It's a Match! escrita por mandy


Capítulo 17
Regulus Arcturus Black


Notas iniciais do capítulo

Ei, navegadores. Capítulo programado pra vocês.
Aviso: isso aqui vai tá doce, melado, leia com um copo d'água pra não ficar enjoado.



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Me perdi no tempo. E perdi o ar e todos os pensamentos autodestrutivos de outrora. Regulus enfiava os dedos por entre os meus cabelos enquanto me beijava e a única coisa que eu sentia, além da língua áspera que se embolava na minha, era a certeza daquilo, de nós dois juntos ali. E continuamos a nos beijar, até que a boca começasse a ficar dormente, até que a falta de ar fosse tanta que precisássemos nos separar de fato.

E mesmo quando afastávamos os lábios, eu ainda sentia a respiração dele contra a minha. Enquanto ele respirava, eu inspirava fundo, deixando que o riso frouxo se mostrasse como um esboço em minha face e acabando por recostar a testa na dele por um momento.

— Como é que tá se sentindo agora? – ele perguntou com a voz baixa e, mesmo com os olhos fechados, eu sentia os dele sobre mim.

Analisando todo o contexto, eu estava bem. Realmente muito bem, o que havia para se preocupar, afinal de contas? Estávamos sozinhos, ambos envolvidos com o beijo recém terminado, ainda próximos. Ninguém saía correndo. Assim, sem saber como esboçar tudo em palavras, eu apenas concordei uma vez com a cabeça, espalmando a mão em seu rosto, deslizando o polegar lentamente em sua face.

E, um tempo depois, nos afastamos um pouco mais. Só então, quando voltava a me sentar com alguma postura, sem mais a necessidade de girar o tronco para beijar Regulus ao meu lado, eu sentia os músculos doerem. Não importava. Recostei a cabeça na árvore e suspirei, mantendo o silêncio por um tempo mais, quebrado somente pelas vozes longínquas dos que estavam no centro do acampamento externo.

Logo, a minha pergunta veio automática.

— Então. Você é gay?

Regulus voltou os olhos para mim, me observando com as sobrancelhas arqueadas.

— Isso tem relevância agora? – Questionou e repentinamente me sentindo envergonhado, eu neguei.

Por um tempo mais voltamos ao silêncio. E eu não sabia se era assim que as relações em desenvolvimento funcionavam. Não que eu buscasse grandes expectativas depois de um beijo. Era como estar se conhecendo. Primeiro as bocas e as línguas. Daí aquelas conversas mal introduzidas. Eu não sabia quanto tempo demoraria até estarmos agindo já com naturalidade. Talvez não acontecesse. Não aconteceu com a maioria dos meus relacionamentos, com exceção à Dorcas, já há tanto tempo que eu nem me lembrava do nosso desenvolvimento.

Ele, no entanto, deu prosseguimento ao tópico:

— Eu me fiz essa pergunta por muito tempo – voltava a olhar para o nada no horizonte – E ao mesmo tempo em que me perguntava, eu fugia das respostas. Acontece que, de todas as garotas que me aproximei, eu não consegui ver nada muito além da amizade, nunca uma atração de fato. Então eu fiquei com uma menina e me senti meio ridículo. Entendi que não tinha nada a ver com atração, era mais como uma... obrigação.

Em partes, eu entendia.

Entendia principalmente os questionamentos constantes, e eu mesmo só me havia visto no meio deles há pouquíssimo tempo. Uma vida inteira teria me levaria à loucura, sem sombra de dúvida.

— Pensa – prosseguiu – um adolescente de treze anos que nunca beijou ninguém e quando pensa no assunto se vê beijando um garoto? – Bufou entre risos, balançado a cabeça numa negativa – E ainda assim, aos quinze, eu busco respostas. E ignoro todas elas com maestria, buscando a que mais se encaixe na minha realidade.

Por isso a busca por garotas no Tinder.

Regulus não precisou concluir a sua linha de raciocínio. Tão logo eu imaginava o quão de cabeça para baixo estaria a sua vida se ele, de repente, assumisse a sexualidade para os pais. Seriam dois adolescentes oprimidos numa família moralista. E violenta.

Tentei me concentrar no que Sirius havia dito mais cedo: Regulus sabe jogar o jogo. Eu precisei pensar que sim no momento.

— Eu acho que a única mulher que eu me apaixonei de verdade na vida foi a Princesa Leah, de Star Wars – ele comprimiu os lábios então, ao que eu precisei rir, balançando a cabeça numa negativa. – De resto...

