It's a Match! escrita por mandy


Capítulo 18
Astros em conjunção


Notas iniciais do capítulo

Boa noite. Atrasada um dia? Sim, me perdoem. A boa notícia é que eu tenho de volta um computador. A má notícia é que ainda estamos enfrentando uma crise na saúde e eu tô ficando louca com isso. Perdoem a bad, o capítulo seguinte também é bonitinho ♥ Aproveitem.



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Quando nós acordamos ninguém sabia ao certo o que fazer quanto a questões de higiene pessoal ou alimentação num acampamento de área externa. Nos vestimos de forma meio atrapalhada já que a cabana não era projetada para grandes movimentos, então cotoveladas foram os principais fatores para nos colocar despertos de verdade. Com escovas de dente metidas nos bolsos, saímos da barraca de pano e eu particularmente com o corpo um tanto dolorido, o que me fez imaginar que talvez eu não houvesse dormido tão bem assim, só estava cansado demais para prestar atenção. Extasiado demais.

Então me lembrei.

Eu realmente havia ficado com Regulus na noite anterior. O Regulus Black, o irmão do Sirius, o garoto que há dias atrás havia me feito surtar e questionar as certezas que eu tinha sobre mim. Eu havia ficado com Regulus Fucking Black! E eu poderia devanear em cima daquele fato durante o dia inteiro, como um grande emocionado que era, mas tão logo uma ligação da minha mãe interrompia o meu fluxo de pensamentos. Usava o celular de James para isso.

Eu e minha mãe tínhamos uma relação boa. Não era como a mãe de Peter que ligava todos os dias sem exceção, num super controle que era invasivo até mesmo a milhas de distância, ou como a mãe do James que era, sem dúvida alguma, a melhor mãe do mundo, que dava mais liberdade do que o filho merecia. Era normal. No meio tempo em que estava no acampamento nos falávamos uma vez ou outra, poucas ligações, algumas mensagens, novidades superficiais e coisas que nos deixavam consideravelmente próximos, a nível mãe e filho. Mas naquele momento eu estava sem celular e não havia dito nada para ela.

Se minha mãe estava preocupada, era com razão. Mas o exagero traduzido numa enxurrada de perguntas de Hope Lupin ao telefone - Como se perdeu? Como perdeu o celular? A que horas exatamente? Por quê? O que estava sentindo?— era porque Minerva McGonagall a havia ligado no dia anterior para conversar sobre o meu “estado”, o que explicava o porquê ela queria conversar comigo. E eu respirava fundo, tentando me safar de todos os detalhes que ela tentava extrair de mim, até a pergunta crucial: “Filho. Sente-se emocionalmente seguro?”

Não. Não há alguns dias atrás, mas eu já estava bem e não tinha razão para preocupá-la ainda mais. Então tratei de convencê-la de que não havia nada de errado comigo, além da minha habitual falta de atenção. Precisei também livrar James de inventar qualquer mentira ao meu favor quando ela pediu para conversar com ele e me vi obrigado a dramatizar um pouco (“precisa confiar em mim para variar, mãe”) e desligar o telefone.Eu odiava ter de mentir, mas que escolha eu tinha? Não queria pensar em crises. Não queria minha mãe pensando em crises. Ponto final.

A ligação da minha mãe, no entanto, trouxe uma luz à imaginação labiríntica de Peter:

— A gente pode tentar ligar para o seu celular porque pode haver a possibilidade de alguém ter encontrado e estar esperando uma ligação para devolver – encolhia os ombros, olhando de mim para os dois outros, esperando alguma aprovação.

E não era uma coisa que eu tinha muita esperança, mas ligamos e depois do terceiro, quarto ou quem sabe quinto toque, a ligação conectou e eu senti o coração saltar no peito. Mas ninguém respondeu nada. Pensei que pudesse ser por conta do sinal escasso, então buscamos um lugar com maior cobertura e, no momento em que discamos pela segunda vez, o telefone se encontrava desligado.

— Safado! – Sirius praguejou para um interlocutor invisível, devolvendo o celular para James.

— Deixa quieto, a gente tenta mais tarde – balançava a cabeça numa negativa quase descontraída assim – E se não der, não deu.

Eu só precisava arranjar dinheiro para um novo.

