O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 69
Ethan


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado part. 2, sei que o capitulo de hoje, foi muito aguardado por todos e espero sinceramente que gostem dele.
Esse capitulo é dedicado a Miimii, obrigado pela linda recomendação.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.

Música usada no capitulo:
https://www.youtube.com/watch?v=eI_gJm0yb6g&fbclid=IwAR2GMTfWy7QYhXn4Zs0ifPcfaN1XFqY84pCgsy5kRyPjzOiyo-m_K6xH9lo



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Sai da sede administrativa do Conglomerado totalmente desnorteado, sem me importar com nada ao redor, tudo que queria era ficar longe daquele lugar e principalmente, longe da minha família.

Por isso corri feito um louco em direção ao único lugar, depois do hospital, no qual poderia colocar os meus pensamentos em ordem sem ser incomodado.

—Ethan? - Sebastian, diretor da Fundação de música São Lucas, questionou assim que me viu passar pela porta feito um furacão. - O que aconteceu com você?

—Posso ficar na sala do piano por algumas horas, Sebastian? Prometo que não vou incomodar ninguém. - implorei a ele que me olhou preocupado.

—Claro que pode, Ethan, você jamais incomoda. Verônica, leve esses documentos para a minha sala, enquanto acompanho Ethan até a sala do piano. -Sebastian disse a Veronica, a recepcionista da fundação, que concordou antes dele me levar para dentro.

Sebastian e eu havíamos nos tornados amigos, desde que comecei a dar aulas de piano uma vez por mês na fundação, já que a rotina de administrador de uma rede de hospitais ocupava todo o meu tempo.

A música era uma das minhas paixões, depois da medicina e da mecânica.

Enquanto meus irmãos mais velhos praticavam jiu jitsu, preferia dedicar o meu tempo livre para a música isso quando não estava desmontando motores, no curso de mecânica. Segundo meus professores de música, se eu quisesse poderia muito bem ter uma carreira bem-sucedida como pianista, mas a medicina falou mais alto me fazendo deixar o piano como hobby assim como a mecânica.

—O que aconteceu, porque chegou tão transtornado desse jeito? - Sebastian questionou preocupado, assim que me sentei no banco do piano e passei meus dedos de leve pela tampa que protegia as teclas.

—Me tiraram o direito de fazer uma das coisas que mais amo no mundo, Sebastian, e isso tirou o meu chão...É como se não soubesse mais quem sou sem a medicina. - disse entre lágrimas enquanto desviava meus olhos do teclado para ver seus olhos azuis escuros, assim que ele ficou em pé ao lado do piano.

—Ethan, você é um médico incrível, meus filhos podem afirmar isso melhor do que eu. - ele segredou suave e sorri concordando enquanto me lembrava de Pandora, Alex e Ian. -Não importa se lhe tiraram o direito de fazer o que ama, sei que você é obstinado o bastante para lutar pelo que quer, só não perca a fé. Se não conseguir mais ser médico, pode ter uma carreira brilhante como pianista, já lhe disse várias vezes o quanto tem talento para a música.

—Eu sei, mas você sabe que a música é apenas um hobby pra mim, meu verdadeiro amor sempre foi e sempre será a medicina. - expliquei enxugando minhas lágrimas e ele concordou suave.

—Sei disso, meu amigo, não se preocupe tenho fé que tudo irá se resolver, apenas mantenha a esperança e a calma. Agora, vou deixa-lo a sós, não se preocupe com a sala, ela não está reservada para nenhuma aula hoje, aproveite o quanto quiser.

—Obrigado, Sebastian. - disse agradecido e ele concordou antes de me deixar a sós na sala.

Com cuidado levantei a tampa do teclado, dedilhando as teclas de maneira aleatória sem qualquer música em mente, pois tudo que queria era escutar o som das teclas que funcionavam como uma espécie de calmante para a minha mente agitada.

Assim que comecei a ouvir cada som produzido pelas teclas, fechei os olhos por alguns instantes apreciando o bem-estar que a melodia trazia, antes de abrir os olhos e começar a tocar Vivaldi de cabeça, meu compositor preferido desde que aprendi a tocar.

Toquei os quatro concertos que faziam parte das quatro estações sem me preocupar com nada ao redor me concentrando apenas em executar as peças de maneira impecável, sentindo o efeito calmante de cada nota em meu corpo, como se o piano fosse uma extensão minha.