Definitivamente gay.

— E você?

Com a pergunta direcionada para mim, então, eu encolhia os ombros. Porque a única certeza sobre a minha sexualidade, no momento, era a vontade de beijar Regulus.

— Bi? – Ousei dizer, voltando os olhos para ele então – Eu já gostei de garotas. De garotas além das personagens de desenho animado – e ria uma vez mais, respirando fundo uma vez – Eu não tenho certeza. Mas também não quero compactuar com o estereótipo de que bissexuais são indecisos, eu não gosto nada, nada dessa incerteza...

— Eu acho que pra gente se descobrir a gente precisa experimentar primeiro.

Concordava uma vez, mas tão logo me via fazendo uma careta, com riso contido e, de novo, recebia aquele olhar de sobrancelhas arqueadas.

— É que eu acho que eu deveria experimentar um pouco mais...

— Como assim? – Regulus pareceu confuso por um momento.

E percebendo que a minha sentença poderia ter vários sentidos como experimentar beijar mais garotos, o que absolutamente não era o que eu queria dizer, eu neguei com a cabeça. Eu queria experimentar mais dele. Como é que eu diria, com todas as palavras, sem parecer patético? Fechei os olhos para ver se me ajudava.

— O que eu quis dizer é que eu acho que vou te beijar de novo – tentei.

— Oh! – O ouvia exclamar e precisei rir um pouco mais – Quebramos a barreira constrangimento.

Balancei a cabeça numa negativa assim, voltando a olhar para ele um pouco depois. E a impressão que tive foi de a primeira vez ter sido mais fácil, talvez porque a iniciativa fora dele. Precisei respirar fundo e então me aproximar de fato para beijá-lo.

Eu tinha tendência a ser um grande exagerado, mas naquele momento, passar a noite ali, debaixo de uma árvore, beijando e conversando, parecia o final perfeito para tudo. Não nos deixando cair no mesmo erro de antes, lentamente eu me virava de frente para ele, precisando me sentar sobre os calcanhares para não estarmos numa posição incômoda, Deus me livre parar por causa de dor na coluna. E daquele jeito, depois de ter ele feito o mesmo, eu conseguia tocá-lo não somente no rosto. Havia ainda a nuca, o pescoço, a cintura... Tendo a retribuição de tais toques, eu sentia minha respiração falhar algumas vezes. E ele poderia continuar, se fosse para perder todo o ar em seus lábios, eu me deixaria levar.

Beijar Regulus era muito melhor do que brincar de pique esconde.

Eu já tinha me esquecido da brincadeira. Estávamos completamente alheios à movimentação distante, como se nos beijar e conversar tivesse o poder de criar uma redoma em volta do nosso corpo. E, obviamente, aquilo não era possível. Tecnicamente eu ainda estava no jogo, então não demorou a sermos encontrados.

Percebemos que não estávamos sozinhos quando ouvimos um soluço meio sobressaltado e, por conta disso, nos afastamos de forma quase abrupta, como se estivéssemos mesmo fazendo algo muito errado. E por um momento eu respirei aliviado, porque era só James e Sirius ali. Mas pelo mesmo motivo me via preocupado então, mesmo depois de toda a conversa com os meus amigos.

Ainda entreabri os lábios, tentei argumentar qualquer coisa, mas não consegui falar, nem olhar para Regulus. Diante de situação completamente inusitada, James era a pessoa mais apropriada para intervir:

— A gente só... Ficou preocupado e veio... Procurar – disse como quem tentava encontrar as palavras certas e, em seguida, gesticulou com o polegar para trás – Só que a gente já vai...

— É... – Sirius concordava, mas precisou pigarrear uma vez para que a voz fosse ouvida – Hm... Não voltem tarde... Ou voltem. James, o que eu tenho que dizer?

— Absolutamente nada – James lhe segurou pela camisa assim, o puxando consigo para longe.

E eu os acompanhei com os olhos, até que sumissem de vista. Somente então sentia as marteladas violentas do meu coração, porque por um momento eu acreditei que aquilo pudesse realmente ser um problema. No final das contas, não era.

Ou era?

— Merda – ouvi Regulus resmungando ao meu lado – Merda, merda, merda! – repetia, levando ambas as mãos ao rosto e apertando-as ali, continuando a falar, agora com a voz abafada – Ele vai contar aos meus pais.

— Quem, o Sirius?

— Quem mais poderia Remus Lupin? – Afastou os dedos uns dos outros, olhando para mim por entre aquelas frestas.

