OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 21
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― Uma armadura mecamorfo-galvânica? ― disse Max ― Eu pensei que Galvan havia proibido essa tecnologia há anos!

― E proibiu ― Eunice encarava o cubo preto em suas mãos.

― Como você conseguiu isso?

― No cofre-depósito de Azmuth. Tem mais um na minha mochila. Consegui pegar outros dispositivos que podem ser úteis também.

― Invadiu o cofre de Azmuth? Fácil assim? 

— Não! Não invadi... E-eu consegui o acesso...  

— Como?

— Alguma coisa me dizia que a situação entre Azmuth e o Conselho ia piorar ainda mais e que eu acabaria precisando desses equipamentos, por isso, passei os últimos dias observando Azmuth antes dele ser preso. Numa dessas ocasiões, consegui ver sua senha...

― Infelizmente você acertou. A situação piorou.

― Sim, mas pensando agora... ― O olhar de Eunice se concentrava no objeto em mãos, mas seus pensamentos corriam por entre suas memórias. ― Tenho a impressão que Azmuth me permitiu descobrir a senha.

― Não seria um comportamento habitual dele, ainda mais com toda a situação que estava acontecendo. Precisaria ele ter muita-

― Confiança ― interrompeu Eunice. ― Ele não faria isso se não confiasse em mim, não é? ― Eunice encarou o Vô Max com um olhar de esperança.

― Não. Não faria...

Eunice voltou a encarar o cubo, um leve sorriso começou a surgir em seus lábios.

― Não está realmente pensando em usá-la, está? ― disse Max.

― Não temos outra opção, magistrado.

― Claro que temos! As armaduras mecamorfo ficaram conhecidas pelo seu poder de fogo, mas também porque causavam sérios problemas de temperamento e raiva nos seus usuários.

― Mas...

― Não é questão de mas, Eunice ― Max pegou o objeto da mão da jovem. ― Essas armaduras garantiram a vitória aos galvanianos nas Guerras Galvânicas mas porque os soldados se transformaram num exército de psicopatas!

― Eu sei disso, magistrado, eu pesquisei sobre a tecnologia! Mas tem um detalhe que as pessoas não sabem: essas alterações acontecem apenas na espécie galvânica...

Max não sabia o que falar. Como assim? Ele pensava. Já não sabia mais se conseguiria acreditar no que aprendeu como Encanador. Pelo jeito os Encanadores agora eram os últimos a saberem de algo no Universo...

― Mas os registros mostram-

― Os registros foram alterados. ― disse Eunice ― Foi mais uma situação em que o Conselho de Galvan atuou para tornar a tecnologia pouco atraente para as outras espécies.

― E-e como você descobriu isso?

― Nas próprias anotações de Azmuth, o criador da armadura...

Max caminhava pela sala de comando observando a caixa preto-metálica com detalhes verdes. Ele conhecia as histórias. Sabia do passado cientista de guerra de Azmuth. Seus arrependimentos. Conhecia o potencial da tecnologia. Seu poder destrutivo!

Caso você não conheça essa tecnologia, caro leitor, eu explico: A armadura mecamorfo-galvânica não é apenas abastecida por um enorme número de armamentos, como também permite ao seu usuário incorporar a tecnologia ao seu redor. Dessa maneira, era a arma perfeita de guerra. Bastava entrar em contato com um armamento do exército inimigo e pronto, mais uma tecnologia adquirida ao conhecimento bélico dos galvânicos. E não apenas incorporava, mas a desenvolvia e ampliava seu poder de destruição.

― Magistrado... 

― Eunice.

― Sim?

― Me prometa uma coisa: não diga isso que me contou a ninguém. O Conselho escondeu essa informação e tenho certeza que Azmuth nesse caso concordou com eles. Não precisamos de uma segunda Guerra Galvânica.

― Sim senhor.

Max entregou o objeto de volta a jovem. Então disse:

― O que mais você planejou?

― Só um segundo que vou pegar minha mochila e já explico os detalhes do plano.

***

Eunice preparou toda a parte 1 do plano antes mesmo da chegada de Max à Galvan. Segundo a jovem, ela instalou pequenos dispositivos de interferência elétrica em regiões próximas à prisão que mantinha Azmuth. Com um comando em seu computador, os dispositivos fariam com que parte da energia da prisão apresentasse falhas ― não o suficiente para causar uma fuga em massa ou algo do tipo ― mas o suficiente para fazer a equipe da prisão solicitar auxílio técnico o mais rápido possível.

Para isso, Galvan Prime contataria a espécie mais eficiente para se realizar consertos em tecnologia: os mecamorfos-galvânicos, habitantes de sua lua. Com outro dispositivo de Azmuth, Eunice interceptaria o pedido de conserto e, utilizando das armaduras, ambos entrariam disfarçados na prisão.

