Dramione | Seis anos depois escrita por MStilinski


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

oi gente!!

como vocês estão? tudo bem? espero que sim!!

voltei rápido dessa vez pq as coisas estão esquentando na nossa história agora haha

boa leitura :)



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“So don't wipe your eyes
         Tears remind you're alive
         It's alright to die
        'Cause death's the only thing you haven't tried.”

— Even My Dad Does Sometimes, Ed Sheeran

 

Draco Malfoy

 

Ele chegou em seu escritório já sabendo o que esperar.

A sede das Empresas Malfoy ficava no centro de Londres, com a entrada para funcionários e visitantes sendo uma farmácia abandonada – pelo menos era o que os trouxas viam. O saguão de entrada era em formato circular, com mármore preta no chão e nas paredes, e com um único balcão de pedras negras no centro, onde dois seguranças ficavam fazendo a identificação dos funcionários através de seus nomes e varinhas.

Ao fundo, havia três grandes elevadores pintados em prata que levavam cada pessoa ao seu destino ao longo dos onze andares do prédio – lugares que cuidavam da administração das terras, plantações e distribuições de ingredientes e poções ao redor do mundo, cuidando das centenas de documentos e pergaminhos que isso envolvia. Um grande “M” do sobrenome famoso, pintado em prata, girava acima do saguão de entrada, visível a todos, mas também deixando claro quem dava as ordens.

Draco não passou por nenhum desses lugares nesse dia. Gostava de entrar pelo saguão e subir os elevadores com outros funcionários - em partes porque gostava de amedrontá-los com sua presença, mas também porque gostava de apreciar sua empresa, analisar se tudo se mantinha em ordem – se tudo o que ele havia batalhado desde o fim da guerra para crescer continuava intacto, sem nenhum falha.

Nesse dia, ele usou da ligação de flu que havia entre sua casa e seu escritório e em segundos saiu da lareira de pedras que ficava na antessala de seu escritório, no décimo segundo andar do prédio invisível para trouxas, acima de tudo. Tirou o restante de pó que havia se acumulado nas calças de seu terno e olhou ao redor – a antessala era em formato de meia lua, também feita de mármore preta, como o restante do prédio, com grandes janelas enfeitiçadas que mostravam um dia chuvoso na capital britânica, o elevador na parede oposta a lareira – somente um dos três elevadores levava a sua sala e para usá-lo você precisaria de uma “chave especial”, algo que Draco pouco disponibilizava, porque não gostava de receber visitas surpresas no seu trabalho e, afinal, havia uma sala de reuniões no andar debaixo, só mais um motivo para ninguém aparecer na sua sala – e o balcão de pedra escura no centro, onde ficava sua secretária, Martha, uma senhora baixinha, de cerca de sessenta anos, muito simpática e calma; Draco até hoje não entendia como havia a contratado para o emprego, afinal, ela era tudo o que ele não era, mas a senhora fazia seu trabalho bem, então ele não tinha do que reclamar.

— Sr. Malfoy! – Martha apareceu na sua frente e Draco se assustou levemente, impressionada com a rapidez em que ela havia saído de sua mesa e chegado até ele, mesmo com pernas tão curtas – Bom dia. Senhor, o Ministro está na sua sala. – ela falou essa última frase quase sussurrando, evitando que qualquer outra pessoa os escutasse, mas não havia ninguém além deles na antessala – Ele apareceu sem avisar, mas... Bom, é o Ministro. Eu não ia dizer que ele não podia entrar.

Era isso que Draco estava esperando. Naquela manhã, quando acordou depois de dormir pesadamente a noite inteira – aquela poção realmente havia tirado suas forças -, a primeira coisa que Hermione lhe mostrou foi o bilhete do Ronald Weasley que dizia que o Ministro da Magia procurava por ela e que sabia onde ela estava.

