OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 3
Dentro da bolha




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Kevin dirigia em alta velocidade.

― E aí, alguma novidade?

― Nada ainda... ― respondeu Gwen. A jovem de joelhos sobre o banco traseiro mantinha-se em concentração mágica. Feixes de mantra saíam de suas mãos e rodeavam o corpo desacordado de Ben em busca do que havia afetado o primo. ― Conseguiu falar com o vô Max?

― Já.

― E?

― E ele disse que não tem ideia do que aconteceu.

Sem diminuir a velocidade, Kevin fez uma curva fechada para esquerda, fazendo Gwen bater a cabeça no vidro e perder a concentração.

Ai, Kevin!

― Foi mal...

― A gente não consegue ajudar o Ben se a gente morrer! Quer fazer o favor de dirigir direito?

― Você que me mandou correr.

O carro fez outra curva, agora para a direita, e foi a vez de Ben bater a cabeça no vidro.

Ai!

― Ben, você acordou! ― disse a garota

― Quem falou que é preciso ser especialista em magia pra acordar alguém, hein? ― Kevin esbanjava um sorriso irônico.

Gwen ofereceu um olhar de desaprovação pelo reflexo do retrovisor e deu um tapa de leve na cabeça do jovem motorista.

― Calma aí, ô nervosinha... ― disse Kevin.

― Por que vocês estão discutindo, galera? ― Ben ainda se encontrava meio zonzo.

― Desculpe, Ben ― disse ela. ― Como você está se sentindo?

― Minha cabeça dói, mas acho que foi da pancada no vidro. ― A mão acariciava a cabeça no local dolorido. ― O que foi que houve?

― Você apagou, Tennyson ― disse Kevin.

― Apaguei? Como assim? ― Ele começou a ficar inquieto no banco ― E o Albedo? Conseguiram pegar ele?

― Não... ― respondeu Gwen.

― Mas por quê!? Gente, temos que ir atrás dele!

― E a gente vai, se acalma! ― Gwen apoiou a mão no ombro do primo ― Mas você precisa de ajuda, por isso vamos te levar para o Vô Max antes.

― O quê!? Não gente, eu legal, olha! ― Ben apalpava o próprio corpo mostrando que não havia nenhum ferimento ― Viu! Vamos voltar, o nosso objetivo é o Albedo!

― Nosso objetivo também é cuidar um do outro, Ben!

― Então eu vou sozinho.

Ben tocou no disco do Omnitrix que se ativou já com o holograma do Arraia-à-jato evidente. No entanto, ao tentar pressionar o núcleo do relógio, sua mão bateu numa bolha rosa e extremamente resistente que revestia o relógio e sua mão.

― Mas o quê!?

― Ben, desiste, a gente vai te levar para o Vovô! ― disse a garota.

― Gwen, solta minha mão!

― Aí, moleque! ― disse Kevin ― Eu concordo contigo que a gente tem que ir atrás do Albedo e descer o sarrafo nele, mas na moral, você está zoado, então fica de boas aí que a gente vai te levar para o teu avô, você querendo ou não!

― Como assim zoado?

Gwen e Kevin se entreolharam pelo reflexo do retrovisor. Sobrou pra ela explicar:

― Ben, quando a gente estava voltando para o carro ouvimos você gritar. Voltamos correndo na hora...

― Gritar?

― A gente viu você coberto pelo brilho verde do relógio, deveria estar se transformando, mas... Você urrava de dor...

Ben abaixou a cabeça e tentou se lembrar de algo.

― Durou coisa de segundos, mas foi suficiente para ouvirmos várias vozes sua ao mesmo tempo gritando, chorando e clamando por socorro de dentro da luz verde...

― Foi assustador ― disse Kevin.

― Quando o brilho verde se foi, você estava de pé, seu rosto estava lavado de lágrimas e depois você desmaiou.

― E-eu...

― Você ficou apagado uns vinte minutos, Tennyson.

― Quê!?

― É por isso que a gente ligou para o Vô Max ― disse Gwen. ― Ele disse pra te deixar lá com ele e para irmos atrás do Albedo. Talvez ele fez alguma coisa com o relógio e não sabemos.

Ben ficou calado. Ele não se lembrava de nada disso. Sentia-se cansado, mas era 1:30h da madrugada agora, quem não estaria cansado? Pensou. Olhou para a paisagem fora do carro e viu seu próprio reflexo no vidro. O que foi que aconteceu lá?

― Está bem, eu vou ficar com o Vovô ― disse ele finalmente.

― Que bom que você aceitou ― disse Kevin, ― pois acabamos de chegar.

O carro freou bruscamente, faltando poucos centímetros para acertar o para-choque do trailer estacionado na frente da casa de Ben.

― Kevin! ― disseram os primos.

A porta do trailer se abriu e de dentro surgiu a figura de Max Tennyson com um óculos cibernético que descansava no topo da cabeça e luvas de avançada tecnologia em cada mão.

― Oi, crianças ― disse Vô Max com seu sorriso característico.

Taí, Sr. Tennyson, está entregue. ― disse Kevin destravando as portas do carro.