Era uma manhã estranha a do acampamento, mas estranhamente agradável. Ao menos na minha concepção. Usamos o rio de água corrente para higiene básica e nos submetemos a urinar atrás das árvores, o que não era tão ruim quando levado em consideração que mijávamos de pé… E, para o café da manhã, suco e sanduíche natural, além de alguns biscoitos.

Eu não sabia ao certo quem havia separado os grupos de cozinheiros e organizadores— esses últimos responsáveis por buscar, acender e depois limpar o excesso de lenhas, grupo em que eu e os meus amigos fazíamos parte – mas pouco antes do meio dia tínhamos almoço. O pior almoço da história dos almoços de acampamento. Peixe queimado. Macarrão sem sal, com um molho aguado. Uma salada sem tempero. E enquanto eu comia, agradecia mentalmente as guloseimas que havíamos comprado na cidade porque, assim que despejamos os restos num saco de lixo e terminamos a limpeza da parte central das barracas, abrimos pacotes de biscoitos e salgadinhos para, enfim, matar a fome de verdade. E somente então estávamos livres para o resto da tarde, até aproximadamente 15h, visto que partiríamos às 14h.

Ninguém estava com roupa de banho, mas havia pessoas dentro do rio de camisa e bermuda. Marlene resolveu inovar.

— Isso é uma grande bobagem – e, dessa forma, tirou a própria camisa e entrou de sutiã na água.

O que não era nada mais do que um biquíni sem rendas.

Ao menos o da Lene não tinha.

Eu tinha de confessar que a água corrente era mais divertida do que piscinas com águas paradas. Não era muito fundo, em mim mesmo a água só alcançava a cintura, mas boiar e deixar a correnteza branda navegar o seu corpo trazia uma sensação sem igual. Até mesmo James e Lily brincavam de jogar água um no outro, ela montando nas costas dele depois de um tempo para tentar lhe afundar em águas mansas, como se a inimizade de outrora não existisse mais.

Entre uma observação e outra eu via Regulus. Tinha a calça jeans erguida até os joelhos e os pés na água, sentado ao lado de Bartemius e Severus. Eu não sabia muito bem como reagir depois da última noite, mas o meu peito ficou quente quando ele sorriu para mim, mesmo que muito discreto. Ele poderia estar sorrindo para qualquer outra pessoa, mas somente eu o olhava. E, retribuindo o sorriso, lhe dei uma breve piscadela.

E passamos o resto do dia tranquilo. Próximo às três da tarde, tínhamos a pele avermelhada pelo sol, diferente das queimaduras dos primeiros dias no acampamento porque aquele local era cheio de árvores e sombras. Havia ainda aquele cansaço habitual de um dia agitado, mas ainda assim organizamos as coisas para a partida. Socamos o que conseguimos nas mochilas e, de forma mais desajeitada do que a excursão de ida, embolamos os colchões e as barracas, amassando-os dentro da bolsa de transporte para, enfim, nos prepararmos para a caminhada de volta ao camping.

Eu então aproveitava o caminho para falar com Sirius sobre o que havia prometido a Regulus. E tão logo ele revidava, num quê ofendido na voz:

— Você realmente acha que eu vou contar alguma coisa aos meus pais? – Não, eu não acreditava – Manda o moleque relaxar, eu quero o máximo de distância possível daquela família – continuou a dizer, dando de ombros em seguida – Ele deveria fazer o mesmo…

O cansaço fazia o caminho de volta parecer mais demorado. Seguimos, no meio daquela procissão moribunda, nos arrastando por entre arvoredos, conversando banalidades até avistarmos, há poucos metros de distância, os cabelos vermelhos de Lily Evans, o que poderia não significar nada demais visto o quão próximos estávamos nos últimos dias, mas ela estava acompanhada. Não era de se estranhar, eles eram amigos - ou alguma coisa próxima a isso - mas era curiosa a forma como pareciam não querer ser notados, entre cochichos.

Por um momento eu senti frio na barriga. Talvez eles tivessem ficando ou algo do tipo, então olhei para James para me certificar se ele estava bem, mas aparentemente a ideia somente se passava na minha cabeça. Ao contrário de mim, James olhava desconfiado. E tão logo eu sentia os olhares retribuídos, visto que Lily e Snape nos miravam de volta, ele com a mesma expressão arrogante de todos os dias, nos medindo de cima abaixo.

— Tá tudo bem aí, Lily? – James questionou, detendo-se a alguns passos de distância.

