A brisa suave no final da tarde bagunçava os fios negros de Sasuke. Ainda paralisado e tentando assimilar o que estava acontecendo, o moreno saiu do transe quando seu irmão mais velho o tocou.

— Sasuke, você está bem? — Itachi observava a expressão pálida do irmão mais novo.

Sasuke se sobressaltou. Aquilo não era um sonho, era real, e real até demais. Sua garganta falhou em tentar formular qualquer frase que fosse, tudo o que saía eram palavras desconexas. O moreno sentiu a vista escurecer e o corpo ficar pesado demais.

O moreno havia desmaiado.

— Em todos os meus anos de vivência, nunca tinha visto um Uchiha tão fraco assim. Ele é a vergonha da profissão.— Madara fez pouco caso do moreno, que se encontrava no colo do irmão mais velho.

— Eu ainda estou tentando entender o que aconteceu. — Obito dava leves tapas em Sasuke enquanto Itachi checava seus sinais vitais.

— Ele ainda está vivo, só a pressão que caiu. 

— Tebasa, quem são vocês? — Boruto, que olhava tudo sem entender, não se deu conta de que os três ali eram Uchihas.

— Boruto, você calado é um poeta. — Himawari bateu na testa mostrando descontentamento pela burrice sem tamanho do irmão. 

— As tuas orelhas estão  tão sujas assim animal? Acaso quer que eu limpe com as minhas kunais? — Sarada não sabia se morria de raiva ou de vergonha. Estavam diante de alguns dos melhores ninjas de Konoha e o seu colega de time ainda fazia o disparate de perguntar quem eram.

Boruto era observado por todos os presentes com uma cara de indignação, mas o loiro não entendia o porquê de tanto alarde, até que viu a Kekkei Genkai de Madara, o Rinnegan, igual ao de Sasuke.

— Vocês são Uchihas, né? — O loiro perguntou e viu que surgiram gotas nas cabeças de todo mundo.

Quebra de tempo

O Uchiha desperta em um quarto de hospital com uma grande dor de cabeça. Massageando as têmporas e se recordando dos últimos acontecimentos. Sonhou que Itachi, Madara e Obito estavam vivos. Questionou-se como tinha ido parar ali. A porta se abriu e uma enfermeira entrou.

— Olá, Sr. Uchiha. Como se sente? 

— Bem, eu acho. Como eu vim parar aqui?

— Você teve uma queda brusca de pressão ao ter encontrado seus parentes.

— Espera. Então não foi um sonho? 

— Se já se sente melhor o suficiente para andar, vá até o Kazekage. 

A enfermeira saiu deixando Sasuke atônito. Era muita informação e parecia loucura crer que, de uma hora para outra tinha uma família de novo.

 — Olá Kazekage. Mandou me chamar?

— Sim, sente-se por favor. 

Gaara explicou a atual situação ao moreno e que era inviável manter três Nukenins da Aldeia da Folha soltos por aí.

— Então eles estão presos?

— Sim, e foram deportados para Konoha. Eu deixei Naruto à par de tudo, ele tomará das devidas providências, não se preocupe.

— Entendo.

— Está dispensado. Vá e descanse, amanhã cedo você voltará. 

Já no lado de fora do escritório, o Uchiha é barrado pelos três genin's, na qual o enchiam de perguntas.

— Sasuke-sensei. Você está melhor? — Indagou Himawari com rugas de preocupação. 

— Estou, ainda confuso devido aos últimos acontecimentos. E preocupado com a Hinata ainda por cima. — desabafou.

— Ué, então é só mandar uma mensagem pro Nanadaime. — Finalmente boruto deu uma dentro.

— O problema é: eu não sei usar essa porcaria. —  Sasuke apontou para o celular desligado.

— Como não? É super fácil. Me dê isso aqui. — Sarada tomou o telefone móvel da mão do Uchiha e lhe explicou como funcionava. — Fácil, não é? 

— Tá menos descomplicado agora. — Deu de ombros. 

— Espera sensei, aonde você vai? Eu ainda não terminei de explicar tu..

— Não se preocupe, o basico eu sei fazer. Tenho que ligar para saber como Hinata está.

— Não confia no Naruto? — Boruto perguntou.

— Nem um pouco. — Andava de um lado para o outro enquanto esperava na linha. — Por quê diabos esse verme não atende? 

