vagamente, sabia que Lucius estava morto, Narcisa Malfoy presa em domicílio e que Draco Malfoy foi considerado culpado, mas a pena dele tinha sido diferente, apenas isso.

Um pouco envergonhada por não saber a resposta exata de uma pergunta, Hermione respondeu:

— Não. 

Malfoy mexeu-se desconfortável com o assunto.

 

Pov Draco Malfoy

O jantar estava tranquilo e os alunos novos da Sonserina não estavam mais decepcionados, mas sim animados com a possibilidade de poder jogar quadribol. Blás era o novo monitor chefe e com isso fez um pedido para a Diretora abrir vagas para o time a partir do primeiro ano, ela aceitou sobre a condição desses alunos serem o time reserva.

Draco estava indo para o dormitório da Sonserina quando Blásio o interceptou:

— Draquinho espera um pouco.

Draco deu meia volta feliz por ninguém além deles ter escutado o apelido idiota que o Pansy deu para ele, desde o terceiro ano.

— O que você quer Blás?

Blásio deu de ombros.

— Eu nada, mas a Mcgonagall quer algo com você.

Pouco satisfeito lembrando das matérias que ele teria que cursar por obrigação e do tempo que passaria na Londres trouxa Draco entendeu o que a Diretora queria com ele.

Blásio colocou a mão no ombro dele.

— Por que não me contou do seu veredito?

Draco deu de ombros.

— Eu sabia que seria considerado culpado, vocês não receberam a marca, eu recebi. Vocês não fizeram grandes coisas na guerra, sempre que tentavam me ajudar de alguma forma eu recusava ou deixava a participação de vocês mínima. Vocês seriam inocentados e isso já era o suficiente para mim.

Blásio assentiu e declarou:

— Em sua homenagem vou entrar na aula de Defesa contra as artes das trevas e não beber tanto quando for para Hogsmeade.

Draco sorriu para o amigo e mudou o percurso que estava seguindo. Andou com calma pelas escadas e percebeu quando os corredores começaram a ficar desertos, no andar da sala precisa ele sorriu. Ali tinha sido sua prisão e refúgio, um bom lugar para se esconder no ano passado. Estava indo desejar um jardim quando viu a silhueta de uma garota com a mão pousada sobre uma maçaneta dourada.

Pigarreou para ver se ela saia dali, mas em vez disso ela olhou na direção do som.

Os olhos amendoados da Granger perderam o brilho, o sorriso dela morreu e ele pode notar o momento exato em que a sala que ela desejou desapareceu.

Ela não lhe desejou boa noite, nem fez menção de provocá-lo apenas deu as costas para ele e continuou andando. Ele também continuou andando, mas percebeu os ombros dela tensos, ele pode notar como as mãos dela começaram a suar e como ela apertou o passo, andando cada vez mais rápido. Ele andou mais devagar e sorriu torto quando notou que ela estava indo para o mesmo lugar que ele.

Ele entrou no escritório da Diretora depois dela. Viu como a decoração não mudou muito da época de Dumbledore, no sexto ano ele passou boa parte de suas horas ali com seu padrinho Snape e com o falecido e gentil Diretor. Ele sentia muito sobre o fim que os dois tomaram, as medidas que decidiram executar para que Draco estivesse seguro. 

Ele saudou o quadro:

— Boa noite Dumbledore.

E o antigo diretor o respondeu:

— Boa noite senhor Malfoy.

Mcgonagall resolveu dar o ar de sua graça e Granger respondeu educadamente a Diretora, enquanto Draco continuou ali sem entender porque os dois foram chamados juntos. Granger recebeu o cargo de Monitora Chefe da Grifinória e uma tarefa.

Onde ele entrava naquela história?

A pergunta de Mcgonagall para Granger o deixou alerta, assim como a resposta negativa dada pela jovem bruxa que geralmente tinha todas as respostas. “Granger não sabia como ele estava salvo e ferrado ao mesmo tempo?”

Mcgonagall esclareceu:

— O senhor Malfoy foi declarado culpado, mas sua pena envolve sua vinda obrigatória para cursar o sétimo ano em Hogwarts, refazer as matérias de Defesa contra as artes das trevas e Estudos dos trouxas, assim como também está proibido de passear em Hogsmeade, nos fins de semana terá que ir para a Londres Trouxa, acompanhado de um Auror ou de um Professor. Onde a senhorita se encaixa nessa sentença?

