O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 76
Cíntia


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O legado part. 2, respirem fundo pois teremos muitas emoções hoje, aos leitores fantasmas, apareçam pois adoraria saber o que estão achando da fic.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Depois que Ethan foi embora ainda fiquei parada no meio da rua, tentando entender o que havia acontecido hoje. Me sentia em uma versão alternativa do clássico filme sexta feira muito louca, mesmo que estivéssemos no sábado, ninguém poderia me culpar por me sentir assim, afinal, meu amigo e ex-namorado chegou de surpresa me fazendo reviver sentimentos, que a muito tempo achei terem acabado.

 Já minha melhor amiga, colocou meu nome no seu buquê de noiva, sem ao menos me consultar e como grã finale dessa noite meu mais novo amigo, me deu um beijo na bochecha que me fez sentir calafrios pelo corpo inteiro, como se já não bastasse sentir isso quando ele me olhava com aqueles olhos cor de ônix, que tiravam o meu equilíbrio.

Gemi angustiada antes de colocar meu rosto em minhas mãos, tenteando entender como a minha vida havia ficado tão complicada de um dia para o outro. Não podia deixar a minha carência falar mais alto, estragando a amizade que tinha com Pedro e muito menos a que estava começando a construir com Ethan, além do mais havia prometido a mim mesma, que não me envolveria com mais ninguém, pois homens só me trouxeram decepções e dores de cabeça, salvo Pedro, mas nem ele me faria quebrar a minha palavra.

Tirei meu rosto das minhas mãos e respirei fundo, tentando espantar toda a confusão que estava dentro de mim antes de caminhar em direção a pensão, pois estava desejando tomar um bom banho e cair na cama, já que a minha folga de hoje não incluía o domingo.

—Olha só, você pegou o buquê, filha. - mamãe disse surpresa, assim que entrei na sala e todos viraram para me ver com o buquê nas mãos.

—Na verdade, a minha amiga o jogou em cima de mim. - expliquei e vovó sorriu com os olhos brilhando, o que me deixou desconfiada.

—Não importava como o buquê parou em suas mãos Cíntia, o importante é que você o pegou. Sabe o que dizem quando se pega um buquê de casamento? - vovó questionou animada com a possibilidade e revirei os olhos.

—Sei vovó, Ethan disse a mesma coisa quando me entregou o buquê, que esqueci propositalmente no seu carro.

—Foi é? E o que mais ele disse? - vovó questionou curiosa e a olhei sorrindo.

—Nada demais, vovó e não se empolgue, me casar não é mais uma opção. - disse olhando para ela que suspirou antes de levantar as mãos, deixando claro que não iria mais falar no assunto, mas sabia que essa trégua não seria por muito tempo.

—Porque não quer mais se casar, Ci? Me lembro de ouvi-la falar, o quanto queria casar e ter uma casa cheia de crianças...O que lhe fez mudar de ideia? - Pedro questionou confuso enquanto estava em pé na sala, atrás do sofá em que minha avó estava sentada.

—As pessoas mudam Pedro, assim como os sonhos. - disse suave olhando em seus olhos castanhos e ele estreitou os olhos, tentando entender o significado das minhas palavras.

—Bom, já está tarde e acho que devíamos ir para casa, não acham papai e mamãe? - Susan questionou olhando para os nossos pais que concordaram.

— Sim, só estávamos esperando Cíntia chegar, pois não queríamos deixar a sua avó sozinha. -mamãe disse suave se aproximando de mim e me deu um beijo na testa com carinho, antes de se afastar. -Nos vemos amanhã no almoço, filha?

—Sim, mamãe, depois que sair da escola vou almoçar com vocês. - assegurei para ela que sorriu amorosa enquanto me olhava com seus olhos verdes claros, iguais ao de Susan.

—Vou esperá-la, tenha bons sonhos, meu bem.

—A senhora também, mamãe. - disse antes de nos despedirmos com um ultimo beijo e meu pai se aproximar de mim.

—Está tudo bem, amor?

—Está, pai, não se preocupe. - assegurei e ele me olhou em silêncio por algum tempo, como se pudesse ver toda a confusão que estava dentro de mim.

Sem dizer uma palavra, papai beijou a minha testa e me abraçou com carinho, antes de me afastar para me olhar nos olhos.

—Jamais vou deixar de me preocupar com você, Cíntia. Você é a minha garotinha, me preocupar com o seu bem-estar é meu trabalho em tempo integral, afinal, sou seu pai. - ele brincou e sorrimos antes de nos abraçarmos com carinho. - Eu te amo querida.

—Eu também te amo, pai. - sussurrei em seu peito e ele me deu um ultimo beijo, antes de ir se despedir da minha avó e de Pedro.

—Eu preciso ir Ci, Sebastian e as crianças estão me esperando. - Susan explicou e concordei antes de nos abraçarmos e ela sussurrar no meu ouvido. - Amanhã depois do almoço, quero saber todos os detalhes da sua noite com o ex pediatra gato dos meus filhos.

—Não aconteceu nada demais. - sussurrei para a minha irmã que me olhou sem acreditar, quando nos separamos.