— E porque não estaria, Potter? – Era Snape quem respondia, no entanto – Está com medo de alguma coisa? – E, mesmo que sua pergunta fosse direcionada a James, os olhos de Severus se voltaram, por um momento, para Sirius e Peter e eu tive a impressão de que, quando olhava para mim, se demorava um pouco mais.

— Só estamos conversando, podem ir na frente – e, de repente, o tom de Lily era um pouco mais ríspido.

Mas, por um momento, nenhum de nós se moveu. Ficamos parados, como se para ter certeza, até que Lily arqueou as sobrancelhas e James foi o primeiro a partir em retirada, em passos mais pesados. Respeitando-a, seguimos adiante, junto agora de um James emburrado.

— Eu desisto. Eu desisto de verdade agora! – Resmungava, jogando as mãos para o ar – Tava tudo muito bem, a gente tava conversando como duas pessoas civilizadas e eu não estou dizendo que poderia haver algum interesse finalmente da parte dela, a gente só estava interagindo bem pra, de repente, perto daquele narigudo de cabelos oleosos ela se transformar!

— James, não é pra tanto… – Peter dizia, enquanto tentava acompanhar os nossos passos apressados.

— Ela precisava falar daquele jeito? Podem ir na frente— sua voz ficava um pouco mais aguda numa imitação muito mal feita de Lily – Tenha santa paciência, eu cansei, que se case com o Ranhento.

Ele estava com ciúmes. Porque tinha tido alguma esperança, mas agora estava com ciúmes, era visível. No entanto ainda assim achei que Lily pareceu meio estranha. Poderia ser o efeito Severus Snape, assim como poderia ser qualquer outra coisa, mas eu estava tentando não me deixar guiar por novas paranoias então respirei fundo uma vez e me foquei no caminho, nas árvores que aos poucos começavam a ficar escassa e abriam vista para as pequenas casas de madeiras, tal como o refeitório que era maior do que as demais. Guardamos as tralhas no galpão e, depois de eu ignorar McGonagall – porque não queria falar sobre o meu estado ou fosse lá qual era o assunto – nos dirigimos direto para o quarto.

Sem pensar em banho, nos jogamos os quatro na cama e eu não sei quem foi o primeiro a dormir. Quando acordamos já era hora da janta e, sentindo o estômago roncar, nos dirigimos ao refeitório e ficamos até o último horário. Lily e Severus não estavam lá, mas nenhum de nós questionou à Marlene, porque aquilo parecia um tipo de conversa particular que não cabia nos metermos. Regulus, por outro lado, estava sentado a algumas mesas de distância junto de Bartemius. Eu quis muito falar com ele, mas não achei que fosse uma boa ideia. A gente tinha se beijado uma vez e, mesmo depois de tê-lo sorrindo para mim, Regulus pertencia a outro cerco.

Mas então tive uma ideia.

— Six, pode me emprestar o celular? – Lhe perguntava quando já estávamos de volta ao quarto, quando Sirius já tirava a roupa para um banho.

— Pra que? – Questionou antes de entrar no banheiro.

Eu poderia mentir. Poderia dizer que precisava falar com a minha mãe. Mas eu não queria entrar, de novo, naquele ciclo de mentiras, principalmente agora que estávamos todos bem.

— Preciso falar com o seu irmão – contei a verdade enfim.

E, por um tempo, Sirius ficou olhando para mim com a cara mais insossa da face da terra, enquanto James e Peter seguravam o riso em suas devidas camas, como quem não prestava atenção. Então me deu as costas e entrou enfim no banheiro, não sem antes resmungar a senha do celular que, como percebi, ele deixara em cima da cama.

Me sentindo confortável, sem pensar que aquele conforto se remetia a uma mentira ainda fora do esquadro, eu me deitei na cama e procurei o contato de Regulus no celular. Uma vez mais escrevia em nome de outra pessoa:

 

SIRIUS: Está tudo resolvido. Não precisa mais se preocupar.

 

E, com mesma expectativa infantil, eu aguardei. Observei ele digitar e digitar e digitar um pouco mais, mas a mensagem demorou ainda um tempo para chegar. E, quando chegou, eu sorri feito um bobo, mesmo que aquele efeito fosse provavelmente contraditório e descabido.

 

REGULUS: Vai precisar ser mais específico, Sirius.

SIRIUS: É o Remus aqui.

           

E aquilo quase equivalia como uma verdade completa. Fora fácil, inconscientemente me dava certo alívio. Mas não era toda a verdade. Estava muito longe dela e, mesmo sabendo, me deixei apegar um pouco mais na sensação.

