OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 22
Luta interna




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Um rastro de destruição marcava a área residencial. No epicentro de toda a confusão, uma cúpula rosa mantinha Gwen e Ben sob a última linha de defesa. Ao redor da cúpula, uma multidão de criaturas investia contra a proteção como num ataque zumbi.

Gwen buscava com todas as suas forças manter o escudo de pé, mas sentia que suas energias se encontravam quase no fim e a qualquer instante tudo iria se perder.

Ela então ouve seu primo dizer:

― Eu entendi.

Mas você que está lendo, provavelmente, não está entendendo nada, estou certo? Afinal de contas, na última vez que estávamos acompanhando Gwen e Ben, uma criatura brutamontes de três braços tinha acabado de cair do céu, abrindo uma cratera no meio da rua, levantando uma nuvem de poeira e destroços pela área residencial.

Pois bem, para tudo fazer mais sentido e, você, assim como o Ben, entender melhor o que está acontecendo, vamos voltar um pouco. Mais especificamente na seguinte fala:

― Ai, cara... ― disse Ben.

Os jovens se levantam no asfalto rachado e encaram a criatura que surgia de dentro da nuvem de poeira.

― Ben, vamos sair daqui ― disse Gwen. ― A gente não pode perder tempo com esses monstros.

― Eu já não disse que não adianta a gente correr, Gwen, eles sempre nos encontram.

― Mas pelo menos ganharíamos tempo pra pensar! A gente não pode ficar aqui pra sempre!

Gwen percebeu que seu primo não mais lhe ouvia. Ele olhava para os arredores, mas sempre voltava o olhar para a criatura em busca de algum movimento brusco que necessitasse de sua reação.

― Ben, você está me ouvindo? ― Ela quis confirmar. É rude deixar uma pessoa falando sozinha.

― Eu tenho uma ideia ― Ben ativa o Omnitrix em seu pulso e começa a navegar entre os hologramas dos alienígenas.

― O quê!? Não, Ben, espere-

O jovem pressiona o núcleo de seu relógio e, em instantes, surge na forma aerofíbia.

― Arraia-a-jato!

O alienígena levanta voo e segue em direção aos céus. Gwen cobre o rosto para se proteger da poeira levantada pela decolagem e, então, observa seu primo desaparecer por entre as nuvens.

― Ben!

Ele com certeza não está normal! ― pensou ela. ― É como se ele não pensasse em nada, apenas agisse!

Gwen ouve um urro vindo da criatura. É claro que mais cedo ou mais tarde ele ia atacar! O monstro de três braços parte em direção à Gwen. O chão treme a cada passo da criatura. A jovem cruza os braços em “x” em frente ao seu rosto e diz:

― Camouflat vaporis!

De suas mãos, uma fumaça densa começa a ser produzida. Gwen descruza os braços e reveste ao redor de si com a névoa rósea que se espalha pelo local.

A criatura adentra a fumaça socando em mil direções. Incapaz de acertar seu alvo, o monstro bate duas de suas mãos uma contra a outra, numa poderosa palma, emitindo uma onda de choque que dissipa a nuvem de fumaça.

O brutamontes de três braços, olha para os arredores a procura de sua vítima; quando, então, vê por sobre os telhados das casas, a jovem garota correndo, criando pontes de magia entre um telhado e outro, seguindo em fuga.

Os pensamentos de Gwen se resumiam a buscas desesperadas por soluções e xingamentos contra seu primo. Como aquele moleque poderia ter simplesmente largado ela desse jeito?

De repente, Gwen ouve um estrondo por sobre seus pés. A criatura avançou em direção a casa em que ela se encontrava e destruiu os pilares de sustentação do imóvel. A jovem sentiu o telhado tremer e simplesmente desaparecer debaixo de seus pés quando a estrutura veio ao chão. No último instante, ela saltou e caiu rolando na grama.

De baixo dos destroços da casa, a aberração de três braços começava a levantar, espalhando pedaços de viga, paredes de concreto e restos de móveis de cima de si.

Gwen de pé, novamente se posicionou, e ficou pronta para o ataque do monstro.

A criatura avançou.

Uma nova cratera se formou quando uma bola amarela de altíssima densidade desabou sobre a aberração. Gwen se protegeu com um escudo de mana, desviando pedaços de concreto e restos de telhado que voavam para todas as direções.

A jovem viu no centro da cratera a esfera amarela girar freneticamente por sobre o dorso da criatura, fazendo-a urrar até cair inconsciente. A esfera então parou. Saltou de dentro da cratera e, ao se posicionar ao lado de Gwen, se desenrolou como um tatu-bola e ofereceu o largo sorriso do Bala-de-Canhão.