Só então, percebi o quanto esse contato com a música me fez falta, já que o trabalho no hospital tomava todo o meu tempo.

Sempre que tocava perdia a noção do tempo sem me preocupar com o mundo lá fora, pois me transportava para outro lugar onde só existia eu e a música.

Um lugar calmo e sereno, onde só havia a perfeição da execução das notas e a harmonia que elas traziam para o conjunto musical, só consegui voltar a realidade quando ouvi alguém batendo palmas depois que toquei a última nota que pertencia a ópera de romeu e julieta.

Confuso, desviei meus olhos das teclas do piano para ver minha cunhada, parada na porta da sala batendo palmas enquanto se aproximava de mim.

—Ethan, isso foi...Lindo. Não sabia, que tocava tão bem assim.- Melissa disse admirada depois que parou de bater palmas antes de ficar ao lado do piano de cauda. - Desde quando você toca?

—Não sei muito bem...Minha mãe sempre fala, que só parava de chorar quando bebê depois que ouvia meu pai tocar, mesmo pequeno adorava ficar no colo dele observando-o tocar e acabei me  apaixonando pela música. - expliquei ainda sem entender o que minha cunhada fazia na Fundação ainda mais toda arrumada, como se estivesse a caminho de uma festa.

Logo me lembrei do seu jantar de ensaio, que aconteceria hoje à noite e olhei para as janelas que haviam na sala de piano constatando que já havia anoitecido.

—Como me achou aqui, Melissa? A uma hora dessa, você devia estar no seu jantar de ensaio. - questionei para a minha cunhada que concordou com a cabeça.

—Sim, eu deveria, mas não seria o certo quando uma parte da minha família não estava lá. - ela explicou me olhando nos olhos e pisquei confuso. - E sobre como o achei? Depois que Benjamin me contou da briga de vocês, fiquei preocupada e liguei para sua mãe perguntando se ela fazia ideia de onde você poderia estar e a minha sogra disse que seria aqui. Seus pais queriam vir até aqui, mas os convenci a me deixar conversar primeiro com você.

—É bem típico da dona Leah, nunca dar privacidade aos filhotes dela. - disse sério me lembrando de tudo o que havia acontecido mais cedo.

—Ethan, entendo a sua raiva, sua família não deveria ter escondido nada de você, mas entendo o porquê eles fizeram isso. Os pais ou os irmãos mais velhos, sempre acham que os filhos ou irmãos mais novos precisam de proteção, isso os faz tomarem decisões sem perguntar a nossa opinião, mas isso não quer dizer que eles não nos amam ou não respeitam a nossa opinião, ao contrário, isso quer dizer que eles nos amam demais e acabam agindo com o coração ao em vez da razão.- Mel disse suave e a olhei pensativo enquanto ouvia o som de dois corações saudáveis que batiam em ritmos diferentes, um que pertencia a ela e o outro que correspondia ao meu futuro sobrinho.

—Isso é bem a cara da minha família. - disse me lembrando de que eles haviam falado a mesma coisa, quando lhes confrontei mais cedo na sala de Ária.

— Sabe, quando amamos alguém, somos capazes de tudo para proteger essa pessoa, mesmo que tenhamos que tomar atitudes extremas. Por exemplo, você largou o seu trabalho no hospital sem pensar duas vezes para ajudar o seu irmão, quando Leticia estava nos ameaçando, não é verdade? -Mel questionou olhando nos meus olhos e concordei.

—Sim, jamais deixaria de ajudar o Ben, antes de ser o meu alfa, ele é o meu irmão e o amo mais do que tudo no mundo. - disse suave olhando nos olhos cor de mel da minha cunhada que concordou com a cabeça.

—Eu sei e ele também te ama, por isso aceitou esconder a verdade de você.

—Por acaso o Ben lhe pediu para vir até aqui? - questionei sério e ela suspirou.

—Não. Ninguém sabe que estou aqui a não ser seus pais, pedi a eles que não contassem ao Ben. - ela explicou e fiquei surpreso por Mel está mentindo para o meu irmão.

—Você sabe que a uma hora desses, ele deve estar louco procurando você por todos os cantos da cidade, não sabe?