Acabei por rir, nervoso, fora de contexto, enquanto balançava a cabeça numa negativa. Antes de falar qualquer coisa, Regulus apoiava ambas as mãos no chão, tomando impulso para se levantar.

— Acho que deveríamos voltar agora...

— O que? Não... – acabava por me levantar igualmente, segurando em sua mão. – O Sirius não vai contar, porque ele contaria?

— Não sei, me responde você. O que leva alguém a ser tão babaca? – Puxava de volta o próprio braço assim, se voltando para mim – O que leva alguém a dar risada quando você leva bronca, quando você fica de castigo às vezes por uma coisa que nem é culpa sua de fato? Calma, calma... tenho outra melhor! Uma vez o Sirius ficou meio doente e teve de ir para o médico. Quando ele voltou, me disse que estava com uma doença terminal Que precisava de repouso para ter uma “morte tranqüila”.

Eu me lembrava daquilo. Lembrava de Sirius contando. Na época era engraçado...

— Eu passei o dia inteiro fazendo as vontades dele, levando comida, até o cabelo do Sirius eu penteei! Pra ele rir no final do dia – Regulus continuou, comprimindo os lábios por um momento – Então, me diz você que é amigo dele: o que leva alguém a ser tão babaca?

— Regulus, isso já faz um tempo... – tentei argumentar, pensando se aquilo era deveras justo, tanto a parte de alimentar uma coisa que acontecera quando os dois eram crianças, quanto ao me intrometer naquilo para defender o Sirius.

— Não me venha você dizer que ele mudou – deu um passo para trás assim, como se eu fosse uma ameaça, armando-se com a cara de todos os dias, de expressão altiva, quase fria – Não me faz me arrepender de você, Remus.

Senti como um balde de água fria em cima de mim.

— Se arrepender de mim? – E automaticamente me colocava na defensiva também – Era eu quem te defendia quando o seu irmão falava alguma merda, mesmo antes de te conhecer!

— Oh, obrigado. Quer um biscoito?

Arqueei as sobrancelhas por conta do sarcasmo contido na frase, me sentindo realmente ofendido. E tão logo eu via cair os ombros de Regulus, relaxado, voltando o rosto para o lado.

— Desculpa, eu... – respirou fundo uma vez – Obrigado. Por defender.

No final das contas, havíamos os dois nos blindado. Eu porque era melhor amigo do Sirius e era o meu dever defendê-lo. Ele porque havia sido ferido pela mesma pessoa. De novo eu entendia que viver em harmonia era uma questão de perspectiva. Eu sabia que Sirius não era mau de verdade. Sabia que Regulus não era nenhum mimado arrogante. Mas isso porque eu podia visualizar ambas as perspectivas e os dois, por outro lado, eram fechados em suas próprias.

O “bônus” era Regulus assustado com a repercussão do beijo.

— Olha – voltei a me aproximar, devagar – Eu realmente não acho que ele vá contar. Mas se te faz sentir melhor, eu posso falar com ele.

Regulus baixou os olhos. E, depois de um tempo em silêncio, comprimiu os lábio, balançando a cabeça numa negativa.

— Fico feliz que ele ouça alguém que não seja apenas ele mesmo – e por mais que a frase fosse áspera, o tom era contido – Você é uma pessoa sensata? De vez em quando em tenho as minhas dúvidas.

— Ei! – Bronqueei, mas logo me sentia mais relaxado. Cruzava os braços numa pose orgulhosa sem qualquer modéstia – Eu sou o mais sensato deste grupo!

— O homem nasce bom em sua essência e a sociedade o corrompe, como diz Rousseau. Já não estaria você corrompido?

— E já não estaria você tão bêbado que está, no meio do nada, filosofando? – Arqueava as sobrancelhas, precisando conter o riso.

E desta forma ele riu também. Balançou a cabeça negativamente e respirou fundo uma vez.

— Acho que eu sou fraco pra esse negócio de bebida – confessou, voltando a olhar para mim em seguida.

— Desse jeito vou ter que te levar pra cama...

— Ah, Remus... – pendeu a cabeça para trás assim, rindo de forma incontida.

Talvez ele estivesse um pouco mais do que tonto.

— Quer mesmo voltar? – Perguntei, não entendendo o motivo do riso.

E, voltando a olhar ao redor, Regulus balançou a cabeça numa negativa. Como eu havia feito antes, ele se aproximou, apoiando ambas as mãos nos meus ombros e a cabeça em meu peito.

