It's a Match! escrita por mandy


Capítulo 6
Bola fora


Notas iniciais do capítulo

Começo o capítulo de hoje pedindo desculpa aos leitores pelo atraso do Capítulo. Motivo: gripe. Cá está, um dia depois. Espero que aproveitem.



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Eu passei quase todo o domingo conversando com Regulus, intercalando com a leitura de Simon. Era estranho perceber, depois de um tempo, que a nossa conversa era fluida, e que tínhamos alguns gostos em comum, apesar de sermos visivelmente diferentes: Gostávamos de videogame os dois, mas enquanto ele ficava metido o dia todo no quarto, vidrado na TV de muitas polegadas e trocando os jogos do Playstation como quem troca de cueca, eu, quando não me aproveitando do aparelho na casa de James, o fazia pelo celular; Aventuras Galácticas também era um gosto comum, mas naquele quesito eu tinha vantagem, porque Regulus nunca assistira Star Wars no cinema enquanto eu, desde 2005, acompanhava a todos os lançamentos; Outras coisas peculiares, como HQs e desenhos animados para crianças crescidas, no estilo Adventure Time.

 

LUCI: Pois está decidido. Você é a Princesa Jujuba e eu sou a Marceline.

 

REGULUS: A gente não pode ser, sei lá, Finn e Jujuba?

 

LUCI: Não (:

 

Havia também os gostos que não se encaixavam, de forma alguma. Como a Química. E folk. Afinal, que adolescente era tão engomadinho a ponto de ouvir música instrumental por gosto e não por obrigação? Mas Regulus me garantiu que Beirut era uma ótima banda e, se eu gostasse, ele poderia me sugerir outras. Preconceituoso, me neguei a procurar no entanto, mas prometi que um dia o faria.

No começo da noite, pouco antes do jantar, eu já estava quase na metade do livro. Era inevitável pensar, no meio daquela casualidade, os porquês de um adolescente gay não se assumir perante a família, perante a sociedade. O porquê de Regulus não se assumir. Claro, eu não sabia se ele era gay, ou bissexual que fosse – até porque não havia qualquer indício em nossas conversas. Mas, se supostamente fosse, Walburga e Orion Black nunca aceitariam.

Me lembro de tê-los visto pouquíssimas vezes na vida, nas reuniões do colégio. Quase sempre era Walburga quem estava presente, Orion somente comparecia quando Sirius havia aprontado algo muito grave – como pichar as paredes da escola. E mesmo Sirius, que era o mais rebelde dos filhos, tremia ao lado deles, mesmo quando ainda ousava resmungar um palavrão e outro, tentando argumentar em sua própria defesa. Regulus, no entanto, eu mal via respirar. Não que eu tivesse permissão para estar na sala de aula do segundo ano, a série em que o Black mais novo estudava, mas eu podia ver o quão tenso ele caminhava ao lado dos pais, postura perfeita, cabeça baixa. Além do mais, haviam as coisas que Sirius contava para a gente, coisas absurdas!

A prima Andrômeda, por exemplo, fora expulsa de casa ao se envolver com um rapaz que não estava “nos padrões financeiros familiares” enquanto a outra, Bellatrix, ao que tudo indicava, teve um casamento arranjado. Em pleno século XXI, alguém havia se casado por obrigação de manter a casta! Era cruel. Mas ninguém nunca questionava.

Por essas e outras, eu tinha plena certeza de que, se Regulus fosse gay, a família nunca o aceitaria.

Quando acordei na segunda, percebi no espelho o nariz descascando. Se o rosto estava assim, as costas estavam piores... Mas nada muito diferente dos meus amigos então era bom que, mesmo sem usar a piscina, nos melecássemos de protetor solar.

Tínhamos o dia programado. Uma manhã livre, com área aberta da piscina, para que alguns membros do acampamento pudessem limpar as nossas cabanas, ensinando zero disciplina para garotos que, futuramente, pagariam outras pessoas para que executassem trabalhos simples. E, depois do almoço, o acampamento daria início ao campeonato das equipes: Queimada.

— Isso vai ser um banho de sangue – James comentou enquanto balançava a cabeça numa negativa.

O jogo consistia basicamente na presença de dois times em campos e uma bola. O objetivo era queimar o adversário, ou seja, acertar a bola. Quem fosse queimado saía do jogo. No final, o time com mais queimadas ganhava a partida. Como cada equipe organizada tinha sete jogadores, o que era pouco, seriam dois jogos a definirem a vitória e, em caso de empate, um terceiro jogo.