A armadura possui duas formas: a ativa, que se assemelha a uma fusão entre uma roupa espacial com um megazord de power-rangers, e uma forma inativa, que consiste numa simples cobertura sobre o corpo na forma de um mecamorfo. Ou seja, o usuário fica parecendo uma cópia do Ultra T.

Você poderia estar se perguntando: mas com uma arma tão poderosa como essa em mãos, porque Eunice não invadiu sozinha e resgatou Azmuth? Muito boa a sua pergunta. Na verdade, o Vô Max perguntou a mesma coisa. Como a ativação da armadura é baseada em conexão neural e inclui incorporar tecnologia, havia o enorme risco de a armadura acabar absorvendo Eunice, que não sei se ainda se lembram, é uma Unitrix e não um corpo biológico completo.

Um dos problemas apontado por Max era como entrar no planeta, se a única nave que eles tinham disponível era a dele de Encanador. Era aí que entrava a terceira etapa da parte 1. Eunice se conectaria ao computador da nave e, usando o mesmo sinal utilizado pelas armaduras para modificar sua forma, ela comandaria parte da matéria metalo-orgânica que revestia a nave e faria as alterações necessárias para transformar a espaçonave encanadora numa nave-técnica mecamorfa.

Dito e feito.

***

A nave-técnica mecamorfa aproxima-se da área de pouso próximo a Prisão de Azmuth. Assim que as portas da nave se abrem, dois mecamorfos descem a rampa em direção à entrada de serviço da prisão. Soldados galvanianos, com suas mochilas a jato e de armas em mãos, fazem a vigilância do local.

No interior de toda a massa gelatinosa preto-metálica, Max e Eunice mantinham-se focados em fazer o plano funcionar. No interior da armadura, informações sobre o ambiente eram constantemente analisados e expostos frente aos seus rostos. No canto inferior direito de seu campo de visão, uma pequena janela exibia a face um do outro, como numa conversa via webcam.

À medida que caminhavam, Max e Eunice conversavam entre si, sem expor o áudio para o ambiente.

― Minha jovem, qual a chance dos detectores de metal da prisão nos descobrirem? ― disse Max.

― Não tem como entrarmos sem ativar os detectores de metal, senhor ― disse Eunice, ― mas os guardas sabem disso.

A poucos passos da entrada, um dos guardas se aproxima e diz:

― Identifiquem-se.

― Druhter e Cahzmiel, somos da equipe de reparos. ― disse Max, com uma voz metalizada. ― Fomos chamados para consertar uma falha no sistema de energia da prisão.

Max (Druhter) e Eunice (Cahzmiel) entregaram ao guarda suas respectivas documentações falsas. Após uma verificação com a administração da prisão, a entrada de Druther e Cahzmiel foi autorizada. Os dois passaram a seguir o guarda prisão adentro.

Eunice foi a primeira a passar no detector de metal. Obviamente o dispositivo apitou e um dos guardas se aproximou flutuando com sua mochila-a-jato. O silêncio cobriu o ambiente. Ele encarou a jovem disfarçada e disse:

― Por acaso você está carregando algum metal com você?

Eunice não sabia o que dizer. Sim, estou literalmente vestindo uma gosma metálica enorme? Que raios de pergunta era essa? Talvez ela não tivesse dado a devida importância ao detector, sei lá. Por dentro da armadura, ela suava.

O silêncio constrangedor se manteve no ambiente por alguns instantes. Então o guarda disparou uma risada espalhafatosa, sendo acompanhado pelos demais guardas.

― Relaxa! É só uma piada, é claro que você está carregando metal! ― disse o guarda

― He...he... ― Eunice tentava fingir uma risada, mas estava nervosa demais.

― Essa foi muito boa! ― disse Max. ― Fiquei até preocupado agora! Pensei comigo: e agora, vou ter que me deixar inteiro na caixinha de metais!? Hahaha!

Os outros acompanharam Max nas risadas. Um dos guardas então disse:

― Vamos, me acompanhem que eu vou levar vocês! Rapaz, fazia tempo que eu não ria assim...

Max e Eunice seguiram acompanhando o guarda pelas mediações da prisão. O jeito sociável do Vô Max lhe permitiu desenvolver toda uma conversa com o galvaniano sobre ensopado de enguia fritziana e como era uma pena que um mecamorfo como Max não poderia ter a sorte de experimentar um prato saboroso como esse.

Voltando ao plano: os dispositivos de interferência de Eunice agiram sobre a área dos refeitórios dos prisioneiros e, para chegar até lá, Max e Eunice teriam que passar próximo das celas. Um enorme e largo corredor, com vários quadrados posicionados em colunas e linhas, determinavam as aberturas de cada uma das celas. Foi na segunda linha da vigésima segunda coluna que Eunice viu seu criador sentado, olhando para o chão com uma expressão triste.

― Magistrado! ― disse Eunice pelo comunicador. ― Encontrei ele!

Max olhou para Azmuth. Ver uma criatura tão respeitada no universo naquele estado era lamentável. Não havia luz no olhar daquele galvaniano com roupa de prisioneiro.