― E aí, prima, sentiu minha falta?

A jovem dá um soco no braço do pelarota arburiano e diz, buscando ignorar a dor que sentia em sua mão:

― Como é que você me larga com um monstro desses e some assim?

― Qualé, Gwen, eu disse que eu tinha um plano ― Ben volta a sua forma humana.

― E eu disse que a gente tem que procurar uma forma de sair daqui e não ficar entrando em toda briga que aparecer!

― Disse?

― Sim, mas você não estava me ouvindo!

― Então tá, sabichona, como a gente sai?

― Se eu soubesse a gente já teria saído!

― E se eu desejar que a gente saia? Tecnicamente estamos na minha mente então eu devo mandar em tudo aqui...

― Muito bem, então tenta ― Gwen cruzou os braços e ficou aguardando com um olhar julgador.

Ben fechou os olhos e colocou os dedos indicadores nas têmporas. Sua expressão ficou séria, depois passou para caretas de profunda concentração. Por fim, disse:

― Está dando certo?

― Sim! Funcionou, Ben!

― Mesmo? ― Ele abriu os olhos com excitação.

― Claro que não!

― Maldade fazer isso...

― Argh!

Gwen fechou os olhos e com uma mão apoiada na testa, tentava encontrar uma resposta para aquele lugar. No momento, as únicas informações que conseguiu obter eram a cidade de Bellwood, criaturas deformadas e um Ben absurdamente instável.

― Gwen...

― Espera um pouco, Ben, estou pensando.

Mas por mais que tentasse, as peças não se encaixavam. Na verdade, até se encaixavam, pois essa confusão toda de batalha contra monstros, causando destruição pela cidade, lembrava mais uma terça-feira típica do que algo que estivesse precisando de solução.

― Gwen, dá pra pensar mais rápido, pois não vai demorar muito para virem atrás da gente.

― Eu não entendo...

― O que você não entende? Talvez eu consiga achar a resposta que está procurando.

Gwen olhou nos olhos de seu primo de um jeito que poderia ser traduzido como: “sério mesmo?”

No entanto... ― pensava Gwen ― Talvez não fosse algo que ela deveria resolver! Talvez quem deve encontrar a resposta seja realmente o Ben! Foi como a Encantriz disse. Talvez a mente dele está usando desse lugar para fazê-lo lidar com algum medo ou angústia que só ele iria entender!

― Ben!

― Sou eu.

― Você estava certo!

― Eu tava?

― Você é o responsável por tudo isso aqui. Esse lugar, essas criaturas, esse jeito sem noção de você se comportar, talvez seja a maneira que você está tentando se comunicar com você mesmo!

― Ãhn? ― Ben disse inclinando a cabeça para o lado.

― É como um quebra-cabeça que você precisa resolver. Que só você pode resolver!

― E como eu faço isso!?

― E-eu não sei.

― Boa... Eu já estava ficando animado...

― Mas não podemos desistir, Ben.

― E quem disse que eu vou? Eu só-

Um laser verde acerta Ben e o lança para o meio da rua.

― Hespera sophian ― disse Gwen. Uma superfície circular se projeta frente a ela e passa a refletir os raios lasers. ― Ben?

― Relaxa, eu tô legal...

Gwen volta a atenção para a fonte dos disparos. Novas criaturas surgem por detrás das casas, disparando lasers dos olhos. Um deles lembrava um morcego deformado. Outros eram esguios com braços longos. No total, quatro aberrações disparavam sem descanso contra os jovens.

Eles continuam surgindo um atrás do outro... ― pensou Gwen.

― Não se preocupe, Gwen, eu cuido deles também.

― Você não ouviu nada do que eu disse, garoto!?

Ben corre para além do escudo e pressiona o núcleo do Omnitrix, se revestindo da luz verde e anunciando sua forma crystalsapien:

― Crooooomático!

Cada laser que se chocava contra a superfície rochosa de Ben era convertido num feixe de luz arco-íris que seguia em direção ao cristal rosa no topo de sua cabeça. Aos poucos, cada superfície cristalizada de seu corpo passava a brilhar mais e mais. Os lasers causavam danos o suficiente para Ben bocejar.

Por fim, Cromático disse:

― Minha vez.

De suas mãos, feixes de pura energia são atirados contra as criaturas, lançando-as a vários metros de distância.

A alta luminosidade que preencheu a área residencial faz Gwen desfazer o escudo e proteger os olhos com as mãos.