Almoçamos e, um tempo depois, partimos para o campo aberto em frente ao refeitório. Os monitores fizeram, antes, o sorteio das equipes que iriam se desafiar primeiro e, para a graça da minha equipe – ou parte dela – éramos Grifinória versus Sonserina. Os primeiros a jogar.

No campo, dava para sentir o clima de rivalidade, mais especificamente entre Severus Snape e os meus melhores amigos. Sirius e James riam debochados, Severus os encarava com a bola na mão. Eu não gostaria de ser o primeiro a sentir o peso daquela bola, mas tão logo os meus olhos desviaram para Regulus Black. Mesmo que sustentasse o mesmo olhar impassível de sempre, espiava o irmão e qualquer observador saberia que o clima de tensão seria ainda mais denso durante aquela partida.

E quando a monitora da Lufa-Lufa apitou, Snape não hesitou em jogar a bola na direção de James, que se esquivou com destreza. Eu, que particularmente preferia não estar ali e que, até o momento, achava que quanto mais rápido fosse queimado, melhor, me coloquei atento os movimentos dos adversários. Sirius e James conversavam entre si, mesmo sem palavras, trocando saques com a bola para tentar atingir os membros de Sonserina, mas foi Marlene a primeira quem o fez. Quando acertou a bola em Narcissa Black a comoção veio de Grifinória e de quem nos assistia de fora.

Seis jogadores contra sete e a partida recomeçava com Sonserina mais empenhada do que antes. Eu me empenhava somente na esquiva, quase nunca tocava na bola e, quando o fazia, usava a lógica para acertar quem imaginava ser o mais fraco, mas depois de três queimadas – Mary e Peter, que eram nossos, e Greengrass, a garota pequena da Sonserina – eu logo era acertado por Avery. Agradeceria com sinceridade se não houvesse doído tanto, mas o resto da partida assisti fora do campo.

Marlene era tão boa jogadora quanto Sirius e James e juntos eles atiravam bolas quase certeiras. Lily era boa em se abaixar e encolher e tinha o bônus de que Severus nem mesmo tentava lhe acertar, o que Marlene usou a seu favor para eliminá-lo. Foi James quem eliminou Avery e Zabini, até que restasse somente Regulus no campo e eu precisasse me curvar, apoiando ambos os braços nos joelhos, para observar melhor. Ele era bom. Quase impossível quando, sozinho em campo, ficar com a posse da bola e ele ainda assim o fez, eliminando Lily quando teve a oportunidade. Em seus lábios eu pude ler um pedido de desculpas discreto, mas o jogo então continuou, até que Sirius o acertasse enfim.

E Grifinória levou o primeiro tempo de jogo.

No meio tempo que tivemos para respirar, observei os meus amigos se baterem as mãos, comemorando entre si, mas eu não achava que comemorar tão cedo era mesmo uma boa ideia. Do outro lado, Snape soltava fogo pelas ventas. Até Narcissa parecia ansiosa por uma revanche, cedendo ao calor sobre as nossas cabeças e fazendo um nó na regata em que vestia, deixando a barriga exposta.

Regulus estava vermelho, e eu não tinha certeza se era somente pelo esforço da partida. E claro, Bartemius estava ao seu lado, com a mão apoiada em seu ombro enquanto falava coisas que de longe eu não podia entender. E Regulus não respondia nada, mas dava para observar a tensão em seu maxilar.

E quando voltamos ao campo eu quase podia ver alvos desenhados na testa de Sirius, James e Marlene. Era uma tática mais inteligente do que a que eu havia pensado: acertar o mais fortes primeiro. Depois ficava mais fácil massacrar os mais fracos, ter a possibilidade de uma vitória definitiva.

A bola era nossa quando o apito soou. Desta vez, Greengrass foi a primeira a ser eliminada do time adversário. E depois disso foi bem complicado ter a posse da bola. Quando Avery acertou Lily Evans, eu vi Snape quase explodir com o companheiro que, com um riso sarcástico, fez sinal para que prosseguíssemos e James foi mais eficiente em sua fúria quando acertou o mesmo Avery minutos depois, sem conter a piscadela para Lily.