—Sei, nós duas conversamos amanhã. Boa noite Ci.- minha irmã disse e lhe desejei o mesmo, antes dela se despedir de Pedro e nosso avó e sair acompanhada dos nossos pais.

—Bom, já que todos foram embora, vou subir para descansar um pouco. Cíntia, querida, você pode dar uma chave para o Pedro? Ele ficará conosco, enquanto estiver em Londres. - vovó disse olhando para nós e olhei surpresa para Pedro que sorriu.

—Isso é sério? - questionei surpresa, afinal, achei que ele fosse ficar em um hotel cinco estrelas, já que depois do divórcio dos seus pais, a casa da família foi vendida.

— Muito sério. Conversei com a sua avó e se não tiver nenhum problema para você, gostaria muito de ficar na pensão. - ele disse me olhando em expectativa e sorri feliz.

—Claro que não, Pedro. - disse sorrindo e fui em direção ao pequeno balcão que havia no hall, pegando uma das várias chaves que havia ali, antes de voltar para perto de Pedro entregando-a em seguida.

—Bem-vindo a pensão Moema, Pedro. - disse sorrindo e ele sorriu enquanto aceitava a chaves.

—Obrigada, Ci, é bom estar de volta. - ele assegurou sorrindo antes de olhar tudo ao seu redor, como se estivesse matando saudades do local que tanto frequentou.

—Bom crianças, eu vou dormir. Tenham uma boa noite. - vovó disse suave e me deu um beijo na bochecha antes de subir as escadas.

—Que tal se fossemos para a cozinha, tomar um café e comer um pedaço de bolo de laranja? Assim você me conta sobre a sua viagem de trabalho. - sugeri e ele concordou antes de irmos em direção a cozinha.

Enquanto ligava a cafeteira colocava o pó e a água, ele me contava sobre como estava cansado de escrever matérias sobre escândalos políticos, os quais sempre terminavam da mesma forma, ele expondo todas as falcatruas dos mesmos que sempre saiam impunes.

—Achei que amasse política? - questionei me lembrando, de como ele era o melhor aluno na disciplina de ciências políticas que tínhamos na escola.

—E amo, só que depois de anos vendo o mesmo ciclo vicio de corrupção, você acaba ficando exausto disso. Por isso pedi minhas folgas, porque queria descansar um pouco de tudo isso e vê-la novamente. - ele explicou me olhando e corei suave, como uma adolescente diante do seu primeiro amor, o que de certa forma era verdade.

—E ela concordou? -questionei indo desligar a cafeteira após ela ter apitado, antes de pegar duas xicaras para colocar o liquido escuro e fumegante.

— Obrigado. Sim, tenho muitas folgas acumuladas. Com certeza, minha chefe ficou com medo de um possível processo trabalhista. - ele brincou assim que lhe entreguei sua xicara de café e me sentei ao seu lado, lhe servindo um pedaço do bolo que havia na mesa.

Sem cerimônia, Pedro cortou o pedaço de bolo que estava em seu pires, antes de leva-lo a boca e gemer deliciado me fazendo rir.

 - Deus, o bolo de laranja da sua avó ainda tem o mesmo sabor. Como isso é possível? - ele questionou admirado de boca cheia, antes de me pedir desculpas envergonhado.

—Está tudo bem e não tenho a menor ideia, de como ela consegui manter o mesmo sabor do bolo depois de anos, esse é o segredo mais bem guardado da dona Marta. - disse sincera antes de comer um pedaço do meu bolo, que me trouxe doces lembranças da infância.- A vovó vai gostar de saber, que mesmo depois de anos você ainda continua fã do bolo dela.

 -Sempre, o bolo da sua avó deveria ser considerado um patrimônio mundial, Ci. - ele segredou e sorrimos antes de ficarmos calados por um tempo.

—Então, você voltou para matar saudades da velha e chuvosa Londres? - questionei brincando interrompendo o nosso silêncio e ele virou para me ver, com os olhos cheios de promessas silenciosas.

—Não, voltei por sua causa Ci.- Pedro disse suave olhando nos meus olhos e meu coração bateu acelerado, como se quisesse sair do peito.

—Pedro...- comecei a dizer tentando procurar as palavras certas, pois não queria magoá-lo e muito menos lhe dar esperanças, por mais que estivesse tentada em fazê-lo.

—Ci, por favor, só me escuta. -ele pediu suave sem desviar os olhos dos meus e respirei fundo antes de concordar. - Sei que depois do que aconteceu com Douglas, você não quer se envolver com ninguém e respeito isso, mas preciso dizer que nunca te esqueci, Cíntia. Você foi o meu primeiro amor e ainda continua sendo, mesmo depois de tantos anos.

—O que quer dizer, Pedro? - questionei com o coração acelerado enquanto tentava entender o que estava acontecendo, em seguida Pedro respirou fundo e se aproximou de mim deixando um pequeno espaço entre nós.