 

REGULUS: O Sirius sabe que está com o celular dele?

SIRIUS: Sabe.

REGULUS: Me encontra quando as luzes de fora se apagarem, atrás da cabana de vocês.

REGULUS: E apaga as mensagens.

SIRIUS: Mensagens apagadas.

 

Regras nunca fora, em hipótese alguma, um problema para mim, mas a adrenalina de sair depois do horário, quando as luzes já estavam apagadas, para me encontrar com um garoto, me deixava um pouco eufórico.

Era tudo muito novo para mim. Não somente por se tratar de um garoto, não por ser o irmão do meu melhor amigo, mas aquela vontade de realmente estar com ele parecia inédita, como se eu, um fissurado em livros com histórias românticas de plano de fundo, agora fosse o protagonista da minha própria.

Quando as luzes se apagaram eu segui para trás das barracas de madeira como ele havia indicado, onde eu ainda não conhecia. Era vazio, não tinha árvores e a grama não estava tão bem cuidada, o muro que limitava o espaço do acampamento tinha algumas marcações grosseiras feitas à caneta, provavelmente obra de outros garotos que haviam acampado ali. Sentado com as costas contra o urso rosa de pelúcia, que eu havia ganhado no parque naquele final de semana, estava Regulus acompanhado de um fone de ouvido. Sorriu brevemente para mim e, quando me aproximei, me ofereceu um dos fones. Me sentei ao seu lado e tão logo a música pareceu tomar conta do ambiente. Era um tipo de melodia gostosa, vozes harmônicas, eu não tinha certeza se conhecia.

— O que é isso? – Perguntava depois de alguns minutos em silêncio, voltando os olhos para ele.

— Belle & Sebastian.

Era quase nostálgico. Eu conhecia Belle & Sebastian, escutara a banda em algum momento da vida, mas mesmo se aquela fosse a minha banda favorita, eu sabia que não se compararia ao ouvi-los ao lado de Regulus, sentado ali no meio do nada.

Regulus tinha os olhos voltados para o céu. Para acompanhá-lo eu fiz o mesmo. Nunca havia notado, de fato, o céu do acampamento. Sabia que era mais limpo do que quando visto na cidade, mas ali, eu pude ver uma vastidão de estrelas inimaginável. As maiores brilhavam com intensidade e de repente eu já não sentia mais falta das luzes acesas do acampamento. As menores eram como poeiras estelares… Como um astro que havia deixado o seu rastro no meio de tantas outras. A lua crescente também brilhava enérgica na negra vastidão e, por um momento, me deixei perder naquele paraíso que certamente teria amenizado os meus problemas de muitas formas se o tivesse reparado antes.

— Tá vendo aquela estrela? – Ele apontou para o alto, e eu focalizei naquela brilhante, logo abaixo da lua – É Regulus. Hoje está em convergência com a lua.

Mal pude evitar o sorriso no rosto.

— E o que significa?

— Eu não faço a menor ideia – me respondeu entre risos, encolhendo os ombros em seguida, e de repente eu tive vontade de questionar sobre o seu signo, mas deixei que a pergunta morresse nos lábios – A constelação de Leão não é a mais visível no céu, mas quando está exposta, é Regulus quem brilha mais. Achei que deveria compartilhar o meu momento de glória.

Um grande convencido, devia ser de família.

Mas eu acabava por me deixar devanear por um momento mais.

— Os meus amigos dizem sempre que eu vivo no mundo da lua…

Ele igualmente sorriu, olhando para mim finalmente.

— Estamos em conjunção, Remus Lupin.

Eu gostava de estar em conjunção com ele. Estar ligado, de forma tão boba, pelos astros acima de nossas cabeças. De beijá-lo, no meio do nada, sendo assistidos por lua e estrelas. Continuava sendo a melhor parte daquelas férias e, com isso, eu não queria dizer que estava me desfazendo dos momentos com os meus melhores amigos, mas beijar alguém era definitivamente um tipo de emoção diferente.

Em algum momento no início daquela noite eu o tinha sentado entre as minhas pernas. O urso era bem confortável também, não grande o suficiente para abraçar a ambos os corpos, mas evitava que as minhas costas doessem. Percebendo-o encolhido, eu passava os braços ao redor dos seus, apertando-o um pouco contra mim. Ainda dividindo o fone, eu apoiava o queixo em seu ombro e ouvia cada nota de Summertime Sadness passear pelo meu corpo e desejei também que ele o sentisse. Foi pensando nisso que lhe beijei o seu pescoço e agora, quando Regulus se encolhia, não era mais por conta do frio.

