Um vira-tempo com defeito escrita por Lady M


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Um detalhe curioso para entender uma frase dita por Draco Malfoy nesse capítulo:
Oxicoco é uma pequena fruta vermelha azeda produzida por arbustos perenes do subgênero Oxycoccus. Doce de oxicoco foi servido em barcos de prata na festa de Natal na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts em Harry Potter e a pedra filosofal.

Divirtam-se!! ^.^



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Pov Draco Malfoy

As aulas até o meio da semana foram monótonas, depois da aula de poções não dividiu mais nenhum horário com a Grifinória. Na hora do almoço Granger chegava quando ele estava saindo ou vice e versa, não esbarrou com ela pelos corredores. E como os treinos de quadribol estavam tomando a tarde toda dele, só sobrava a hora do jantar, mas ela sempre saía primeiro com suas amigas, então não tinha como aproximar-se casualmente dela.

Draco queria conversar com a Granger, porque ele teve tempo para pensar melhor sobre aquele pequeno momento de paz entre eles no corredor, ele gostou daquilo, da naturalidade fluindo entre os dois, ele iria sugerir uma trégua. Porém Draco, também se lembrava dela com pânico no olhar e fugindo pelo corredor, algo que gerava nele muitas dúvidas que só poderiam ser sanadas por ela.

Vestiu o uniforme e surpreso viu que teria dois horários seguidos com a Granger, o de Herbologia e Estudo dos trouxas. Hora perfeita para falar com a grifina! Tomou café de bom humor, e isso chamou atenção de Blás.

— Hoje o treino vai ser mais ameno né Draquinho? Você está de bom humor.

Draco engasgou com o suco de abóbora que estava tomando.

— Você acha que os treinos estão pesados por conta do meu humor?

Blás assentiu sendo acompanhado por Theo, Crabbe e Goyle.

— Não tem nada disso, os treinos estão pesados por causa da data próxima do jogo.

Pansy estalou a língua, a garota direcionou um olhar ferino para mesa da grifinória depois para o loiro.

— Sei Draco, me engana que eu gosto.

Draco deu de ombros dando uma de desentendido. Terminou o café e rumou para as estufas. O dia estava frio, não estava nevando, mas o vento gelado obrigou os alunos a vestirem agasalhos, cachecóis e luvas. Draco avistou a Granger de touca, colocando as luvas enquanto caminhava, ela parecia distraída, devido a um vento forte o cachecol dela agarrou no galho de uma árvore fazendo-a voltar para trás em um solavanco.

Draco sacou a varinha e sutilmente mexeu o punho pronunciando:

— Wingardium Leviosa.

Granger ficou sentada no ar, os outros alunos não estavam por perto, o que fez Draco sentir-se aliviado, as pessoas provavelmente iriam falar sobre aquilo nos corredores, despertando a atenção de seus amigos.

Granger olhou em volta até perceber que ele a sustentava no ar. Draco tirou o cachecol do galho da árvore e desceu ela para o chão sutilmente, colocando-a de pé. Ele colocou o cachecol dela de volta no lugar e ela acompanhou o movimento das mãos dele com olhos atentos e avaliativos.

Ele disse:

— Já é a terceira vez essa semana, Granger. Acho que podemos dizer que somos quase amigos?

Granger assentiu.

— Talvez eu deva aceitar isso, Malfoy. Tem um ditado trouxa que diz que uma vez é sorte, duas vezes é coincidência e três é destino.

Ele deu de ombros voltando a andar, ela o acompanhou.

— Você acredita nisso Granger?

Marota ela respondeu:

— Vou deixar você na dúvida Malfoy.

Ela entrou nas estufas sorrindo, deixando-o para trás.

A professora Sprout passou quais cuidados os alunos deveriam ter ao tratar da beladona e das propriedades importantes que ela carregava para algumas poções. Um burburinho estranho começou entre as garotas na estufa, todas perguntando se a professora também teria ali pétalas de descurainia ou se por acaso ela teria raiz de cocleária.

Draco cutucou Pansy com o cotovelo.

— O que está acontecendo por aqui?

Pansy riu alto e respondeu sarcasticamente:

— Pergunta para sua rata de biblioteca. Vi vocês dois conversando entre sorrisinhos irritantes, mais cedo. 

Draco suspirou e levantou as mãos rendido.