Mas Regulus continuava sendo o astro da Sonserina. Primeiro, queimou Mary. E depois, numa jogada que secretamente achei brilhante, eliminou James Potter. E então o jogo se tornou pessoal. Não éramos mais os marotos contra Severus Snape, mas Sirius Black contra Regulus Black. Infelizmente eu não pude sair do caminho a tempo.

Foi uma jogada muito rápida. Num segundo Peter tinha a posse da bola e, antes que pudesse arremessá-la para queimar Narcissa, teve a bola tirada por Regulus. E, sem que eu pudesse calcular seus movimentos, arremessou alto na direção de Sirius, poucos passos atrás de mim. A única coisa que pude ver foi um vulto negro vindo em minha direção e, segundos depois, mais nada, somente uma dor excruciante entre os olhos que me fez curvar enquanto levava ambas as mãos até o nariz. E então, o som do apito.

— Porra, Regulus, que merda! – ouvia Sirius gritando muito próximo ainda, enquanto alguém me segurava pelos ombros.

Quando novamente ergui o rosto foi para sentir o gosto de ferrugem na boca.

— Você tá bem? – Marlene questionava, fazendo careta ao observar o meu nariz que sangrava.

— Tô legal – respondia com a voz anasalada, o que não bem uma verdade.

— Isso vale como uma queimada! – Snape também se aproximava, um riso tomando os seus lábios.

— E eu tenho uma jogada que equivale a uma porrada! – Sirius rebatia, indo para cima enquanto a monitora da Grifinória se metia na frente, afastando a ambos.

McGonagall levou uma das mãos ao meu rosto então, erguendo-o contra o sol e me fazendo fechar os olhos por um tempo, enquanto era examinado ali, em meio a uma roda de preocupados e curiosos.

— McGonagall – Slughorn abria espaço por entre os demais alunos, a respiração funda de quem havia corrido até ali – Tenho certeza que o jovem Black não fez por mal. O calor do jogo deixa os ânimos afoitos.

— Ah, eu tenho certeza que o Sr. Black fez por mal sim! – exclamou Sirius por entre dentes.

— Silêncio – a monitora de minha equipe bradou, somente assim afastando as mãos de meu rosto, enquanto o meu nariz continuava a sangrar – Srta. Evans, pode levar o Sr. Lupin a enfermaria, por favor? Sabe onde fica?

— Claro! – prontificou-se Lily, me segurando pelos ombros em seguida – Vem.

— E quanto ao Sr. Black, eu acredito que ele possa falar por si só… – e, buscando-o com os olhos em meio à multidão, fez sinal para que lhe acompanhasse assim que o encontrara.

Enquanto Lily me guiava por entre os alunos curiosos, seguida dos meus melhores amigos logo atrás, eu igualmente procurei a Regulus por entre os demais. Quando finalmente o encontrei foi para observar um jovem com expressão fechada e punhos cerrados, seguindo a alguns metros da monitora McGonagall. Quando os nossos olhos se encontraram, no então, eu percebi um leve vacilar de passos. Os lábios se contraíram e, no momento seguinte, os olhos desviaram dos meus.

A enfermaria era uma sala pequena atrás do que parecia ser um escritório, próximo ao refeitório. Eu não tive notícias do que acontecia no campo ou acerca, se os jogos continuariam, quem levaria os pontos da primeira competição. Os meus amigos todos ficaram para fora, com exceção a Lily que fora mandada por McGonagall, então ela acompanhou tudo o que fazia funcionária encarregada de cuidar de mim, desde a limpeza cuidadosa e drenagem do sangue restante na parte interna do nariz até os dedos habilidosos da enfermeira quando apalpava a região. Os meus olhos automaticamente se enchiam d’água, mas eu mantinha os lábios pressionados, tentando aguentar a dor que me fazia cravar os dentes uns contra os outros.

— Acredito que não tenha sido nada, Sr. Lupin, mas saberemos em aproximadamente quatro ou cinco dias, quando o inchaço passar – me explicava depois que eu tinha autorização para me levantar da maca – Enquanto isso, gelo. Por quinze minutos, pelos menos três vezes por dia. A Srta. Evans pode conseguir com as moças da cozinha para o senhor.

— Claro – Lily concordava uma vez mais.