Gwen mudou de lugar e passou para o banco da frente, já Ben seguiu em direção ao avô.

― Quase me esqueci ― disse Gwen. Ela estalou os dedos, desfazendo a bolha ao redor da mão de Ben ― Fique de olho nele, Vovô!

― Não se preocupe, Gwen ― ele acenava uma despedida. ― Qualquer novidade me informe e tomem cuidado!

O carro de Kevin cantou pneu ao sair e seguiu pela rua, noite adentro. Ben entrou no trailer logo atrás de seu avô.

― Vovô, eu…

― Relaxa, Ben, o Kevin já me contou tudo.

― E o senhor sabe explicar o que aconteceu?

― Não.

Ben olhou tristemente para o relógio em seu pulso.

― Mas tenho hipóteses! ― concluiu Max que seguiu em direção a um painel cheio de botões que surgiu debaixo do micro-ondas.

― A lata-velha nunca deixa de me surpreender ― Ben esboçou um sorriso de canto.

Max apertou dois botões e a mesa de refeições afundou no chão dando espaço para uma pilastra circular com cinco pontas de metal.

― Vamos, Ben, coloque a sua mão aqui no meio.

― Vovô… ― ele apontava para a estrutura que lembrava uma mão semifechada com os dedos para cima ― Tem certeza que isso aí é seguro?

― Tenho sim. Isso irá criar um campo de isolamento ghurtyl, impedindo que qualquer sistema de defesa do Omnitrix acabe nos ferindo.

― Tipo se autodestruir?

― Tipo isso. Agora, vamos, coloque a mão aí dentro.

Assim que Ben apoiou o relógio por sobre a pilastra, uma nova bolha azul revestiu, não somente sua mão, mas parte de seu antebraço também.

Já estou ficando de saco cheio dessas bolhas, pensou Ben.

Vô Max colocou seus óculos e apertou botões de ativação nas laterais das luvas. Sua aparência lembrava a de um cientista louco. Ele introduziu as mãos dentro da área de isolamento e, com muita cautela, investigava a superfície do Omnitrix.

― Ben, o que aconteceu com o relógio? Tem fissuras na superfície do disco.

― Albedo tentou arrancar ele do peito do Friagem. Não, quer dizer, tentou esmagar o disco mesmo…

Ben forçava a vista para tentar enxergar dentro da bolha luminosa.

― Na verdade, Vô Max, os buracos que ele fez no Omnitrix pareciam maiores antes.

― Talvez o relógio esteja tentando se consertar sozinho ― Max retirou as mãos de dentro da bolha e seguiu em direção ao painel. ― Talvez se eu o escanear eu consiga descobrir se há algum dano interno.

Max apertou um botão no painel e ambos observaram do teto do trailer um dispositivo de forma semicircular descer e se posicionar por sobre o campo ghurtyl. 

― Vou começar o escaneamento ― disse Max enquanto apertava um botão na tela de confirmação.

Um feixe de luz horizontal iniciou um caminho em direção a um lado a outro da bolha. Assim que o primeiro comprimento de onda do scanner tocou a superfície do Omnitrix, o relógio mudou de cor. Tornou-se laranja e um som agudo se ouviu de dentro do dispositivo como um alarme. Um impulso esférico revestiu o relógio e se expandiu pelo interior da van até cobrir todo o bairro residencial, desligando imediatamente todos os dispositivos elétricos na região. 

Ben e seu avô mantiveram-se paralisados em meio a escuridão do interior da Lata-velha. 

― Vovô? 

― Estou aqui, Ben.

― O que aconteceu?

― Provavelmente algum mecanismo de defesa do relógio. 

― Mas o tal do campo ghur-alguma-coisa não servia para conter exatamente isso? 

― E conteve ― Max abriu uma das janelas do trailer. ― Apenas acabou a luz do bairro ao invés de explodirmos o país.

Ben arregalou os olhos.

― E agora? O que a gente faz?

― Melhor você ir descansar, Ben. Eu vou tentar de alguma forma religar a energia.

Um dos aliens elétricos seria de grande ajuda agora ― pensou Ben.

No entanto, o Omnitrix se encontrava com a típica luz vermelha que sinalizava um “estou me recarregando então esquece de virar herói por agora”.

― Tem certeza que não quer ajuda? ― perguntou o garoto.

― Não se preocupe, pode ir descansar, acho que até o sol nascer tudo já esteja resolvido ― Max caminhava de um lado para outro no trailer procurando equipamentos e ferramentas. ― Eu também vou entrar em contato novamente com o Azmuth.

― O senhor falou com ele?

― Tentei, mas não consegui que ele me respondesse. Agora vá dormir. ― Como se lembrasse de algo no último instante, ele chamou a atenção do neto novamente e disse ― E nada de usar o relógio!

― Sim, vovô...

Ben saiu do trailer e a única iluminação no bairro era a da lua crescente que reinava no céu. Antes de abrir a porta de casa, olhou por sobre o ombro para o trailer do avô e cogitou voltar para ajudá-lo, no entanto, sua mão apoiada na fechadura estava tremendo.

Desmaiar não é a mesma coisa que dormir...

E entrou.


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