—Eu sei, mas queria conversar a sós com você, afinal, uma pessoa de fora sempre enxergar a situação de outra forma. Não é verdade?

—Você tem razão. - disse parcialmente convencido e ela sorriu por perceber que estava começando a mudar de opinião.

— Ethan, por favor, dê a eles a chance de se explicarem e lhe pedirem perdão.  Não guarde rancor deles, porque isso só irá lhe fazer mal.- minha cunhada pediu e suspirei concordando.

 Afinal, amava a minha família mais do que tudo no mundo e jamais poderia ficar com raiva deles por muito tempo, não era algo da minha natureza.

Segundo a minha avó Sue, havia herdado a personalidade forte dos Clearwater e o orgulho dos Thompson, uma mistura explosiva segundo a mesma, que era balanceada pela compaixão e amor ao próximo, herdados do meu lado Cullen.

—Você tem razão, Mel. Não posso ficar com raiva e nem magoado com a minha família, entendo o lado deles, mas queria que pudessem também entender o meu. Sou um homem adulto, capaz de resolver meus próprios problemas, mas minha família sempre me trata como uma criança pequena e isso me tira a razão. - expliquei cansado dessa situação e minha cunhada concordou com a cabeça.

—Eu entendo, é compreensivo que esteja se sentindo assim, mas que tal mostrar o seu lado através do diálogo?!  Um bom diálogo, vence muito mais batalhas do que uma guerra armada. - Melissa disse e sorri ao perceber que ela havia acabado de citar o meu pai.

—Você tem razão. Obrigado por me ouvir e me mostrar um caminho, Mel, você será uma mãe incrível. - disse sincero e ela sorriu feliz por meu elogio.

—Você acha? - ela questionou esperançosa enquanto suas mãos iam automaticamente em direção a sua barriga, onde meu futuro sobrinho crescia.

—Eu não acho, tenho certeza. - segredei olhando em seus olhos enquanto sorriamos de maneira cumplice para o outro.

—Isso quer dizer, que você voltará a ser o nosso padrinho de casamento? - Mel questionou esperançosa para mim.

—Porque quer que eu seja o seu padrinho de casamento, Mel? -questionei sério, pois nunca soube ao certo porque ela havia aceitado a sugestão do meu irmão, quando poderia muito bem convidar um dos seus irmãos.

—Porque se não fosse por você, estando ao meu lado e me apoiando quando mais precisei, meu filhote não estaria crescendo dentro de mim. Ethan, o convidei para ser o meu padrinho, porque queria que estivesse ao nosso lado no momento mais importante das nossas vidas, no qual seu irmão e eu celebraríamos o nosso amor. Se decidir que não quer ficar ao nosso lado, ficaremos tristes, mas respeitaremos sua decisão, só quero que saiba que ninguém ocupará o seu lugar no altar, pois você é o único padrinho que queremos. -Mel disse compreensiva sem desviar os olhos dos meus e sorri comovido para ela.

—Será uma honra pra mim, ser o padrinho de vocês. - repeti as mesmas palavras que disse quando os dois me convidaram e Mel sorriu emocionada antes de me abraçar com carinho.

—Obrigada, Ethan. Agora sim a nossa felicidade estará completa, pois toda a nossa família estará presente no dia mais importante das nossas vidas. - ela disse suave em meu pescoço antes de nos separamos.

—Não precisa agradecer, Mel, eu que deveria agradecer por você me abrir os olhos.

—Não precisa se preocupar em agradecer, família é pra essas coisas. Agora, será que você poderia me emprestar o seu celular? Acabei esquecendo o meu carregando e preciso avisar o seu irmão, antes que ele coloque a polícia atrás de mim. - ela disse corando de vergonha por seu esquecimento.

—Isso se ele já não fez. - disse sorrindo antes de entregar meu celular a ela que logo ligou para o meu irmão.

Benjamin atendeu o telefone no segundo toque, assim que ouviu a voz da noiva ele respirou aliviado do outro lado da linha, Mel fez questão de assegurar que estava bem antes de pedir ao meu irmão que viesse busca-la na Fundação de música. Depois que minha cunhada desligou, sugeri que fossemos para a recepção esperar por seu noivo que não demorou muito a aparecer.

Meu irmão entrou na recepção sozinho, caminhando apressado em direção a Melissa antes de envolve-la nos braços, como se quisesse escondê-la do mundo.