Max, claro, não deixou seu perfil soldado de lado e passou a analisar os vários guardas que voavam pelo corredor, fazendo a vigilância dos prisioneiros.

― Vamos fazer o seguinte ― disse Max. ― Eu apago o soldado que está acompanhando a gente e você corre em direção à cela de Azmuth. Eu garanto sua retaguarda.

―  Certo ― disse Eunice.

Max escolhe entre os equipamentos de sua armadura um sistema de atordoamento elétrico, então, aproxima sua mão do alienígena que fazia seu comboio e dispara o choque. O soldado solta um leve grunhido e desmaia. Max o segura no ar e lentamente o posiciona no chão. Eunice por sua vez, corre em direção à cela de Azmuth.

De repente, um grito ecoa pelo corredor:

― Soem o alarme, temos uma invasão!

Eunice se posiciona em frente à cela e começa a instalar pequenos dispositivos nas extremidades do campo de força da cela. Max por sua vez, ativa sua armadura completamente, fazendo sua aparência de Ultra-T se tornar a avançada armadura tecnológica, conhecida das histórias.

― Por que demoraram tanto? ― disse Azmuth.

― O senhor sabia que estávamos vindo? ― disse Eunice.

― Não. Mas ainda assim demoraram...

Max aponta suas mãos em direção aos guardas que começavam a rodeá-los. Os braços da armadura modificam sua estrutura e tornam-se canos de múltiplos disparos. Em seguida, começa a atirar projéteis de atordoamento em sequência, ao mesmo tempo que buscava se desviar dos lasers dos guardas.

Enquanto isso, Eunice ativa seus dispositivos e o campo de forca que revestia a abertura da cela se desliga, permitindo que ela se aproxime e pegue Azmuth.

― Consegui! ― disse Eunice a Max.

Eunice começa a correr em direção à saída. Max, por sua vez, segue voando logo atrás, disparando e fazendo os guardas caírem atordoados um atrás do outro.

― Tragam reforços! Não deixem eles escaparem! ― disse um guarda.

Das aberturas do corredor de celas, mais e mais galvanianos, providos de armas lasers e turbinas a jatos, surgiam infestando o local como num enxame de abelhas.

De repente, o principal caminho a se seguir tornou-se abarrotado de guardas, impossibilitando-os de continuar a fuga.

― Magistrado, está vendo alguma saída? ― disse Eunice.

― Não. Mas a gente cria uma.

Max se posiciona a frente de Eunice e Azmuth e cruza os braços sobre o peito. Os disparos dos guardas atingiam a superfície da armadura sem piedade. No lado de dentro, Max iniciava o sistema M.A.F., travando o alvo em cada um dos guardas que os rodeava.

Quando o número em sua tela adquiriu a marca de quarenta e oito alvos travados, Max disparou. Ele abriu seus braços e de inúmeras aberturas da armadura um pequeno projétil teleguiado foi lançado. A imagem era como a de um fogo-de-artifício que explodia no meio do corredor. Cada um dos projéteis seguiu em direção ao seu objetivo, soando um chiado elétrico a cada impacto. Em questão de instantes, os guardas que os rodeavam se encontravam inconscientes no chão.

Eunice e Azmuth ficaram parados boquiabertos.

Max então diz:

― Vamos! Estamos perto da saída!

Eunice e Max seguem correndo pelo corredor, aos poucos, novos guardas começam a persegui-los, mas a concentração de ambos era apenas a de chegar na saída.

― Viramos à esquerda aqui ― disse Max ― e depois basta passarmos pelo saguão com os detectores de metal e-

A dor de cabeça voltou.

Max cai com o rosto no chão e assim permanece. Eunice que continuou correndo por alguns instantes sem ter notado o que aconteceu, grita assim que vê a armadura de Max estatelada no chão:

― Magistrado!

Max tenta se levantar, mas a sua dor de cabeça estava mais forte do que antes. Ajoelhado, com as mãos segurando sua cabeça apoiada no chão, ele sentia como se seu cérebro fosse explodir.

― O que está havendo, Eunice? ― disse Azmuth.

― Eu não sei, senhor! ― Eunice corre e se agacha junto à Max. ― Magistrado, o que aconteceu? Você foi atingido?

Max não respondia. Sua cabeça latejava mais e mais. Sua armadura oscilava entre a forma ativa e inativa, indicando que a conexão neural se encontrava absurdamente instável.

Eunice olha para o caminho de onde vieram e observa os guardas se aproximando cada vez mais. Ela precisava fazer alguma coisa.

― Senhor! ― disse Eunice ― Por favor, cuide do Magistrado, sem ele eu jamais conseguiria salvá-lo.

Eunice desliga sua armadura e toda a cobertura preto metálica retorna a sua forma de cubo. Ela joga o objeto para Azmuth que o agarra no ar. 

― O que você está fazendo!? ― disse Azmuth.

― Sendo útil.


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