OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 30
Interrompemos nossa programação...




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― O que está fazendo, Max? ― perguntou Azmuth.

― Estou tentando estabelecer alguma conexão com a Terra, mas até o momento não estou tendo resposta.

Max se encontrava sentado na poltrona de piloto, com telas projetadas à sua frente, dedilhando os teclados das braçadeiras da poltrona. Nas telas, uma linha reta, oscilava levemente à medida que ele alterava as frequências do canal de comunicação.

― Computador!

― Sim, Magistrado.

― Amplie a área de recepção, tenho certeza que a presença dos Galileanos da região está distorcendo e impedindo que qualquer frequência de onda chegue até nós.

― Sim, Magistrado.

Azmuth caminhou calmamente até se posicionar em frente à poltrona do piloto, ergueu a cabeça para Max e perguntou:

― Por que esse desespero todo em estabelecer conexão com a Terra? Já estamos em rota para o planeta e, ao meu ver, todas essas tentativas de comunicação vai acabar nos denunciando para Galvan Prime...

― Preciso saber como o Ben está.

― O garoto Tennyson? O que houve?

A voz artificial do computador da nave ecoou por cima da voz de Azmuth, dificultando Max de ouvir suas perguntas:

― Magistrado, pelas minhas análises, a frequência 673.98976-0003 Hz apresenta estabilidade satisfatória o suficiente para estabelecer uma comunicação.

― Maravilha, obrigado, Computador.

― À disposição.

Sem demora, Max digitou a frequência recomendada e aguardou alguns segundos. De repente, a linha reta da tela projetada começou a oscilar com a chegada das ondas sonoras:

Vovô é o senhor? ― disse Gwen.

― Até que enfim! Sim, Gwen, sou eu. Desculpe não entrar em contato antes, como estão as coisas por aí?

Tenho boas notícias, vovô, o Ben saiu do coma!

― Coma? ― Eunice perguntou baixinho.

Sem interromper a conversa com sua neta, Max apresentou a palma da mão para a jovem, num gesto de “eu explico daqui a pouco”:

― Mas que excelente notícia, Gwen! E ele está legal? Não está com nenhuma sequela ou-

Não sei te dizer, vovô, mas acredito que não. A não ser que o senhor considere imprudência heroica uma sequela...

― Como assim, Gwen?

Ele mal acordou e se atirou de cabeça numa missão e, não, eu não deixei. O cabeçudo saiu escondido de todo mundo. Estou indo para o local agora mesmo.

― Mas o que aconteceu?

― Lembra das naves que eu e o Kevin enfrentamos na noite do ataque do Albedo? Pois então, o Kevin descobriu que eles se chamam Guarnição Galvânica e-

― Como é!? ― Interrompeu Azmuth ― Por favor, repita essa última informação, minha jovem!

Essa voz foi do Azmuth, vovô? ― perguntou Gwen.

― Isso mesmo. Ele está aqui e Eunice também. ― Max encarou a expressão preocupada do cientista. ― Estamos indo para a Terra nesse instante-

― Minha jovem, quem você disse que está nesse momento na Terra!? ― disse Azmuth com firmeza.

Se chamam Guarnição Galvânica, se não me engano. Estou chegando perto do Central Park e já estou conseguindo ver as naves, o Ben e os reféns.

― Reféns? ― perguntou Max

Vovô a ligação tá cort

― Gwen?

― ...ndo. O que o senhor perguntou?

― O que está havendo aí?

As naves fizeram ref— ... e os Encanad- ...

Max voltou a digitar nos teclados da poltrona, buscando uma melhoria do sinal.

― Gwen? Está me ouvindo, Gwen?

A estática da comunicação, ressoava pelo local. Azmuth e Eunice permaneciam em silêncio, trocando olhares de preocupação. De repente, a conexão se reestabeleceu e foi possível ouvir a voz de Gwen gritar:

― Ben, não!!!

― Gwendolin! ― gritou Max.

Um som agudo e alto atravessou os altos falantes do recinto obrigando todos os presentes a tamparem os próprios canais auditivos com as mãos.

E então, silêncio.

Max abaixou as mãos e encarou as telas com olhos trêmulos. Seu rosto empalideceu e sua boca só conseguia pronunciar as seguintes palavras:

― Não, não, não, não...

