Manual de Sobrevivência de Sasuke Uchiha

Ter mais pessoas - vulgo Uchihas surtados -  habitando uma mesma casa significaria barulho, confusão e porradaria, certo? Ah, Deus, só Hinata de castigo não estava bom? É agora que eu me interno em um hospital psiquiátrico.

Suna

Ainda era 8 horas da noite mas a equipe se preparava para voltar para Konoha. Sasuke concluiu que já havia descansado bastante e que estava pronto para voltar, mesmo que o Hokage tivesse lhe dito que a pressa era um tanto desnecessária. Junto com os mercadores, Sasuke e sua equipe se apresentaram ao Kazekage Gaara solicitando que o portão Norte fosse aberto para que então pudessem partir.

— Tem certeza que não quer esperar até amanhã? — O ruivo pergunta apoiando os cotovelos na bancada. Em seguida liga para Katsu, vigilante do portão Norte, avisando da saída dos residentes. — Pronto, já solicitei ao Katsu que abrisse os portões. 

Todos se retiraram do gabinete de Gaara, exceto Sasuke, que tinha algumas perguntas a fazer para o ruivo. 

— Imagino que já saiba sobre a nova doença que surgiu na Vila da Pedra. — Perguntou vendo-o assentir com um ar preocupado. — É muito grave? 

— Receio que seja sim. Mas por que está me perguntando isso? Essa informação está restrita apenas aos Kages. — O ruivo questionou e Sasuke apenas se limitou a falar o nome do amigo loiro, dando a entender o que o mesmo havia deixado escapar. — Entendi.

— O que acarretaria se essa informação vazasse, assim de uma hora para outra? 

— Problemas muito maiores que o próprio vírus, histeria desnecessária, sem contar que a maioria dos Kages estão preparando-se para isso.

— Como? — Questionou confuso.

— Todos nós estamos providenciando leitos, fazendo hospitais e cuidando da limpeza de locais públicos.

— Entendi. 

— Está preocupado com algo? 

— Não, deixe pra lá. Eu já estou indo. 

Gaara assentiu e deixou que o moreno se retirasse do recinto. Agora, junto dos genins e dos mercadores, deram partida à longa viagem. Durante o percurso que era feito o silêncio reinava, vez ou outra Boruto arriscava falar algo ou fazer alguma piada para quebrar a tensão do ambiente. O trajeto foi feito em quatro horas e meia pois por conta da escuridão e dos perigos da noite, tiveram que apressar o passo. Naruto se encontrava perto do portão Aun à espera do Uchiha e dos demais.

— Yo minna, estão todos bem?  — Naruto perguntou e todos assentiram. — Preciso que vão até a ala da enfermaria, por questões básicas de higiene, sigam Izumo e ele orientará vocês. 

Com tudo e todos devidamente higienizados, o Uzumaki ordenou que todos fossem para suas respectivas moradias. Quando todo mundo foi embora, o Uchiha achou o momento perfeito para iniciar o diálogo.

— Onde eles estão? 

— Agora estão no distrito Uchiha. Inicialmente o conselho queria que eu os mantivesse na prisão. Argumentei de todas as formas, até que acataram a minha decisão. No atual estado, nem mesmo Madara oferece risco, todos estão com os seus chakras selados.

—  Entendi, e imagino que a Hinata esteja dormindo a essa hora, não? — Sasuke indagou olhando o relógio de pulso que marcava exatamente meia noite e cinquenta.

— Bem, eu sei que está com saudades dela. Vá para o distrito e tome banho, coma algo. Eu já a levarei. 

— Obrigado, Naruto. Ah, eu já ia me esquecendo, chega mais perto. — O loiro olhou confuso para o Uchiha, entretanto não questionou. Quando estavam perto o suficiente, Sasuke concentra chakra no punho e dá um soco em Naruto. — NÃO pense que eu havia esquecido a raiva que VOCÊ me fez passar hoje mais cedo. Sorte a sua que EU não posso te esganar.

— Ai! Como você é rancoroso Dobe. — Naruto fala massageando o rosto que estava vermelho devido ao soco. — Foi um acidente, mas eu cuidei dela direitinho. 

— Te encontro no distrito daqui a pouco, vá buscá-la. — deu de ombros quando o Uzumaki assentiu com um "sim".

Seguiu sozinho na volta para casa. Assim que chegou ao distrito abandonado pôde escutar gritos de um alguém muito conhecido  e som de pratos sendo quebrados.

— EU DISSE QUE IA QUEIMAR SE DEIXASSE EM FOGO ALTO, CARNIÇA! — Madara gritava a plenos pulmões porque Obito tinha deixado a comida queimar. 

— A CULPA É TUA QUE NÃO OLHOU A COMIDA NO FOGO, EU DISSE QUE IA NO BANHEIRO! —  Mais som de pratos sendo quebrados. 

— Eu acho melhor vocês se acalmarem. Ninguém vai chegar a lugar nenhum assim. — Itachi caminhava solene entre os dois com uma fatia de bolo na mão.

— CALA A BOCA, PORRA! — Os outros dois gritaram em uníssono para Itachi, que apenas ignorou. 