— Não entendo você. Não me quer mas também não abre mão de mim, Pan.

Pansy deu de ombros.

— Sou sua amiga Draco e quero o melhor para você. Hermione Granger sem dúvida alguma só vai te machucar.

Draco terminou de regar a beladona.

— Ela não tem o poder de me machucar Pan, ninguém tem. Você sabe que eu não tenho coração.

Pansy borrifou água na cara dele.

— Sonha Draquinho. 

Os dois voltaram a prestar atenção na aula.

 

Pov Hermione Granger

Assim que a professora terminou sua explicação a estufa estourou de perguntas. Hermione estava cansada de saber para que eram todas aquelas plantas, a folha de beladona, mais pus de bubotúbera e pétalas de descurainia fariam uma bela poção anticoncepcional. Caso adicione raiz de cocleária ela poderia ser tomada fora do ciclo menstrual, fazendo efeito uma hora após sua ingestão.

Uma informação que Hermione não tinha tirado de nenhum livro, foi algo que ela aprendeu com Molly, ela ensinou isso a Gina, Hermione e Fleur, depois do nascimento da Victoria Weasley. Hermione nunca usou essa poção, Rony e ela nunca passaram dos beijos, mas já preparou essa poção mais de uma vez para Gina nas férias, então ela tinha total consciência de que era boa nisso, pois Harry e sua melhor amiga não se tornaram pais, ela esperava que continuasse assim por um bom tempo.

A confusão estampada na cara de muitos dos rapazes dentro da estufa fizeram-na sorrir. A aula não demorou para terminar. Hermione não prestou muita atenção, pois um certo par de olhos cinza estavam fixos nela e depois esses mesmos olhos estavam sobre Pansy Parkinson, não podia negar, mas aquilo a deixou levemente encomodada.

Saiu das estufas e dessa vez prestou mais atenção a sua volta, ela estava tentando inutilmente entender como o cachecol dela ficou preso, deve ter sido o vento, a sorte dela foi Malfoy estar por ali. Ela vinha evitando-o de propósito, depois de ouvir os boatos maldosos que estavam correndo pelo castelo ela decidiu que seria melhor se eles não fossem vistos juntos.

Ela percebeu que alguém estava andando ao lado dela e ficou chocada ao notar que era o loiro.

Ele pigarreou antes de perguntar:

— Não gosto de me sentir idiota, porque geralmente sei o que está acontecendo, mas nem a Pansy quis me responder. Então a sabe-tudo poderia me dizer para que servem aquelas plantas juntas?

Hermione sentiu seu rosto esquentar, sabia que devia estar da cor de um tomate. Ela realmente gostaria de responder aquilo para Draco Malfoy? De acordo com as fofocas que rondavam pelo castelo, metade da população feminina dali já tinha passado pelos lençóis verdes de seda da cama do loiro. Se a Parkinson não quis responder, por que ela deveria?

— Malfoy, você realmente não sabe?

Ele negou colocando as mãos no bolso da capa. Hermione enfim reparou nele, hoje estava com um suéter da Sonserina, o cachecol bem enrolado no pescoço, a calça preta, o sapato social, o cabelo estava todo alinhado, diferente do dia no corredor, mas ele não usava luvas. Ela sempre carregava um par extra, Harry sempre esquecia as dele. O vento gelado estava deixando o nariz do loiro um pouco vermelho.

Ela estendeu um par de luvas cinza na direção do sonserino, esperando que ele aceitasse de bom grado aquele pequeno gesto de cortesia, eles pareciam estar tentando manter um relacionamento amigável do monto de vista dela.

— Pode ficar com elas.

Malfoy pegou o par de luvas com as sobrancelhas arqueadas.

— Você sempre carrega um par extra?

Ela assentiu, ele calçou as luvas e perguntou:

— Não vai mesmo me dizer para que servem aquelas coisas?

Eles entraram no corredor, estava um pouco movimentado e os olhos dos alunos não desgrudava deles.

— Fico surpresa por você, logo você Malfoy, não saber para que servem aquelas coisas.

Ele deu de ombros.

— Tem algo relacionado a arte das trevas?

Hermione riu, bebês são realmente macabros e assustadores. 

Eles viraram um corredor e ali estava quase deserto, então Hermione perguntou em voz alta: 

— O que você acha da ideia de ter filhos Malfoy?