—Por favor, meu amor, nunca mais suma desse jeito. Fiquei apavorado, pensando que havia acontecido algo com você ou com a nossa filhotinha, meu anjo. - meu irmão sussurrou apavorado com essa hipótese antes de afastar de leve sua noiva para que pudesse ver seus olhos.

—Eu sei, amor. Me desculpe, mas fiquei preocupada com a briga de vocês, por isso vim conversar com o Ethan e agora você precisa fazer o mesmo. - Mel pediu acariciando o rosto do meu irmão que concordou.

Benjamin beijou a testa da noiva com carinho antes de se separar dela e vir em minha direção.

—Ethan, me perdoe por ter mentindo pra você, nunca foi a minha intenção te magoar ou dizer que você não é adulto o suficiente para responder por seus atos...Só que é difícil pra mim e para todos, aceitar que você não é mais uma criança indefesa que precisa ser protegida, mas prometo que vou tentar trata-lo como um adulto.- meu irmão disse entre lágrimas enquanto me olhava nos olhos.- Será que  poderia me perdoar e voltar a ser o nosso padrinho? Porque não queremos outra pessoa, para ocupar o seu lugar.

— Claro que posso, jamais ficaria com raiva de você por muito tempo. - disse sorrindo e meu irmão sorriu feliz antes de me abraçar apertado. - E seria uma honra voltar a ser o padrinho de vocês.

— A honra é nossa, prometo que vou ser um irmão melhor para você. - Benjamin jurou em meu pescoço e sorri suave.

—Você já é o melhor irmão, só não conta pra Carol. - segredei para ele que sorriu concordando.

— Prometo não contar, eu te amo Ethan. - ele disse amoroso me abraçando com mais força.

—Eu também te amo Benjamin. - disse amoroso retribuindo o seu abraço.

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—Ethan. - meus pais e minha irmã disseram aliviados, depois que me viram entrar no salão reservado para o jantar de ensaio do meu irmão.

—Você está bem, amor? Ficamos tão preocupados com o seu sumiço. - mamãe disse entre lágrimas assim que se aproximou de mim prestes a me abraçar, mas ela acabou não concluindo seu gesto. -Querido, nos desculpe. Não queríamos lhe magoar ou fazê-lo achar que não o respeitamos como adulto, valorizamos muito a sua opinião, Ethan.

—A mamãe tem razão, não foi certo da nossa parte esconder a verdade de você. Prometemos que nunca mais faremos isso. - Ária jurou entre lágrimas enquanto me olhava e meus pais concordaram.

—Sua mãe e sua irmã estão certas, filho. Foi errado da nossa parte esconder o que estava acontecendo, mas só estávamos tentando lhe proteger de uma possível decepção, meu amor. Prometemos, que jamais faremos algo assim novamente, será que poderia nos perdoar? - meu pai pediu com a voz embragada ao lado da minha mãe e irmã, enquanto me olhava com seus olhos castanhos escuros e sorri amável para os três.

—Claro que posso, jamais ficaria magoado com vocês por muito tempo. - disse e os três sorriram amorosos para mim antes de me abraçarem ao mesmo tempo me enchendo de beijos, algo que sempre faziam quando eu era pequeno.

Depois que fiz as pazes com meus pais e minha irmã, fui cumprimentar outros familiares que vieram para o casamento do meu irmão mais velho.

Estava envolvido em uma conversa animada, sobre os novos modelos de motores em lançamento, com tia Rose quando Benjamin nos interrompeu alegando que queria me apresentar a famosa madrinha misteriosa e concordei, que só me liberou quando meu irmão prometeu que não demoraríamos muito.

—O que? Perdi alguma piada interna? - questionei confuso enquanto andávamos e meu irmão sorria.

—Você é uma verdadeira antítese ambulante, maninho...Uma hora está tocando piano, na outra falando sobre motores ou sobre administração hospitalar. - Benjamin disse sorrindo carinhoso para mim.

—Pois é, apesar de não terem nada em comum são as três coisas que mais amo nesse mundo. - disse suave e meu irmão parou de andar, colocando a mão direita no meu ombro enquanto me olhava nos olhos.

—Eu entendo e não estou te criticando, Ethan, mas quero que saiba que a vida é muito mais que uma profissão ou hobbys...Espero que um dia possa encontrar a felicidade plena, da mesma maneira que encontrei.