—Quero dizer que mesmo depois de nove anos separados, no qual fomos apenas amigos, jamais consegui deixar te amar, Cíntia...De lembrar o quanto era maravilhoso estar com você, por isso vim até aqui, para saber como estava e lhe pedir outra chance. Uma chance de continuarmos de onde paramos. Por favor, me dê uma chance de fazê-la feliz novamente. - Pedro implorou me olhando nos olhos e fiquei balançada com o seu pedido, pois tínhamos um passado lindo juntos do qual sempre me lembrava com carinho.

Pedro havia sido muito mais que meu primeiro namorado.

Ele foi meu amigo, meu parceiro e confidente, companheiro de todas as horas e terminar com ele, foi a decisão mais difícil e dolorosa que tomei na vida, pois sabia que um relacionamento a distância não seria justo conosco.

  Agora depois de anos sendo apenas amigos, ouvi-lo dizendo que jamais me esqueceu e me pedindo outra chance me deixou confusa, porque não queria magoá-lo. Pedro não merecia se relacionar com alguém, que ainda estava machucada pelo seu relacionamento anterior e que sentia atração pelo seu mais novo amigo.

Não seria certo com ele e muito menos comigo.

—Pedro, me desculpe, mas não estou pronta para me relacionar com ninguém agora. Por mais que goste de você e saiba que jamais iria me magoar, não posso fazer isso conosco. - expliquei sincera olhando em seus olhos castanhos e ele sorriu compreensivo, antes de colocar a sua mão direita em cima da minha.

—Cíntia, está tudo bem. Não precisa se explicar ou me pedir desculpas, eu entendo e não se preocupe pois respeitarei o seu tempo, mas quero que saiba que estarei ao seu lado como seu amigo e a esperarei o tempo que for.- ele jurou sincero olhando nos meus olhos e agradeci suave antes de abraçá-lo com carinho.

—Obrigado, por entender e senti muito a sua falta, Pedro. - sussurrei nos seu pescoço e ele acariciou meus cabelos de leve, antes de beijar a minha bochecha com carinho.

—Também senti a sua falta Ci e não se preocupe, pois nunca mais irei deixa-la. - ele prometeu suave em meu ouvido, me abraçando mais forte enquanto fechava os olhos, sentindo o cheiro da sua loção pós barba que ainda continuava a mesma.

Conversamos até o cansaço nos dominar e concordamos que estava na hora de subirmos, Pedro fez questão de me acompanhar até a porta do meu quarto e o agradeci, desejando-lhe boa noite antes de entrar. Assim que estava no meu refúgio, tirei o meu vestido de festa, a maquiagem e tomei um bom banho, antes de cair na cama tentando pegar no sono, mas a minha cabeça estava agitada demais para dormir.

Odiava admitir, mas o beijo carinhoso que Ethan me deu na bochecha me deixou balançada, me fazendo desejar que ele fosse além daquele gesto casto. Só que não podia me esquecer de Pedro, o meu primeiro amor, por quem achei que não sentia mais nada, mas parecia que estava enganada.

Conhecia Pedro a minha vida toda, pois ele morava na mesma rua que meus pais e minha avó. Quando crianças éramos praticamente inseparáveis, mas na adolescência nossos sentimentos mudaram.

Foi em uma noite chuvosa, quando tínhamos quinze anos e voltávamos do cinema, que Pedro me beijou pela primeira vez na porta da casa dos meus pais. No começo fiquei surpresa por seu gesto, pois sempre achei que éramos amigos, mas depois que nos separamos ele me contou sobre seus sentimentos e me pediu em namoro.

Jamais iria me arrepender de ter dito sim para ele naquela noite, pois havíamos vivido coisas lindas juntos. As memórias do meu primeiro amor eram guardas por mim como um tesouro, ainda mais depois de tudo que passei no meu relacionamento anterior.

Mesmo depois de anos separados, dos quais só nos falávamos por mensagens ou telefonemas, meu coração acelerou assim que o vi novamente, da mesma forma de quando era adolescente, só que agora havia Ethan.

Apesar de toda sua fama de conquistador, não podia controlar as sensações que ele despertava em mim. Seu sorriso cativante, sua alegria, seu bom humor e seus brilhantes olhos cor de ônix, haviam mexido comigo de uma forma totalmente nova e diferente.

Nos conhecíamos apenas vinte e quatro horas, mas foram as horas mais intensas e especiais que vivi na minha vida. Uma parte de mim, me incentivava a embargar nessa aventura que seria me relacionar com Ethan, a outra gritava enlouquecida dizendo que não, porque acabaria terminando com o coração quebrado novamente.

Já com Pedro era diferente, não havia receios ou duvidadas, só a certeza e a segurança de um relacionamento estável e conhecido, que vivi por anos ao seu lado.

Foi quando percebi em choque, o que estava acontecendo comigo.

Não podia acreditar que estava atraída ao mesmo tempo, por dois homens completamente diferentes, justo agora que havia prometido a mim mesma, que não me envolveria com mais ninguém.

—O que está acontecendo comigo, meu Deus? Isso não pode ser verdade. -disse apavorada com essa hipótese olhando para o teto do meu quarto, tentando entender como isso havia deixado isso acontecer.


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Notas finais do capítulo

Que os jogos comecem......
Vocês são teamethan ou teampedro?
Beijos e um bom final de semana para todos.
❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️



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