— Eu só... Não queria que o Sirius soubesse – disse com a voz abafada, logo voltando os olhos para mim, que continuava mais alto do que ele.

— Eu disse que falo com ele – reiterei o que já tinha dito antes.

Concordando uma vez com a cabeça, ele levou uma das mãos ao meu rosto. Fingi que não prestava atenção na forma como ele ficava na ponta dos pés para me beijar uma vez mais, enlaçando-o pela cintura com um dos braços e o apertando brevemente contra mim. E beijá-lo, de novo, parecia ser a solução de tudo.

De novo nos deixamos perder no tempo. Até que eu não pensasse mais em Sirius ou família Black. Regulus aparentemente também não pensava, ou só queria não pensar enquanto me beijava. O corpo dele estava colado ao meu e, em meio ao som do movimento das nossas línguas, eu conseguia ouvir a respiração carregada dele. A minha automaticamente seguia para o mesmo ritmo e, em algum momento, estávamos encostados na mesma árvore de antes e eu não conseguia sequer me importar com a forma desigual do tronco contra as minhas costas.

E mesmo depois de um tempo cansado de estar de pé, apoiando o meu corpo na árvore enquanto ele se apoiava em mim, eu não me importaria de passar a noite ali com ele. Me perguntava, em silêncio, se sempre fora assim. Se ele também se sentia da mesma forma, se Sirius, quando beijava Marlene, queria passar a madrugada beijando-a, se James sonhava em beijar Lily Evans por longas horas., se quando Mary dormia com Peter era seguindo esta vontade que tinha de ficar com ele o máximo de tempo que tinham. E onde estariam as nossas conversas se somente nos beijássemos o tempo todo? Poderia ser um alívio poder querer beijá-lo apenas. Significava que eu não estava apaixonado. Era bom não estar apaixonado.

Mas eu sentia falta das conversas pelo celular.

De repente Regulus se afastou e, como se ele pudesse ler os meus pensamentos, eu senti falta de ar, assustado. Logo ele explicava o motivo, com a voz muito baixa:

— Tá vindo alguém...

E, segundos depois, a figura imponente de Minerva McGonagall se materializava a frente dos dois, como quem aparece do nada. Eu só podia agradecer, mentalmente, por Regulus estar atento ao que acontecia fora da bolha em que eu havia nos metido.

— O que os dois fazem aqui? – Questionou, observando uma a um de cima para baixo.

— Pique esconde...

— Pique esconde...

Era uma resposta em uníssono que claramente soava estranha, suspeita. Tentei pensar em alguma coisa mais, uma mentira para cobrir a nossa cara de pau, mas tinha a impressão de que só pioraria as coisas. McGonagall, por outro lado, comprimiu os lábios finos.

— Os seus amigos deixaram de brincar a um tempo, senhores. Lamento lhes informar que já está na hora de ir para a cama, então, façam o favor de retornarem ao acampamento.

Assentindo, nos afastamos em silêncio, observando a monitora da minha equipe nos dando às costas, seguindo poucos passos à frente. A maior parte do caminho eu fiz olhando para o chão, tentando acalmar o coração que batia forte depois do susto e quando a luz amarelada da fogueira que se desfazia no acampamento nos iluminou o rosto, eu olhei para Regulus de rabo de olho. Tendo ele retribuído, eu segurei o riso. E, mesmo odiando McGonagall naquele instante, eu tinha tudo para pensar que aquela era a melhor noite desde a chegada no acampamento.

Os meus amigos estavam me esperando sentados do lado de fora da barraca. Os três, sem nem mesmo disfarçar. Tive tempo apenas de me despedir com outra olhada breve para Regulus antes de caminhar na direção da barraca em que dormiria, mas antes de entrar, enfim, logo atrás dos marotos, ouvia McGonagall sentenciar.

— Me procure amanhã, senhor Lupin. Precisamos conversar.

E lá estava o frio na barriga.

Assentindo uma vez, entrei.

Lá dentro o clima era quente, provavelmente influência da fogueira que, até a metade da madrugada, já nem existiria mais. E então me deparava com os olhos atentos de Peter, James e Sirius sobre mim. Não precisavam questionar absolutamente nada, eu havia sido pego! Respirei fundo uma vez, me livrando do casaco e me sentando na cama, mas, se havia alguma coisa a falar, eu não sabia por onde começar.

— Então...

— Então... – James repetia.

— E aí... – Peter segurava o riso.