Malfoy a virou de frente para ele, atravessou os braços ao lado do corpo dela, prendendo-a entre ele e a parede do corredor. Hermione respirou de maneira veloz quando ele aproximou o rosto a centímetros do dela, sentindo o aroma de menta que vinha dele. Ela piscou rápido, tentando entender o que viria a seguir, mas ele desviou para o pescoço dela.

Malfoy sussurrou:

— Isso é um convite Granger?

Ela colocou as mãos sobre o peito dele para empurrá-lo, mas sentiu o calor da pele dele transpassando o suéter, diferente do que ela imaginava, ele não era totalmente frio, o toque da mão dele na dela no vagão do trem estava gelado, os dedos dele que encostaram em sua orelha no corredor também, mas com as mãos ali e o hálito quente dele na curva de seu pescoço Hermione sentia-se aquecida, quase em casa.

Ele afastou-se centímetros, os olhos dos dois um no outro, Malfoy estava inclinado para frente deixando-os com alturas próximas. Ela tirou as mãos dele segurando as pontas do cachecol, mantendo a concentração ali seria mais fácil.

Hermione respondeu no tom mais casual que conseguiu:

— Aquelas plantas mais pus de bubotúbera são utilizados para a poção contraceptiva. Por isso perguntei o que você achava da ideia de ter filhos. Achei graça da sua pergunta sobre as artes das trevas, porque algumas crianças realmente são complicadas e bebês…

Malfoy colocou um dedo na frente dos lábios dela, calando-a e obrigando-a a olhar para ele.

— Agora entendi porque só o sexo feminino estava interrogando a professora naquela estufa.

Ele tirou o dedo da frente dos lábios dela mas não se afastou, foi aí que ela notou que o cachecol que ela estava mexendo era o dele, não o dela, o verde e cinza em contraste com seu vermelho e amarelo. Ela soltou o cachecol e voltou a andar.

— Desculpa Malfoy.

Ele deu uma risada e tentou não soar sarcástico:

— Eu que tenho que me desculpar, obriguei a santíssima Granger a falar indiretamente sobre sexo.

Ela deu de ombros evitando a vontade de revidar o comentário dele. Os dois entraram juntos na sala de Estudos dos trouxas. Curiosamente não sabiam quem era o professor, Hermione sentou ao lado do Malfoy e foi surpreendida quando Percy Weasley entrou na sala.

Ele começou a aula notando que aquela turma não era uma turma convencional, ali tinham lufanos, grifinórios, corvinos e sonserinos, todos do sétimo ano.

— A diretora Mcgonagall me informou que teria uma turma diferente esse ano. Levantem as varinhas alunos do terceiro ano. 

Nenhuma varinha foi erguida.

— Quarto ano? Quinto ano? Sexto ano? 

Ninguém levantou a varinha.

— São todos do sétimo ano?

Todos ergueram suas varinhas incluindo Hermione.

Percy olhou um pouco constrangido para ela, mas voltou a dar aula no seu costumeiro tom monótono.

— O primeiro artefato trouxa que estudaremos nesta aula será a televisão.

Hermione não prestou atenção na aula, mas sim em Malfoy. Ele estava concentrado na aula, ela pode ver ele fazendo anotações e incluindo dúvidas. A letra dele era elegante e corrida, ocupando o pergaminho. A aula terminou mas Percy pediu para Malfoy e ela permanecerem na sala.

Percy sorriu sem graça para Hermione:

— Te devo minhas sinceras desculpas Hermione Granger, pelo período da guerra.

Hermione deu de ombros.

— São águas passadas, foi difícil perdoar você por causa do Fred, mas se os Weasley’s te perdoaram, eu também já te perdoei.

Percy colocou a mão no ombro dela.

— Você já é da família, Ronald é tão devagar para notar isso.

 

Pov Draco Malfoy

Draco Malfoy sentou na cadeira sentindo seu peito formigar, as mãos dela ficaram marcadas nele, pelo menos essa era a sensação que ele tinha. Como ele pode prensá-la daquela forma contra a parede? Quando ela segurou as pontas do cachecol dele, ele ansiou por mais, ele queria que ela tivesse puxado ele pelo pescoço até ela, se ela tivesse dado um sinal, um mísero sinal ele teria colado os lábios dele nos dela.