—Você quer dizer...Se apaixonar...Casar...Ter um filhote? Acho que não. - disse e estremeci de leve ao tentar imaginar algo assim e meu irmão sorriu.

—Olha que um dia você pode se arrepender do que acabou de falar. - ele brincou e revirei os olhos antes de voltarmos a caminhar.

—Achei que quisesse o meu bem, irmão. -disse fingindo magoa e sorrimos antes de nos aproximarmos do bar, onde Melissa estava conversando com uma loira que estava de costas usando um vestido preto que destacava sutilmente suas curvas.

Deus, se ela não fosse a madrinha misteriosa...

Se não tivesse prometido me comportar...

É, mas nem sempre temos o que queremos da vida e aquela loira de parar o trânsito, era o exemplo vivo disso.

—Pelo jeito, a sua madrinha misteriosa me acha um libertino como todos da empresa. - disse ressentindo pela fofoca que haviam inventado sobre mim, após ter ouvido o quanto sua madrinha estava descontente em me conhecer.

—Você não é um libertino, Ethan. As pessoas não deveriam julgá-lo porque escolheu não manter nenhum tipo de relacionamento sério, na verdade elas não deveriam julgar ninguém. - Ben disse suave antes de respirar fundo, como se tentasse decidir se contava algo ou não. - Não leve para o lado pessoal os comentários da Cíntia, ela foi extremamente magoada pelo cafajeste do ex-namorado, então, por favor, tente ser gentil e compreensivo.

—Não se preocupe, vou ser. Aposto que até o final dessa festa, nos tornaremos bons amigos. - brinquei e meu irmão sorriu suave para mim.

—É o que espero, Cíntia precisa de todos os amigos que puder ainda mais alguém como você, sempre alegre e brincalhão.

—Não se preocupe, vou tentar fazê-la rir um pouco e esquecer o que houve, nem que seja por algumas horas. - disse gentil e meu irmão sorriu agradecido antes de darmos os últimos passos que nos separavam das duas.

Assim que paramos perto delas esperei pacientemente meu irmão questionar a noiva sobre o seu estado, pois Mel havia passado o dia todo enjoada o que deixou Benjamin extremamente preocupado. Depois que ela assegurou que estava tudo bem, meu irmão respirou aliviado antes de voltar sua atenção para nós antes de me apresentar a madrinha misteriosa, que permaneceu de costas durante toda a conversa dos dois.

—Cintia, queria lhe apresentar o meu irmão caçula e padrinho, Ethan. Ethan, essa é a nossa madrinha e melhor amiga, Cintia. - Benjamin disse nos apresentando assim que a madrinha virou pra me ver.

Assim que a vi, algo dentro de mim se agitou, quebrando todas as minhas defesas durante o processo, do qual não houve a menor resistência. Era como se todo o meu ser, fosse inundado por um sentimento até então desconhecido por mim, mas extremamente forte, que me impulsionava a querer fazer de tudo pela linda loira de olhos verdes escuros em minha frente.

Enquanto olhava em seus olhos senti meu corpo estremecer, como se fosse tomado por um frio intenso, uma sensação impensável já que eu era um lobo há anos. Sorri maravilhado sem desviar os olhos dos seus, quando compreendi o que estava acontecendo comigo e me vi aceitando aquele sentimento novo e desconhecido que surgiu assim que a vi. Logo uma força invisível e inexplicável me puxou em direção a mulher em minha frente, me prendendo a ela com cordas de aço que jamais poderiam ser quebradas, me fazendo desejar estar ao seu lado a cada momento, sendo o que ela precisasse.

Em seguida, as memórias de toda a sua vida invadiram a minha mente, me fazendo perder o ar diante da intensidade do momento que me permitiu ver cada momento da sua vida, dos mais alegres aos tristes. Mas um momento em particular, o qual era revivido com mais intensidade em seus pensamentos, me causou dor.

A mesma dor que ela sentia, desde que havia sido enganada pelo cretino do ex-namorado, alguém que mandaria direto para o cemitério mais próximo se ele ousasse cruzar o seu caminho novamente. Afinal, como ele teve coragem de fazer a minha fêmea sofrer daquela forma?!

Sem que pudesse planejar, um pensamento dominou a minha mente de maneira autoritária.