Draco duvidava muito que Kingsley soubesse onde Hermione estava. A localização da sua casa era desconhecida e não havia nada que apontasse que Hermione estava escondida na casa dele, mas, ao mesmo tempo, Draco não duvidava que o Ministro desconfiasse de alguma ligação entre Hermione e Draco. Kingsley não era bobo – havia a revista que, graças a Pansy, espalhou para o mundo sobre o antigo relacionamento deles, e agora havia o garoto Carrow escondido no Ministério, fato que o Ministro havia recentemente descoberto. Como Draco e Hermione imaginaram, Kingsley chegou a conclusão óbvia de que havia algo de errado acontecendo e com Hermione sumindo de repente, se demitindo de um dia para o outro e não dando nenhuma satisfação ao Ministro, ele iria rapidamente desconfiar que ela sabia de alguma coisa – Hermione Granger sempre sabe de alguma coisa.

Ainda havia o Profeta Diário com a foto de Draco e Hermione juntos, almoçando há algumas semanas, o que apontava Draco como uma das últimas pessoas que havia falado com ela. Kingsley claramente não era bobo.

— Vou entrar. Adie qualquer coisa que eu tinha para fazer essa manhã. – Draco falou, já andando na direção das portas pretas no final da antessala.

— Sim, senhor. Devo cancelar sua visita ao centro de produção de Dublin?

— Não. Vou no final da tarde.

Martha assentiu, se sentou atrás de sua mesa e Draco entrou em sua sala.

Seu escritório também possui o formato de meia lua, com janelas enfeitiçadas ocupando toda a parede circular, cada uma delas magicamente feitas para mostrar imagens ao vivo dos seus centros de produção e distribuição de ingredientes e poções ao longo do Reino Unido. Havia uma lareira para dias frios, um bar com as melhores bebidas que Draco já havia comprado – sempre uma boa distração em uma sexta á noite -, estantes que iam do teto arredondado até o chão repleto de livros de poções e a sua mesa ao centro, feita de mogno escuro e envernizado e duas poltronas com acolchoado verde escuro na sua frente –  e o Ministro se encontrava sentado em uma delas.

— Ministro. – Draco falou, se aproximando e trocando um aperto de mão com o homem que usava longas vestes bruxas de um amarelo escuro – A que devo a honra? – Draco perguntou, dando a volta na mesa e tomando seu lugar em sua cadeira.

Draco fez um gesto com a varinha e as janelas da sala deixaram de mostrar imagens de seus postos de trabalho e passou a mostrar o dia chuvoso de verão de Londres.

Kingsley suspirou e encarou Draco com uma sobrancelha arqueada.

— Acho que você sabe o porquê de eu estar aqui, Draco.

Draco franziu o cenho – só iria entrar no jogo do Ministro se ele mostrasse a jogada primeiro.

— O roubo? – Draco falou – Os aurores já vieram aqui. Está tudo certo.

— Falando sobre isso... Como deixou acontecer?

Draco mordeu o interior do lábio, começando a sentir um formigamento familiar de raiva. Não gostava quando as pessoas duvidavam de seu potencial – ele sabia que tinha falhado com a segurança, o que ocasionou o roubo, mas não precisava ouvir isso de mais ninguém, porque já se culpava e sentia raiva de si mesmo em uma quantidade suficiente.

— Todos falham em algum momento. – Draco respondeu e o Ministro semicerrou os olhos para ele, provavelmente entendendo a indireta.

— Quero falar sobre Hermione Granger. – o Ministro falou.

— Hermione? – Draco deixou um sorriso divertido aparecer no rosto – Não sabia que tinha tempo para revistas de fofoca, Ministro.

— Muito engraçado, Draco, mas hoje não estou no meu melhor humor. Ela se demitiu do Ministério sem mais nem menos e sei que você foi uma das últimas pessoas a vê-la.

— Eu? Tem certeza disso? Porque Granger tem dois amigos bem próximos.

— Já falei com Harry e Rony. Disseram que ela está numa viagem de férias com os pais.

— Certo.

— Só que não acredito nisso. – Kingsley analisou Draco alguns segundos – Veja, Draco, descobri algo no Ministério recentemente que me tirou o sono.

— Descobriu só esses dias que a sua foto de Ministro está um pouco sem graça? Poderia ter lhe dito isso há anos, senhor.

Kingsley revirou os olhos.

— Sabe que eu não gosto de você, certo? – perguntou.

Draco riu.

— Sim, eu tenho ciência disso. Só não se esqueça que eu sou um herói de guerra.

