Equilibrium escrita por Diane


Capítulo 2
Capítulo 1 - Aquela madrugada animadíssima




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787284/chapter/2

O Apocalipse começou quando levantei para beber água de madrugada.

Ok, estou sendo exagerada. O Apocalipse iria ocorrer de qualquer maneira eventualmente, um pouco mais tarde talvez. E não era qualquer apocalipse, era o Apocalipse do meu mundo perfeitinho.

E eu amo como a última frase soou dramática.

Desci as escadas cuidadosamente para não acordar minha mãe. Você sabe como são as mães, quando você está dormindo, elas fazem barulho suficiente para levantar um pequeno país, mas experimente fazer um barulho enquanto elas dormem. 

Fui na cozinha na ponta dos pés e peguei um copo. O único barulho do ambiente era minha gata, Idia, que aparentemente estava bem encapetada enquanto arranhava o sofá. A gatinha era uma pequena monstrinha na forma de bola felpuda.

Bebi a água tranquilamente e virei para trás, pronta pra voltar para o quarto e aí que as coisas desandaram.

Me sinto até louca escrevendo isso. 

Enfim, não era a Idia que estava arruinando o sofá. Um pássaro enorme saiu do sofá esfolado e pousou no balcão que era a divisória da sala e a cozinha. A criatura ficou parada me olhando e a luz do poste da esquina iluminava as garras enormes dele, metálicas e curvadas como adagas.

Sim, altamente aleatório. 

Eu adoraria dizer que tive uma reação heróica ou que olhei impassível para o animal e disquei para algum serviço de proteção aos animais silvestres. Mas como pretendo ser honesta nesse livro e não virar o próximo Bentinho na lista dos narradores duvidáveis, vou falar a verdade

Bom, tive a uma reação um tantinho vergonhosa: dei um pulinho para trás e arfei algo que soou como: "Jesuissss".

E aí o adorável bichinho saiu voando na minha direção, com as garras estendidas. Aparentemente, minha arfada irritou ele.

Se você é do serviço de proteção a animais silvestres, pule esse trecho.

As pessoas agem estranhamente sobre o efeito da adrenalina. Não sou uma exceção. Então, peguei uma coisa aleatória na pia e joguei nele.

Veja, se eu tivesse lavado a louça e guardado tudo, estaria mais indefesa. Então, querido leitor, não guarde a louça. Aliás, nem lave a louça, pelo menos garanta que o bicho vai ter infecção depois que você morrer. 

Naqueles breves e estranhos segundos enquanto a louça voava, meus pensamentos eram algo do tipo:

"Sou tão jovem para ter tumor logo no cérebro". Acho que esse foi o meu primeiro pensamento.

"Será que algum asno colocou alucinógenos na pizza que comi?". Depois, claramente, comecei a ficar conspiracionista.

"Não me sinto esquizofrênica". E esse era um péssimo argumento. Duvido que algum esquizofrênico se acha esquizofrênico. Aliás, não me venham com teorias de conspiração que todo esse livro é narrado por uma garota esquizofrênica. Isso é tão decepcionante quanto o personagem acordando e tudo foi um sonho. 

No fim das coisas, a louça não me ajudou muito. Aparentemente, a coisa era bem resistente. 

E lamento te decepcionar, querido leitor, mas não apareceu nenhuma espada mágica na minha mão, nem um salvador mágico saltando da janela e muito menos soltei raios de luz brilhantes. 

A criatura se aproximou de mim, os olhos suspeitosamente dourados. As garras eram afiadas, pelo visto, já que cortou minha garganta como manteiga.

E como qualquer pessoa comum supreendida com um monstro bizarro em plena madrugada, eu morri. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Equilibrium" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.