— O.que.está.havendo.na.minha.casa? — A porta foi aberta por Sasuke, que estava se controlando para não avançar em todos ali. Falou pausadamente enquanto tentava se acalmar. 

— Foi ele quem começou. — Obito e Madara se olharam e falaram ao mesmo tempo, apontando um para o outro.

— Eu não quero saber quem começou. Eu vou para o meu quarto e tomar um banho, e quando eu voltar quero tudo limpo! — a calma e a frieza na voz do moreno era absurdamente grande. Se por um lado Sasuke aparentava calma, por outro a situação era bem diferente. A vontade que tinha era de matar todos,— a exceção de Itachi— com o seu Amaterasu.

Novamente na sala, agora devidamente limpo, Sasuke agora conferia se estava tudo em ordem como havia mandado. Após tudo verificado o moreno ousou iniciar uma conversa, entretanto foi interrompido pelo soar da campainha. Naruto havia chegado, pensou. 

— Sasuke-kun, tadaima! — Hinata pula no colo do Uchiha que quase se desequilibra com a atitude brusca da menor. 

— Oi, Hime. Senti saudades. — Sussurrou baixinho apertando ainda mais o corpo de Hinata contra o seu. — Seu idiota, não era pra ter acordado ela.

 — Ela já tava acordada quando eu cheguei, não teve jeito. — o Uzumaki se defendeu.

— Tá, tudo bem. Arigatô.

— Até, Sasuke. 

Ao fechar a porta o mais novo dos Uchihas se deparou com três seres olhando-o curiosos, ou melhor, encarando Hinata que por sua vez também os mirava sem nenhum pudor. 

— Casou com uma Hyūga? — Madara questiona coçando a barriga.

— Minha sobrinha é um poço de beleza! — Itachi fez uma cara apaixonada. 

— Quero bolo. — Obito dispara.

— Essa é uma longa história, agora vão dormir que amanhã eu conto tudo. — Sem mais delongas Sasuke subiu as escadas rumo ao quarto enquanto os outros três ficaram plantados na sala.

— Eu vou dormir também, quem vem comigo? 

A noite se passou e mais um novo dia veio. Hinata havia acordado primeiro mas Sasuke ainda estava dormindo. O olhou por breves segundos, o moreno babava como cachorro assistindo TV de padaria. Foi descendo com cuidado da cama para não acordá-lo, a pérolada foi em direção ao banheiro fazer a higiene matinal, tomou banho, escovou os dentes e colocou um vestido florido.

Como era ainda muito cedo, aproveitou que todo mundo ainda dormia para fazer o café da manhã. Preparou a massa de bolo e pôs no forno para assar, enquanto o bolo não ficava pronto fez o café, torradas e ovos com bacon. Tudo em tempo recorde! Estava tudo uma delícia, só que a pia estava deliciosamente suja. 

— Eu lavo isso depois.

Preparou a mesa do café, quando os quatro Uchihas surgem em seu campo de visão. 

— Hum, que cheirinho bom é esse? — O mais velho indagou. — Foi tu quem fez, menina? 

— Hai.

— É hoje que eu tiro a barriga da miséria. — Obito falou chamando a atenção de todos para si. — Que foi? Eu não comi ontem não! 

—  Sentem-se e comam. 

Definitivamente, não era só o Kekkei Genkai que assustava Hinata, todavia a má educação também. Todos, com a exceção e Sasuke comiam e falavam de boca cheia chegando a cuspir em cima uns dos outros. Pareciam um bando de animais famintos.  

— É sempre assim, Sasuke? — Hinata indagou sussurrando ao moreno.

— Vai por mim, não é não. Ninguém peidou até agora. — respondeu a mais nova.

E assim foi o café da manhã, bem "alegre". Estava tudo indo muito bem entre Hinata e Madara até que começaram a brigar pelo controle da TV. 

— Eu quero assistir Três Espiãs Demais. — a menor gritava quase chorando agarrada ao controle.

— Solta, menina. Eu quero assistir o Canal do Boi. — Do outro lado Madara estava irredutível, fazendo de tudo para a Hyūga soltar o maldito controle. 

Itachi, Obito e Sasuke estavam limpando a cozinha quando acabaram escutando a briga dos dois. 

— Madara nunca aprende, né? — Suspirou Obito. Sasuke ainda se mantinha neutro.

— Deixa a pobre assistir o desenho que ela quer.— Interpôs Itachi. 

— Solta, garota.

— Não vou voltar!

— Vai sim!

— Não vou!

— Vai sim!

— Não vou!

A pressão foi tanta que acabaram caindo para lados opostos com um pedaço do controle em mãos. 

— Tá vendo aí o aconteceu? Agora nenhum de nós vai poder assistir nada. — Hinata nada disse pois ainda estava no chão.

— Hinata! Se machucou? — Sasuke apareceu para socorrer a menina, dando de cara com a face obscura do Byakugan. Era um mau presságio. Disso ele tinha certeza.

— Está tudo bem Sasuke-kun. — Hinata respondeu-o mas mantinha seu olhar fixo nas orbes escuras de Madara. — Você não perde por esperar.

Como diria Seu Madruga, "a vingança nunca é plena. Mata a alma e a envenena". Todavia, nesse caso, a Hyūga não ia deixar barato. Madara ganhara um inimigo à sua altura.