— Nunca esse nome foi tão mal usado.

— Não acho. Eu realmente traí o maior bruxo das trevas dos últimos anos e ajudei Potter e os amigos a salvar o mundo. Não está bom para você, Ministro?

Kingsley respirou fundo, procurando a paciência.

— Não mude de assunto. Sei que almoçou com Hermione dias antes de ela se demitir sem mais nem menos e, sim, sei que vocês tiveram um relacionamento, porque fofocas voam pelo Ministério. Ontem à tarde descobri que o contratado responsável por vigiar as correspondências dos ex-Comensais que estão em prisão domiciliar não vinha reportando as conversas ao Ministério e que era filho de um deles.

Draco franziu o cenho, fingindo surpresa com os fatos que o Ministro havia acabado de lhe contar – se sentia um ótimo ator.

— Filho de um Comensal? Quem? – perguntou.

— Não vem ao caso. Eu vim até aqui, Draco, porque acredito que algo mais está acontecendo e preciso parar o que quer que seja antes que seja tarde demais ou que chegue ao ouvido de pessoas erradas. Eu conheço Hermione. Ela não se demitiria sem mais nem menos e logo depois sumiria da face da terra. Ela sabe de alguma coisa e de alguma coisa dentro do Ministério e por isso teve que sumir. Harry e Rony não me falaram nada, mas acredito que não saibam de muita coisa. Já você... Gostando ou não, você ainda tem uma Marca Negra no braço.

Draco vacilou um pouco. A expressão e postura não mudaram em nada, mas ele piscou diante da menção à Marca, sabendo que se Kingsley pedisse a ele que lhe mostrasse o símbolo dos seguidores de Voldemort então todo o seu disfarce iria por água abaixo.

Draco precisava que Kingsley soubesse sobre Davies e Margareth por conta própria, porque se o Ministro recebesse informações diretas de Draco poderia pedir a ele que se envolvesse e Draco não tinha tempo para política – por mais que Kingsley prenda Margareth e Davies ele não vai se preocupar com a Marca e com a ligação dos Comensais e então será questão de tempo para tudo acontecer outra vez. Draco queria uma solução a longo prazo.

— Eu não sei se vou poder te ajudar, Ministro. – Draco disse – Almocei com Hermione há alguns dias porque ela estava cuidando de um caso para mim e também, é claro, pelos velhos tempos. Ela não me disse nada e, apesar da Marca no meu braço, não sou o queridinho dos Comensais. A maioria deles realmente me odeia.

— Está realmente me dizendo que não sabe nada sobre isso?

— Estou e é a verdade. Como eu saberia de alguma coisa? Eu não trabalho no Ministério, raramente vou até lá. O senhor acabou de me dizer que descobriu o filho de um ex-Comensal trabalhando lá dentro e, dentro do meu conhecimento, os únicos Comensais que tinham filhos na época da guerra eram meu pai, os Nott, os Crabbe e os Goyle e acredito que não seja nenhum deles. Theodore passa mais tempo na Itália do que aqui e nunca se tornou um Comensal, Crabbe está morto e Goyle está em Azkaban. Houve alguma fuga em Azkaban recentemente, senhor?

— Não.

— Então realmente não conheço nenhum outro filho de Comensal que poderia estar dentro do Ministério. A não ser... – Draco semicerrou os olhos encarando Kingsley – Está suspeitando de mim, Ministro? Acha que estou tentando imitar Bartô Crouch Jr. e me embebedando de Poção Polissuco todos os dias para ir trabalhar no Ministério como outra pessoa?

Kingsley respirou fundo.

— Não, Malfoy, não acredito que você esteja fazendo isso. Acredito que há mais coisas acontecendo dentro do Ministério e que Hermione sabia disso e por saber disso teve que ir embora para se proteger. E acredito que você saiba de alguma coisa porque, se ela soubesse algo relacionado aos Comensais ela iria contar para alguém de confiança e para alguém que soubesse muito sobre isso. Coincidentemente, você se encaixa nos dois quesitos.

— Acha que ela veio atrás de mim para me contar suas suspeitas no Ministério?

Kingsley assentiu.