— Vou lhe dar um comprimido agora para anestesiar a dor e outros para que tome de doze em doze horas. Tem alguma alergia que eu deva saber? – E, quando eu negava, ela prosseguia, abrindo minha mão e colocando na palma um comprimido branco e pequeno, entregando-me um copo de água na sequência – Este aqui pode te dar um pouco de sono. Vou prescrever uma autorização para jantar em seu quarto, caso o perca a hora. Tem alguma dúvida? Alguma coisa que queira perguntar?

Quanto tempo demorava para fazer efeito? Eu não aguentava mais os meus olhos lacrimejando e tinha medo até de respirar, o ar podia fazer doer ainda mais o nariz. Mas, devagar, neguei com a cabeça de novo. Tomei o comprimido e peguei uma outra cartela, deixando a enfermaria junto de Lily. No caminho a convenci de que ela poderia ir até a cozinha, já que eu não desmaiaria antes de chegar ao meu quarto. Deixaria a porta encostada para quando ela me trouxesse o gelo, apesar de achar que estava abusando da garota ruiva quando os meus amigos tinham a obrigação de me esperarem na porta.

Exageros à parte, me joguei na cama assim que adentrei o quarto. Estava limpo, bem organizado, cada mala em um canto distinto apesar de não estarem próximas as camas certas, mas eram detalhes. Quando Lily apareceu com um culler de gelo, já tinha um pequeno saco em mãos, o qual me entregou na sequência. A sensação primária era quase de alívio e, enquanto eu me deixava anestesiar, ela caminhava pelo quarto.

— Deixa eu adivinhar: James e Sirius dormem na cama de cima. Eles não parecem que aceitariam ficar por baixo, mesmo isso sendo de uma estupidez sem tamanho.

Em resposta, eu apenas ria de forma anasalada. Ela continuou… Eu tinha a impressão de que se Lily aparecesse ali, antes da limpeza, também não estaria surpresa com o estado da cama dos meninos. A minha também não era naturalmente a mais arrumada, mas naquela manhã específica eu não quis dar trabalho a quem quer que fosse organizar nossa cabana.

— Você está lendo Simon? É um livro muito gostoso! – erguia os olhos e ela estava diante da penteadeira central, segurando o meu livro em mãos – Mas eles estragaram demais o filme.

— Todo livro é melhor que o filme… – balbuciei, fechando os olhos logo depois.

— Ah, As Vantagens de Ser Invisível é um bom filme…

— Meu deus, o quão amiga do Regulus você é? – Deixei escapar, só me dando conta depois do quanto aquilo poderia me entregar.

Talvez o remédio começasse a fazer efeito.

Lily se sentou na cama ao meu lado então, respirando fundo uma vez.

— Sabe que ele não fez de propósito, não é?!

— Não… ele queria acertar o Sirius, mas errou a mira. Seria ruim também se ele tivesse acertado.

— Eles têm uma relação conturbada, não é?!

— Você não tem ideia…

Eu me lembrava, nos primeiros anos, de como Sirius falava do irmão mais novo. Primeiro era apenas uma implicância que eu achava ser normal entre irmãos, apesar de não ter nenhum, mas na medida em que os dois iam crescendo a rivalidade ia aumentando. Até que Regulus se tornasse o queridinho da mamãe. Não era ciúmes de Sirius, ele não fazia questão sequer de tentar agradar os pais enquanto Regulus era o completo oposto. Talvez ele se sentisse um pouco incomodado, afinal, ele não era o irmão-heroi que antes fora para Regulus… Os dois eram apenas rivais.

— Você tá morrendo de sono. Não é?!

Eu nem percebia, mas os olhos estavam pesados. O gelo começava a queimar o nariz, doía de uma forma diferente de antes, mas eu sabia que fazia parte do processo. Perdia a noção do tempo que estava ali, mas tinha a impressão de que era uma eternidade.

— Eu vou ficar até você terminar com a bolsa de gelo aí. Então você descansa, sim?!

Concordei uma vez mais, voltando a fechar os olhos. O que me lembro depois disso era a sensação de queimação se dissipando quando o gelo fora tirado do nariz e, então, o barulho da porta se fechando.

E logo depois, ouvia novamente a porta.

Demorei a ordenar os pensamentos e me situar no tempo e no espaço. Sentia uma dor incômoda na cabeça, entre os olhos e temia mesmo respirar muito fundo. Então, de novo, batidas na porta… Imaginei que não fossem os meus amigos, a porta não estava trancada e, mesmo se estivesse, eles muito provavelmente estariam fazendo algum escarcéu do lado de fora. Talvez Lily houvesse se esquecido de alguma coisa, porque pareciam ter se passado somente alguns minutos desde que fora embora. Talvez algum monitor quisesse saber como eu estava.