Por que ela sabe preparar esse tipo de poção? Ela ao menos parece ser capaz de pronunciar a palavra sexo sem ficar da cor vermelha escarlate, que é tão característica de sua própria casa, de vergonha, que dirá fazer e chegar nos finalmente. Granger não parecia ser esse tipo de garota, pelo menos, não lembrava o tipo que ele costumava pegar pelos corredores.

Draco observou o objeto que passava imagens na frente da turma, parecia muito com os quadros, talvez semelhante as fotografias, mas contavam histórias. O novo professor que para ele já era um velho conhecido, continuou falando, e ele pode captar a essência da tal eletricidade, mas não se interessou muito por ela.O que seriam cinemas? Filmes? Ele até pensou em perguntar, mas a tarefa daquela semana seria pesquisar sobre as coisas que ele não conhecia, então ele perguntaria para Granger. Talvez ele até pedisse a ajuda dela, mesmo indo contra seu costumeiro orgulho.

O professor pediu para eles esperarem, primeiro falou com a Granger, mas Draco escutou a última frase muito bem e quase respondeu pela castanha. O cabeça de cenoura não é homem o suficiente para Granger, ele claramente não seria capaz de fazê-la feliz.

O professor Weasley olhou para Draco.

— A diretora me falou sobre a sua situação, os relatórios da senhorita Granger devem ser entregues junto com suas tarefas para mim e eu serei o encarregado de passá-las para diretora.

Draco assentiu.

— Os dois estão dispensados, até a próxima aula.

Draco e Granger saíram juntos da sala. 

Granger perguntou:

— Tem alguma coisa da aula que você não entendeu bem?

Draco pegou a folha e mostrou para ela.

— O que são filmes e cinema?

Ela riu da pergunta direta que ele fez. Uma risada gostosa e melodiosa, mas ainda assim não conseguia ser mais bonita do que a risada espontânea que ela deu quando uma flor ficou presa no cabelo dele.

— Filmes podem ser passados nas telas do Cinema ou nas telas da televisão. São as encenações e projeções de histórias, assim como o teatro, mas é filmado e passa na televisão. Pode ser como a história de um livro, mas vai passar em imagens na TV.

Ele assentiu, ainda estava confuso, mas menos do que na aula.

— Cinema é o nome do lugar onde passam os filmes. Uma sala escura, cheia de poltronas com uma tela branca enorme que passa as imagens como na televisão.

Ele perguntou neutro:

— Tem muitos cinemas na Londres trouxa?

Granger assentiu.

— Muitos.

Draco perguntou animado:

— Na primeira vez que for na Londres trouxa vou estar com você, então, podemos ir no cinema?

Granger parou de andar e corou.

Percebendo essa pequena mudança o loiro questionou:

— Por que você ficou corada de repente?

Granger sorriu e brincou com as pontas do próprio cachecol, Draco percebeu que quando ela estava nervosa isso era um hábito comum, ela parecia precisar concentrar-se em algo para poder dissipar parte do constrangimento dela.

— Você acabou de me perguntar se quero ir no cinema com você, Malfoy?

Draco deu de ombros.

— Não foi exatamente o que eu disse. Se levarmos em conta que eu não sei nem como chegar nesse lugar, não posso te levar, acho que seria o contrário…

Granger o interrompeu:

— Os casais do mundo trouxa vão no cinema para terem encontros, Malfoy. Por um momento me esqueci que você é só um bruxo, que além de não entender sobre o mundo trouxa, não sabe que isso é considerado um encontro por lá. Podemos ir no cinema, na verdade, me sinto na obrigação de te apresentar um cinema e um parque de diversões, você precisa conhecer o lado bom do mundo trouxa.

Draco arriscou uma analogia:

— Assim como os casais bruxos de Hogwarts costumam ir juntos para Hogsmeade, os casais adolescentes trouxa vão ao cinema?

Ela concordou.

— Então você está dizendo que vai me levar para um encontro no mundo trouxa? Não imaginei que você gostasse de tomar a iniciativa dessa forma, Granger.

Ela revirou os olhos em desaprovação e deu um soco no braço dele.

— Não imagine coisas Malfoy. Acabei de dizer que vou te apresentar a parte boa e divertida da Londres trouxa, apenas isso.

Ele deu risada enquanto passava a mão no braço que ela socou.