— Ministro, eu e Hermione não nos víamos desde o dia em que ela e os amigos me ajudaram a resgatar minha mãe. Passamos seis anos sem nos ver até o dia em que ela me ajudou com um caso, então não acredito que eu realmente seria a primeira opção dela para contar algo secreto sobre Comensais.

Draco sentiu uma sensação engraçada dizendo tudo aquilo, porque agora ele e Hermione estavam tão bem. Ele sentia um bom humor constante, algo bem atípico de Draco Malfoy e algo que só Hermione conseguia lhe causar. Parecia que agora nada em sua vida podia dar errado porque eles estavam juntos, haviam se resolvido e não havia mais nenhuma culpa ou mágoa os mantendo distantes.

— Você pediu exclusivamente por ela para ajudá-la no seu caso. – Kingsley falou.

Draco assentiu, se lembrando desse dia, a primeira vez que a viu depois de seis anos... parecia tão distante agora. Afinal, nesse momento Hermione estava em sua casa e ele só queria que as horas voassem para poder vê-la novamente.

— Bom, Hermione é brilhante. – ele disse – Queria a melhor no meu caso.

— Apenas por isso?

Draco deu de ombros.

— É sempre bom rever velhos amigos.

Amigos?

Draco abriu um sorriso de canto, se divertindo; realmente estava com um bom humor anormal.

— O senhor realmente anda lendo revistas de fofocas demais, Ministro. – falou.

Kingsley suspirou, parecendo já no limite de sua paciência.

— Draco, você está me dizendo que não sabe nada sobre isso e nada sobre o que está acontecendo com Hermione? – perguntou, irritando.

— Sim. Como eu saberia algo que está acontecendo no Ministério? – Draco decidiu que era o momento ideal para plantar ideias na cabeça do outro homem – Senhor, eu só acho que... Se o filho de um Comensal não estava reportando ao Ministério as informações que os Comensais estavam trocando é porque algo importante está acontecendo. Encontrar um filho desconhecido de um Comensal atualmente é algo que só alguém que ainda tem contato próximo com um Comensal conseguiria fazer, entende? Pelo menos é o que eu penso, senhor. Talvez devesse ver quem o indicou para o trabalho ou coisa do tipo... E quanto a Hermione: lhe asseguro, Ministro, que não tenho ideia do que aconteceu com ela, já que o senhor insiste que algo realmente aconteceu, mas se ela chegou a descobrir algo a ponto de precisar se demitir... Com certeza a pessoa tinha muito contato com ela. – Draco disse e suspirou, satisfeito com o jeito que havia dado suas dicas.

Kingsley o encarou inexpressivo por alguns instantes, mas então Draco viu um leve brilho passar pelos olhos castanhos do Ministro e soube que havia conseguido colocar coisas na cabeça dele e de que seria suficiente.

— Vou ter isso em mente. – Kingsley disse, ficou de pé e Draco fez o mesmo – Obrigada pelo seu tempo, Draco.

— Quando precisar, Ministro. – Draco cumprimentou o homem e o acompanhou até a porta.

— Malfoy? – o Ministro parou na porta e se virou para encarar Draco, que estava com as sobrancelhas arqueadas, esperando – Você e Hermione realmente ficaram juntos?

Draco franziu o cenho, confuso com a pergunta repentina.

— Sim, senhor. Por alguns meses. – respondeu.

Kingsley deu uma risada irônica.

— Tão inteligente para umas coisas, para outras... Nem tanto. – ele disse e, ainda rindo, saiu da sala de Draco.

Draco fechou a porta se sentindo minimamente ofendido, mas isso não estragaria seu dia, afinal, ele havia sido um esplêndido ator.

 

 

O centro de produção de Dublin era o maior produtor de ingredientes para poções de todo o continente europeu. E pertencia à Draco.

O centro já era muito grande quando seu pai comandava as Empresas Malfoy, mas foi Draco que trouxe as melhorias necessárias e que conseguiu novos contratos, apesar do que o sobrenome Malfoy começou a representar após a guerra – um traidor do Lorde para alguns e um herói de guerra para outros. Draco não se importava tanto com o que as pessoas agora falavam sobre ele ou sobre a transformação que ele trouxe para a história de sua família; ele só se importava com a grandeza que ele expirava e, quanto a isso, não havia uma única alma que discordasse.