Minha.

Minha fêmea.

Meu imprinting.

A mulher que tanto procurei, sem ao menos saber que estava em sua busca.

Sem pensar direito, dei um passo em sua direção e minha fêmea me olhou assustada, deixando claro através do olhar que não queria minha aproximação, o que fez meu coração se apertar enquanto parava de me aproximar olhando-a com dor por sua rejeição, logo senti alguém segurando meu braço com força, me puxando para longe dela e rosnei furioso enquanto tentava me libertar daquele aperto de aço.

Tentei me livrar a todo custo daquela prisão em forma de braços, mas o dono deles era mais forte do que eu, mesmo com essa diferença de força não desisti de lutar para voltar para a minha fêmea.

—Quem você pensa que é, para me tirar de perto da minha fêmea? - rosnei furioso para o meu irmão, depois que ele abriu uma porta e me empurrou para dentro entrando em seguida.

—Deus, eu estava certo. - Benjamin disse e sorriu surpreso parando em frente a porta me impedindo de sair. - Você teve um imprinting com a Cíntia.

Ouvir o nome da minha fêmea, sendo falado por outro macho me fez rosnar furioso antes de partir para cima do meu irmão, derrubando-o no chão.

—Ela é minha fêmea, Benjamin....Minha...Minha e demais ninguém. -rosnei de forma ameaçadora olhando nos olhos do meu irmão, enquanto pressionava meu braço direito em seu pescoço.

—Eu sei disso...Ethan...E respeito essa condição. A Cíntia é a sua fêmea. - meu irmão disse sério enquanto tentava respirar e logo a porta foi aberta por nossos pais.

—O que é que está acontecendo aqui? -  papai questionou severo enquanto olhava para nós.

—Ethan Harry, solte seu irmão agora mesmo. - minha mãe disse severa usando seu tom de alfa e gemi furioso, pois não podia resistir a uma ordem dela apesar de não ser mais a alfa no comando.

Contrariado soltei meu irmão e sai de cima dele, antes de mamãe ajudá-lo a levantar.

—O que foi que deu em vocês? Se não lembram, não têm mais idade para ficarem brigando igual a dois moleques de rua. - meu pai nos repreendeu severo enquanto olhava de um para o outro.

—Pai, está tudo bem. Ethan, não teve culpa de nada, ele só se descontrolou porque o afastei da sua fêmea. - Benjamin explicou aos nossos pais que ficaram surpresos, como se não tivessem entendido o que meu irmão havia acabado de dizer.

—Espera, Ethan teve um imprinting? Um imprinting no meio do seu jantar de ensaio, Benjamin? -papai questionou confuso enquanto me olhava e concordei com a cabeça.

—Sim papai, pelo jeito continuei a tradição da família de encontrar seu imprinting em ocasiões inusitadas. - brinquei tentando me acalmar, afinal, ainda estava atordoado pelas sensações que meu imprinting havia despertado em mim quando a vi.

—Meu Deus, meu caçulinha finalmente encontrou sua fêmea. - mamãe disse emocionada pela novidade antes de me abraçar com carinho.

—Sim, mamãe, mas parece que ela não irá querer nada comigo. - disse magoado por me lembrar do olhar que ela me lançou quando percebeu que estava me aproximando, assim como foi impossível não lembrar da conversa que tive com meu irmão ou do que a ouvi dizendo para a minha cunhada.

—Isso é porque ela ainda não conhece você...Não perca a fé, meu filhotinho, se a magia a escolheu é porque tudo dará certo no final. -mamãe me aconselhou e agradeci antes de nos separarmos e olhei para o meu irmão totalmente arrependido.

—Ben, me perdoe. Eu não queria te machucar. - disse totalmente envergonhado por meu descontrole e meu irmão sorriu compreensivo.

—Está tudo bem, Ethan, eu entendo. Pelo menos, você não tentou beijá-la.- meu irmão brincou e todos riram enquanto suspirava.

—Falta de vontade não foi. - segredei para mim mesmo tentando entender toda a confusão que estava dentro de mim.


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Notas finais do capítulo

E se preparem, porque ainda teremos muitas emoções no casamento do Ben e da Mel.
Em comemoração a nova recomendação de O Legado part. 2, teremos um capitulo no sábado.
Beijos e um bom final de semana a todos.



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