— Não fui eu que fiquei com cara de oxicoco pela ideia de ir no cinema.

Granger suspirou exasperada. Os dois se distanciaram a medida que aproximavam-se dos corredores movimentados que levavam ao salão principal.

 

Pov Hermione Granger

O almoço foi tranquilo e Hermione riu das aventuras de Luna e tentou ajudar Neville com a loira, mas os dois sempre acabavam em algum diálogo confuso que a castanha não conseguia acompanhar. Gina só sabia falar dos treinos e das posições que estavam desfalcadas no time grifino, mas nisso Hermione não podia ajudar, então apenas ouvia, sorria e concordava.

Deixou os amigos juntos no jardim e foi para a biblioteca, ela precisava de três livros para terminar a tarefa de runas antigas. Os corredores estavam vazios, e as mesas no fundo da biblioteca estavam pouco movimentadas. Hermione parou para observar um primeiranista da Sonserina, ele estava tendo dificuldades para pegar um livro.

Hermione perguntou:

— Você precisa de ajuda?

O  menino virou-se de frente para ela, ele estava de suéter, cachecol, calça social cinza, não era preta como a de Malfoy, touca cinza, luvas da mesma cor e a capa preta por cima de tudo. Os olhos dele eram estranhamente familiares, azuis acinzentados, os poucos fios de cabelo que escapavam por debaixo da touca eram loiros platinados e a boca dele era levemente rosada. O menino era bonito isso ela não podia negar e de imediato ela simpatizou com ele.

Meio incerto ele respondeu:

— Estou procurando livros que tratem sobre feitiços temporais que regem a magia delicada e instável dentro do vira tempo. A Madame Pince me falou que eles ficam nessa seção, mas ainda não encontrei nenhum. 

Hermione observou os sapatos dele, eles eram familiares também, ela já tinha visto aqueles pés em algum lugar.

Com um simples floreio de varinha e dois feitiços de busca silenciosos ela encontrou dois livros para ele. Pegou eles no ar e estendeu para o garoto. Ele sorriu e algo no sorriso dele a fez lembrar dela. Ela costumava sorrir assim quando estava aliviada.

Ele perguntou:

— Humm… Você é a Hermione Granger certo?

Ela assentiu.

— Sou sim, é um prazer te conhecer.

Ele apertou os livros contra o corpo, olhou em volta e se apresentou em seguida:

— Sou o Scorpius Hyperion, mas pode me chamar só de Scorp.

Ela sorriu:

— Então pode me chamar de Mione ou Mi.

Ele deu um suspiro e andou com ela até uma mesa.

Hermione voltou a prestar atenção em seu texto de Runas antigas, mas percebeu pelos dedos batendo na mesa e a perna inquieta do primeiranista que ele não estava obtendo sucesso com sua pesquisa.

— Qual é o problema Scorp?

Ele respondeu com os olhos fixos no papel:

— Não encontro nada que possa realmente me ajudar a resolver meu problema Ma...Mione.

Ela achou estranho, mas preferiu não falar nada sobre o final da frase dele.

— E qual é o seu problema, exatamente?

Ele fechou os livros e respondeu sarcástico:

— Algo que nem a brilhante Hermione Granger seria capaz de resolver.

Ela estranhou a explosão repentina do garoto, aquilo soou como um desafio a sua inteligência. Hermione levantou da mesa e seguiu o garoto até saírem da biblioteca. Os dois pararam no corredor aberto, aquele mesmo corredor onde ela e Malfoy tiveram sua primeira conversa amigável.

Scorpius tirou um pequeno e dourado vira-tempo do bolso.

— Ele simplesmente parou de funcionar, preciso dele, mas não sei como consertá-lo.

Hermione estendeu a mão para o garoto que lhe entregou o delicado objeto, ele era diferente do que ela tinha usado no terceiro ano. O vira-tempo que Dumbledore a havia emprestado tinha os dizeres: “Eu marco as horas, corro mais que o sol.”, no primeiro arco dourado e no segundo: “Minha utilidade e meu valor para você são definidos por aquilo que você terá que fazer”. Naquele os dizeres do primeiro arco: “Eu guardo seus anos, levo você até suas memórias”, no segundo arco: “O meu valor e utilidade estão com você no presente, futuro e passado.”  e no arco da ampulheta estava escrito “HM”. Hermione rodou o vira tempo perto dos olhos.