O roubo ao centro de produção de Dublin havia sido há alguns dias e Draco já havia reforçado os feitiços de proteção com os mais complexos que tinha conhecimento, mas, mesmo assim, continuava indo até o centro todos os dias em algum horário que estivesse livre para supervisionar tudo, para tentar garantir a segurança máxima após sua falha. No dia de hoje, durante todos os minutos de sua visita de supervisão, seu braço esquerdo queimava – o local da Marca ardia como brasa.

Draco ficou supervisionando a produção, acompanhado pelos dois gerentes locais – dois homens que realmente queriam agradá-lo depois do roubo, já que um deles é que havia deixado os ladrões entrarem pois estava sob ameaça, e por isso não paravam de conversar com Draco e falar dos pontos de melhoria do lugar e de como estavam felizes trabalhando ali, logo, Draco esteve acompanhado durante todo o tempo, então não pode olhar o que acontecia em seu braço.

Já estava entardecendo, o sol se pondo era visível através das grandes janelas francesas da sala de reuniões, quando os gerentes pediram licença à Draco para irem dispensar os funcionários e Draco assentiu rapidamente e assim que os homens saíram da sala e o deixaram sozinho, ele tirou o blazer desajeitadamente e subiu a manga esquerda da camisa, o braço já completamente dormente a essa altura.

Draco encarou seu antebraço e não parecia nada bom. A pele estava toda vermelha e as bolhas de sangue haviam estourado, o sangue preto pingava de seu braço de uma forma assustadora. A Marca Negra estava com as bordas do desenho escuras e saltadas e em seu interior, que ainda havia algumas poucas manchas pretas – já que a poção que Hermione havia feito e eles haviam usado no dia anterior havia conseguido desfazer o avanço dos Comensais -, a pele estava ainda mais vermelha e arranhada, alguns cortes que a própria pele havia aberto, o sangue preto vazando.

Draco olhou ao redor, procurando algo que pudesse usar para tentar parar o vazamento de sangue, mas a única coisa que encontrou foi uma pilha de pergaminhos novos sobre a mesa de reuniões. Ele pegou um dos pergaminhos da pilha e o apertou sobre o antebraço para tentar impedir que mais sangue saísse de seu braço, mas assim que fez pressão sobre a pele, uma queimação percorreu o caminho de seu braço até o seu pescoço e então desceu, percorrendo o restante do corpo – a dor foi tanta e tão repentina que Draco se desequilibrou, batendo as costas na janela.

A queimação passou rapidamente, mas, de repente, o corpo todo de Draco estava dolorido, como se ele houvesse caído de sua vassoura por dez metros e aterrissado em concreto. Draco jogou o pergaminho fora – o braço parando de espirrar sangue por alguns segundos – e então vestiu seu blazer novamente e saiu da sala.

Algo estava muito errado. Seu corpo todo doía agora, uma dor estranha. Os Comensais estavam fazendo algo, a Marca estava passando por alguma coisa – uma coisa muito dolorida, diga-se de passagem.

Draco ignorou o gerente chamando seu nome ao sair da sala e apenas seguiu a passos firmes até a saída do centro e então, do lado de fora, aparatou. Desaparatou no jardim de casa e então seu joelho cedeu e ele caiu no chão, de repente se sentindo fraco demais para manter-se de pé ou fazer qualquer outro movimento.

Ele respirou fundo e sentiu uma queimação em seus pulmões, mas conseguiu se concentrar o suficiente para ficar de pé e cambalear até as portas de vidro da sala de estar da sua casa. Abriu uma delas, entrou e seus joelhos cambalearam outra vez e Draco caiu no chão, batendo com o lado direito do rosto contra a madeira do piso.

Draco respirou fundo outra vez e conseguiu forçar seu corpo a se levantar, enquanto se apoiava nas costas do sofá.

— Hermione! – ele gritou, torcendo para que ela estivesse no andar de cima e conseguisse escutá-lo. – HERMIONE!

Draco continuou se movendo usando o braço direito como apoio, porque não sentia mais seu braço esquerdo aquela altura.