Granger piscou os olhos, mas pela primeira vez em anos Malfoy não a viu levantar a mão para tentar responder uma pergunta.

— Não sei exatamente, Diretora.

Mcgonagall sorriu.

— Blásio Zabini monitor chefe da Sonserina se responsabilizou por Draco Malfoy na matéria de Defesa contra arte das trevas, ele fará os relatórios para mim sobre o desempenho do senhor Malfoy. Como as aulas são realizadas entre as casas achei que a senhorita, como uma nascida trouxa, você é a única monitora chefe desse ano que se encaixa nessa condição específica, pode com conhecimento de causa avaliar o desempenho do senhor Malfoy na matéria dos Estudos dos Trouxas. Se você aceitar é claro.

Granger  deu de ombros.

— Não preciso refazer a matéria em questão, só preciso estar na sala e ver como o Malfoy está se saindo e relatar os avanços dele?

Mcgonagall assentiu e Draco notou a falta do Senhor na fala da castanha, mas ele não se incomodou de fato, ele nunca se referia a ela como “Senhorita Granger”.

— Não acho que essa matéria seria um acréscimo para a senhorita.

Granger concordou.

—  Sobre os passeios a Londres Trouxa não temos nenhum voluntário. Enviei uma carta para o Ministro da magia e ele me respondeu que os Aurores estão um pouco sobrecarregados ensinando os novatos, assim como o meu quadro de professores, então ele sugeriu que algum dos heróis de guerra ficasse responsável pelo senhor Malfoy, até termos professores ou aurores disponíveis. Então a senhorita poderia ir com o Senhor Malfoy no primeiro passeio dele a Londres Trouxa?

Granger piscou os olhos incrédula.

— Não sei se eu sou a pessoa mais indicada para isso.

Percebendo a hesitação dela Draco disse:

— Além das condições que lhe foram apresentadas resumidamente, ainda tem outras Granger e uma delas é que não posso ficar com a minha varinha fora do perímetro da escola. Então se está hesitando por medo, não precisa temer nada, serei apenas mais um trouxa entre os trouxas.

Ele não usou seu tom habitual de sarcasmo para se referir a ela, nem aos trouxas. Draco tinha consciência de que aquela era a verdade, ele seria um trouxa nos sábados de passeio e talvez nos feriados.

Granger fitou-o com uma expressão de puro desafio.

— Não estou hesitando por medo Malfoy, não acredito que pensou isso, dou conta de você vendada e com um braço amarrado. Estou tentando dizer que nós dois não nos damos bem, por isso não sou a pessoa mais indicada.

Mcgonagall bateu com as unhas na mesa chamando a atenção dos dois.

— Sobre a segunda proposta, eu sugiro que tentem uma vez, caso não dê certo e seja estressante para ambos, o senhor Malfoy passa a ficar no castelo todo final de semana livre para Hogsmeade até termos uma resposta do Ministério.

Granger assentiu e Draco suspirou insatisfeito.

Mcgonagall dispensou a Granger com um gesto de mão, entregando para ela um papel.  Granger levantou sem fazer barulho e foi embora, assim que a porta fechou Mcgonagall concentrou-se apenas em Draco.

— Senhor Malfoy sua varinha deve ser deixada na minha sala todas as vezes em que sair de Hogwarts. Espero não receber nenhuma reclamação sobre o senhor, de nenhuma espécie. 

Draco assentiu.

Mcgonagall mudou de assunto:

— Os testes para o time de quadribol da Sonserina já foram marcados?

Draco negou e deu de ombros.

— Tenho que perguntar para o novo capitão.

Mcgonagall sorriu e o informou:

— Sua posição no time de quadribol continua a mesma, logo o senhor é o capitão.

Draco tentou não demonstrar como estava feliz e surpreso, mas deixou um sorriso escapar de seus lábios.

Mcgonagall levantou-se da mesa, mas antes de subir as escadas ela disse:

— Sua mãe não pode enviar cartas para você, mas pode recebê-las, então sugiro que escreva para ela. Se eu fosse sua mãe estaria preocupada.

Draco assentiu e levantou da cadeira. Estava pronto para se despedir do quadro de Dumbledore, mas ele não estava ali.

Caminhou pelos corredores com calma, ele sabia que estava fora de seu dormitório, extrapolando o horário permitido, mas se fosse pego daquela vez ele tinha uma boa justificativa.


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Notas finais do capítulo

Tem alguém por aí? #.#
Não sou movida por comentários, mas eles me fazem uma escritora mais feliz! ^.^



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