Ele digitava números atrás de números tentando restabelecer a comunicação, mas era um esforço inútil. Azmuth e Eunice calaram-se. Em questão de segundos, uma enorme massa de angústia preencheu a cabine central e tomou conta de todos os ali presentes.

― Max... ― disse Azmuth.

― Computador! ― gritou Vô Max.

― Sim, Magistrado.

― Procure novamente por-

― Max! ― disse Azmuth novamente.

― ... frequências com o mínimo de estabilidade. Já estamos-

― Max!!! ― Azmuth saltou sobre a braçadeira da poltrona, impedindo o Magistrado de continuar digitando ― O que está acontecendo na Terra!? E o que houve com o garoto Tennyson?

O magistrado encarou o olhar firme do cientista por alguns segundos. Então, apoiou o cotovelo na braçadeira oposta e com os dedos massageava sua têmpora. Inspirou e expirou algumas vezes e, então, começou a explicar:

― Ben é a razão de eu ter ido atrás de você em Galvan Prime...

Vô Max explicou para Azmuth tudo que havia acontecido até ali. Da primeira aparição de Albedo e de sua aparência bizarra. Da primeira crise na transformação de Ben e sua tentativa de analisar o Omnitrix. Das tentativas de entrar em contato com Azmuth e o silêncio que agora já está explicado o porquê. Da missão no Setor de Energia dos Encanadores e a segunda crise de Ben. Do estado de coma que seu neto se encontrava e de sua saída em busca do cientista.

O resto Azmuth já estava ciente.

Durante todo o monólogo de Max, o cientista permaneceu em silêncio. Eunice, de vez em quando interrompia o Magistrado para tirar uma ou outra dúvida, mas não Azmuth. Ele mantinha-se cabisbaixo ouvindo atentamente e analisando as informações que lhe eram entregues. Por fim, após ouvir todo o relato, o cientista disse:

― Eu sei o que está havendo com o garoto.

― Então você pode ajudá-lo? ― Max afastou seu tronco do encosto da poltrona e aproximou-se ainda mais de Azmuth.

― Sim, eu posso ― o cientista fez um gesto para Max voltar a se recostar. ― Mas antes é importante eu explicar o que está havendo com ele e com o Omnitrix...

Azmuth saltou da braçadeira e caminhou até o centro da cabine. De frente para Max e Eunice, o cientista disse:

― Peço que tudo que eu disser a partir de agora seja mantido no mais absoluto sigilo, pois trata-se do funcionamento da máquina mais poderosa do Universo.

Max e Eunice acenaram com a cabeça.

― Computador ― disse Azmuth.

― Sim, Pensador Azmuth.

― Desligue todos os microfones do local e a função de comando por voz. Quando precisarmos de você novamente, utilizaremos dos painéis.

― Sim, senhor. Microfones desativados. Desativada função de comando por voz.

Azmuth deu um longo suspiro e começou a falar.

Só um minuto leitor, que acabaram de bater na minha porta.

...

É o seguinte, acabei de receber um advogado interestelar com uma Liminar de restrição de divulgação de informações. Segundo eles, eu não estou autorizado a tornar público as informações ditas por Azmuth nesse instante. Como eu acho isso um tremendo absurdo, irei nesse exato momento na Ordem dos Advogados do Universo para reivindicar meus direitos como Narrador e trazer pra vocês tudo sobre essa história. Por essa razão, enquanto eu me retiro por alguns instantes, fiquem com algumas palavras de nossos patrocinadores. Até daqui a pouco.

“Interrompemos a nossa programação...”

***

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― ― ―

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― ― ―

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***

“Voltamos a apresentar...”

 

Desculpe a demora, leitor, mas no final deu tudo certo e consegui derrubar essa liminar ridícula!

O problema é que Azmuth acabou de explicar tudo já...

Bem, então vou dar continuidade na narração e depois a gente vê isso.

Azmuth terminou sua explicação cabisbaixo. Seus olhos mantinham-se fechados, passando a ideia de que não desejava olhar para o rosto de seus interlocutores. Eunice se encontrava com ambas as mãos em frente à boca, incapaz de dizer uma só palavra. Uma lágrima tremia no canto de seu olho direito. Já Max se encontrava incapaz de permanecer parado. Caminhando de um lado para o outro na cabine, a primeira frase que conseguiu dizer foi:

― Ele é apenas um garoto!