— Draco? – Hermione apareceu no hall de entrada e, assim que o viu, seus olhos se arregalaram e ela se aproximou, passando o braço dele ao redor de seu pescoço, tentando segurar o peso do corpo de Draco – O que houve?

Draco negou com a cabeça lentamente, se sentindo fraco demais até mesmo para falar. Então sua visão ficou escura e ele caiu.

Draco abriu os olhos devagar e uma luz forte fez suas pupilas doerem e ele piscou várias vezes até se acostumar com a claridade, então olhou ao redor – estava em um pequeno quarto de paredes brancas com duas grandes janelas bem na frente da maca em que ele estava deitado... Maca?

Draco se sentou na cama de uma só vez, mas se arrependeu no mesmo instante, porque foi tomado por uma tontura forte e sua visão se escureceu novamente. Draco piscou várias vezes até sua visão retomar o foco e então viu o símbolo de uma varinha cruzada com um osso pintado no centro da porta fechada a sua direita: estava em um quarto no St. Mungus, agora era óbvio. Hermione dormia encolhida em uma poltrona que estava a sua esquerda, bem ao lado da cama, os cabelos castanhos emaranhados preso no topo de sua cabeça e o blazer preto do terno de Draco estava sobre ela, a cobrindo do frio. Draco sentiu todo o seu corpo dolorido, até mesmo respirar doía como nunca.

Ele olhou para seu antebraço esquerdo e a Marca Negra estava toda tampada embaixo de uma pomada esverdeada, mas suas veias que subiam da área do símbolo até próximo da região de seu bíceps estavam dilatadas e preenchidas de sangue negro.

Draco tentou se mover para sair da cama, mas seu corpo pesava.

— Hermione. – ele chamou, a voz rouca. – Ei.

Hermione deu um longo suspiro, ainda dormindo, então se mexeu um pouco e abriu os olhos devagar. Quando sua visão se focou em Draco, os olhos âmbar se arregalaram e ela pulou em cima de Draco, abraçando-o forte.

— Por Merlin! Você me matou de susto! Está se sentindo bem? – Hermione perguntou tudo de uma só vez, então se afastou, segurou o rosto de Draco e o beijou.

Quando se afastaram, Draco notou que os olhos dela estavam marejados e se sentiu mal por causar isso a ela, então puxou Hermione para outro abraço, apesar de todos os seus músculos parecerem pedra e de o quanto ela o apertava fazer tudo em seu corpo doer.  

— Está tudo bem... – Draco falou, passando as mãos carinhosamente pelo cabelo embolado dela – O que aconteceu? Por que estamos no St. Mungus?

— Por que estamos no St. Mungus?! – Hermione se afastou, parecendo indignada – Draco, você chegou em casa pálido! Estava suando frio, não conseguia parar em pé e desmaiou nos meus braços! Então, quando olhei para a Marca... Você estava perdendo sangue, estava com pus... Eu não sabia o que fazer! Ou eu te trazia para cá ou você morria no chão da sua sala!

Draco suspirou, mas assentiu, sabendo que Hermione tinha razão.

— E alguém nos viu?

— Você realmente não está nem um pouco preocupado com si mesmo?

— Não muito. – ele deu de ombros levemente.

Hermione lhe deu um tapa no ombro e Draco se encolheu.

— Desculpe. – Hermione falou rapidamente – Só Simas nos viu. Simas Finnigan, da Grifinória. Ele é um medibruxo aqui. Quando cheguei eles estavam trocando de expediente então não havia muitas pessoas aqui, só encontrei com ele no saguão. Ele nos trouxe para cá e cuidou do seu braço e eu expliquei que tudo precisava ficar em segredo então ele nem mesmo fez um prontuário com seu nome. Mas... Eu tive que explicar que seu sangue na região da Marca é envenenado.

— Então ele viu que a Marca está de volta.

— Sim, mas não quis saber muito sobre. Disse que confia em mim. – Hermione engoliu em seco - Mas eu tenho outra notícia...Não tão boa.

Draco suspirou, já esperando por isso.

— O que está acontecendo com a Marca agora?

Hermione mordeu o lábio inferior alguns segundos, parecendo nervosa, então respirou fundo e encarou Draco, algumas poucas lágrimas ainda acumuladas em seus olhos.