— Alô? 

— Até que enfim atendeu, imprestável. Em primeiro lugar, saiba que eu ainda não esqueci o que você fez com ela, entend... — O moreno foi interrompido pela voz do outro lado da linha.

— Não é por nada não mas, acho que você ligou errado. 

— Quem é você? — Sasuke franziu o cenho em descrença e era acompanhado pelos três projetos de ninja que estavam de butuca ouvindo a conversa. 

— O que te come e tu não vê. — Os três tiveram que morder a própria língua para não rir e nesse ínterim examinavam as expressões faciais de Sasuke. 

— Ele tem o Sharingan mas não viu essa chegando. — Boruto cochichou fazendo as meninas rirem.

— Escuta só, você sabe com quem está falando meu amor? — ironizou o mais velho.

— Com o dono da budega da esquina? Escute aqui meu senhor, eu vou lhe pagar semana que vem, por favor não me encha mais o saco. 

— O homem do outro lado da linha encerrou a chamada.

— Então… o senhor deve ter esquecido de colocar o DDD correto. — Sarada tentava acalmar Sasuke, visto que esse estava fumaçando de ódio. — Deixa que dessa vez eu ligo. 

Aparentemente Sasuke deve ter sambado no Santo Sepulcro pra conseguir o feito de ter tanto azar em um dia só. Primeiro, o idiota do Naruto tenta matar sua bebê. Depois, como se não bastasse alguém resolveu que quer acabar com o mundo e enviou Madara, Obito e Itachi para o futuro. E agora um filha da mãe zomba da sua cara, e para finalizar, ele não está conseguindo falar com o Dobe.

 — Kuchiyose No Justu. — Fez os selos de mão e de repente apareceu um grande passaro. — Garuda, preciso que vá a Konoha e veja se está tudo bem por lá. 

— Custava ter um pouco mais de paciência? Naruto estava em uma emergência, um dos seus acessores me falou. 

— Me dá esse celular. Alô, Teme? — o Uchiha praticamente toma o objeto das mãos da menina.

— Alô, quem fala? — Do outro lado da linha estava uma voz muito conhecida.

— Sou eu dobe, o Sasuke. O que está acontecendo? — Não era muito alto, mas era perceptível o barulho de ambulâncias  e carros da polícia.

— Bem. Não é nada demais, só que a nossa vizinha, a Vila da Pedra, está infectada com um patógeno desconhecido da variante de gripe aviária. E eu ordenei o fechamento das fronteiras imediatamente.

— Como assim uma pandemia acontece enquanto eu estou fora de Konoha? 

— Não seja tão radical assim, Sasuke. É só uma gripezinha. — Naruto tentava acalmar os nervos do amigo. 

— Uma gripezinha fecha fronteiras, Naruto? Você quer enganar a quem? 

— Tá bom, não é só uma gripe, mas estou tentando acalmar a população e tomando medidas para que isso não chegue até aqui. Já mandei instalar barreiras sanitárias em todos os aeroportos, apesar de que por enquanto só há casos em outras vilas muito longe das nossas.

— E eu achando que era paranóico. — Sussurou.

— Estou fazendo isso pelo bem do meu povo, eles são a minha família. Apesar de estar no começo, não quero ser negligente e causar uma dor que pode ser evitada. — desabafou o Uzumaki.

— Está certo, você tem razão. E quanto à Hinata? Eu ainda quero te matar pelo que fez com ela. 

— Não se preocupe Sasuke, ela está bem. Eu vou ter que desligar, volte logo para Konoha, estamos esperando você. 

— E aí, porque todo esse alarde Sasuke-sensei? — Himawari quebrou o silêncio fazendo a pergunta que todos queriam fazer.

— Cantamos tanto dorime que abrimos um portal para o apocalipse. 

O Uchiha soltara um riso irônico. Havia escolhido um péssimo ano para ajeitar a sua vida. 

— Então será que agora o fim do mundo é real? 

—  Não se preocupe, a gente sobrevive a mais esse. 

Manual de Sobrevivência de Sasuke Uchiha.

Definitivamente não é nada bom estar longe de sua princesinha endemoniada enquanto uma ameaça de pandemia rola solta. Talvez esse seria o lado ruim de se apegar tanto a alguém?