Ela declarou testando o garoto:

— Nunca vi nada parecido com isso.

Ele deu de ombros, chutou o ar com as mãos no bolso da capa e declarou frustrado:

— Foi o que eu imaginei.

Ela colocou o colar no pescoço e o garoto avançou na direção dela com olhos arregalados.

— Não faça isso.

Ela deu de ombros.

— Precisamos testar para ver se está realmente quebrado.

Ela girou o primeiro aro, nada aconteceu, o menino pareceu levemente aliviado. Ela girou o segundo e tudo continuou normal, o garoto olhou para o lado e sua expressão assumiu um tom de medo. O terceiro aro se moveu sem seu consentimento e Hermione Granger viu grandes aros dourados girarem em volta dela, ela não estava mais em Hogwarts, viu muitas imagens que se moviam dentro dos aros e estendeu a mão para uma delas, mas não conseguiu sair do lugar com um solavanco os aros se tornaram negros e ela girou dentro deles sem saber o que estava por vir.

 

Pov Draco Malfoy

O almoço foi tumultuado, Pansy não sossegou até descobrir se a Granger o respondeu ou não. Draco explicou em partes o que aconteceu entre eles no corredor e Pansy quase cuspiu o suco dela em descrença. Blásio escutou tudo e no final deu um tapa no ombro de Draco.

— Agora quer dizer que vai ficar atrás da Granger?

Draco negou e explicou que eles estavam juntos por conta da aula obrigatória dele, apenas isso. A boa convivência entre os dois era uma trégua necessária para terminar aquele ano sem ficarem loucos. Blásio pareceu cair na desculpa dele, mas Pansy não, com ela, ele se virava depois.

Draco terminou o almoço e foi direto para o vestiário da Sonserina. O treino foi tão pesado quanto os outros da semana, o que rendeu reclamações de seus jogadores, mas ele estava visando a vitória naquele final de semana, se para isso fosse necessário ser um capitão odiado, para ele estava tudo bem. 

Estava dando a última volta no campo com sua nova apanhadora quando viu Granger no corredor, mas ela não estava sozinha. Ele se despediu da garota e foi voando para o lugar onde a grifina estava.

O menino parecia ser um primeiranista da Sonserina, mas Draco nunca viu aquele rosto pelo seu salão comunal, ele não foi para o teste do time como os outros primeiranistas e quando os olhos dele encontraram os seus, Draco ficou surpreso. Os olhos do garoto eram acinzentados como os dele, o que só era possível se ele fosse um Malfoy e Draco sabia que ele era o último Malfoy, até então.

Ele desviou sua atenção para Granger e uma grande explosão dourada levou a garota diante de seus olhos. Draco voou até o lugar exato onde Granger estava a poucos segundos, com olhos arregalados, notou que o garoto estava extremamente assustado.

Draco perguntou tentando parecer controlado:

— O que aconteceu aqui?

O menino soluçou nervoso, estava tremendo de medo.

— Ele estava quebrado, eu juro que estava. A Rose vai me caçar, a mamãe vai me matar e meu pai vai me por de castigo pela eternidade.

Essas frases pouco importavam para Draco Malfoy ele estava preocupado com o paradeiro da Granger.

— Que feitiço você usou? Chave de portal? Talvez algo relacionado a rede de flú? Você tem alguma ideia de onde ela possa estar?

O garoto negou.

— Não usei feitiço nenhum e não posso te falar mais nada.

Draco colocou as mãos nos ombros do garoto e disse em tom ameaçador:

— Então vou ter que te levar para o salão da Sonserina e descobrir de maneira nada amigável.

O menino livrou-se das mãos dele com facilidade e aproveitou esse momento de distração do loiro para roubar a vassoura dele. O menino logo pulou do parapeito do corredor e sumiu no ar. Draco Malfoy ficou ali, sem saber o que fazer exatamente.

A primeira coisa que fez foi relatar o desaparecimento da Granger para a Diretora, mas sem entrar em detalhes sobre o primeiranista, isso ele deixou para contar para os seus amigos, talvez eles fossem mais eficientes do que a Diretora Mcgonagall.


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Notas finais do capítulo

Eaí meu povo? ^.^
Qual a casa de vocês?



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