— Se lembra de quando lemos o diário com as instruções de Voldemort? – perguntou, olhando para ele e Draco assentiu – Ele deixava claro que retirar o sangue da Marca para enfraquecê-la iria causar efeitos colaterais. Eu acho que... Ontem tivemos um avanço com aquela poção, ela realmente conseguiu reverter os avanços que os Comensais fizeram, então enfraqueceram a Marca.

— E o que aconteceu comigo foi um efeito colateral.

Hermione engoliu em seco outra vez, realmente tensa.

— Mais do que isso. – continuou ela – Efeitos colaterais acontecem se você enfraquece a Marca, agora se você tenta desfazê-la, como fizemos ontem... – Hermione apontou para as veias saltadas de Draco – Isso... Isso é o veneno se espalhando pelo seu corpo. Lentamente, porque a Marca não está forte o bastante. Provavelmente é o jeito que Voldemort encontrou para que seus Comensais não tentassem desfazer o controle que ele mantinha... O veneno está se espalhando e indo para o seu coração, para... Para matá-lo.

Draco, no primeiro momento, apenas piscou. Voldemort realmente não brincava quando o assunto era ter certeza de que as pessoas se submeteriam a ele: qualquer chance de tentarem desfazer o controle que ele tinha resultaria em uma coisa que, ironicamente, só mostrava o quanto ele realmente tinha controle sobre os Comensais – resultaria em morte.

E agora ali estava ele, tentando fazer algo bom, tentando livrar o mundo e todas as pessoas de qualquer ligação ainda existente com Voldemort e o que ele ganhava? Sua morte iminente. A cada segundo aquele veneno se espalhava mais a caminho de seu coração e tudo isso porque ele tentava fazer algo bom. Que ironia.

— Então se continuarmos tentando acabar com a Marca o veneno vai se espalhar mais pelo meu corpo? – Draco perguntou, olhando para a veia saltada em seu braço.

— Sim. – Hermione respondeu, a voz baixa.

Draco apenas assentiu.

Eles ficaram em silêncio alguns segundos, Draco ainda assimilando a notícia.

— Podemos contar tudo a Kingsley. – Hermione falou de repente – Explicamos tudo para ele, começamos a trabalhar com mais pessoas. Podemos usar outro Comensal de cobaia e...

— E matar outras pessoas até conseguirmos um resultado? São Comensais, Hermione, mas são seres humanos e um deles é meu pai. Ele é um canalha, mas não o quero morto.

Hermione suspirou.

— Eu sei, Draco. Não quis dizer isso, eu só... Eu não quero que você morra.

Draco a encarou, mas Hermione não olhava para ele – os olhos âmbar estavam fixos no chão e as mãos dela seguravam o blazer dele, retorcendo o tecido nervosamente.

— Não vou morrer. – Draco disse, segurando o queixo de Hermione e levantando o rosto dela devagar até seus olhos se focarem nele – Vamos encontrar essa poção rapidamente e acabar com isso antes que esse veneno chegue no meu ombro. Certo? Somos os mais inteligentes afinal de contas.

Hermione deu uma risada fraca e assentiu levemente.

— Se você diz.

Draco a encarou alguns instantes, sentindo um peso crescente em seu peito ao vê-la abatida daquele jeito e então disse:

— Vem aqui.

Draco se ajeitou na cama e puxou Hermione para deitar-se ao seu lado, o que ela fez, se aconchegando a ele e pousando a cabeça em seu peito com um suspiro. Draco a apertou contra ele, sentindo o calor de Hermione e ignorando completamente a dor em seu corpo ao se mover daquele jeito. Deitou seu rosto sobre a cabeça dela e respirou fundo, o cheiro de lavanda de Hermione praticamente lavando sua alma ao ser inalado.

Podia ficar daquele jeito para todo sempre e queria que isso fosse possível.

Não queria estar beirando a morte justamente agora que a tinha de volta.

Maldito Voldemort.


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Notas finais do capítulo

vou deixar as palavras pra vcs....

mais uma vez, muito obrigada pelo apoio de vcs!! ♥

um beijo e até mais :)



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