Mas logo voltava a apontar para uma nova estrela no céu.

— Aquela. Está vendo? – Indicava.

Era a mais brilhante dentre todas. Talvez brilhante demais. Estreitando os olhos, notei que destoava também em sua coloração, um perolado que às vezes se misturava com a imensidão negra no céu, como se aquela estrela pudesse se apagar e, no segundo seguinte, voltasse a brilhar forte, não sem antes exibir uma espécie de luz amarelada.

— Acho que não é uma estrela – comentei atento.

— Exatamente! – Exclamou e deitou a cabeça em meu ombro – Seria um avião?

— Ou uma nave extraterrestre…

— É… – e depois de um tempo em silêncio, se afastou um pouco para me olhar, a expressão intrigada – Você acredita em extraterrestres, não?!

— Você acredita? – Arqueava as sobrancelhas.

— Acho meio arrogante acreditar que somos os únicos seres existentes num universo infinito – e ele tinha um ponto, mas eu nunca havia pensado de fato naquilo. Enquanto eu suspirava uma vez, ele prosseguia – Bem, se for uma nave, estou pronto para a abdução!

O que, pronto para ser abduzido para um lugar completamente desconhecido, com seres que você não sabe quem são e não sabe o que querem de você?

E ele apenas encolhia os ombros.

Uma loucura, mas parando para pensar, Regulus vivia mesmo num lar instável, conhecia aos pais e ao espaço e sabia exatamente o que queriam dele. Ainda assim, não parecia melhor do que uma nave espacial desconhecida. Acabava, então, falando sem muito pensar:

— Porque não foge? Tipo… Fugir da sua casa, ir para outro lugar… – de preferência no planeta Terra.

Tendo os olhos dele voltados para mim uma vez mais, Regulus continha o riso, balançando a cabeça numa negativa. De alguma forma, eu o tinha confortável ali, junto de mim.

— Às vezes eu me esqueço que você e o Sirius são amigos – dizia como quem não quer continuar com o assunto. Contudo, complementava um momento mais tarde – E pra onde eu iria?

— Não sei. Você e o Crouch são amigos, não?!

— É trocar seis por meia dúzia. Além do mais, acho que muito tempo convivendo com o Barty resultaria em homicídio. E eu não quero ter de assassinar o meu melhor amigo.

Era a minha vez de rir.

E depois, era a minha vez de me encolher.

Senti o meu estômago dar algumas voltas, a boca secar, mas reunindo toda a coragem que tinha, disse por fim:

— Pode ficar na minha casa.

Agora, Regulus se afastava de forma abrupta. Péssima investida. Aquilo equivalia a um pedido de casamento no primeiro encontro!

— Quero dizer, até arranjar um lugar pra ficar, tem um quarto reserva em casa, é simples, mas a minha mãe é legal, contanto que deixe o quarto em ordem, e o meu pai não iria se opor, faria até uma panqueca de boas vindas, ele

Cale a boca, Remus!

Pronto. Eu havia assinado o meu atestado de exagerado quando a única coisa que eu deveria fazer, se não ignorar aquela ideia, era ter explicado para ele que, caso quisesse, a minha casa seria um ambiente menos caótico para um período de estadia. E não era somente porque Sirius havia decidido ir embora de casa e ficar na casa de James muito provavelmente, mas o próprio Regulus já havia se queixado para mim sobre o ambiente na casa Black.

Mas ao contrário do que eu imaginei que aconteceria, no entanto – Regulus se levantando, saindo correndo e derivadas fugas — ele segurou o meu queixo e selou os meus lábios.

— Anda consumindo muito romance Remus…

Disse o garoto viciado em sci-fi.

Balancei a cabeça numa negativa, mordendo a língua para não falar mais nenhuma besteira. Deixamos morrer o assunto.


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Notas finais do capítulo

Estamos chegando na etapa final. Alguns poucos capítulos mais e finalizamos. O que estão achando? Críticas, sugestões?
Eu mais uma vez agradeço às visualizações, aos comentários, esse pra mim é um grande projeto e eu fico feliz de ter vocês aqui ♥ Até o próximo.



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