Parou de pé, junto a janela que exibia rastros de estrelas devido a velocidade da luz em que se encontravam. Passou uma mão por sobre os cabelos brancos e voltou a falar:

― Como você pôde fazer isso com meu neto, Azmuth!?

Azmuth mantinha-se calado.

― Um garoto...

― Max... ― disse Azmuth ― Eu entendo seu sentimento, mas peço-

― Como poderia entender, Azmuth? Me diga, como!?

― O que estou querendo dizer é-

― Todo esse sofrimento... ― interrompeu Max novamente. ― Eu deveria protegê-lo. Era meu dever como avô!

Azmuth voltou a se calar outra vez.

― E ao invés disso, praticamente joguei meu neto nas mãos de um cientista arrogante com um enorme desejo de ser deus!

― Magistrado ― disse Eunice, ― Por favor, se acalme! Falar dessa forma-

Azmuth fez um gesto para Eunice, pedindo para ela ficar fora disso.

― Max, o importante agora é cuidarmos do garoto Tennyson ― disse Azmuth, saltando para um dos painéis e ficando na altura da cintura de um humano.

O magistrado voltou a caminhar pelo recinto. Chegando próximo a uma das paredes, Max defere um soco contra a superfície de metal, ecoando um som metálico.

― Sim, vamos cuidar dele sim. ― Max caminha em direção à Azmuth com o dedo em riste ― Você vai tirar esse maldito relógio dele e eu não quero nunca mais ver sua cara ou uma de suas criações novamente!

― Magistrado, por favor... ― disse Eunice.

― Me desculpe, minha jovem, mas seu criador é o tipo de indivíduo que acredita que não há limites e consequências para suas ações.

A atenção de Eunice é desviada para um sinal luminoso numa das telas à sua esquerda: os sinais vitais de Max Tennyson estavam sendo captados por seu uniforme e, para desespero de Eunice, estavam atingidos níveis elevados o suficiente para pôr em risco sua integridade física.

― Magistrado, eu preciso pedir para o senhor tentar se acalmar um instante-

― Como eu posso me acalmar!? ― gritou Max, assustando a jovem.

― Ela só está preocupada com sua saúde, Max! Por isso, pare de se comportar dess-

― Não ouse vir me dizer como eu devo agir, Azmuth...

Eunice ciente da situação que se construía, olhou nos arredores e seguiu correndo para o corredor da espaçonave.

― Nesse exato momento, não apenas Ben, mas Gwen pode estar ferida e tudo isso é culpa sua...

Azmuth mantinha suas mãos apoiadas nas costas. Seus olhos mantinham-se fixos no idoso cheio de raiva e desespero que se encontrava à sua frente. Infelizmente para Azmuth, não era a primeira vez que recebia tal reação.

― Tudo isso poderia ter sido evitado se há cerca de cinco anos você simplesmente me dissesse os perigos que um dispositivo como o Omnitrix traria ao meu neto!

O sinal luminoso de outrora, tornou-se sonoro devido o aumento do risco de vida em que Max se encontrava.

― Eu tentei lhe avisar-

― Me avisar? ― disse Max ― Você nunca me disse uma só palavra sobre-

― Eu disse que o Omnitrix não era um brinquedo para ficar na posse de um garoto como Benjamin Tennyson. Mesmo assim, você disse que ficaria responsável por ambos...

― Eu não posso acreditar que é esse seu argumento! ― Max cerra um dos punhos ― Você pretende mesmo jogar a culpa em cima de mim!?

Max bate a mão aberta sobre a superfície do painel, ao lado de Azmuth, então continua:

― Você mexeu com a minha família, Azmuth...

De repente, a voz de Max torna-se cada vez mais fraca. Sua musculatura começa a pesar e aos poucos ele começa a ceder com o peso do próprio corpo. Sua vista começa aos poucos escurecer. Então ele sente alguém lhe segurar. Um par de braços esguios, mas detentores de uma força impressionante para seu perfil físico.

Eunice deita Max no chão. Em sua mão, uma seringa de anestésico.

― Eu lamento, Magistrado, mas o senhor não me deu escolha...


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