― Você não se cansa de se aparecer, não é? ― disse Gwen.

― Não. Tenho culpa de ser incrível?

Grunhidos e rugidos começaram a surgir do outro extremo da rua, fazendo ambos virarem a cabeça e verem a aproximação de mais criaturas. O brutamontes de três braços, juntou-se ao monstro troncudo e as criaturas peludas de outrora.

No outro extremo, as criaturas esguias que lembravam morcegos eram acompanhados de monstros rechonchudos e sem pescoço. Todas as criaturas caminhavam lentamente como se não houvesse necessidade de urgência.

― Já estão prontos para o round dois? ― disse Ben.

― Ben, por favor, não entre em confronto de novo, o nosso objetivo não é esse e você sabe disso!

― Mas são eles que estão me atacando primeiro, quer dizer que não posso revidar? ― Ele se transforma no Chama.

― Podemos fugir e conseguir tempo pra pensar num plano.

― Se você quiser fugir, fique à vontade. Mas não serei o herói que foge de uma batalha. ― Ben olha para suas mãos de Chama e diz ― Não tô afim de usar o Chama hoje, talvez um outro...

Ele toca no símbolo do Omnitrix em seu peito e se transforma na forma opticóide.

― Mega-olhos? Não... ― E toca novamente no símbolo ― Aquático? Não... Glutão? Não... Fogo fátuo? Também não... Rath? Hum... Deixa eu te falar a real, Omnitrix, você não está sendo muito bom em escolher os alienígenas que o Rath quer! ― E toca novamente no símbolo.

Gwen vê seu primo transformar-se num alienígena atrás do outro. Sua atenção então volta para as criaturas que continuavam avançando. Estão surgindo mais? Ela vê por sobre e detrás das casas, novas aberrações, com formas diferentes das que eles lutaram antes. A situação ficava cada vez mais complicada.

― Ben?

― Pérai, Gwen... Friagem? Não... Besta? Não... Clone? Também não... Frankenstrike? Talvez, mas não...

Gwen conjura um escudo ao redor dela e de seu primo e observa as criaturas se aproximarem a ponto de tocar na proteção. Os monstros começam a socar a defesa, ecoando um som surdo de vidro sendo espancado a cada ataque.

― Ben, a gente tem que sair daqui!

― A gente já vai, deixa só eu escolher o alien certo pra descer o sarrafo nesses monstros, pérai!

Como num estalo, uma importante conexão se faz na cabeça de Gwen. Ela então grita:

 ― Ben, pare de se transformar!!!

― O quê!? Por quê?

― Os monstros, Ben, quanto mais você se transforma, mais deles surgem!

Ben volta a sua forma humana e caminha o olhar pela enorme multidão de monstros que socavam, davam cabeçadas e insistiam em tentar atravessar o escudo. Os sons dos impactos ficavam cada vez mais ensurdecedores.

― Eu estou quase sem mana... ― disse Gwen ― E estamos cercados...

A garota olhou para seu primo e uma tristeza se abateu sobre ela. Me desculpe, Ben, depois de tudo, eu acabei falhando...

― Eu entendi ― disse Ben.

― Como é?

― Eu entendi, Gwen. ― Sua voz novamente deixou de ter a alegria e coragem de alguns instantes.

― E o que a gente faz?

― Desfaça o escudo.

― Você enlouqueceu de vez, Ben?

― Confie em mim. Eles não vão atacar.

Nesse instante, todas as criaturas cessaram os ataques contra o escudo e permaneceram imóveis, como se aguardassem um comando.

Um arrepio percorreu o corpo de Gwen ao ver todos aqueles monstros parados. Ela encarou seu primo e percebeu que uma lágrima começava a surgir no canto do olho dele.

Ele descobriu a resposta... ― ela pensou.

Gwen desfez o escudo. Cercada por todos os lados, não poderia deixar de perguntar:

― Por que eles não estão atacando?

― Porque eles não são monstros como a gente pensava. Eles são eu.

De repente, para Gwen, todas as criaturas adquiriram significado. Suas aparências bizarras, que traziam desconforto e não permitiam identificar a espécie, aos poucos tornavam-se versões deformadas e parcialmente transformadas de seu primo. Se antes as criaturas causavam desconforto, agora Gwen sentia-se apavorada e nauseada com o que via.

Gwen voltou o olhar para Ben, mas não era capaz de dizer nada.

Envolto em lágrimas, com um olhar em absurdo terror, Ben diz:

― Me ajuda...


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