Me arrastei para fora da cama assim, sentindo a sonolência causada pelo remédio ainda sob efeito em meu corpo. E qual não foi a minha surpresa ao me deparar com Regulus Black, parado do lado de fora. Com a cabeça baixa, ele erguia somente os olhos e diante de sua profundidade, eu sentia o peito disparar. Num momento de delírio eu imaginei que havia sido descoberto… Que ele sabia de Luci, que talvez a bola era mesmo para ter me acertado e agora ele estava ali para terminar o que havia começado. Mas não tinha como ele saber. Certo?!

Já era noite, a maioria das luzes nas cabanas estava apagada, mas como meus amigos não estavam no quarto, imaginei que fosse a hora do jantar. Regulus já não vestia mais as roupas de jogo e eu poderia apostar que ele havia acabado de tomar banho e não pretendia mais sair da cama, visto as roupas confortáveis que vestia. Tinha os cabelos tão pretos quanto os de Sirius, um pouco úmidos.

— Hum… – ele comprimiu os lábios por um momento, desviando os olhos em seguida – Boa noite. Eu só… queria saber como estava. E se precisa de alguma coisa.

Mantive o silêncio por um tempo, avaliando a situação. Eu poderia simplesmente fechar a porta e voltar para dentro do quarto. Poderia brigar com ele, porque ele havia me acertado a porra de uma bola. E, ao invés disso, me mantive parado ali, a cabeça latejando, os olhos pesados e o corpo leve demais, recostado no batente da porta.

— Estou bem… – menti.

— Que bom…

Silêncio. Desta vez era eu quem desviava os olhos quando os dele, analíticos, recaiam sobre o meu nariz descascado e coberto por um curativo. De esguelha, pude observá-lo mordendo o lábio inferior.

— Eu também queria me desculpar – Regulus continuou – Não era pra acertar você, era pra…

— Acertar o Sirius – completei, o riso nervoso preso na garganta.

— É que você é um pouco alto… – pude perceber uma breve careta em seu rosto, mas a minha certamente fora mais expressiva naquele contexto.

Eu era, de fato, mais alto do que os meus amigos. Mais do que Regulus, e aquilo não tinha nada a ver com o ano que nos diferenciava em idades. Na maioria das vezes eu gostava de ser alto, mas naquele momento eu me deixava nervoso o fato. Bem, eu havia sido acertado por uma bola e a justificativa dele era o meu tamanho.

— Qual foi o resultado do jogo? – Tratei de mudar o assunto rapidamente.

— Foi suspenso. Aquilo não valeu, deveras, como uma queimada… – encolhia os ombros na sequência, levando ambas as mãos aos bolsos da calça de moletom – E todos os jogadores restantes da Grifinória pareciam estar dispostos a matar os outros da Sonserina, e ninguém queria transformar a Queimada num campo de batalha…

— Você se encrencou muito? Por causa… disso? – apontava para o nariz então, desencostando da porta, tentando manter os meus olhos abertos.

Regulus balançou a cabeça numa negativa então.

— Eles entenderam que não foi a minha intenção…

— Não foi? – arqueava as sobrancelhas em seguida com ares de quase riso.

— Não foi a minha intenção acertar você— defendeu-se.

Concordei uma vez então, voltando a me recostar no batente da porta.

— Da próxima vez tenta não acertar alguém…

— Era o objetivo do jogo.

— Não tão forte— especificava.

Regulus concordava também. E por um tempo mais ficávamos em silêncio. Ali eu constatava o que eu já sabia há um tempo: era muito mais fácil conversar pelo celular. O que Luci diria num momento como aquele? E o que ele diria para ela? De repente em via ansioso para pegar o celular. Não existiam silêncios constrangedores nos celulares.

— Então… Eu vou indo – ele também percebera. – Não hesite em me procurar se precisar de alguma coisa. Certo?!

— Certo – respondia de modo quase convincente, mas aquilo não aconteceria de fato.

— Certo. Boa noite, Remus Lupin…

— Boa noite, Regulus Black…


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Notas finais do capítulo

Aos que estavam aguardando: interação! Quero dizer, tecnicamente rsrs
Espero que tenham gostado do capítulo.
Até o próximo, ♥



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