Respirei fundo e me voltei para Sirius, mas logo tinha que desviar os olhos, não porque ele estava de cara feia ou algo assim, era uma expressão... Engraçada. Sobrancelhas arqueadas, lábios meio curvados para cima na tentativa falha de um sorriso.

— Você não vai querer ouvir isso... – tentei me safar, somente porque não queria contar a eles como era a experiência de beijar um garoto.

— Ouvir, Remus Lupin? Eu vi! – Sirius rebatia, tomando o casaco que estava no colo de James e atirá-lo em mim. E então, respirou fundo – Mas perturbações a parte, ta tudo bem com vocês?

— Sirius só ta perguntando isso porque acha que você está surtado – Peter dizia, sem conter o riso – Há cinco minutos ele faltou organizar uma caravana pra ir atrás de vocês, prender você numa torre e preservar a virgindade do irmãozinho dele.

Em resposta, Sirius arrancava o próprio sapato e acertava Peter agora, que por pouco não desviou. E eu precisava rir, balançando a cabeça numa negativa. Preferia que eles usassem termos como aquele, porque era o que eu realmente estava há horas atrás: surtado. Era mais confortável para mim do que palavras enfeitadas.

— O que a gente quer saber de verdade é como isso aconteceu – intervinha James, rindo igualmente – Porque você não parecia ter nenhuma esperança.

— Sirius – me voltava a este então, cruzando as pernas em posição de meditação e encenando uma expressão muito séria, sentindo a barriga doer porque a única coisa que eu queria fazer era rir – Está preparado?

— Vai se foder! – Fez menção de tirar o outro sapato, ao que me joguei por cima de seu braço apenas para impedir, gargalhando dessa vez, seguido pelos outros.

E, diante de uma luz artificial, provavelmente de uma lanterna, iluminando a nossa barraca, nos obrigamos a nos conter, somente porque nenhum de nós queria levar uma bronca.

Eu voltava a me sentar, respirando fundo uma vez, mas o riso bobo ainda brincando nos lábios, mas logo ia sumindo diante da pergunta de James:

— Você contou pra ele?

E, diante da minha negativa e consciência novamente pesada, o riso deles também morria lentamente.

— Mas você ta bem? – Era Sirius quem perguntava agora.

E eu concordava.

Mas precisava contar.

— Eu acho que você não precisa contar – e, de praxe, Sirius ia contra o meu primeiro pensamento.

— Como assim?

— Ué – encolhia os ombros – Vocês se pegaram. E podem fazer isso mais vezes. Se ta te fazendo bem, não conta. O que os olhos não vêem o coração não sente, Remus.

— Eu acho que um relacionamento não funciona bem assim... – e eu quase não ouvia a voz de Peter, porque estava muito mais interessado na teoria de Sirius.

Seria bem mais fácil, certo?! Eu e Regulus estávamos bem naquela noite, poderíamos continuar.

— Nenhum de nós vai abrir a boca. – James encolheu os ombros, comprimindo um sorriso nos lábios – Você só precisa pedir para Evans fazer o mesmo.

E tão logo o corpo murchava.

Lily poderia respeitar a minha decisão, eu sabia que sim. Mas nunca concordaria com aquilo. E naquele mundo reverso, em que eu queria dar razão aos meus amigos inconsequentes ao invés de ouvir Lily, eu me deitei na cama, fechando os olhos com força. Mas tão logo sentia todo o corpo relaxar, de novo, no colchão.

Luci estava morta, mas talvez eu precisasse dos argumentos de Lily.

Talvez eu precisasse só ser um maroto e nada mais.

Talvez eu me mudasse, para sempre, para aquele colchão inflável.

Enquanto os meus amigos se ajeitavam para dormir, eu me via pensando no desfecho daquela noite. Em como havíamos enfim nos beijado, no que havíamos conversado. Por um momento pensei se era mesmo certo ter beijado Regulus enquanto ele estava bêbado, mas ele não estava inconsciente. Estava? Ele não embaralhava as palavras. E, quando de pé, mesmo que agarrado ao meu corpo, não desequilibrou nem por um segundo. Mas talvez eu devesse mesmo ter o levado para a cama...

Foi então que entendi o riso espontâneo quando dei a sugestão. E, no meio da madrugada, com o rosto vermelho, eu ria sozinho, pensando no duplo sentido daquela frase.


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Notas finais do capítulo

E então?! Eu não sei de romance, eu não sei o quão brega ou errada eu sou, mas a relação regrems é tudo pra mim ♥



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